O recado das Paralimpíadas
Monica Santos ficou paraplégica para não perder o bebê e hoje é esgrimista brasileira nos Jogos Paralímpicos. Ela e os seus jogos são uma resposta ao nosso mundinho egocêntrico. Claro, estas competições não despertam tanto interesse publicitário pelas mesmas razões dos obstáculos que os deficientes enfrentam numa sociedade construída para padrões que definimos "normais". As razões são óbvias até pela crença evolucionista que faz acreditar que os mais capacitados eliminam os menos capacitados. Ou, como diz a teoria darwiniana, tudo neste mundo segue a seleção natural das raças favorecidas na luta pela vida. Por isto o aborto.
Hitler levou a sério este conceito ao tentar uma raça ariana, de gente "sem defeitos". No pretenso absurdo, eliminou os "fora do padrão". Se o bigodinho nazista entrasse hoje na Alemanha, ficaria de cabelo em pé com os refugiados e a mistura de chucrute com quibe. Obama está certo ao afirmar nos 15 anos do 11 de Setembro, que a diversidade no país dele não é fraqueza, mas uma força. Tragicamente, isto nunca será aceito, e muros mais altos serão levantados tirando acesso aos "fora do padrão".
O ser humano está onde está, cada vez mais para trás, porque tenta vencer ganhando. Ele só poderá vencer perdendo. Contraditório, mas só existe vitória quando existe derrota. Enquanto a humanidade não descobrir que já perdeu o jogo, nunca encontrará o caminho para frente, para a verdadeira evolução.
O apóstolo Paulo descobriu isto. Foi ele quem começou as paralimpíadas. Com um problema físico que chama de espinho na carne, diz que Deus lhe deu o difícil recado: "A minha graça é tudo o que você precisa, pois o meu poder é mais forte quando você está fraco" (2 Coríntios 12.9). E assim, este "parahumano" conseguiu o que conseguiu porque foi vencido.
É assim em qualquer segmento da vida, os problemas sempre oferecem oportunidades para seguir adiante. Sem precisar derrubar os outros. Se isto vale naquilo que envolve coisas materiais, físicas, nas espirituais está bem claro: "Porque, quando perco toda a minha força, então tenho a força de Cristo em mim" (12.10).
Marcos Schmidt
Pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Novo Hamburgo, 13 de setembro de 2016
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