OS. 5 Prefacio a Primeira Edição
Em 1545, Lutero escreve o prefacio da publicação de sua primeira obra. O que em grande parte, é uma carta de justificativa pelos erros que ele próprio julga ter cometido em boa parte de seus escritos, como sua antiga submissão ao papa, enquanto ainda era um monge.
Embora relutante com as publicações de suas obras, acabou cedendo aos que assim as desejavam impressas. E neste mesmo foi publicado o primeiro volume dos seus escritos, com a ajuda do príncipe João Frederico, governante do principado da saxônia.
Neste prefacio conta ele os fatos ocorridos entre 1517 a 1521, quando um simples monge agostiniano acaba desencadeando uma verdadeira revolução nas ordens de seu tempo. Encontrando, pois, seu lugar na historia do mundo.
Em 1517, ele viu a Alemanha assediada por vendedores de indulgencias. Logo começou a desaconselhar a compra, mesmo, por que acreditava que o papa condenava essa pratica. Mas o que ele não sabia, era que metade do dinheiro arrecadado ia para o próprio papa e a outra, para o qual ele enviou uma carta pedindo que cesse esta pratica, arcebispo Alberto de Mangúcia. Outra carta ele enviou ao bispo de Brandemburgo, Jerônimo Schulz. Assim, após ter sido ignorado pelas duas autoridades eclesiásticas, escreveu algumas obras, não condenando as indulgencias, mas dando preferência às boas obras.
RELATÓRIO DA LEITURA PRIMÁRIA DO PREFÁCIO À EPÍSTOLA AOS ROMANOS SEGUNDO LUTERO
Contexto Histórico
Lutero escreveu este prefácio nos anos de 1515 e 1516, com a intenção de ajudar as pessoas a lerem o texto bíblico. Ele estava convencido de que as pessoas precisavam ouvir o coração da Escritura, a saber, o Evangelho que é Jesus Cristo, recebido pela fé.
No texto ele critica as pessoas que obscureciam a Palavra de Deus “com glosas e conversas fiadas”, e seu objetivo maior era escrever para que as pessoas compreendessem melhor o texto.
Esboço e análise do conteúdo
Para Lutero este escrito é o mais importante do NT e o mais puro Evangelho. Ele começa destacando algumas palavras-chave e explica o que S. Paulo quis dizer com elas:
Lei: Segundo Lutero, a lei é cumprida de verdade somente quando a vontade, a disposição para cumpri-la, parte do fundo do coração. Mesmo que exteriormente você cumpra a lei, sem o coração tudo é em vão. O ser humano por natureza não consegue cumprir a lei. Tudo que parte do fundo do seu coração é mal. É uma exigência impossível de ser cumprida, nos opondo ainda mais a ela, aumentando nosso pecado. Por essa razão, Paulo no cap. 7 de Rm diz “a lei é espiritual”. Se fosse carnal, Deus ficaria satisfeito somente pelas obras externas, porém não é bem assim. Deus nos capacita a cumprir a lei pelo Seu Espírito. Nossa natureza é incapaz, porém o Espírito de Deus, que está em nós, tem esta capacidade de criar em nós um coração disposto e livre, como exige a lei. Fazer as obras da lei e cumprir a lei são coisas diferentes. O Espírito de Deus é dado somente pela fé em Jesus Cristo , sucedendo então, que somente a fé justifica e cumpre a lei. Nós confirmamos a lei através da fé (Rm 3).
Pecado: O pecado não é somente obra exterior do corpo. Quando pecamos, pecamos por inteiro, de corpo e alma. A fonte principal do pecado é a falta de fé.
Fé: Lutero diz que a fé é uma confiança viva na graça de Deus, inabalável, tão certa que ela não se importaria de morrer mil vezes. Esta causa alegria e disposição no coração para servir a Deus fazendo o bem, tudo isso ocasionado pelo Espírito da fé. Fé, portanto, é uma obra divina em nós que nos modifica e nos faz renascer de Deus.
Justiça: É a própria fé. A fé é a justiça de Deus que nos torna justos, sem pecado e com vontade de praticar o bem.
Além destas palavras ele fala do significado de Graça, Dádiva, Carne e Espírito e da diferença que ocorre entre essas.
Depois de explicado o sentido das palavras-chave, ele faz breves exposições sobre os capítulos, explicando o que S. Paulo queria dizer aos romanos e conseqüentemente também a nós.
Significado histórico e teológico
A Epístola aos Romanos deu a Lutero o critério para a compreensão de lei, pecado, justificação ou justiça de Deus e fé. A Bíblia lhe foi dádiva em meio à busca desesperada de respostas, e foi em Romanos, que ele descobriu a Graça e Benevolência de Deus que é dada em Cristo Jesus por meio da Fé, a saber, o perdão dos pecados e a vida eterna. Isto tudo ocasionou em seu coração o sentimento de luta e perseverança para combater aqueles que estavam querendo obscurecer o verdadeiro sentido das Sagradas Escrituras. Assim ele lutou e defendeu a autoridade vívida da Palavra Divina, enfrentando a igreja e até o imperador Carlos V em Worms, no ano de 1521, em sua declaração: “A não ser que eu seja convencido pelo testemunho da Escritura ou por argumentos evidentes (pois não acredito nem no papa nem nos concílios exclusivamente, visto que está claro que os mesmos erraram muitas vezes e se contradisseram a si mesmos) – a minha convicção vem das Escrituras a que me reporto, e minha consciência está presa à Palavra de Deus” [1].
Significado para os dias atuais
Lutero é um grande exemplo a ser seguido! Ele lutou para que a Palavra de Deus voltasse a ser a única norma de fé e vida para os cristãos. Assim também nós devemos lutar pela Santa Palavra, que por mãos humanas foi escrita pelo próprio Autor da Salvação, Deus. Esta é a maior prova da autoridade e veracidade das Escrituras, pois no fundo do coração dos apóstolos e profetas estava o Espírito de Deus, revelando a todos o perdão que Deus oferece e dá através do Seu Filho Jesus Cristo, que morreu por nós. Sigamos o exemplo de Cristo, vivendo de acordo com a Palavra e levando a Boa Nova, que é o próprio Cristo, a todas as nações.
[1] LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas v.8. Interpretação Bíblica, Princípios. São Leopoldo: Comissão Interluterana de Literatura, 2003. Pág. 11
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