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06 agosto 2013

GENESIS 15.1-5

DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
27 de agosto de 1995 Gênesis 15.1-5

Leituras do dia
SI 50 - A essência do culto a Deus não consiste no sacrifício de animais oferecidos pela simples obediência à lei (vv. 8-13), mas em "sacrifícios de ações de graça", com fé naquele que pode nos salvar (vv. 14,15,23).
Gn 15.1-6- Deus renova a Abrão a promessa de um filho e de uma grande nação; e Abrão "creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça".
Hb 11.1-3, 8-16 - Abraão é citado como um dos grandes heróis da fé. Sete vezes aparece neste texto a palavra fé, ressaltando que a vida de Abraão foi uma vida de fé e esperança.
Gradual: Além do corpo básico do gradual usado do 11° ao 19° Domingo após Pentecostes (Rm 11.33), temos o verso: "Ora, a fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção dos fatos que se não vêem".
Lc 12.32-40 - A promessa do reino de Deus e o estímulo à vigilância, pois não sabemos quando o Senhor voltará. - Nossa espera e vigilância é um ato de fé, à semelhança de Abraão, que aguardava a concretização da grande nação (Gn 15) e da pátria celeste (Hb 11) com fé!
Contexto
Esta é a quarta vez que Deus aparece a Abrão (Obs.: o nome ainda não havia sido mudado para Abraão, Gn 17.5) e lhe renova as promessas: Cf. Gn 12.1-3,7; 13.14-17). Apesar de todas as evidências serem contrárias às promessas, pois o tempo passava, Abrão e Sara ficavam mais velhos e o filho prometido não vinha - apesar de tudo, Abrão creu! Mesmo já tendo tomado providências legais referentes à sua herança (Gn 15.2,3), diante da renovação da promessa Abrão creu! Creu diante do impossível, pois sabia que "para Deus não há impossíveis em todas as suas promessas" (Lc 1.37; Gn 18.14).
Texto
V. 1 - "Depois destes acontecimentos..." - Deus havia chamado Abrão (Gn 12.1-3); Abrão havia peregrinado pela terra de Canaã e fora ao Egito (Gn 12.4-20); havia acontecido a separação Abrão e Ló (Gn 13.1-13) e a guerra em que Abrão foi vitorioso (Gn 14.1-17), tendo se encontrado com Melquisedeque (14.18-24). "Depois destes acontecimentos" e experiências passadas por Abrão, Deus lhe aparece novamente.
- "Não temas" - Esta é a forma em que inúmeras vezes Deus inicia seu diálogo com o ser humano. É necessário acalmar o homem e assegurar-lhe suas boas intenções; pois a consciência do homem está sempre em sobres- salto diante da santidade do divino. Apenas Deus pode garantir paz e nos dizer: "Não temas!" Sem esta iniciativa de Deus, o homem morreria de medo.
- "Eu sou o teu escudo e o teu galardão é sobremodo grande" - Deus se coloca como sendo a garantia de toda a segurança e proteção, e aquele que é o doador de todas as coisas boas. Não se apresenta como juiz aos seus escolhidos, mas como aquele que salva os seus.
Vv. 2 e 3 - Esta queixa/acusação de Abrão denota um certo desânimo; e, - (poderíamos dizer?) - uma falta de fé... O tempo passava, a promessa do descendente não acontecia, e Abrão já tomara as providências legais, nomeando um herdeiro dentre os seus servos de confiança. - Onde estava o grande herói da fé? Também estes são testados na sua fé até o limite do impossível!
- Sempre me impressionam os diálogos entre Abrão e Deus. São orações em que ele expõe claramente suas dúvidas (Gn 15.2,3), sua incredulidade (Gn 17.17), sua confiança irrestrita na misericórdia de Deus (Gn 18.23-33), sua obediência (Gn 22.1,11). Há uma intimidade, uma liberdade de expressão neste diálogos/orações (Cf.: Introdução ao Pai Nosso, Catecismo Menor de Lutero), e há um crescendo neste relacionamento de fé.
V. 4 - Deus derruba os planos de Abrão. Abrão quis se antecipar a Deus na solução do problema, e nomeia um herdeiro; mais tarde quis se antecipar novamente gerando a Ismael (Gn 16). Mas Deus quer agir conforme a Sua santa vontade! E proclama novamente a sua promessa inicial: "De ti farei grande nação" (Gn 12.2): "Aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro"
V. 5 - O céu estrelado: uma imagem que nos impressiona até hoje! Quantos já tentaram contar as estrelas? Cantamos na nossa infância: "Sabes quantas estrelinhas lá no firmamento estão?" (Lira Juvenil, p. 135). Esta imagem é apresentada a Abrão. O Deus que fez aquelas incontáveis estrelas está prometendo a Abrão que fará dele uma grande nação! Confiamos ou não confiamos no "Deus Pai todo-poderoso, Criador dos céus e da terra?" A observação das maravilhas da natureza quer reforçar a nossa fé no Deus todo-poderoso: "Os céus proclamam a glória de Deus" (Sl 19.1).
- Abrão saindo da sua tenda e olhando o céu estrelado: talvez seja uma das ilustrações mais comuns que retratam o patriarca.
- "Será assim a tua posteridade"- esta promessa é lembrada pelo apóstolo Paulo em Rm 4.18 e pela epístola deste domingo, Hb 11.12. É a renovação da promessa messiânica: Gn 12.3b: "Todas as famílias da terra"; Gl 3.7: "Os da fé é que são filhos de Abraão".
V. 6 - "Ele creu no Senhor, e isto lhe foi imputado para justiça." Este é o caminho da salvação exposto em toda a Escritura! Para a Igreja Luterana, baseada no "SOLA FIDE", este (e seus paralelos) é um dos textos áureos da Bíblia. Cf.: Rm 4.3; Gl 3.6-14. Recomendamos ler todo o capítulo 4 de Romanos. Assim como Abraão creu nas promessas de Deus e foi justificado por Deus, foi aceito por Deus, assim nós cremos em todas as promessas de Deus em Cristo Jesus na nova aliança e somos justificados pela fé, somos aceitos por Deus!
- "Imputado" - sinto que esta palavra não é bem compreendida por muitas pessoas. Imputar = atribuir, pôr na conta de. No alemão diz: "rechnen/; no inglês: "count".
Proposta homilética
Tema: Crer ou não crer - eis a questão!
Objetivo: Colocar o ouvinte diante dos impasses da fé, assegurando-lhe que sempre é vantagem crer, mesmo diante do impossível, tanto para coisas desta vida como para a vida eterna.
Problemas no caminho da fé: a demora de Deus e a nossa impaciência; nossas decisões e vontades próprias; nossa desconfiança; ver para crer (Tomé). - Contra estas coisas vamos pregar a lei.
A solução de Deus: Ele se apresenta como sendo o Todo-Poderoso. Ele promete e garante e jamais mentiu. Ele justifica, por Cristo, todo o que crê. Este é o Evangelho!
Introdução: Quantas vezes já insistimos com Deus em oração a respeito de algum assunto? (citar exemplos). Abrão aguardou, com altos e baixos, em sua fé, durante 25 anos e concretização da promessa de um filho; não chegou a ver a "grande nação", nem tomou posse da terra prometida; mesmo assim ele "creu no Senhor, e isto lhe foi imputado para justiça".
I - Não crer
- Abrão tinha muitos motivos para não crer: a demora de Deus; sua idade; a idade de Sara (Gn 18.11).
- Ele tomou providência próprias: nomeou Eliezer seu herdeiro (v. 2); gerou Ismael (Gn 16).
- Conseqüências de uma possível incredulidade: toda a história de Israel e da salvação não teria sido a que temos na Bíblia.
- Crer:
- Mas: Abrão creu! - Ele teve o filho prometido!
- Tornou-se uma grande nação!
- Seu povo ganhou a terra prometida.
- E "isto lhe foi imputado para justiça" - Abrão foi salvo! Aplicação
- Abraão é chamado "o pai de todos os crentes". Sua trajetória de fé e vida tem muito da nossa caminhada também.
II - Não cremos:
- As promessas de Deus parecem demoradas (Cf. Ev. de hoje e 2 Pe 3.4)
- Nem todas as nossas orações são atendidas de imediato.
- Interferimos nos planos de Deus com nossas decisões contrárias à sua vontade.
- Temos muitos à nossa volta que nos estimulam a não crer.
- Conseqüências da incredulidade: falta de segurança. Falta de paz.
A condenação eterna!
- Cremos: recebemos perdão em Cristo. Temos paz em Cristo.
Temos vida eterna em Cristo!
Conclusão: Sempre é vantagem crer, em contraste com a incredulidade que angustia e não leva a nada. A fé nas promessas de Deus em Cristo nos salva! - (Ou também: Sola Fide - característica marcante da Reforma Luterana.).
Carlos W. Winterle Porto Alegre, RS.

IGREJA LUTERANA - NUMERO 1 - 1995

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