INSTITUTO CONCÓRDIA DE SÃO PAULO
Escola Superior de Teologia
Aconselhamento Pastoral
Prof. Dr. Erni Walter Seibert
Aluno: Waldemar G. Carvalho Júnior
Recensão
FABER, Heije & SCHOOT, Ebel Van Der A Prática da Conversação Pastoral Trad. Sílvio Schneider. São Leopoldo, Sinodal, 1985.
A obra lida é dividida em duas grandes partes a primeira é escrita por Heije Faber e a segunda é escrita por Ebel Van Der Schoot e tem por objetivo o aperfeiçoamento e uma melhor conversação pastoral. A conversação é mais do que palavras, estão envolvidos os sentimentos e isto tem influência direta e decisiva no aconselhamento e conclui afirmando que o "seu sucesso ou fracasso não depende só das palavras que são trocadas, mas também dos sentimentos dos dois interlocutores, tanto mútuo como em relação a si próprio"1. Não são só palavras pronunciadas, mas os sentimentos que são exteriorizados ou escondidos que determinam o andamento de uma conversação.
Utilizando-se de um exemplo prático vivido por pastores vai conduzindo o leitor a compreender como a conversação pastoral se desenvolve. Afirma que intuição não basta, e que é mais importante o hábito, a atitude pastoral. Alerta para o perigo de se tomar partido.
Uma frase que chamou-me atenção foi "Parece que as pessoas aprendem muito mais daquilo que elas próprias descobrem numa conversação confidencial do que aquilo que lhes é dito ou que lhes perguntam"2 deixando clara a importância do aconselhamento não diretivo.
O pastor deve sentir e pensar como a pessoa que o procura e assim dar-lhe oportunidade para desabafar. Não deveríamos emitir juízos, não rejeitar nada do que ela.
No capítulo sobre Ouvir e responder na Conversa Pastoral introduz algumas idéias de Carl Roger que é um psicoterapeuta para esclarecer a estrutura e os trabalhos do contato pastoral. Defende a idéia que o pastor deve ser "non. directive" em relação ao aconselhando. Ou seja rejeita a idéia da pessoa como objeto, pois acredita que o que busca o conselho deve permanecer responsável por sua própria vida.
O autor define o trabalho do pastor como uma ajuda para um bom relacionamento do homem com Deus, sendo a relação de sujeito para sujeito ou seja de igual para igual.
Coloca a reflexão, ou seja o conselheiro formula novamente os sentimentos do aconselhado de forma tal que a pessoa percebe que ali há alguém que o compreenda, ou seja como um espelho que reflete nitidamente a nossa imagem.
Para o autor refletir não é repetir as palavras, mas sentir em si os problemas do outro. Destaca o termo empatia na página 32 - sentir em si os sentimentos do outro, e o termo: Sistema de Referência dos sentimentos e pensamentos do outro num determinado momento .
O autor vê um grande problema entre os pastores de quererem moralizar ou dogmatizar isto gera problemas à poimênica.
Afirma que os pastores nada mais precisa fazer do que ouvi-las e acompanhar-lhes o pensamento.
Vê a Poimênica como um processo, vê que uma conversação pastoral corre em duas etapas: 1º. Vem o impulso mais ou menos longo, no qual o pastor, ao pensar empaticamente com o cliente, o auxiliará a ter uma visão de sua situação. 2º. Abre-se a perspectiva pessoa; para Deus.
O objetivo do livro é ensinar a compreender perguntas, reconhecer erros e desenvolver certos hábitos, este livro se propõe a desafiar os leitores a praticarem a autocrítica e a apurarem sua intuição muitas vezes indolente.
O livro é muito interessante por interagir com o leitor que através de formulação de respostas vai se auto-criticando e treinando a intuição e pelo uso de relatórios pastorais para fazer análises.
É contra a atitude diagnóstica na conversação. Escreve também sobre a transição do aspecto pastoral para o restrito.
Na 2ª parte escrita por Ebel Van Der Schoot repete alguns conceitos que defende uma conversação não diretiva. Diferencia a conversação pastoral das outras conversações pelo específico de "sempre gira em torno da redenção do homem" 3.
Aborda questões relativas ao pastor, congregação e liturgia como recursos poimênicos como também a oração.
Chamou a atenção a quentão da liberdade na Conversação pastoral "livre para fazer tudo o que possa ajudar o outro"4.
E para ajudar os outros é importante o uso da técnica adequada, pois "o pastor quer ajudar o outro a aprender a ver a sua vida à luz de Deus"5.
Cita Kinget-Rogers que dá características importantes para a conversação como sinceridade, simpatia, aceitação.
Utiliza exemplos de visitas é conseqüências que demonstram os resultados de uma conversa diretiva e não diretiva ficando no meu entender claro que a não diretiva produz melhores frutos. Apesar disso aborda as dificuldades do método não diretivo que reside na atitude no interior do dirigente da conversação. "É necessário que nos desacostumemos de pretender convencer alguém de algo com que nada pode fazer."
O livro termina como relato de 5 casos de épocas diferentes a impressão que ficou é de realmente não confiar na intuição, achar que temos receitas prontas para o problema e sim que o importante é se aperfeiçoar no ouvir, sentir e estar ao lado do outro, sem julgar, dogmatizar, generalizar, mas refletir e cooperar para que a pessoa supere o problema ou se for o caso apenas desabafe.
Uma obra excelente e de grande valia para o pastor que deveria fazer parte de sua biblioteca e também da sua prática pastoral no dia-a-dia de seu ministério.
1 Página 7
2 Página 22
3 Página 137
4 Página 162
5 Página 163
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