1. 16 pedaços de papel (mais ou menos de 5x5 cm) por pessoa.
2. Separe em 4 montes.
3. Escreva:
a) Os nomes das 4 pessoas mais importantes em sua vida no presente, uma em cada pedaço de papel;
b) As 4 atividades que mais gosta;
c) As 4 coisas que mais aprecia na natureza;
d) As 4 coisas materiais que dá mais valor.
4. Feche os olhos, respire fundo por 3 vezes e relaxe.
Narração:
(1)
É primavera. Um Sábado de primavera. Não muito quente nem muito frio. A brisa corre suavemente. É um daqueles bons dias em que você encontra os amigos e familiares mais chegados e faz aquelas coisas que você mais gosta. À noite, ao se preparar para dormir, você sente uma dor chata no joelho esquerdo – é como se tivesse forçado o joelho. Você, no entanto, deita com a certeza de que a dor terá sumido na manhã seguinte. No outro dia você está sentado na igreja e nota que a dor não sumiu. Mas você só começa a se preocupar mesmo na Segunda-feira – procura lembrar onde poderá Ter machucado o joelho. Na 4a feira você já está preocupado o bastante para mencionar o fato a amigos e familiares. Todos reagem dizendo que provavelmente é coisa pequena; nada para ficar se preocupando e que a dor logo vai desaparecer. O próximo fim de semana chega e passa, mas a dor não passa. Finalmente você decide ir ao médico. São feitos os raios-x de praxe e coletam material do tecido ósseo para uma biópsia. O médico garante que, em princípio, não há nada para se preocupar. A coleta para biópsia é mera precaução. Quase rotina. Passam-se 3 dias. A dor não passou e o médico o chama. Ele quer vê-lo no consultório o quanto antes. Você nota que a voz do médico está carregada de tensão, e você já começa a pensar o que poderá estar errado com seu joelho. O médico diz que você tem câncer nos ossos, recomenda que comece o tratamento imediatamente e que ainda assim, é bem provável que a perna precise ser amputada. Ele espera que o câncer tenha sido detectado em tempo ... sem, no entanto, poder garantir nada.
Agora que você sabe que tem câncer; precisa abdicar de 2 coisas que mais presa. Escolha 2 de seus papeizinhos, amasse-os e jogue-os no meio do círculo.
(2)
Você tem sorte, o câncer cede e o médico permite que você volte para casa, sua família e ao trabalho. Mas, adverte ele, o câncer pode voltar. É bom demais rever as pessoas que ama e voltar a fazer as coisas que gosta. Mas, de alguma forma seus amigos estão deferentes: eles sabem que você tem câncer e não sabem ao certo como tratá-lo. Até parece que têm medo de serem “contagiados” com o seu câncer. Você nota que também você é diferente deles porque possui câncer ... e não sabe como agir. Você gostaria de esquecê-lo. Afinal, o câncer é um intruso na sua vida, uma invasão de células malignas que estão mudando sua vida, contra a sua própria vontade. Você se irrita e decide abrir guerra contra tudo e contra todos. Você vai viver! – ao menos é isso que quer acreditar. Sente-se abandonado, isolado e como alguém que está passando por medroso. As pessoas evitam falar da doença com você por perto e, ainda que alguns procurem ser gentis com você, apesar do que os outros dizem... você se sente como “um estranho no ninho”. Certa manhã, ao sair da cama, a dor volta. O câncer está de volta. Você está assustado e o medo da morte faz seus músculos estremecerem.
Escolha mais duas coisas que preza muito, amasse os papeizinhos e jogue-os no meio do círculo.
(3)
O médico confirma seus temores: o câncer se alastrou – está agora na coxa e você precisa amputar toda a perna. No mesmo dia você consegue a baixa hospitalar. O descontrole se instala na sua vida. Você não tem escolha. Em vão procura por alguém que o acorde do pesadelo. Assim que sobe para o quarto, se dá conta de que está usando sua perna esquerda pela última vez. Você está aterrorizado! Cedo, no outro dia, você é levado à sala de cirurgia. Tudo parece um sonho ... e está acontecendo depressa demais! Você não quer perder a perna porque isto significa que não vai mais poder correr e, quem sabe, andar. E o que dirão seus amigos?
De repente você recobra a consciência e se pergunta: “Estarei sonhando?” Mas, ao levantar o cobertor, não há nada no lugar da sua perna esquerda. A realidade toma conta e você quer gritar e chorar ao mesmo tempo. Sua família entra no quarto e procura animá-lo. Entretanto, não conseguem tirar os olhos do vazio deixado pela sua perna esquerda. Quando saem, você começa a se dar conta da falta que a sua perna faz.
Agora que perdeu a perna, precisa abdicar de mais 2 coisas que preza. Escolha dois de seus papeizinhos, amasse-os e jogue-os no meio do círculo.
(4)
É verão agora e faz calor. Você vê pessoas caminhando e gostaria de ser normal, igual a eles. Mas está de muletas e todos podem ver que você só tem uma perna. Algumas pessoas procuram evitá-lo porque não sabem o que lhe dizer ou fazer na sua presença. As coisas mais simples, desde subir uma escada, estão mais difíceis. O medo de cair escada abaixo ou ficar sem ajuda, é uma constante. Você tem de largar o emprego por causa das sessões de reabilitação. Prometeram dar-lhe uma perna mecânica e, apesar das perdas que sofre, você está determinado a aprender a andar normalmente de novo e voltar ao mundo que deixou para trás. Agora, porém, você vai precisar se afastar por um tempo.
Agora que está se afastando de sua família e de seus amigos, precisa abdicar de mais duas coisas que preza. Escolha mais dois papeizinhos, amasse-os e jogue-os no meio do círculo.
(5)
O outono chegou e você está começando a acostumar-se com sua perna mecânica. Na verdade, sente orgulho de seu progresso. Agora já está caminhando apenas com um leve arrastão. A perna é mais pesada do que pensou que seria, e a dor na anca esquerda avisa que forçou demais nos exercícios. Por uma casualidade, você relatou o fato para a enfermeira e, de imediato, fica sabendo que será levado à sala de raio-x. Você tenta convencer o médico de que tudo não passa de uma distensão muscular e de que o raio-x é dispensável. O médico parece não escutá-lo. Você quer, na verdade, convencer-se de que tudo não passa de uma distensão, mas, no fundo, tem medo do pior. O médico confirma as suspeitas: o câncer se espalhou. Você vai ter de largar a perna mecânica porque o osso do quadril está por demais fragilizado para agüentar seu peso. Você jamais tornará a andar!
Agora que está confinado a uma cadeira de rodas, vai ter de abdicar de mais duas coisas que preza. Escolha dois dos papeizinhos, amasse-os e jogue-os no meio do circulo.
(6)
É inverno agora e você está em casa. Não tem nem vontade de sair da cama. A quimioterapia o deixa enjoado e está perdendo peso. Sua casa não foi adaptada ao uso de cadeira de rodas, as portas as estreitas, os vasos e pias as altos demais e dá mais trabalho para entrar na cadeira de rodas do que vale a pena. Você gostaria de levantar e poder sair, mas sempre que tenta nota que está ficando cada vez mais difícil. Aos poucos se resigna em ficar na cama e não sair por aí como antes. Está
deprimido e triste. Às vezes grita com Deus para depois acabar chorando. Você não quer se entregar e morrer. Ao mesmo tempo parece não haver escolha. Seu melhor amigo vem visitá-lo. Sua visitas, porém têm diminuído gradativamente. Agora raramente o faz. Desta vez ele o está animando, rememorando os bons velhos tempos que tiveram juntos. Ao partir, você sente que sua solidão aumentou. Restam agora somente seus familiares e mesmo eles não entram no seu quarto tanto quanto gostaria.
Agora que está solitário, precisa abdicar demais duas coisas que preza. Escolha mais dois papeizinhos, amasse-os e jogue-os no meio do círculo.
(7)
A primavera voltou. Você está dormindo mais agora e já não consegue mais ordenar os dias da semana. Lá fora, você ouve os sons da vida - filhotes de passarinhos em seus ninhos gritando por comida, amigos jogando, pessoas falando e rindo. Mas você não consegue mais manter-se acordado, as coisas ficam confusas. Você agora quase só vê gente da família e enfermeiras estranhas e impessoais. Mas está cada vez mais difícil comunicar-se com seus entes queridos. É como se pertencessem a um outro mundo. Às vezes seu corpo é tomado de dor por causa de uma simples injeção, que também fere seus sentidos. Você não quer morrer, mas continuar vivendo parece não ter mais sentido. Agora você sabe que não vai melhorar, e a morte está chegando.
Agora que você sabe que está morrendo, precisa abdicar de mais 2 coisas que preza. Escolha mais 2 papeizinhos, amasse-os e jogue-os no meio do círculo.
(8)
A crise final chegou. Você está perdendo o controle até sobre as funções fisiológicas. A morte está entrando na cama e você começa a sentir os músculos de seu pé direito relaxarem involuntariamente. A mesma sensação está subindo tomando conta da perna, da coxa, da cintura, e você começa a se dar conta que está morrendo. Nunca mais você poderá mexer a perna e, com o entendimento de que a morte chegara, o peito relaxa involuntariamente. Seus pulmões jamais respirarão de novo. São seus últimos instantes de vida ... Você precisa jogar fora os últimos 2 papeizinhos ... (esperar até que todos o fizeram) ... Nada mais sobrou ... você está morto!
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