JULGAMENTO PASCAL
Personagens: Juiz, Advogado, Salomé, Maria Madalena, Caifás, Pedro, Homem
Juiz: Se as testemunhas e o advogado estiverem preparados, chamarei os jurados; senhor advogado apresente a sua queixa.
Advogado: Eu acuso as pessoas que há 2000 anos espalharam uma calúnia, a mentira que Jesus de Nazaré teria ressuscitado dos mortos.
Juiz: Que se apresente a primeira testemunha.
Advogado: Esta foi uma das primeiras a achar vazia a sepultura.
Salomé: Sim, Senhor, foi domingo de manhã bem cedinho. Quando chegamos, os guardas havim fugido, e a pedra estava revolvida. A sepultura estava vazia.
Advogado: A senhorita diz que a sepultura estava vazia. A senhorita verificou realmente bem?
Salomé: Não, mas porque nós vimos os lençóis e porque um anjo disse...
Advogado: Um anjo! A senhorita não quer contar a nós homens do século XX que realmente viu um anjo.
Salomé: Eu também não pude acreditar, porque nunca antes me havia acontecido tal coisa, mas foi um anjo e ele nos disse: "Ele não está aqui, Ele ressuscitou".
Advogado: Ele ressuscitou! Está certa de que o anjo empregou tais palavras e não somente: "Ele não está aqui?" Não poderia ter sido possível que na sua agitação a senhorita tenha se enganado de sepultura? Existia muitas sepulturas no jardim e depois este "anjo" poderia ter sido o jardineiro que lhe dissera: "se procuras Jesus, enganou-se de sepultura. Ele não está enterrado aqui..."
Salomé: Não, tenho certeza de que era a sepultura de Jesus.
Advogado: Como pode dizer isto com tanta precisão?
Salomé: Porque estava lacrada. E os soldados estavam lá...
Advogado: Antes a senhorita disse que os soldados não estavam lá.
Salomé: Eles já haviam fugido - porém era a sepultura - tenho certeza.
Advogado: Mas a senhorita nem olhou direito, será que o cadáver não estava ainda lá dentro?
Salomé: Não, ele não estava...
Advogado: Isto é tudo. Que se apresente Caifás. (Salomé sai, entra Caifás) O senhor foi sumo-sacerdote em Jerusalém naquele tempo. Qual a sua opinião sobre o que disse esta senhorita?
Caifás: Com a sepultura parte eu concordo. O cadáver, que sexta-feira foi posto na sepultura, não estava mais lá no domingo. Fizemos um exame minucioso também de outras no jardim. Foi muito doloroso confessarmos isto, porém a sepultura estava vazia. Ele tinha desaparecido.
Advogado: E o que acha o senhor que aconteceu?
Caifás: Isto está claro como a agua: os discípulos o roubaram e o sepultaram em outra parte. Nós tememos que isto poderia acontecer e por isso nós colocamos alguns guardas lá e lacramos a sepultura.
Juiz: E como é que foi que os discípulos o roubaram?
Caifás: Cedo deu-se um tremor de terra, os soldados assustaram-se e porque eram muito supersticiosos fugiram. E os discípulos aproveitaram a oportunidade.
Juiz: Foi dito que os soldados estavam dormindo.
Caifás: Em nosso desespero, demos-lhe dinheiro para que afirmassem isso. Eu pessoalmente acho que os discípulos o roubaram durante o tremor.
Juiz: Porque subornaram para que mentissem?
Caifás: Devemos pagar fogo com fogo, mentira com mentira. Nós temos que defender os nossos interesses. Sua ressurreição seria para o povo uma prova de que Ele era realmente o Messias. Tal mentira não poderia ser admitida.
Advogado: Obrigado. (Caifás sai - o advogado dirige-se ao Juiz) Vossa Excelência - afirmam que este Jesus de Nazaré ressuscitou, porque foi visot. Posso chamar Maria Madalena? (entra Maria Madalena) Maria Madalena, a senhorita afirma que viu o ressuscitado?
Maria Madalena: Sim, senhor. As outras mulheres fugiram. Eu permaneci, fiquei muito triste porque pensava que os judeus o tinham supultado em outro lugar. Eu estava preocupada e chorei.
Advogado: A senhorita chorou. É muito sensível. Chora muito. A senhorita não é um pouco histérica?
Maria Madalena: Não, histérica não sou.
Advogado: Mas naquele dia a senhorita estava um pouco histérica e pensou ter visto o seu Senhor.
Maria Madalena: Mas eu o vi. Ele estava do meu lado, assim como senhor agora.
Advogado: Era o jardineiro aquele que também falou com Salomé; o jardineiro que ela julgou ser o anjo. No seu histerismo a senhorita...
Maria Madalena: Não! Era o meu Senhor - primeiro eu também pensei que fosse o jardineiro. Aliás, outros também o viram
Advogado: Quando o viram os outros? Quem?
Maria Madalena: Os discípulos e sua mãe - Em Jerusalém e Galiléia, uma vez até 500 pessoas.
Advogado: Maria Madalena, a senhorita quer contar-nos alguma coisa a respeito de sua vida passada, antes de conhecer Jesus e seus discípulos?
Maria Madalena: Isso não interessa a ninguém daqui.
Advogado: Por que quer esconder seu passado? Talvez seja verdade aquilo que contam por aí, que a senhorita andou com os soldados...
Maria Madalena: Ninguém sabe o que fui antes de encontrar Jesus. Ninguém, a não ser Ele e eu. Confesso que fui pecadora, mas eu só compreendi isso quando conheci o meu Senhor. Nós todos aprendemos, todos que estiveram com Ele. Mas Ele perdoou os meus pecados.
Advogado: Mas pode Ele fazer isto?
Maria Madalena: Porque Ele não é somente homem, é Deus. Como Ele pode dar visão a um cego, curar um paralítico, como Ele ressuscitou Lázaro dos mortos, assim tem Ele poder de perdoar os meus pecados. Ele é o Senhor da vida e do mundo. Ele não está sepultado na terra, como pensa o senhor.
Advogado: Silêncio! A senhorita já está novamente histérica.
Juiz: Atenção! Ordem! A testemunha deve se controlar. Posso perguntar por que o advogado queria irritar a testemunha com perguntas de ordem particular?
Advogado: O caráter dessa mulher e o de seus companheiros é muito importante. E afirmo que os seguidores de Jesus eram sem caráter, que queriam espalhar uma mentira entre as pessoas. Que venha Pedro, o pescador, agora. O senhor é Pedro, antes Simão, o pescador da Galiléia?
Pedro: Sim, meu irmão André e eu deixamos nossa profissão para servir o Senhor.
Advogado: Isto não foi um sacrifício porque não perderam muito. Esse senhor, pastor do povo tinha muita fama. Onde ele aparecia reuniam-se muitas pessoas; e os senhores como seus discípulos tornaram-se famosos. Para os simples pescadores isso foi um passo para a fortuna.
Pedro: Sim, isto é verdade, e porque o senhor fez isto comigo ainda não compreendi.
Advogado: Quando ele faleceu a ventura e a honra haviam terminado. Mas então raciocinaram - nós não precisamos fechar o negócio, se dissermos aos homens que Ele não morreu. Roubaram então o seu corpo e contaram a todos que Ele havia ressuscitado. E adiantou. Puderam continuar com o profetismo.
Pedro: Nosso prefetismo? Como? Meu irmão e eu sabíamos que seríamos crucificados e todos os outros discípulos, exceto João seriam assassinados. Se acha que propagamos uma mentira, então deve achar que nós enganamos a nós mesmos. E o que é verdade está provados, porque outros que não viram creram, tanta fé não teríamos conseguido com nossos pobres ensinamentos, mas o Senhor conseguiu e consegue em todo mundo.
Advogado: Até hoje - pois sim, está na hora de terminar com esta mentira. Agora vou chamar alguém do século XX. Por favor, a última testemunha. (Pedro sai e entra um homem) O senhor acredita que este Jesus de Nazaré ressuscitou?
Homem: Sim, acredito.
Advogado: O senhor alguma vez o ouviu?
Homem: Não.
Advogado: Então, como pode afirmar isto? De onde tem sua fé?
Homem: De meus pais, da escola dominical, cada criança aprende isto.
Advogado: Mas nenhum homem razoável acredita nisto. Ou o senhor ainda é tão criança que acredita nestas histórias que lhes contam?
Homem: Eu também pensei uma vez que fosse história, até que experimentei...
Advogado: Experimentou? O quê?
Homem: Crendo que Jesus não estava sepultad na Palestina, mas que ressuscitou, que Ele vive e pode me ajudar.
Advogado: Ajudar? Precisa de ajuga? Não é inteligente que chega para vencer sozinho, como homem?
Homem: Não. Sou muito inteligente, mas sei que não posso vencer sozinho. Observe os poderes que há no mundo, o que acontece na política. Escute as vozes de nosso tempo. Ela chama: Entre as nossas fileiras! Coopera! Escute os discursos políticos. Olha os cartazes dos cinemas, as revistas. Fica-se tão confuso! Mas eles não apenas falam, eles também têm poder, eles podem obrigar-nos. Sentimo-nos desamparados. Cedemos. Colocamos um uniforme e marchamos com os outros. Gritamos quando os outros gritam. Vamos para onde nos mandam e onde nos chama de amigos. Quando estamos a sós não podemos lutar contra isto. Eu ao menos preciso de alguém que me ajude... E este alguém existe. Ele é Deus. Ele se chama Jesus Cristo.
Advogado: O senhor fala com convicção.
Homem: Sim, porque Ele já me ajudou muitas vezes.
Advogado: O senhor está cem por cento certo?
Homem: Eu nunca estou cem por cento certo. Eu tenho as minhas dúvidas, mas tenho certeza de que sem Ele não há esperança nem consolo. Não há fundamento para o mundo e que sem Ele estou perdido. Eu creio, Senhor, ajuda-me em minha pouca fé.
Advogado: Bem, prezado senhor juiz, prezado público, apesar de termos assistido a muitos depoimentos emocionantes, vemos que ninguém está cem por cento certo que Jesus de Nazaré ressuscitou verdadeiramente. Podemos acreditar, se quizermos.
Homem: Posso dizer algo?
Juiz: Pois não.
Homem: (para a comunidade) O Senhor ressuscitou.
Público: O Senhor realmente ressuscitou! Aleluia!
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