Você não consegue lembrar onde deixou a sua carteira, nem a chave do seu carro. Você liga o chuveiro para tomar banho e sai do banheiro, deixando o chuveiro ligado. Você liga o fogão para cozinhar algo e acaba esquecendo o fogo aceso. Na rua, você não lembra de jeito nenhum onde é a sua casa. E o pior, você não consegue reconhecer nem mesmo as pessoas mais amadas da sua vida. Seus filhos são apenas desconhecidos, pessoas sem nome. Você nem lembra mais quem é você, de onde veio, para onde vai. Sua história vai apagando-se enquanto você ainda vive. Sua vida vai tornando-se blocos cinzas e indecifráveis.
Triste, não é mesmo? Esta é a doença de Alzheimer. Manifesta-se especialmente nas pessoas acima dos 65 anos. Doença cerebral misteriosa e cruel. Começa com pequenos esquecimentos. É incurável. Leva à demência. Neurônios vão morrendo, pouco a pouco. E com eles as lembranças, os nomes, a identidade, a história de toda uma vida. Traz sofrimento. Ao enfermo. À família, que devido a doença, tornam-se pessoas desconhecidas. Sem nome. Sem história.
Parece que não é à toa que assim diz o Senhor: "E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus" (Filipenses 4.7). Deus quer guardar o coração e a mente. A razão e a emoção. A inteligência e os sentimentos. Mesmo quando a doença de Alzheimer destruir lentamente a razão, e consequentemente, a emoção. A paz de Deus guarda os que estão unidos com Jesus. Mesmo quando a história da vida vá apagando-se lentamente, ainda vivo. Ninguém entende a graça de Deus, de tão maravilhosa. Com Alzheimer. Sem Alzheimer. Quando estamos unidos com Cristo esta paz, alicerçada unicamente na graça de Deus, guarda as fraquezas e enfermidades. Do coração e da mente. Da razão e da emoção.
Então fica a dica: "em todo o universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor" (Romanos 8.39). Nem a doença de Alzheimer. Nem quando as lembranças se apagam. Nem quando os nomes dos filhos são esquecidos. Nem mesmo quando alguém torna-se prisioneiro do seu cérebro, que lhe rouba a história da sua vida. Nada os separa do amor de Deus, da união com Cristo. Iniciada no dia do Batismo. Fortalecida ao ouvir a Palavra e receber a Santa Ceia. Forte e brilhante quando somos fracos, frágeis e enfermos. Salvadora quando a história da vida vai apagando-se lentamente, ainda vivos.
Pastor Bruno A. K. Serves - Fica a Dica!
Congregação Evangélica Luterana CRISTO, Candelária-RS
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