LUTERO À CÂMARA DE DANZING

Lutero à Câmara de Danzing. (OS 6, 128-131)

         Contexto histórico

        Este texto foi escrito em 1525, não se sabe a data exata, mas se tem os dias 5 e7 de maio como prováveis. Época em que o governo da Cidade de Danzig, atual Gdansk, pertencente hoje à Polônia, pediu que Lutero lhes enviasse um pregador evangélico, no caso, João Bugenhagen, mas o povo não permitiu que ele fosse pra outro lugar. Nesta época também estavam acontecendo as inquisições.

        Carta de Lutero

         Lutero diz nesta carta que não foi possível enviar a João Pomer, como também era conhecido o pároco da Igreja Matriz de Wittenberg. Segundo ele, como o povo não quis deixar João ir pensou em enviar-lhes Miguel Hanlein. Salienta que Miguel é homem de grande probidade, moral e erudição em todos os aspectos, e mais, diz que igual não conhece por ali.

        Nesta, Lutero recomendou ao povo de Danzing tratar bem ao que agora seria a autoridade em assuntos espirituais entre eles. Lutero até cita que Cristo e Paulo ensinam muitas vezes nas Escrituras, que os pregadores da Palavra de Deus são dignos de consideração em dobro. Escreve também os alertando a não quererem resolver as coisas pelas próprias mãos, com respeito a assuntos de competência do governo. Para que assim não seguissem o exemplo de alguns entusiastas que estavam fazendo coisas deploráveis e causando muitos problemas. Desrespeitando desse modo as autoridades, às quais lembra serem instituídas por Deus.

Lutero enviou junto à carta uma folha anexa, na qual exemplificou sua posição, abordando especificamente uma questão econômica, a dos empréstimos a juros. Não hesitou em escrever que “ o empréstimo a juros é totalmente anti-evangélico”. Mas continuou dizendo que nem por isso o governo civil pode abolir de vez, por decreto todo o sistema de juros. Não se pode transformar um enunciado evangélico em lei estatal. Tem que agir politicamente, de acordo com os princípios da lei natural, do “bom senso”. Então só a partir desses planos traçados pode haver um bom governo que agirá com justiça na questão dos juros ou em qualquer outra que diz respeito à vida social .

Essas palavras de Lutero também servem para nós hoje, pois muitas vezes tentamos resolver coisas que não nos cabem resolver. Quando o melhor a fazer é apelar às autoridades e cobrar para que resolvam os problemas. Porque afinal de contas são instituídas por Deus, justamente para que haja ordem na sociedade, evitando assim o caos.