INTRODUÇÃO
Nesta breve pesquisa bibliográfica procurou-se averiguar quais são os aspectos históricos que estão por traz da “Igreja Adventista Do Sétimo Dia”. Ao se tratar o assunto a nível mundial, salienta-se a figura do seu fundador, Miller, e da seguidora de suas idéias Ellen White. Analisou-se também alguns aspectos ligados a sua fundação aqui no Brasil.
Explanou-se a respeito dos seus principais ensinamentos, bem como o Sábado, a escatologia, a questão da aniquilação dos ímpios e da mortalidade da alma. Destas e de outras doutrinas, se procurou fazer uma análise à luz de uma linha hermenêutica adequada e confessional.
Pode-se dizer que os adventistas têm a contradição como uma constante, em se tratando da comparação entre os conceitos que julgam respeitar e a doutrina decorrente das interpretações dos textos bíblicos e das revelações que receberam, revelações estas que, entre outras coisas citaremos a seguir.
1. HISTÓRICO
1.1. No Mundo
As idéias Adventistas passaram a ser ensinadas e pregadas por William Miller, que nasceu em Nova York em 1782. Ele foi um fazendeiro que não deixou nenhum material escrito, que não tinha formação teológica e que teve passagem pela igreja batista.
Miller procurou marcar com precisão a data da Segunda Vinda de Cristo (o advento), a partir de 1831, rapidamente reuniu 50.000 seguidores, que foram, na sua maioria provenientes de diversas Denominações protestantes pelo ensino Milenarista[1].
William disse que Cristo voltaria em 21 de março de 1843 e depois que esta data passou, afirmou que seria em 23 de outubro de 1844. Como Cristo não veio ele estabeleceu outras datas: 1847, 1850, 1852, 1855, 1863, 1877.
Quando todas estas datas passaram, e Cristo não veio, ele ficou desapontado e atribuiu o erro a um engano quanto ao cálculo do número exato das semanas, meses e anos, até que cansou de errar sempre, reconheceu erro, e morreu cristão humilde e fervoroso[2].
O movimento foi, então, assumido por várias outras personalidades, entre elas o casal James e Ellen White.
O pensamento “teológico” de Miller influenciou diretamente no ensino de Ellen Harmon White.[3] O movimento passou, a partir de então, a se embasar a partir e sobre as “visões” e “revelações” destes novos seguidores, especialmente nas “visões” e “revelações” de Ellen White.
Segundo ela a data de 1844 havia sido a data na qual Cristo teria entrado no “santuário celeste”. O santuário de Daniel 8.12,13, para Miller era Jerusalém, na terra; já para Ellen este santuário, para o qual Cristo havia vindo em 1844, era a Jerusalém celeste, o santuário no céu, não mais na terra.
Para os primeiros Adventistas “plantar árvores era negar a fé, estudar não era necessário porque o tempo que nos restava era pouco e era pecado escolher um nome de igreja”.[4]
Falando sobre isto, Mayer escreve:
Depois do segundo desapontamento, a maioria dos seguidores renunciou a fé adventista e retornou a sua antiga igreja.
[5]
1.2. No Brasil
Os Adventistas chegaram ao Brasil em 1916, mais especificamente em Santo André, São Paulo. Eles mantêm a “Casa Publicadora Brasileira”, através da qual publicam várias revistas como “O Atalaia”, “Vida e Saúde” e grande literatura[6].
É uma igreja bastante Missionária. Mantém um estruturado programas de publicações, um bem conceituado sistema educacional[7] e valorizam o cuidado com o corpo, já que o mesmo é o templo do Espírito Santo.
2. PRINCIPAIS ENSINOS
Afirmam que a fonte de suas verdades religiosas é somente a Escritura, no entanto, crêem que Ellen White tinha o Dom da profecia e recebeu mensagem de instrução para a igreja.
O Sábado, de acordo com as visões de Ellen White, é o centro da mensagem de Deus e “o eterno sinal do poder de Cristo como Criador e Redentor”
E este respeito nenhum membro da igreja adventista diria que a salvação é determinada pela guarda do Sábado, mas aforaria que quem é salvo torna evidente a sua salvação, guardando os mandamentos, especialmente o “sábado”. White defende que é idolatria, ateísmo e incredulidade não guardar do Sábado.
Afirmam que Lucas, no livro de Atos, cita oitenta e quatro cultos ao Sábado, depois da ascensão de Cristo, e somente um encontro com caráter cúltico acontecido no Domingo (At 20.7). João também é citado como defensor da guarda do sábado (Ap 1.10).
A respeito da Volta de Cristo, têm uma escatologia própria, na qual crêem que Cristo precisa “purificar o santuário” antes que Ele possa vir novamente a terra. E eles estão convictos de que Cristo o esteja fazendo desde o ano de 1844.
Durante esta “purificação do santuário” os adventistas estão no mundo para proclamar a mensagem dos três anjos (Ap 14.6) e com isto preparar o mundo para a Segunda vinda de Cristo. Em conformidade com a crença de que o “julgamento investigativo” de Cristo não começou antes de 1844, e cujo resultado final não será conhecido até a Segunda vinda de Cristo, os adventistas dizem que nenhum homem é julgado na morte, mas todos devem esperar pelo julgamento da alma, que irá acontecer no dia em que findar a purificação do santuário.
Durante este período as almas não estão nem em felicidade, nem em condenação, mas estão num estado de inconsciência; esta doutrina é chamada de o sono da alma.
Relacionado com tal ensino sobre a alma, está um outro que ensina a mortalidade da alma. Para eles a imortalidade da alma vem somente pelo evangelho e que essas almas são dadas aos crentes no dia da Segunda Vinda de Cristo.
Eles ensinam ainda que todos os ímpios serão totalmente aniquilados quando da Segunda Vinda de Cristo.
Para eles, Cristo virá e Sua voz chamará das sepulturas os justos de todos os tempos e os vivos justos serão transformados. Neste momento os justos irão com Cristo para o céu para receberem seus prêmios e suas recompensas e no céu passarão os “mil anos” com Cristo.
Acreditam que os injustos serão consumidos e destruídos pela glória da Vinda de Cristo. A terra será desolada e inabitada durante esses mil anos. Somente Satanás estará sobre a terra durante o milênio, sofrendo sozinho os castigos pelos pecados dos homens que habitaram a terra.
No final do milênio Cristo volta a terra para a “Segunda ressurreição”, quando Ele irá ressuscitar e julgar os ímpios. Liderados por Satanás estes ímpios irão se impor contra o Senhor e contra a cidade santa, mas o julgamento final será pronunciado sobre eles, e todos juntos serão totalmente aniquilados através de um fogo purificador. Neste fogo purificador a terra será regenerada e purificada dos efeitos da presença e ação de Satanás. Esta terra purificada e regenerada será o eterno lar dos justos e redimidos. Neste lar não haverá dor e toda criatura louvará ao Senhor[8].
Purificação do Santuário - Julgamento Investigativo de Cristo: “a intercessão de Cristo no santuário celestial, em prol do homem, é tão essencial ao plano da redenção, como o foi Sua morte na cruz” “pela Sua morte iniciou essa obra, para cuja terminação ascendeu ao céu, depois de ressurgir”.
Organizam-se em congregações supervisionadas por presbíteros e pastores e têm grande preocupação com expansão missionária, especialmente em terras estranhas. Seus membros são recebidos através de batismo por imersão, depois de prometer fidelidade ao Sábado, e às leis de Deus (especialmente no quer tange a hábitos alimentares) e renegar o uso do fumo e da bebida alcoólica.
3. Avaliação dos Ensinos
Normalmente os batistas, os metodistas, os presbiterianos e outros evangélicos não precisam envergonhar-se de seu passado, ou usar de subterfúgios para esconder seus erros de origem, como acontece com os adventistas[9].
Eles não utilizam os Credos tradicionais e dizem que seu principal ensino é o de que Jesus Cristo é o Salvador, contudo, como toda seita entusiasta que não se preocupa com uma sólida base doutrinária e não tem um sério compromisso com as Escrituras, é extremamente contraditório como quando afirmam que “embora não haja salvação em guardar o Sábado, há condenação em não guardá-lo”.[10]
Apesar de afirmarem que a fonte de suas verdades religiosas é somente a Escritura, são oriundos de revelação e extremamente fundamentalistas.
O problema, normalmente, não são textos bíblicos nos quais eles se baseiam, mas a hermenêutica que utilizam para se interpretá-los.
Eles parecem não encontrar o “está consumado” de Cristo na cruz e deslocam o centro da teologia da Justificação pela fé em Cristo para o cumprimento do Sábado. Depreciam o “Sola Scriptura” e o substituem pelas revelações de Ellen White.
A doutrina adventista nega o inferno e crêem que o diabo carrega o pecado dos ímpios (Lv 16) ao invés de Cristo. Defendem a idéia de que a união mística do crente com Cristo acontece com o fim de resultar na transformação moral do homem.
Têm uma visão distorcida das marcas da Igreja, onde substituem a Palavra e a administração dos sacramentos pelo Dom da profecia e o sábado.
Podemos afirmar que no Novo Testamento não existe uma passagem sequer que enfatize a observância do Sábado como essencial à fé; antes, com uma hermenêutica sadia, o contrário, de acordo como em Mt 12.1-21. Assim, diversas passagens bíblicas claramente refutam a observância da lei e do Sábado.
Por exemplo: as passagens de Rm 3.20; 4.6; Gl 2.16; 3.2,3; 5.1,4,6,9 e Hb 7.19; 8.6,13 afirmam que ninguém é justificado pela Lei e que o crente está liberto da Lei. Os textos de Rm 10.4; Ef 2.15; 2 Co 3.13,14 nos levam á verdade de que Cristo é o fim de toda a Lei e dos Mandamentos. Paulo diz em Rm 14.5 que a guarda do Sábado é uma questão de consciência e não de fé e, finalmente, no concílio em Jerusalém também não houve prescrições quanto ao Sábado.
Quando falam a respeito da Doutrina do Sono da Alma, baseiam este ensino única e exclusivamente sobre o versículo de Eclesiastes 9.5.
Outra doutrina que é ensinada claramente por Cristo, mas é negada por eles é a doutrina da imortalidade da alma, cujos versículos principais são Mt 10.28; 17.1-3; 22.32; Lc 16.19-31; 23.43, 46; Jo 11.26. Os discípulos também ensinaram a imortalidade e tinham a certeza de estarem com Cristo, depois da morte, como encontramos em 2Tm 1.9,10; Fp 1.23,24; 2Pe 1.13,14; At 7.59; 2Co 5.8; 1Ts 4.14; 1Co 15.20.
Os adventistas também ensinam a aniquilação Total dos Ímpios e, por conseqüência natural, a inexistência do Inferno. Contudo, o inferno é ensinado nas Escrituras, como um lugar de castigo eterno (Mt 25.46; 23.33), de trevas (Mt 23.13; 25.30), de sofrimento eterno (Mt 5.22, 29,30; Ap 14.10,11), onde não haverá descanso (Ap 14.11) e é eterno (Mt 25.41, 46).
Têm problemas também na sua Soteriologia. Nós sabemos que a obra de Cristo está completa, mas eles, ao dizerem que Cristo entrou no santuário celeste, em 1844, para purificação dos pecados, querem dizer que nesta data Cristo iniciou a obra, e até agora a obra expiatória ainda não está completa. O ensino das Escrituras é muito claro em relação à expiação de Cristo, completa e perfeita. Ele já fez a purificação dos pecados (Hb 1.3; 9.23-28), portanto sua obra hoje é a intercessão e não a purificação (Hb 7.25). Por fim, sua missão de salvação está consumada (Jo 19.30).
4. SEMELHANÇAS COM O ENSINO LUTERANO
Aparentemente temos muitas doutrinas em comum: Eles crêem em Cristo, na Trindade, usam uma terminologia evangélica, etc. Mas ao analisar as suas doutrinas mais de perto, percebemos que há pouca semelhança.
Temos o consolo de que nesta denominação ainda é pregada a Boa Notícia do Evangelho, no entanto, em meio a diversas doutrinas contraditórias e, por vezes até irracionais.
5. DIFICULDADE NO DIÁLOGO INTERDENOMINACIONAL
É preciso que tomemos cuidado ao nos aproximar dos adventistas, porque muitas vezes podemos achar as suas pregações agradáveis. Suas palavras aparentemente evangélicas podem nos impressionar de forma positiva. Suas palestras e pregações podem impressionar também pela ousadia e aparência, mas é necessário muito cuidado, para que não desconsideremos as escrituras e passemos a dar valor por discursos que tem por base doutrinas baseadas em “revelações”.
Eles costumam fazer proselitismo e “roubar” muitos membros de todas a denominações.
6. POSSÍVEIS MANEIRAS DE DESENVOLVER DIÁLOGO / TESTEMUNHO
O diálogo apenas será possível se determinarmos como princípio a seriedade com a Palavra, porque apenas ela pode libertar verdadeiramente.
Quanto ao testemunho, cabe a todos os cristãos testemunhar aquilo que “cremos, ensinamos e confessamos”, tendo a confiança de que aquele que converte é o Espírito Santo e não nós.
CONCLUSÃO
A partir do que foi pesquisado é possível afirmar a importância de se considerar os aspectos históricos que estão por traz da criação da “Igreja Adventista Do Sétimo Dia”. Assim como aconteceu com Miller, somos levados a não criticar as suas intenções, mas a sua falta de base teológica e bíblica, na medida em que diminuem a importância da palavra de Deus na medida em que se passa a dar crédito as revelações de Ellen White.
Seus principais ensinamentos, ente eles a obrigatoriedade da guarda do Sábado, a escatologia, a questão da aniquilação dos ímpios e da mortalidade da alma revelam contradição e falta de seriedade ao se tratar o texto Bíblico, o que podemos concluir a partir de uma análise à luz de uma linha hermenêutica adequada e confessional.
Por isto e pelo restante das aparentes semelhanças entre a doutrina luterana e a adventista é necessário que tomemos cuidado, para que nossos membros não venham a ser influenciados por estas idéias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIRD, Herbert. Theology of the Seventh-Day Adventism. Grand Rapids: Eerdmans, 1961.
LEITE, Tácito da Gama Filho. Seitas Proféticas. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1987. v1
MAYER, F. E. The Religious Bodies of America. Saint Louis: Concordia Publishing House, 1961.
ZSCHORNACK, Gérson. Cristologia no Movimento Adventista. São Leopoldo: Seminário Concórdia, 1997.
ARTHUR DILLE BENEVENUTI
UMA ANÁLISE DOS PRINCIAIS ENSINOS DA
IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA
Trabalho acadêmico apresentado
na disciplina de
Denominações Religiosas
com os professores
Paulo Buss e
Renato Regauer.
SÃO LEOPOLDO, 2008.
[1] MAYER, F. The Religious Bodies of America. Saint Louis: Concordia Publishing House, 1961.p. 440.
[2] LEITE, Tácito da Gama Filho. Seitas Proféticas. 3ª Ed. Rio de Janeiro, 1987. v1 p. 32.
[3] BIRD, Herbert. Theology of the Seventh-Day Adventism. Grand Rapids: Eerdmans, 1961. p. 9.
[4] LEITE, Tácito. Op. cit., p. 33.
[5] MAYER, F. E. Op. cit., p. 440. “
After this second despointment the majority renounced the Adventist faith and returned to their respective churches.” Tradução própria.
[6] LEITE, Tácito. Op. cit., p. 29.
[7] MAYER, F. E. Op. cit., p. 441.
[8] MAYER, F. E. op. cit., p. 446-448.
[9] LEITE, Tácito. op. cit., p. 30.
[10] LEITE, Tácito. op. cit., p.34.
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