Um conselho do Doutor Martinho Lutero (OS 6, 132-137)
Contexto histórico
Após a Assembléia Nacional de Worms em 1521 foi expedido pelo Imperador Carlos V um mandado contra Lutero, que ficou conhecido como o “Edito de Worms”. Neste estava a ordem dizendo que qualquer pessoa que encontrasse Lutero deveria prendê-lo e entregá-lo ao imperador. Este também proibia a publicação e leitura dos escritos de Lutero. O Edito visava uma ação conjunta entre Estado e Igreja, com base na legislação medieval contra as heresias.
Durante quase uma década, o Edito de Worms foi um dos mais importantes instrumentos pelos quais o imperador e os partidários da Igreja papal tentaram acabar com a Reforma. Em 1524/25 aconteceu a Guerra dos Camponeses. E já em 1526 aconteceu a primeira Assembléia Nacional de Espira, que deixou aos governantes dos territórios alemães a responsabilidade de executar ou não o Edito. Isso em outras palavras significou a suspensão do mesmo nestes territórios. Neste tempo os católicos queriam entrar com o poder militar para combater os evangélicos.
Em 1529 chegaram a 2 Assembléia Nacional de Espira, onde a decisão da anterior foi revogada. Nesta ocasião como os evangélicos eram a minoria protestaram contra a decisão, daí surgiu o nome de protestantes aos partidários da Reforma. Mas este protesto não afastou a possibilidade de um conflito militar.
Ainda em 1529 o Imperador Carlos V foi para a Alemanha, isso quase dez anos depois de haver estado na Assembléia Nacional de Worms. Ele foi até lá para mais uma Assembléia que iria acontecer em 1530. Outra vez os protestantes estavam frente ao problema da defesa militar contra o imperador. Os teólogos não tinham a mesma posição quanto ao assunto. Frente a esse problema, o príncipe eleitor da Saxônia, João, solicitou em 27 de janeiro de 1530, um parecer dos teólogos de Wittenberg. Então Lutero após consultar seus colaboradores e amigos enviou-lhe um parecer em 6 de março de 1530. Este continha elementos pura e simplesmente teológicos.
O parecer de Lutero
Lutero escreveu ao príncipe eleitor da seguinte forma; num caso desses, do ponto de vista secular poderia- se até resistir ao imperador, principalmente pelo fato dele ter prometido não usar de força e sim deixar que todos tivessem liberdade. Mas do ponto de vista teológico é condenável, pois as autoridades procedem de Deus, e sendo assim devemos suportar castigos e violências de sua parte se assim impuserem. Carlos V deveria ser obedecido enquanto fosse considerado autoridade instituída. E mais, ele comenta que se fosse permitido resistir e desobedecer a toda autoridade que se desviasse de Deus não haveria obediência às autoridades seculares.
Lutero segue: “o pecado não anula a autoridade nem a obediência, mas a punição as anula, isto é, se o império e os príncipes eleitores destituíssem unanimemente o imperador, de modo que deixasse de sê-lo. Caso contrário, enquanto ele permanecer impune e continuar imperador, ninguém deve negar-lhe obediência ou opor-se a ele. Pois isto é rebelião é começar o tumulto e a discórdia.” Por ora assumimos esta postura e oramos a Deus para que conduza a situação, correndo o risco, mas sabendo que há um Deus muito maior em nosso favor. Este que sempre foi fiel a seus seguidores, desde os tempos mais remotos lá no início da cristandade e principalmente no tempo de Jesus e dos apóstolos.
Não é preciso enfrentar as autoridades por causa do Evangelho, antes é preciso confiar no poder de Deus, que protegeu seu povo de modo a não entendermos seus meios. Portanto é preciso que se entenda o seguinte, que se fosse permitido isso, cada um que lutasse se ganhasse iria querer se tornar imperador, e então haveria mais conflitos e o caos estaria estabelecido. Lutero finaliza saudando o príncipe com votos de que Jesus o dê sabedoria e vigor para tomar a decisão que lhe aprouver.
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