Ministério em Lutero[1][1]
C. F. W. Walther
“Senhor, concede-nos um ministério santo e fiel”. Assim o Dr. C. F. W. Walther orava freqüentemente. Quão necessária esta oração é, especialmente, em ossos dias.
Satanás sempre procura perturbar e destruir o santo ministério. Quer pelas idéias de um falso “discipulado” que procura esvaziar o ministério, dando o direito de pregar e ensinar a palavra publicamente a todos, mesmo sem chamado; quer pelo esvaziamento do ministério para que se perca em tantos outros trabalhos e não tenha tempo para a oração, o estudo e a pregação da palavra; quer pelo desrespeito diante do ministério ou pelo abuso de poder no ministério. Por isso é necessário a leigos e pastores, lembrar o que é o ministério.
Para mostrar o que Lutero pensava do ministério, julgamos não encontrar caminho melhor do que basear-nos nas citações que o Dr. Walther anexou a suas teses. Elas nos mostram que em toda a discussão sobre o ministério permanecem duas perguntas fundamentais: Que é a igreja? E: Quem na terra foi investido com todos os bens e direitos espirituais? A única resposta a estas perguntas é a que cada confirmando sabe dar: “A igreja são unicamente os cristãos e unicamente eles são os verdadeiros possuidores e portadores dos bens eclesiásticos, direitos, poderes e ofícios”.
Vejamos, guiados pelas teses do Dr. Walther, algumas das muitas referências de Lutero sobre o santo ministério.
Vejamos, guiados pelas teses do Dr. Walther, algumas das muitas referências de Lutero sobre o santo ministério.
1ª Tese
O santo Ministério ou Ofício da Pregação é um ofício distinto do sacerdócio espiritual de todos os crentes (1 Pe 2.9 - Apol. 1.6,5,10; CA Art. 14).
Citações de Lutero:
Por isso o Espírito Santo evitou com muito cuidado, que no Novo Testamento o nome “sacerdote” não fosse dado aos apóstolos ou outros ofícios, mas unicamente aos batizados ou como nome dos cristãos, como um nome que herdamos no batismo. Porque ninguém de nós se torna um apóstolo, pregador, professor ou pastor pelo batismo, mas após o batismo toma-se dos renascidos sacerdotes, a fim de chamar e escolher alguns para os ofícios, para o exercerem em lugar de todos nós (St. Louis XIX, 1536).
Ninguém pode negar que cada cristão tem a palavra de Deus e foi instruído e ungido por Deus para ser sacerdote, como Cristo o afirma: Serão todos ensinados por Deus (Jo 6.45), e: Por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros (Sl 45.7 RA). Estes companheiros são os cristãos, irmãos de Cristo, que com ele foram ungidos para sacerdotes. Assim afirma o apóstolo Pedro: Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pedro 2.9 RA). Sendo assim, que eles têm a palavra de Deus e foram ungidos por Deus, então são devedores para confessar, ensinar e difundir o seu nome, como o apóstolo Paulo afirma: Tendo, porém, o mesmo espírito da fé, como está escrito: Eu cri; por isso, é que falei. (2 Coríntios 4.13 RA) E o profeta diz de todos os cristãos: Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca manifestará os teus louvores. (Salmos 51.15 RA). Esta passagem mostra com clareza que o cristão não só tem o direito e o poder para ensinar a palavra de Deus, mas nem pode diferente, sem levar prejuízo em sua alma ou colher a ira de Deus. Tu dirás, como? Se eu não tiver chamado, não posso pregar. Você mesmo ensinou assim! Resposta: Devemos aprender a distinguir as situações. Em primeiro lugar, se um cristão está num lugar onde não há cristãos, ali ele não precisa de um chamado, pois ele é internamente chamado e ungido por Deus. Ali ele é devedor para pregar e ensinar o evangelho aos gentios errantes e aos pagãos, por dever e amor cristãos, mesmo se nenhum cristão o chamado para isto. Assim fez Estevão (At 6.7). A ele não fora confiado o ofício da pregação, mesmo assim pregou. Da mesma forma fez Felipe o diácono e companheiro de Estevão (At 8.5). Da mesma forma Apolo (At 18.25-26). Nestes casos o cristão olha com amor fraternal a necessidade das almas aflitas e perdidas e não espera por chamados ou ordem de príncipes e bispos. Pois a necessidade quebra todas as leis e não tem lei. Mas o amor é devedor para ajudar onde não há ninguém que ajude ou deveria ajudar. – Por outro, se um cristão está num lugar onde há cristãos que tem com ele o mesmo poder e direito, então ele não deve sobrepor-se, mas esperar até ser chamado e sobreposto, para ensinar em lugar e por ordem dos outros (X.1801).
Que os apóstolos de início foram pregar o evangelho em casa de estranhos, o fizeram por ordem de Cristo: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura (Marcos 16.15 RA). Mas, após isto, ninguém tem mais uma ordem apostólica tão geral, pois cada bispo e pastor tem sua paróquia e comunidade, ou como o apóstolo Pedro o chama: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós (1 Pedro 5.2 RA), a saber uma parte... e que ninguém e nenhum estranho se atreva sem o saber e consentimento, ensinar no rebanho de outrem, quer escondido ou publicamente. A tal pessoa ninguém deve escutar, mas denunciá-lo a seu pastor e as autoridades. Isto deve ser mantido que nenhum pregador, por mais piedoso e correto, vá ensinar em particular ou publicamente o povo dos católicos ou das seitas sem o consentimento dos mesmos (V, 1060).
2ª Tese
O Ministério da Pregação ou pastoral não é instituição humana, mas um ofício estabelecido pelo próprio Deus (Sl 68.12; Jr 3.15; Jl 2.23; Mt 10.18-20,28; Lc 9.1-10; Mc 16.15; Jo 20.21-23; 21.15-17; Lc 10.1-22; At 20.28; 1 Co 12.28-29; Ef 4.11; 1 Pe 5.1; 2 Jo 1; 3Jo 1; Cl 4.7; Fp 2.25; 1 Co 4.1 - CA Art. 5 e 14; Art. Esmalcalde Art. 10)
Citações de Lutero:
Em primeiro lugar alguns são apóstolos que não foram escolhidos por homens ou através de homens, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, como os profetas e apóstolos. Por outro, alguns são escolhidos por Deus, mas por intermédio de homens, como os discípulos dos apóstolos e todos os que até ao fim do mundo, entram corretamente no ministério da pregação em lugar dos apóstolos, como os bispos e pastores. Estes não poderiam existir sem os primeiros, dos quais eles têm o ofício (XI, 2553).
O apóstolo Paulo diz a seu discípulo Tito: Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi (Tito 1.5 RA). Quem crê que aqui o Espírito Santo fala pelo apóstolo Paulo, reconhece que isto é uma instituição e ordem divina, que em cada cidade haja muitos bispos ou pelo menos um em cada cidade (XIX ,1334).
3ª Tese
O Ministério da Pregação não é um ofício facultativo, mas um ofício cujo exercício é ordenado por Deus à igreja e ao qual a igreja está efetivamente presa até ao dia do juízo final (Mt 28.19-20 – Apol. Art. 1 e 3).
Citações de Lutero:
Muitos, talvez, perguntam irritados: Por que precisamos de pastores e pregadores, nós mesmos podemos ler a Bíblia. Vão seguras de si e em casa igualmente não têm a Bíblia. E, mesmo se a lessem em casa, o proveito não seria tão frutífero e poderoso, como ela é poderosa pela pregação pela boca do pregador ao qual Deus chama e ordenou para que pregasse e te dissesse a palavra (XIII, 1816).
Aqui deve ser notado especialmente que, apesar de Deus ter falado a Paulo do céu, não anulou o ofício da pregação, nem faz uma exceção, mas dirige Paulo para a cidade ao ofício da pregação, ao pastor, lá ele deve ouvir e aprender. Deus quer que vamos ouvir o Evangelho daqueles que o pregam. Lá o encontraremos e não em outros lugares (XIII, 2528).
4ª Tese
O ministério da Pregação não constitui um estado especial, mais santo, formando contraste com o cristianismo comum, como o sacerdócio levítico, mas um ofício de serviços (1 Pe 2.9; Ap 1.6; Gl 3.28; Mt 23.8-12; 1 Co 3.5; 2 Co 4.5; Cl 1.24-25).
Citações de Lutero:
Agora talvez digas: Será verdade que todos nós somos sacerdotes e devemos pregar? O que será disto? Não haverá diferença entre as pessoas, e são as mulheres também sacerdotisas? Resposta: No Novo Testamento nenhum sacerdote deveria destacar-se pela função, não pode ser em si má, alguém poderia deixar rapar todo seu cabelo; mas pelo motivo de não se fazer diferença entre eles e os cristãos em geral. Isto a fé não suporta... Portanto há somente uma diferença externa, por causa do ofício, o de ser chamado pela comunidade; mas para Deus não há diferença (IX,702).
5ª Tese
O ofício da Pregação tem o poder de pregar o evangelho, administrar os santos sacramentos e o poder de julgar coisas espirituais (Mt 28.19-20; Jo 20.21,23; Jo 21.15-16; 1 Co 4.1 – CA, Art. 28 - Apol. Art. 28; Do Poder e Primado do Papa).
6ª Tese
O Ministério da Pregação é confiado por Deus a uma pessoa através da comunidade, a detentora do poder eclesiástico e das chaves, pelo chamado prescrito por Deus. A ordenação do pastor chamado com a imposição das mãos não é uma instituição divina, mas uma instituição eclesiástica dos apóstolos e somente uma confirmação pública do chamado aceito.
a) O ofício da pregação é transmitido por Deus através da Comunidade, a detentora de todo o poder eclesiástico ou Ofício das chaves. (Mt 18.15-20; 1 Pe 2.5-10; At 1.15-26; At 6.1-6 – Apol. Art. 7; Do poder e Primado do Papa).
b) A Ordenação dos pastor chamado pela imposição não é uma instituição divina, mas uma instituição eclesiástica dos apóstolos e somente uma confirmação pública do chamado aceito (Art. Esmalc. Art. 11; Apol. Art. 13).
Citações de Lutero:
Exceto em casos especiais, movidos por necessidade, os que têm o direito o poder e o dom de ensinar, não devem instalar um bispo sem a escolha, vontade ou chamado da comunidade, mas devem confirmar o escolhido e chamado pela comunidade... Porque nem Tito, nem Timóteo, nem o apóstolo Paulo instalaram um bispo sem que a comunidade os tivesse escolhido e chamado. Isto provam as passagens de Tt 1.7 e 1 Tm 3.10, onde se lê: o bispo seja irrepreensível, e sejam estes (diáconos)primeiramente experimentados. Como Tito poderia saber quem são os irrepreensíveis a não ser pela comunidade. Esta deveria indicar as pessoas. Da mesma forma lemos em Atos 3.6. Os apóstolos não podiam instituir diáconos, um ofício inferior ao pastorado, sem o conhecimento e a vontade da comunidade, mas a comunidade escolheu e chamou os sete diáconos e os apóstolos os confirmaram. Se os apóstolos não podiam ordenar para este ministério que distribui alimentos materiais, como se atreveriam a ordenar alguém para o ofício tão superior, o apostolado, sem o conhecimento nem a vontade da comunidade (XXI, 448).
7ª Tese
O santo Ministério da Pregação é o poder transferido por Deus através da comunidade, a portadora do sacerdócio e dos poderes eclesiásticos, de exercer os direitos do sacerdócio espiritual em ofícios públicos por dever comunitário (versículos das teses 1 a 4; Rm 15.16 – Do Poder e Primado do Papa, §69)
Citações de Lutero:
Por isso, todo aquele que quer ser um cristão, deve estar certo e lembrar que todos somos igualmente sacerdotes, isto é, que todos temos o mesmo poder na palavra e nos sacramentos. Cabe a cada um não fazer uso do mesmo, a não ser pela concordância da comunidade ou chamado dos superiores. Pois o que é de todos, ninguém deve tomar particularmente para si, até ser chamado par isso.
8ª Tese
O Ministério da Pregação é o ofício supremo na igreja, do qual decorrem todos os demais ofícios (Mt 16.19; 18.18; Jo 20.21-23; 1 Tm 3.1,5,7,17; 1 Co 4.1; Tt 1.7; Hb 13.17; At 6.1-6; 1 Tm 5.17 – Apol. Art. 15; Art. Esmalcalde II, 4º do Papado §9).
Citações de Lutero:
Se o ofício da palavra é conferido a alguém, então todos os ofícios que são executados na igreja pela palavra são lhe conferidos, a saber: o poder para batizar, abençoar, absolver ou reter os pecados, orar e julgar. Porque o ofício de pregar o evangelho é o mais alto entre todos os ofícios. É o verdadeiro ofício apostólico de onde emanam todos os outros ofícios da palavra, tais como o ofício de professor, de profeta, de governador, dos que tem o dom de curar, como o apóstolo Paulo os enumera em 1 Co 12.8ss. Por isso também Cristo sobre tudo pregou o evangelho como aquele que deveria executar o ofício principal e não batizou. Paulo igualmente afirma que não foi enviado a batizar por ser um ofício inferior e subseqüente, mas que ele foi enviado a pregar o evangelho como um ofício que tem a primazia (1 Co 1.17) (X, 1862).
O diaconato não é o ofício de ler o evangelho e a epístola, como hoje é costume, mas o de distribuir as oferendas aos pobres, pra que os ministros aliviados da carga de cuidarem dos bens materiais, possam se dedicar integralmente à oração e à palavra (XIX, 140).
Nós devemos saber que nada é superior à palavra de Deus cujo ofício está sobre todos os ofícios. Por isso o ofício de governar é servo do ofício da pregação. O que governa deve estimular o ministério e despertá-lo, como um servo desperta o seu senhor do sono ou lhe lembra o seu ofício. Nisto se baseia o que Cristo diz em Lucas: Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve (Lucas 22.26 RA). Por outro os professores e os que têm o dom da profecia devem estar submissos aos que têm o dom de governar, que tudo seja feito como obra cristã e um ofício sirva ao outro. Para que permaneça o que Paulo ensina nesta epístola, que ninguém se exalte sobre o seu próximo e pense de si além do que convém; mas permita haver ofícios e dons mais nobres do que os seus e que cada um sirva ao outro e lhe seja submisso. Assim o governar é o inferior, mesmo assim os outros lhe são submissos, e ele serve a todos com suas preocupações e seu dirigir. Por o outro o ofício da pregação é o mais alto, mesmo assim obedece ao que governa (XII, 455).
9ª Tese
Ao Ministério da Pregação cabe a) respeito e obediência incondicional quando o pregador maneja a palavra de Deus, porém o pregador não tem domínio na igreja; b) não tem direito de fazer novas leis, de instituir arbitrariamente os adiáforos e cerimônias, ou impor e executar sozinho a excomunhão sem o devido consentimento de toda a comunidade
(a. 1 Co 12.28; Ef 4.11; 1 Co 4.1; 2 Co 5.18-20; Lc 10.16; Hb 13.17; 1 Ts 5.12-13; 1 Tm 5.17-19; Gl 6.6-10; Mt 10.12-15 – CA Art. 28; Apol. Art. 3; Cat. Maior 4° Mandamento.
b. Mt 20.25,26; Jo 18.36; 1 Pe 5.1-3; 2 Co 8.8; 1 Co 7.35; 1 Co 11.34 – CA Art. 28; Apol. Art. 7; Do Poder e Primado do Papa. IV.11).
Citações de Lutero:
Um cristão piedoso, ao ouvir ser ensinado algo errado, vai e, com humildade, tom fraternal e amigo admoesta o pregador, porém, não se dirige contra ele com alarde e gritarias. – Em resumo, o que tange a nossa pessoa, queremos e devemos suportar, mas a graça e o ofício que prega a graça queremos ver honrado por todos (VIII, 1191).
Por os pregadores terem o ofício, o nome e a honra de serem cooperadores de Deus, ninguém deve julgar-se tão culto e santo que possa perder ou desprezar a mais humilde das pregações, visto não conhecer a hora em que Deus quer operar graciosamente em seu coração pela pregação (XII, 584).
Entre os cristãos não deve nem pode haver autoridade, porque cada um é submisso ao outro, como Paulo o afirma: Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros (Romanos 12.10 RA), e: Não sejais sábios aos vossos próprios olhos (Romanos 12.16 RA). Lucas: Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar (Lucas 14.10 RA). Entre cristãos não há ninguém superior a não ser unicamente Cristo. Que tipo de superiores poderia haver ali onde todos são iguais e onde todos têm o mesmo direito, poder e bens e honras; onde ninguém deseja ser superior ao outro, mas cada qual quer ser submisso ao outro? Nem seria possível constituir ali autoridade porque a índole e a natureza nem o permitem, por ninguém querer nem puder sê-lo. Onde não há tais pessoas, também não há cristãos verdadeiros. O que são então os pastores e bispos? Resposta: O seu regimento não é governo ou poder, mas serviço e ofício, pois não são mais altos, nem melhores do que outros cristãos. Por isso não devem impor leis ou mandamentos sobre os outros, sem o consentimento e desejo dos mesmos. O seu governar não é outra coisa do que promover a palavra de Deus, pela qual conduzem os cristãos e vencem as heresias. Como já foi dito, só se pode dirigir um cristão pela palavra de Deus. Eles são dirigidos na fé, não com obras externas. A fé, no entanto, não vem pela palavra de homens, mas unicamente pela palavra de Deus (Rm 10.17). Quem, agora, não crê não pertence aos cristãos, nem ao reino de Deus, mas está sob o governo do mundo, para ser forçado e dirigido pela espada e pelas leis do governo. Os cristãos fazem de si e sem serem forçados todo o bem e tem o seu contentamento na palavra de Deus (X, 465).
Eu chamo isto uma excomunhão diabólica onde alguém é excomungado frivolamente sem antes ser convencido publicamente diante da comunidade de que agiu contra a ordem de Cristo. Tal excomunhão não deves temer (XIX, 1181).
10ª Tese
Ao Ministério da Pregação também cabe, conforme direito divino, o ofício do julgar a doutrina, mas também os leigos têm este direito; por isso têm eles assento e voz ativa junto com os pregadores nos tribunais eclesiásticos e nos concílios (1 Co 10.15-16; 1 Jo 4.1; 2 Jo 10,11; 1 Ts 5.12; Mt 7.15-16; Jo 10.5; At 17.11; At 15 – Tratado sobre o poder e o primado do Papa, § 51 e 56).
Citações de Lutero:
Reconhecer a doutrina e julgá-la cabe a todos os cristãos e de tal forma que é maldito todo aquele que pretende ferir um milímetro deste direito. Porque Cristo mesmo ordenou tal direito com abundância de palavras. Por exemplo: Mt 7 (XIX, 424).
Homens e ensino de homens colocaram e ordenaram que o direito de julgar a doutrina deve ser deixado para os bispos, estudiosos e concílios. O que eles resolvem deve ser acatado e aceito como artigo de fé. Deste direito que conferem ao papa orgulham-se diária e abundantemente. Por isso não ouvimos deles outra coisa a não ser isto que eles têm o poder e o direito para julgar o que é cristão ou herético e que o cristão simples deve aceitar suas decisões. Disto se orgulham. Com isto amedrontam o mundo. Isto é o seu baluarte. E tudo isto vai violenta e frontalmente contra a ordem e a palavra de Deus. Pois Cristo ordenou o contrário. Jesus toma aos bispos, doutores e concílios ambas as coisas, o direito e o poder de julgarem a doutrina, e as entrega a cada cristão, sim a todos os cristãos ao dizer: Elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz; mas de modo nenhum seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos... Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não lhes deram ouvido (João 10.8 RA). Aqui vês com clareza de quem é o direito de julgar a doutrina; Bispos, papa, doutores e cada um tem o direito de ensinar, mas as ovelhas devem julgar se o ensino é voz de Cristo ou voz diferente (X, 1797).
Note, por isso, a quem o apóstolo Paulo eleva a doutores da Escritura Sagrada, a saber, a todos os que têm fé e mais ninguém; estes devem julgar toda a doutrina e seu julgamento deve valer (XII, 1254).
[1][1] Walther, C. F. W. Kirche und Amt, Zwickau i. Sax., 1911.
-Da segunda parte deste livro, das 274 páginas, extraímos as teses, citações bíblicas, das Confissões e de Lutero.
Seleção e tradução:
Horst R. Kuchenbecker
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