A RESSURREIÇÃO DO SENHOR - DIA DA PÁSCOA
Atos 10.34-43
31 de março de 2002
O contexto imediatamente anterior ao texto deste dia memorável mostra-nos o apóstolo Pedro na praia de Jope, na casa de Simão, o curtidor. O apóstolo ora com freqüência. Que se passa por seu espírito? Quantas dúvidas ainda sobem ao seu coração? Jesus Cristo deve ser anunciado somente aos judeus, ou também aos gentios?
Enquanto Pedro se hospeda em Jope, em Cesaréia o centurião romano Cornélio tem uma visão mais ou menos às 15h, hora costumeira de oração (“cerca da hora nona do dia”, cf. 10, v.3). Nessa visão um anjo de Deus lhe diz que suas orações foram ouvidas, suas esmolas observadas, e que o desejo de ouvir mais sobre o evangelho seria atendido. “Agora, envia mensageiros a Jope e manda chamar Simão, que tem por sobrenome Pedro”, diz o anjo (10, v.5).
No dia seguinte, enquanto os mensageiros de Cornélio (dois empregados e um soldado piedoso a seu serviço, cf. 10, v.7) viajavam a Jope, era a vez de Pedro ter uma visão.
Por volta do meio-dia (“hora sexta”, 10, v.9), Pedro subiu ao eirado (piso superior da casa de Simão), com o propósito de orar. Sentindo fome, pediu que lhe preparassem algo para comer.
Enquanto aguardava a comida, o Senhor fez que tivesse uma visão. Pedro viu o céu aberto e algo parecido com um grande lençol que vinha baixando para a terra, sustentado pelas quatro pontas. No seu interior quadrúpedes, répteis, aves dos céus, cujas carnes eram consideradas impuras para Israel desde os tempos antigos. E surpreendentemente a voz de Deus soou, dizendo-lhe: “Levanta-te, Pedro! Mata e come” (10, v.13). Tendo-se negado a fazê-lo, argumentando inclusive com a regra milenar da impureza de tais comidas, mais uma vez Pedro é surpreendido pela voz de Deus que lhe diz: “Ao que Deus purificou não consideres comum” (10, v.15). Por três vezes o fato se repetiu na visão de Pedro.
Perplexo!
Esta palavra resume bem a situação. Pedro simplesmente não sabe o significado disso. Uma regra estabelecida pelo próprio Deus há tantos séculos simplesmente agora não existe mais. Mas por quê? Meu Deus, como posso comer o que foi proibido a nossos pais há tanto tempo? Pedro haveria de compreender o que jamais entendera em toda a sua vida.
Enquanto medita nisso, ainda sob o impacto da visão, os mensageiros de Cornélio chamam por ele junto à porta de Simão. Imediatamente o Espírito Santo lhe diz para não duvidar de nada do que irá ouvir daqueles homens “porque eu os enviei” (10, v. 20). Então Pedro simplesmente vai com eles para Cesaréia.
Certamente ali haveria de encontrar uma grande platéia. Toda a casa de Cornélio, amigos, talvez até alguns soldados do batalhão da chamada Coorte Itálica II, sob seu comando na Síria daquele tempo, seus serviçais, soldados da guarda pessoal. Enfim, uma grande platéia de gentios!
Agora, diante de todos, tendo ouvido e percebido que aquele momento era da vontade do Senhor, finalmente compreende o sentido da visão que tivera. Revela-nos isto a primeira frase de seu sermão: “Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável” (10, vv.34,35).
Assim, pela primeira vez diante de uma platéia composta apenas por gentios, Pedro pode ter a consciência tranqüila e, com grande convicção, anunciar-lhes JESUS! No v. 36 afirma-lhes que este evangelho que anuncia é “evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo” – e sinaliza que “este é o Senhor de todos”.
Em seguida, Pedro retoma as partes principais do ministério de JESUS, desde seu início na Galiléia, discorrendo sobre o batismo de João, que preparou caminho nas mentes e corações de todos para a chegada do Messias, na unção do Espírito Santo, no poder conferido a JESUS de Nazaré – e que pode ser notado em todo o bem que ele fez, na cura a todos os oprimidos do diabo, em toda a sua obra de redenção entre os judeus.
Pedro conclui que de todas estas coisas ele e os apóstolos constituem testemunhas, e que finalmente os judeus o crucificaram. E então anuncia solenemente a maior manchete da história: “A este ressuscitou Deus no terceiro dia e concedeu que fosse manifesto, não a todo o povo, mas às testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus, isto é, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dos mortos; e nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos” (10, vv.40-42).
O apóstolo deixa claro que não se trata de um discurso qualquer, mas da proclamação de uma palavra poderosa de Deus que pode mudar para sempre o destino de todos os que ali estão para ouvir aquela mensagem.
Interessante é notar o contraste entre o “e nos mandou pregar ao povo” (do v. 42) e o “não a todo o povo” (do v. 41). Deus não se revelou a todo o povo. Ele escolheu alguns como fiéis depositários de sua palavra profética. Mas ordenou que esta palavra fosse, isto sim, anunciada a todo o povo, sem qualquer exceção! E isto constituía nova compreensão para Pedro. Ainda mais quando, examinando o contexto posterior, até a conclusão do capítulo 10, Pedro e os que o acompanharam de Jope perceberam que sobre aquela platéia de gentios fora derramado o dom do Espírito Santo. Não poderia mais haver qualquer sombra de dúvida para a igreja acerca de quais nações deveriam constituir-se objeto direto do amor de Deus: à humanidade toda! Cristo queria ser CRISTO PARA TODOS... e isto o Espírito Santo deixara claro para Pedro e para a igreja.
Cumpria-se assim o que JESUS prometera pouco antes de subir aos céus – que o Espírito Santo faria os discípulos recordarem-se de tudo o que haviam aprendido e que igualmente conduziria a igreja pelo caminho da verdade.
Todos nós, pelo mistério da fé cristã implantada em nossos corações, somos igualmente testemunhas destas verdades bíblicas. A fé em Cristo nos projeta para dentro da história do povo de Deus, e nos chama à responsabilidade de compartilhar a MAIOR MANCHETE DA HISTÓRIA: ELE VIVE! Aquele que morreu, mas agora eis que vive, nos diz: EU VIVO! VÓS TAMBÉM VIVEREIS! AQUELE QUE VIVE E CRÊ EM MIM, AINDA QUE MORRA, TORNARÁ A VIVER... VIVERÁ PARA SEMPRE!
A Bíblia relata sobre fatos de ressurreição! O filho único da viúva de Sarepta, por Elias. A filha de Jairo, o filho único da viúva de Naim, e Lázaro, por JESUS. Dorcas, também chamada Tabita, moradora de Jope, por Pedro. O jovem Êutico, por Paulo. Fatos de ressurreição! E sobre todos estes, a ressurreição do próprio Salvador JESUS!
Pedro anunciou com ousadia a ressurreição de JESUS, de Nazaré. Semelhante notícia de ressurreição da própria carne, ocorrida com alguém que se mantinha vivo, jamais houvera sido anunciada! Pedro diz: Eu vi. Meus companheiros também viram! Nós comemos e bebemos com ele, após a sua ressurreição! Imaginem a mesma mídia da guerra voltando-se para a notícia da PAZ! A Missão de Deus, permanente Desafio da Igreja, esteja encarnado em cada um de nós! Às vezes sinto vontade de propor que a palavra PÁSCOA seja escrita
com “Z”: “PAZCOA!” Simplesmente porque ELE (JESUS) É A NOSSA PAZ.
Vilson Regina