MENSAGEM
Texto: Lc 3.1-14
Tema: Deus nos chama ao arrependimento
Contexto: 2º Domingo no Advento – Vila Velha, Dezembro de 2009.
A leitura do evangelho de hoje nos coloca frente a frente com João Batista, o precursor do Nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que veio preparar o caminho do Senhor. Ele falou com toda clareza a respeito de Jesus, apontando para ele como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Colocou-se diante dele como um humilde servo que não era digno de desatar-lhe as correias das sandálias, mas que com realizou seu trabalho fielmente.
Para preparar o povo para a vinda de Cristo, ele pregava batismo de arrependimento – ou seja, João Batista pregava para que o povo se arrependesse dos seus pecados e aqueles que reconheciam os seus pecados, se arrependiam e criam, eram por ele batizados.
Lucas situa historicamente o ministério de João Batista No décimo-quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Ituréia e Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, sendo sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto. Feito isto, o evangelista reportou a mensagem de João Batista: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Todo vale será aterrado, e nivelados todos os monte e outeiros; os caminhos tortuosos serão retificados, e os escabrosos,aplanados; e toda a carne verá a salvação de Deus. Isso quer dizer: Não fiquem indiferentes diante da vinda de Jesus. Endireitem a sua estrada, afastem quaisquer vias indiretas e que fazem voltas, permitam que toda a hipocrisia seja retirada para longe de vocês. Cada desfiladeiro deve ser enchido; todas as mentes aflitas e os corações desanimados devem cobrar confiante coragem, pois o Rei vem para suportar em lugar de todos o castigo que merecíamos e perdoar todos os vossos pecados. Toda montanha e colina deverá ser rebaixada; toda justiça própria, espíritos presunçosos precisam ser quebrados e levados à compreensão de que sem Jesus não poderão escapar da ira vindoura. O que é tortuoso e deformado deve ser feito reto, e os lugares acidentados devem ser tornados lisos; todos aqueles que estão perdidos no erro de seus próprios desejos, todos aqueles que buscam entrar na vida por caminhos desgarrados, esses devem atirar longe seus pensamentos tolos e confiar inteiramente em Jesus, que é o caminho e a verdade e a vida. Ninguém está excluído da graça de Deus em Cristo Jesus : Toda carne verá a salvação de Deus; tudo o que é carne, até mesmo os pecadores mais depravados, caso se voltarem de seu pecado e com todo seu coração se arrependerem, pertencem aos remidos do Senhor e se tornam participantes de sua salvação. Não há mente por boa que seja que não precise ser mudada. Não há mente por pior que seja que não pode ser mudada. Não há pecado por pequeno que seja que não precise ser perdoado. Não há pecador por grande que seja que não possa ser perdoado.
O chamado ao arrependimento não permite uma atitude hipócrita, de alguém que ouve a palavra, quer ser batizado, mas que não tem o seu coração transformado e, portanto, não quer viver de acordo com a palavra de Deus. A esses, João Batista chama de raça de víboras e os conclama a produzir frutos dignos de arrependimento.
Para esses não adiantava nada dizerem que são filhos de Abraão, pois das próprias pedras, Deus, em seu poder, poderia suscitar filhos a Abraão. Para aquele que se recusa a atender o chamado de Deus ao arrependimento, Deus vem a ele de forma dura, na lei, e é por isso que João Batista fala do machado que está posto não junto ao caule, mas à raiz das árvores. Portanto, quem se diz cristão, mas não produz os frutos do verdadeiro arrependimento, será cortado e lançado ao fogo.
Para aquelas pessoas que o procuravam, pedindo orientações para a nova vida, João Batista foi muito claro quando disse: Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; quem tiver comida, faça o mesmo. Para os cobradores de impostos, João Batista disse Não cobrem mais que o estipulado. Para os soldados, ele disse: Não maltratem ninguém, não dêem denúncia falsa, fiquem contentes com o seu salário. Esse texto relata a misericórdia de Deus, o plano de Deus em relação ao seu povo: Deus quer que todos sejam salvos e, por isso, envia João Batista, para preparar o caminho para a chegada de Cristo, apontando para o arrependimento, como o melhor preparo para receber o Salvador Jesus. Portanto, baseados nele, queremos meditar sobre o tema: Deus nos chama ao arrependimento.
Qual é a nossa reação quando Deus nos chama ao arrependimento? Será que a nossa reação é apontar os defeitos, os pecados dos outros e, assim, tentar tornar o nosso pecado menos grave, menos sério, e dar a aparência que somos melhores do que os outros? Estamos vivendo numa época em que se fala do pecado como um mal coletivo, pecado social, se critica as coisas que vão mal na sociedade, no mundo; mas será que olhamos para o nosso pecado como erro grave diante de Deus, reconhecemos as nossas culpas e assumimos que, muitas vezes e das mais diversas maneiras, transgredimos a lei de Deus?
Qual foi a reação das pessoas que ouviram a pregação de João Batista? Será que elas acharam que estava tudo bem na sua vida? Houve um grupo de pessoas que se sentiu muito ofendido com a pregação de João Batista. Imaginem só, João estava dizendo que eles eram raça de víboras, e eles argumentaram dizendo que eram filhos de Abraão. João contra-argumenta, dizendo que das próprias pedras Deus poderia fazer filhos de Abraão. Isso significa que, para Deus, nenhuma credencial substitui o arrependimento sincero e a confiança de coração na sua graça.
E nós, como reagimos diante da pregação de João Batista? Não é assim que, por vezes, pensamos que está tudo bem na nossa vida e que, portanto, não há necessidades de repreensões da lei, não há necessidade de arrependimento, não há necessidade de mudança de atitude e de vida? Para quem pensa assim, Lutero diz: Examina o seu estado à luz dos dez mandamentos: Se és pai, mãe, filho, filha, patrão, empregado, se foste desobediente, infiel, negligente, irado, licencioso, contencioso, se fizeste mal a alguém em palavras e ações, se roubaste, descuraste ou cometeste algum dano.
Quando nós fazemos uma avaliação da nossa vida à luz dos 10 mandamentos, fica claro diante dos nossos olhos como nós somos falhos e como nós precisamos nos arrepender e mudar de vida, caso isso não aconteça, se continuarmos a rejeitar o chamado de Deus ao arrependimento, lembremo-nos que o machado está posto à nossa raiz: Ele executa o juízo de Deus, corta e, depois, as árvores improdutivas, cortadas, são lançados ao fogo inextinguível do inferno.
Deus nos chama ao arrependimento. Por que ele faz isso? Porque ele nos ama e quer o nosso bem, aqui nesse mundo e por toda a eternidade. Ele conhece a realidade do nosso pecado e para nos livrar do castigo que nossos atos mereciam, ele enviou o seu filho Jesus Cristo ao mundo. Somente ele tomou sobre si os nossos pecados, sofrendo, morrendo e ressuscitando e se tornando, dessa maneira, o único salvador de todo o mundo. É por isso que Pedro diz que "Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" (At 4.12).
Pelo fato de termos sido chamados por Deus para a sua família e sabermos que, somente em Jesus há salvação, nos acrescenta a responsabilidade de testemunhar ao mundo que, diante de um coração arrependido, há um Deus que é rico em perdoar – Deus gosta tanto de perdoar que a Bíblia diz que, quando alguém é levado ao arrependimento, existe uma imensa alegria nos céus entre os anjos de Deus.
Para que sejamos levados ao verdadeiro arrependimento, Deus constantemente fala conosco através da sua palavra. Nela, ele estende seus braços amorosos, dizendo: "Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei" (Mt 11.28). Ele também diz: "O que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora" (Jo 6.37).
Para aquelas pessoas que tiveram a oportunidade de estar na frente de João Batista e ouvir o chamado ao arrependimento que Deus estava fazendo, através dele, foi fundamental para sua mudança de vida, tanto que as pessoas que tiveram os seus corações acertados pela pregação de João Batista e se tornaram penitentes preocupados, aceitaram humildemente a repreensão de João, reconhecendo os seus pecados, confiaram na graça perdoadora de Deus em Cristo, que dá forças para uma nova vida. Entretanto, aquelas pessoas não sabiam como mostrar a mudança que ocorreu na sua vida e, por isso, elas precisavam de instrução para viver uma vida santificada. Então, João Batista aplicou a palavra de Deus aos casos individuais.
E nós, que orientações extraímos desse texto? Quando Deus nos chama ao arrependimento e nos dá uma nova vida, ele nos ajuda a produzir os frutos dignos de arrependimento. Que frutos seriam esses? Aos pais, que eduquem seus filhos nos caminhos do Senhor; aos filhos, que honrem seus pais; aos patrões, que sejam justos com seus funcionários; aos funcionários, que trabalhem com honestidade e dedicação. A todos nós, nos mais diferentes estados, ofícios, momentos e lugares, Deus motiva e ajuda a viver uma vida obediente, fiel, zelosa, pacífica, moralmente decente, sem brigas, honesta e cuidadosa.
Como nós não conseguimos cumprir essas coisas plenamente, contamos com o perdão gracioso que Deus nos dá em Cristo e com a motivação para continuar nos esforçando para viver uma vida cristã, produzindo frutos dignos de arrependimento.
Portanto, certos de que Deus nos chama ao arrependimento, vamos buscar forças no evangelho para vivenciá-lo no dia a dia. Que Deus nos ajude. Amém!
Textos: Sl 66.1-12; Ml 3.1-7b; Fp 1.2-11; Lc 3.1-14
Hinos: 549, 15, 11, 572,
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