AQUI VOCÊ TEM LUGAR
CENÁRIO: Simples a critério de cada grupo.
Personagens: Luiza e Linda, José e Maria, Anjo, Joel, Judá e Noé (pastores) Baltazar, Gaspar e Melchior (magos) Herodes, guarda, dois sacerdotes......
Saudação:
HINO: Aqui você tem lugar (como sugestão)
LUIZA: Você já ouviu falar no tema da Igreja?: “Aqui você tem lugar”?
LINDA: Olha, uma porção de vezes. Acho até graça. Se fala muito, mas na prática as coisas demoram para acontecer. Quantas famílias problemáticas e com sofrimento não moram por aí perto e nós as convidamos para ocuparem o seu lugar na igreja?
LUIZA: Também temos gente que não quer mudar. Acha que está bem assim e até acha ruim quando é convidada.
LINDA: É, acha ruim enquanto têm saúde, lugar de trabalho e lugar onde morar. E depois? Às vezes acho que nós também somos duros e lerdos para oferecer lugar para alguém na nossa igreja!
LUIZA: Concordo, você ouviu falar daquela comunidade que não quis receber os “Sem Terra”?
LINDA: Sim, ouvi falar, e isso foi uma afronta ao próprio Cristo. Mas veja aí! Você já pensou se os mineiros que colhem café por aí um dia entrassem na nossa igreja e participassem na Santa Ceia. Não faríamos olhos grandes?
LUIZA: Sim! A mesma idéia me ocorreu outro dia. Já pensou com estes cartazes e conversa: “Aqui você tem lugar”, se os ciganos entrassem na nossa igreja! Que rebuliço não ia dar?
LINDA: Engraçado! Alguns procuram lugar e não acham. Outros têm lugar e não é ocupado.
LUIZA: Estamos no dia de Natal. Isso me faz lembrar que Deus quando veio ao mundo como criança também não achou lugar. “O mundo era seu e os seus não o receberam”.
LINDA: Acho que esta história precisamos ver e ouvir de novo.
LUIZA: Sabias que a comunidade ensaiou um teatro especial para apresentar hoje a noite. Se nós adiantássemos o nosso serviço sobraria tempo para ir lá e assistir!
LINDA: E vai ter lugar prá nós?
LUIZA: A igreja é grande e vai ter muita gente chique e boa que vai deixar o seu lugar pros outros, costuma nem ir, afinal nesta noite existe tanto programa diferente! Pode vir tranqüila que vai ter lugar também pro cê!
HINO:
(Maria e José estão no curral junto à manjedoura. A criança já nasceu.)
JOSÉ: Você está bem, Maria?
MARIA: Já estou bem forte. Mal consigo acreditar como me recuperei tão depressa.
JOSÉ: É a tua fé, tua vontade de lutar e viver, Maria.
MARIA: Eu fico pensando - José - como as pessoas são más, egoístas e duras de coração. Por acaso você contou em quantas casas nós procuramos lugar?
JOSÉ: Não contei, mas não foram poucas. O que nunca vou esquecer são as tristezas que vi e ouvi. Agora, Maria, que você já está bem recuperada vou lhe contar alguns sentimentos:
- Numa casa grande e rica com vários galpões e paióis, deixaram os cachorros avançar em mim. Acharam que eu era ladrão.
- Noutra casa encontrei só um velhinho doente e com febre. Dizia que não podia receber ninguém pois o pessoal não estava em casa. A casa dele cheirava tão mal. Francamente, Maria, o cheiro deste curral é mais gostoso do que o cheiro daquele homem.
- Noutra casa encontrei um monte de crianças pequenas. Algumas sem roupa, sujas dos pés à cabeça, com lama e esterco. Uma criança maior pegou uma vara e queria bater em mim. Não vi nenhuma pessoa adulta. Fiquei muito triste ao ver aquela miséria. Pensei na nossa criança que estava para nascer sem enxoval e sem fralda.
- Numa outra casa encontrei várias pessoas. Estavam tristes. Não deram muita atenção a meu pedido. De repente eu escutei que havia morrido alguém e os coveiros estavam todos atrás do morro numa festa e que só iam voltar noutro dia. E enquanto isso os familiares tinham de agüentar o cheiro do defunto.
- Passei ainda na sinagoga na esperança de encontrar gente lá dentro rezando ou pelo menos os líderes. Para minha surpresa encontrei a casa aberta, mas estava vazia e fria.
- Este curral foi o único lugar que sobrou para nós. Mas diante de tanto sofrimento, conseqüência da frieza humana, este curral até é luxo.
MARIA: Estamos bem e pelo menos em paz. Até aqui nos ajudou Deus!
HINO:
(Os pastores no campo)
JOEL: Vocês ouviram da grande festa que ia acontecer naquela fazenda?
NOÉ: Quando nós passamos pela aldeia, na semana passada, escutei dois homens falando de uma festa, mas não dei atenção. Desde quando nós teríamos lugar numa festa?
JUDÁ: É verdade, prá nós só sobrou o trabalho. E que trabalho!
JOEL: Se não quisermos morrer de fome, só nos resta cuidar bem destas ovelhas.
NOÉ: É isto mesmo. Foi nossa última chance. Vamos esquecer a festa e combinar os turnos da noite.
JUDÁ: Eu vou ficar na primeira hora.
NOÉ: Está bem. Você me acorda na segunda hora.
JOEL: Então vamos dormir logo para descansar um pouco.
JUDÁ: Boa noite, prá vocês! (vão dormir, luzes diminuem. Judá se senta e entra num leve cochilo. De repente aparece o anjo com muita luz. Judá se assusta e acorda os companheiros. Estes ficam sentados e escutam a voz do anjo.)
ANJO: “Não tenham medo! Estou aqui para trazer uma boa notícia a vocês, e ela será motivo de grande alegria também para todo o povo! Hoje, na cidade de Davi, nasceu o Salvador de vocês - o Messias, o Senhor! Esta será a prova: vocês encontrarão uma criancinha enrolada em panos e deitada numa manjedoura”.
CORAL: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra, na terra, / entre os homens a quem ele quer bem. Amém, amém”.
JOEL: O que foi isso? Eu sonhei, por acaso?
NOÉ: Você não sonhou eu vi e ouvi. O anjo de Deus estava aqui e falou.
JOEL: Então é verdade! Mas o que significa isso?
JUDÁ: Um grande milagre aconteceu. Deus não se esqueceu de nós.
NOÉ: Cristo o Salvador nasceu.
JOEL: Vamos logo olhar para conferir e dar glórias a Deus assim como os anjos cantaram.
JUDÁ: Deixemos as ovelhas. Vamos depressa para depressa voltar.
HINO:
(Os magos seguindo a estrela)
BALTAZAR: Já andamos tantos dias sempre seguindo a estrela. Alcançamos a cidade de Herodes. Vamos até ele. Ele deve saber quem será o seu sucessor, talvez seja filho dele!
MELCHIOR: Imagino como deve ficar feliz com a nossa visita! (Ao guarda) Queremos falar com o rei Herodes.
GUARDA: Quem são vocês? Donde vieram?
GASPAR: Somos os sábios e viemos do Oriente a procura do novo rei. Por favor, deixa-nos conversar com o rei Herodes.
GUARDA: Aguardem aqui até que eu volto. (Vai e volta em seguida) Podem me seguir o rei está esperando por vocês.
HERODES: Então vocês querem falar comigo. Quem são vocês?
BALTAZAR: Somos os sábios do Oriente. Tivemos a mesma informação. Por isso viemos juntos procurar o novo rei dos judeus. Vimos a sua estrela e viemos adorá-lo.
HERODES: Mas isto é novidade para mim. O rei dos judeus sou eu e eu não estou sabendo nada deste novo rei.
MELCHIOR: Mas nós vimos a sua estrela!
HERODES: Deixem-me verificar . (para o guarda) Guarda! Chama-me os sacerdotes ou escribas!. (O guarda sai e volta em seguida com dois sacerdotes)
SACERDOTE: Pronto rei Herodes! Estamos a seu serviço.
HERODES: Digam-me, onde o novo rei dos judeus, o Cristo, deve nascer?
SACERDOTE: Um momento ( abre a Bíblia e lê bem alto:) Em Belém de Judá, pois assim escreveu o profeta Miquéias: “Você, Belém, que fica na terra de Judá, de modo nenhum é a menor entre as principais cidades de Judá, pois de você sairá o líder que guiará o meu povo de Israel.”
HERODES: Muito obrigado, pela informação. Estão dispensados. (dirige-se aos magos). Desde quando viram a estrela do novo rei?
GASPAR: Já faz alguns dias, mas nos últimos dias brilhou mais, principalmente desde ontem.
HERODES: Pois vão até Belém. Lá devem encontrar a criança. Depois voltem e me avisem para que também eu posso ir para adorar e presentear.
BALTAZAR: Muito obrigado, ó digníssimo rei. Nós já vamos seguir.
HERODES: Tenham boa sorte e voltem logo! (Quando os magos saíram). Preciso criar um plano para presentear esse novo reisinho. Vou seqüestrá-lo e vender como escravo. Mas..... a estrela, essa eu preciso apagar! Como? Talvez eu preciso de um outro plano! Vou esperar a volta dos magos e pedir muitas informações deles. Depois eu vou agir.
HINO:
(Os pastores chegam ao curral)
JOEL: Estão vendo lá! Tal qual como o mensageiro de Deus falou. Num curral e num cocho de sal.
NOÉ: (Chegam perto e fala para José e Maria). Nós somos dos pobres pastores do campo. Vimos a luz da Boa Nova. Viemos para ver e adorar. Podemos chegar mais perto?
JOSÉ: Estejam a vontade a casa, ou melhor o curral não é nosso, mas sabemos que vocês são de paz e nada irão estragar.
JUDÁ: Muito nos alegra a sua bondade. Prá vocês trouxemos nosso resto de queijo e pão (entrega o queijo e pão para José e vira-se para a criança). Prá Deus queremos dar a nós e nosso coração.
Ó Deus! Tu és grandioso em bondade paciência e misericórdia. Prometeste a nossos pais a salvação. Revelaste a nós a tua paixão. Não resistimos e viemos te adorar.
NOÉ: Viemos da mais absoluta pobreza, não temos casa nem cama. Dormimos no campo junto com os animais. Representamos todos os pobres esquecidos e abandonados. Trabalhamos para termos comida e de vez em quando um pedaço de pano para nos aquentar. Por tua paz te agradecemos.
JOEL: Tu não te esqueceste de nós. Nos achaste na pobreza. Não perguntaste pelos nossos pecados, mas nos mostraste a luz. Por isso te louvamos.
Mas também te pedimos por todos os donos de ovelhas, que têm muitos campos, casas e roupas bonitas, mas que são diante da tua bondade pobres igual a nós. (Se levantam e se dirigem a José e Maria).
JUDÁ: Que a luz de Deus fique com vocês - José e Maria - para que possam cuidar bem desta criança.
NOÉ: Nós já vamos adiante pois temos o nosso compromisso lá no campo.
JOEL: Mas vamos com o coração cheio de paz, pois sabemos que a partir de agora o mundo não será mais o mesmo.
HINO:
(Os magos chegam ao curral)
BALTAZAR: É aqui neste curral que nasceu o novo rei dos judeus?
JOSÉ: Sim, aqui nasceu uma criança.
MELCHIOR: Nós seguimos a sua estrela desde o Oriente e viemos adorá-lo.
MARIA: Estejam a vontade. (Os magos se aproximam e se ajeitam em volto do cocho).
BALTAZAR:Ó grande e majestoso Deus. Na tua riqueza te tornaste pobre para que os mais pobres não se sentissem desprezados. Trago-te do mais precioso ouro para a tua coroa de Justiça.
MELCHIOR: Eu te trago do mais fino incenso para que o seu suave cheiro perfume os teus caminhos entre todos os povos.
GASPAR: Eu te trago mirra, da mais pura mirra, para te aliviar o sofrimento, quando carregares nos teus ombros o peso da vil humanidade.
(Os magos se despedem em silêncio e se retiram - a cena acabou).
HINO:
LUIZA E LINDA: Ricos e pobres continuam passando pela manjedoura divina. E milagres acontecem quando ricos e pobres se encontram como irmãos e irmãs e assim se respeitam e assim vivem.
Daí a paz que Deus quer para todos os filhos e filhas se encarnou e o mundo será diferente para as crianças e para os pais; para trabalhadores pobres miseráveis e ricos sofredores.
Quando esta paz entrar em nós e contaminar o nosso jeito de ser, então...
Então cantamos de coração: “AQUI VOCÊ TEM LUGAR”.
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