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12 fevereiro 2014

MATEUS 5.20-37

SEXTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
11 de fevereiro de 1996
Mateus 5.20-37
1. Contexto
Esta é a última das três perícopes consecutivas extraídas do capítulo 5 do evangelho segundo São Mateus. É oportuno lembrar que o Sermão do Monte está sendo pregado aos discípulos de Jesus - um núcleo da congregação cristã, seleto e bem informado.
2. Texto
Na verdade, o centro desta perícope é o v. 20. O tema do sermão está na polarização entre a "vossa justiça" (v. 20) e "a justiça dos escribas e fariseus" (w. 21 ss.). Antes de tudo, é preciso sublinhar que o contraste que Jesus estabelece não é entre o Antigo Testamento e o Seu ensinamento. Jesus acabara de atestar a validade do Antigo Testamento (v.17). Ao contrário, a questão é entre a interpretação da tradição rabínica de um lado e a correta interpretação do Antigo Testamento por Jesus de outro lado. Toda vez que Jesus emprega a expressão "está escrito" (4.4,7,10) Ele refere-se ao Antigo Testamento; quando Ele utiliza a expressão "ouvistes o que foi dito" (vv. 21,27,31,33,38,43), Ele refere-se às tradições judaicas cuja interpretação adulterou o sentido original da Palavra de Deus no Antigo Testamento.

A lei exige perfeição; o evangelho presenteia a perfeição, ou seja, o evangelho credita a nós a justiça de Cristo. Fariseus e escribas entendem que podem, por eles mesmos, cumprir a lei de Deus e nesta tentativa criam leis subsidiárias que abrandam a ira divina e possibilitam a sua propiciação. Jesus, numa abordagem exegética, "resgata" o que diz o Antigo Testamento e demonstra que a lei de Deus, sintetizada no Decálogo, devido a suas exigências, impede o seu cumprimento por parte do ser humano.
No v. 20 a expressão "vossa justiça" (hymôn hê dikaiosine) é fundamental. O genitivo não é subjetivo, mas objetivo. A justiça não é própria dos discípulos, mas é uma justiça que lhes foi outorgada. E a iustitia aliena, que vem de Cristo que cumpriu - não anulou - toda a lei (v. 17). A justiça de Cristo, esta sim, excede a exigência da lei de Deus. E tal justiça, pela fé, Cristo dá aos seus discípulos, à sua igreja, a nós cristãos.
Os vv. 21-37 são, na realidade, ilustrações que Jesus emprega para demonstrar o caminho tortuoso pelo qual escribas e fariseus enveredam na tentativa de cumprir, por suas próprias forças, obras (opinio legis), a lei. A religião dos fariseus e escribas era uma religião (e uma justiça) externa, formal, longe de fideísta e cordial. Jesus, embora não sendo fariseu, conhecia perfeitamente esta religião-tradição (pré)talmúdica (e este fato enfurecia fariseus e escribas). Na parábola do fariseu e do publicano no templo, Jesus caracteriza bem o primeiro. O fariseu considerava-se superior a todos os homens, especialmente àquele publicano - e dava graças a Deus por isso. Gloriava-se: não era roubador, nem injusto ou adúltero (moichós) e nem como aquele publicano. Tais afirmações eram verdadeiras. Aqueles homens viviam esse tipo de justiça exterior. Não só. O Antigo Testamento, por exemplo, prescrevia apenas um jejum ao ano (Dia da Expiação); mas os fariseus, por sua própria determinação, jejuavam duas vezes por semana. Davam o dízimo de tudo quanto possuíam, inclusive de suas ervas: hortelã, endro, cominho. Tudo isto era verdadeiro sobre os fariseus. Eles não apenas diziam, eles praticavam.
"Não matarás"(ú foneuseis) é citado da LXX, de Êx 20.13. Há várias palavras em hebraico e grego para "matar". As empregadas aqui especifi-camente significam "assassinar". Fariseus e escribas julgam apenas o ato; Jesus mostra que o pecado é cometido já no coração - pelo simples pen-samento e palavras - antes mesmo de o ato ser consumado. Tal intenção pode levar não apenas a julgamento do sinédrio ou à morte física, mas até mesmo ao inferno (geena). O mesmo ocorre com o adultério (27-30) e o divórcio (31-32). Deus é testemunha da aliança matrimonial e ele "odeia o repúdio (divórcio)" tanto quanto a violência sangrenta (Ml 2.14-16). Para fugir aos engodos do adultério (fornicação) e divórcio, o discípulo de Cristo mantém sua mão e seu olho sob disciplina de ferro. Jesus não está aqui sugerindo automutilação - mesmo porque um cego também pode ter desejos lascivos. Na linguagem bíblica as diversas partes do corpo são instrumentos da vontade humana e representam o homem todo (Pv 4.27). "Arrancar o olho" ou "cortar a mão" significam, pois, uma determinação repressiva aos desejos pecami-nosos, por mais dolorido que seja o esforço.
O judaísmo em geral interpretava a prescrição do Antigo Testamento quanto ao divórcio de forma bastante liberal. Um homem podia divorciar-se de sua mulher "por qualquer motivo" (19.3). Jesus assume a causa da mulher cuja honra ficava manchada portal procedimento. Contudo ela, assim como seu marido, não podia violar impunemente o matrimónio.
Nos vv. 33-37 Jesus fala dos juramentos (ou votos) a que os fariseus se submetiam mas que, no Antigo Testamento, não eram obrigatórios (Lv 19.12; Nm 30.2; Dt 23.21). O voto no Antigo Testamento era feito, obviamente, na presença do SENHOR. Os judeus no período do Novo Testamento tentaram esvaziar a seriedade e dignidade do voto estabelecendo distinções artificiais para a sua validade ou não. Jesus reafirma que visto ser dito na presença de Deus, o Sim ou o Não do Seu discípulo tem conotação e peso votivos.
Em cada exemplo Jesus mostra o vigor da lei cujo cumprimento precisa dar-se na esfera do pensamento, da palavra, bem antes da ação. Interpretada desta forma, quem pode cumprir as exigências da lei? Nenhuma justiça ou ação humanas. Por essa razão, apenas a "vossa justiça", que vem de fora, da parte de Deus, e que foi graciosamente outorgada por Ele através de Cristo, pode cumprir tais exigências e nos fará entrar no Reino dos Céus. Tornados perfeitos, santos e justos pelo sangue de Cristo não precisamos mais temer a exigência da lei de Deus. Como filhos de Deus desejamos, natural e alegremente, viver segundo a Sua vontade.
Sugestão de tema:
A Nossa Justiça vem de Deus.


Acir Raymann

Revista Igreja Luterana, Ano 1995, Vol 2. Pag 202

EU VOU NO CONGRESSÃO. AMÉM!

2015

10 fevereiro 2014

DONS

“Já se ouviu muitas vezes pessoas na igreja, dizendo não terem nenhum dom. Mas isso não é bem assim. Pois cada cristão, cada servo, cada serva que foi resgatado pelo precioso sangue de Cristo tem, com toda certeza, ao menos um dom. Observemos o que dizem as Escrituras: “Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens.” (Efésios 4.8). Temos ainda muitos outros textos na Bíblia, como por exemplo, a parábola dos talentos (Mt 25.14-30) que nos fala de servos que receberam pelo menos um talento. Por isso, se queremos ser usados por Deus neste ano, saibamos que cada um de nós tem pelo menos um dom para ser utilizado no Reino de Deus durante este ano!

Pensa nisso!