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05 junho 2012

PENTECOSTES

Atos 2.1-

Pentecostes – Um pouco sobre o Espírito Santo

Pentecostes é um destes episódios singulares e marcantes da Bíblia. Algo que não podemos explicar racionalmente. Mas que possibilita refletirmos um pouco sobre a terceira pessoa da Trindade – O Espírito Santo.

A palavra “pentecostes” vem do grego e significa cinquenta. Ela remete a uma festa do AT chamada Festa da Colheita ou Festa das Semanas – acontecia sete semanas – 50 dias - depois de outra festa – a da Páscoa (libertação).

E daí se entende o que diz o nosso texto: Quando chegou o Dia de Pentecostes, os seguidores de Jesus estavam reunidos em um terminado local.

E aí começou o milagre! Um barulho muito forte e depois coisas parecidas com chamas, que se esparramaram sobre quem estava lá como se fossem línguas de fogo. E, diz o texto, todos ficaram cheios do ES e começaram a falar em outras línguas.

E o milagre continuou. Logo aquele barulho atraiu uma multidão de pessoas, de diferentes regiões do mundo conhecido então, com diferentes línguas, e cada uma delas entendia o que os seguidores de Jesus estavam dizendo.

O que nós temos aqui? A descida do ES.

a) Etimologia

- Ruah, Spiritus, Pneuma

- Hálito, sopro, vento, vontade...

- Força espiritual invisível

b) Nomes atribuídos na Bíblia: Espírito, Ef 5: 18 e Mc 1: 10; Espírito Santo, At 2: 4; Espírito de vida, Rm 8: 2; Espírito de graça, Hb 10: 29; Espírito de adoção, Rm 8: 15; Espírito de Jesus, At 16: 7; Espírito de Deus. Gn 1: 2; Consolador, Jo 14: 16 e 15: 26; Espírito de Sabedoria, Is 11: 2; etc.

Sobre o episódio

Necessário lembrar: ele havia sido antecipado pelo próprio Jesus.

Atos 1.8: “Porém, quando o Espírito Santo descer sobre vocês, você receberão poder e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até nos lugares mais distantes da terra.”

Antes disso, Jesus já havia garantido aos discípulos que haveria “alguém” que iria estar com eles e ajuda-los em sua proclamação do Evangelho:

João 14.16: “Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Auxiliador, o Espírito da verdade, para ficar com vocês para sempre.”

E mais:

João 14.26: “Mas o Auxiliador, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará com que se lembrem de tudo o que eu disse a vocês.”

E no capítulo 16 de João, Jesus fala do “trabalho” do ES:

João 16.7,8, 13: “Eu falo a verdade quando digo que é melhor para vocês que eu vá. Pois, se não for, o Auxiliador não virá; mas, se eu for, eu o enviarei a vocês. Quando o auxiliador vier, ele convencerá as pessoas do mundo de que elas têm uma ideia errada a respeito do pecado e do que é direito e justo e também dos julgamento de Deus... Porém, quando o Espírito da verdade vier, ele ensinará toda a verdade a vocês...”

E qual foi resultado imediato da descida do ES em nosso texto?

A) A primeira já havia sido predita por Jesus: que o ES viria dar poder, capacitar os seus discípulos para o testemunho.

Dias e semanas antes estavam assustados, amedrontados por causa da morte de Jesus e, depois, a sua ascensão. E agora, como vemos neste mesmo capítulo de Atos que ficaram cheios de ânimo e coragem.

O sermão de Pedro revela que havia clareza quanto à Palavra de Deus e que sabiam exatamente o que deveria ser dito. E seu sermão, ele testifica sobre o ES:

Atos 2.32: “Pois Jesus foi levado para sentar-se ao lado direito de Deus, o seu Pai, o qual lhe deu o Espírito Santo como havia prometido. E Jesus derramou sobre nós esse Espírito, conforme vocês estão vendo e ouvindo agora.”

E logo depois:

Atos 38: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para que os seus pecados sejam perdoados, e vocês receberão de Deus o Espírito Santo.”

Resultado: cerca de 3 mil pessoas aceitaram a Jesus como Salvador!

2. Uma das coisas importantes: a abrangência da proclamação. Jesus havia dito que os seus seguidores deveriam ir a todas as partes do mundo para levar o Evangelho – e que eles estariam acompanhados, ajudados pelo ES. O fato de no dia de Pentecostes terem falado em diferentes línguas foi um milagre que já antecipava o que iria acontecer nos séculos seguintes, até hoje.

Segundo a organização Portas Abertas, o local onde ser cristão é mais difícil é a Coreia do Norte. Os cristãos são presos, torturados e mortos. No entanto, a Igreja está crescendo: há cerca de 400.000 cristãos no país. População: 24 milhões e 500 mil.

Existem cerca de 6.600 línguas. A Escritura ou parte dela está: cerca de 3.600. A Bíblia completa: cerca de 480 línguas

E agora?

Credo Apostólico: “Creio no Espírito Santo...”

E um dia o ES chegou a minha vida. Não porque eu quis, porque fiz alguma coisa. Mas por causa de Deus, da operação do ES – Palavra e Meios da Graça.

Romanos 10.17: “Portanto, a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem vem por meio da pregação a respeito de Cristo.”

Tito 3.5,6: “... nos salvou porque teve compaixão de nós, e não porque nós tivéssemos feito alguma coisa boa. Ele nos salvou por meio do Espírito Santo, que nos lavou, fazendo com que nascêssemos de novo e dando-nos uma nova vida. Deus derramou com generosidade o seu Espírito sobre nós, por meio de Jesus Cristo, o nosso Salvador.”

1 Coríntios 12 fala dos dons do ES. V. 3: “Por isso precisam compreender que ninguém que diz ‘Que Jesus seja maldito!’ pode estar falando pelo poder do Espírito de Deus. E que ninguém pode dizer ‘Jesus é o Senhor’, a não ser que seja guiado pelo Espírito Santo.”

Confissões Luteranas

- Fórmula de Concórdia (XI, 76): “O Pai não o quer atrair a si sem meios, mas para isto ordenou a sua palavra e os sacramentos como meios e instrumentos regulares.”

- Artigos de Esmalcalde (Parte III, Art. VIII, 3): “Nestes pontos que dizem respeito à palavra oral, exterior, há que se permanecer nisto que Deus a ninguém dá o seu Espírito ou graça, a não ser mediante e com a precedente palavra exterior.”

- Confissão de Augsburgo (Art. V, 2): “Condenamos os anabatistas e outros que ensinam que recebemos o Espírito Santo por meio de preparativos, pensamentos e obras próprias, sem a palavra externa do evangelho.”

Dogmática Cristã

“Por estar o evangelho aliado ao Batismo (At 2.38) e à Santa Ceia (Mt 26.26-28), também os sacramentos são meios eficazes (media salutis; Gnadenmittel), pelos quais o Espírito Santo ou opera a fé (Batismo: Tt 3.5) ou fortalece a fé (Santa Ceia: 1Co 11.26), em outras palavras, pelos quais ou converte os pecadores (as crianças) ou confirma e mantém na fé os que já estão convertidos (Batismo de adultos; Santa Ceia).”

Lutero, Catecismo Menor

“Creio que por minha própria razão ou força não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem vir a ele. Mas o Espírito Santo me chamou pelo evangelho, iluminou com seus dons, santificou e conservou na verdadeira fé. Assim também chama, congrega, ilumina e santifica toda a cristandade na terra, e em Jesus Cristo a conserva na verdadeira e única fé.”

Conclusão

Onde os cristãos têm o desejo de servir a Cristo, ali o Espírito Santo está presente para fortalecê-los. A contínua oração dos cristãos a Deus a fim de servirem a Cristo recebe da parte de Deus o contínuo provimento do seu Espírito Santo

Exemplo:

Atos 4 – os seguidores de Jesus oraram: “... dá aos teus servos confiança para anunciarem corajosamente a sua palavra.” (v.30). O resultado: “Quando terminaram de fazer essa oração, o lugar onde estavam reunidos tremeu. Então todos ficaram cheio do Espírito Santo e começaram a anunciar corajosamente a palavra de Deus” (v. 31)

Um autor:

“Você já foi uma vez bem triste ao culto e não conseguiu nem cantar os primeiros hinos. Mas ouvindo os hinos, ouvindo as leituras, orações e a mensagem, de repente você começou a cantar junto e se alegrar na graça de Cristo. Pois bem, isto é o trabalho do Espírito Santo ainda hoje. Consolar com a graça de Cristo, fazer as pessoas jubilar alegremente, contra tudo o que vê e sente ao seu derredor. Encher os corações com a paz de Cristo e a esperança da vida eterna.

E isto faz com que você também passa a testemunhar e falar da grandeza do amor de Deus em Cristo. Nisso você experimentará também que os incrédulos ao seu derredor começam a zombar de você e taxá-lo de fanático, não bem certo da cabeça, etc. Mas isso não o amedrontará, pelo contrário, fará você orar pelos outros e continuar a testemunhar.

Maravilhoso dia de Pentecostes. Ouvir a Palavra de Deus, seu evangelho e sentir Deus, por sua graça, encher nossos corações com seu Espírito para que possamos jubilar, orar e testemunhar. Amém. “

DOMINGO DE PENTECOSTES

DOMINGO DE PENTECOSTES

Por: Emerson Carlos Ienke

Em Deus somos ossos que vivem!

Texto base: Ezequiel 37. 1-14

“Porei em vós o meu Espírito, e vivereis”... Ez 37.14

Em nome do Santo Espírito, nosso Consolador e Reavivador. Amém!

É comum nos depararmos com ossadas de animais que morreram. Os animais, via de regra não têm um sepultamento como têm os humanos, ficando eles muitas vezes jogados a céu aberto.

Você já experimentou falar com a caveira de algum animal morto? E, se tentasse, o que aconteceria? Certamente nada. Falar para uma caveira é o mesmo que falar com uma parede!

E, se alguém profetizasse no cemitério? Seria diferente? Que reação teriam os mortos se alguém fosse pregar a Palavra de Deus dentro do cemitério? Certamente teriam a mesma reação que as ossadas dos animais. Ficariam imóveis, pois cadáveres não ouvem, nem expressam reação alguma.

A cena parece um tanto quanto cavernosa. Faz-nos lembrar dos filmes de terror. Porém, esta é exatamente uma descrição para entendermos o que aconteceu com o profeta Ezequiel no texto que ouvimos a pouco (Ez 37.1-14).

No texto, vemos o profeta ser transportado durante uma visão para um vale de ossos secos. Lá, o próprio Deus fala com Ele e manda que profetize aos ossos. A medida que Ezequiel profetiza, diz o texto que os ossos começaram a bater uns nos outros, vão se ajuntando e ao redor destes ossos começam a surgir os tendões e crescer carne (v.07). Porém, apesar de o corpo ter se formado novamente, diz no versículo 08 que não havia naqueles corpos o espírito. Então Deus diz ao profeta que profetize ao espírito para que ele entre nos mortos e lhes dê a vida (v.09).

Apesar de ser um texto estranho, e até mesmo confuso, este relato do vale dos ossos secos “esconde” atrás de si um significado belíssimo.

É importante lembrar o contexto no qual o profeta teve esta visão: o cativeiro babilônico do povo de Israel. O povo se encontrava num estado de escravidão, sem esperança alguma. Não deram ouvidos à Palavra de Deus, e agora estavam sofrendo o castigo dos seus pecados, da sua vida de infidelidade ao Senhor. Israel estava morto; era como um amontoado de ossos, já sem vida e sem esperança.

É neste contexto que entra o significado desta visão de Ezequiel. Deus o enviara para profetizar a este povo “morto e sem esperança”. Israel era uma nação arrasada; humanamente destruída. E, se estavam assim, qual vale de ossos secos, é porque nunca quiseram dar ouvidos aos alertas e a orientação da palavra de Deus por meio dos seus profetas.

Para um povo, que estava em tais condições, não havia nada mais consolador do que ouvir que Deus os faria viver novamente. Ao dar vida novamente ao amontoado de ossos, Deus estava querendo fazer aquela nação perceber que Ele não queria o mal do povo, e sim, que eles entendessem que só há vida naqueles onde sopra o verdadeiro espírito de Deus.

É como se Deus quisesse dizer a Israel: vocês são esse amontoado de ossos, e eu os farei reviver novamente; irei lhes devolver a vida, e a esperança voltará a habitar os seus corações. Vocês serão novamente uma nação; um povo vitorioso.

Foi à duras penas que Israel conheceu o amor de Deus. Foi com muito sofrimento que Israel amadureceu na fé, e retornou aos caminhos verdadeiros do Senhor.

Meus amados irmãos no Salvador Jesus!

Quantas pessoas no mundo vivem ainda hoje como se fossem um amontoado de ossos secos?

Quantas vezes nós também temos agido tal qual o povo de Israel, vagando longe do caminho do Senhor, e nos tornando assim ossos sem vida, sem esperança?

Por vezes, as pessoas obrigam Deus a reduzi-las a um amontoado de ossos frios, apáticos e inertes, pois quantas vezes a dureza do coração humano não nos deixa viver a santa vontade de Deus em nossas vidas!?!?!

Quando no coração do homem não habita o verdadeiro Espírito de Deus, falta o fôlego da vida. Se Deus não estiver presente em nossa existência, não passamos de um esqueleto recheado de carne. E, se queremos que o espírito de Deus habite em nós, então é necessário que nos submetamos debaixo da graça de Deus, e deixemos que Deus seja Deus em nossa vida, e que Ele providencie o rumo para as nossas atitudes.

Para que Deus se compadecesse de Israel, foi necessário que o povo se convertesse dos caminhos errados; foi necessário que o povo parasse de dobrar os joelhos diante às coisas que não são Deus, e quando o povo de fato entendeu e se arrependeu, Deus os fez novas criaturas.

Por isso, meus amados irmãos, receber o Espírito de Deus requer que abandonemos aquilo que Deus não aprova. E, como fazemos isto? Na verdade, não fazemos. Alguém faz por nós; e esse alguém é o Espírito Santo de Deus.

Neste domingo, nós celebramos a Festa do Espírito Santo. É conhecido como o “Dia, ou o Domingo de Pentecostes”.

Pentecostes é o dia em que Deus cumpre a promessa deixada por Cristo de enviar ao mundo o Consolador, aquele que nos santifica na caminhada espiritual, na vida de fé. O primeiro Pentecostes do NT foi marcado pela descida do ES em forma de chamas “como se fossem” de fogo (At 2.3), sobre a cabeça dos discípulos e da multidão que estavam reunidos em Jerusalém.

Muito se fala e muito se prega a respeito do Espírito Santo de Deus. Porém, queremos chamar a atenção para o fato de que o Espírito de Deus se manifesta de várias e diferentes formas e maneiras. No primeiro Pentecostes, manifestou-se em forma de línguas de fogo, dando a todos o dom de falar em línguas. Mas esta não é a única forma que ele se manifesta, como pregam inúmeras igrejas mundo à fora. Naquela ocasião, entender o evangelho em diversas línguas, era uma necessidade da igreja. Pentecostes foi o “clarear” daquilo que o próprio Deus escureceu na torre de Babel! Se lá, Deus confundiu as línguas, agora no Pentecostes, Ele mesmo abre o entendimento para que os povos de todas as línguas pudessem entender a boa nova da salvação.

A pergunta que devemos nos fazer hoje é: - Qual a necessidade que se tem de falar em línguas? Além disso, devemos notar que no primeiro Pentecostes, as línguas faladas eram línguas que já existiam. Ninguém inventou sons estranhos como acontecem em igrejas por aí, que balbuciam sons inventados, em geral, uma repetição de sílabas sem sentido algum.

Meus Queridos Irmãos, sob a desculpa de estar possuídas pelo Espírito Santo, muitas igrejas têm realizado verdadeiros “shows da fé”, que não passam de espetáculos humanos.

Não precisamos disso para ter a certeza de que o Espírito de Deus habita em nós. Ele vive em cada cristão desde o dia do seu batismo, onde ele mesmo acende nos corações das crianças a chama da fé.

Perguntou alguém: - Como se começa uma fogueira com água? E a resposta é: “Isso acontece em cada batismo”.

Portanto, o Consolador está presente em nossas vidas desde o dia em que fomos levados à pia batismal. E, ele quer continuar conosco; quer continuar vindo até nós por meio da Palavra e dos Santos Sacramentos que Jesus deixou à Igreja cristã na terra.

É pela presença do Espírito Santo de Deus em nós, que já não somos mais um amontoado de ossos secos. Somos agora ossos que vivem, e que têm esperança. E esta esperança ninguém pode tirá-la de nós.

Não é maravilhoso saber que o Espírito de Deus nos dá vida todos os dias quando Deus nos perdoa?

Não é maravilhoso sentir a presença consoladora e acolhedora de Deus em todas as situações da vida?

Como é bom ter a certeza de que o Espírito Santo de Deus nos tirou da sepultura do pecado e nos transportou para dentro da nação santa de Deus.

O teólogo inglês Willian Barclay, referindo-se ao Espírito Santo escreveu: “Quando o espírito falha, as coisas se agravam de modo assustador, pois a carne é como o inimigo do lado de dentro que abre a porta para o inimigo do lado de fora que está forçando a porta”.

O mais importante é saber que o Espírito de nunca falhará em nossas vidas enquanto nós nos alimentarmos da Palavra de Deus.

Pentecostes é dia de celebrar. É dia de festejar e de agradecer a Deus, que na sua infinita misericórdia, não nos deixou sozinhos a procurar o caminho do céu, mas enviou a sua própria presença espiritual, que de maneira estrondosamente milagrosa, direciona cada passo da nossa caminhada rumo à Pátria Celestial.

Enfim, queremos encerrar citando duas estrofes do hino 143 do Hinário Luterano:

1. Vem, entra em minha porta,

Que vou te receber

Nesta alma que, antes morta,

Fizeste renascer, ó bom Consolador,

Bendito e poderoso tal como Pai bondoso

E o Filho Redentor.

6. A nossa vida guia

segundo o teu dispor.

Chegando a morte um dia,

Ajuda-nos, Senhor;

Nossa alma leva então,

Em tua mão paterna,

A herdar a vida eterna

Na celestial mansão.

Amém!

O ESPÍRITO SANTO E SEUS DONS

O ESPÍRITO SANTO E SEUS DONS – Prof. Gérson Linden

18-20/10/2010, Santa Izabel, Domingos Martins-ES

Anotações feitas pelo Rev. Gustavo Dettmann Schrock e observações feitas pelo Prof. Rev. Gérson Linden

Introdução ao estudo da pneumatologia

Pg. 1

O estudo do E.S. ou pneumatologia (conforme apostila: “O Espírito Santo e seus dons”).

Onde falar sobre a doutrina do E.S. no Seminário? Na parte de soteriologia e na parte de eclesiologia.

A igreja ortodoxa critica as igrejas ocidentais por focarem a obra de Cristo (cristomonismo) e esquecerem a obra do Espírito Santo. Isso é uma crítica ou elogio?

Teósis – deificação. É um ensino importante para a igreja oriental, falando sobre o processo pelo qual o cristão iria se tornando mais parecido com o Pai (2 Pe 1.4). O problema é que o ser humano continuará pecador até o fim da vida.

Pneumatologia do processo – tem sua raiz em Heráclito de Éfeso (não se entra duas vezes no mesmo rio).

Pneumatologia da libertação – o E.S. se manifesta na leitura bíblica, nas ações do povo (greve de um sindicato, por exemplo), etc.

Há 3 maneiras de encarar a ação de Deus entre os povos: a exclusivista (só Cristo salva), a pluralista (todos caminhos levam a Deus) e a inclusivista cristocêntrica (Cristo salva mesmo sem a pessoa conhecê-lo).

A cabana (com uma teologia inclusivista – obs. Do Rev. Walace da Uhylig da Silva).

Tipos de Espiritualidades

Pg.3

► Fatalista – se aconteceu algo ruim, Deus está no controle de tudo e algo de bom irá acontecer;

► Nova era – somos divinos;

►secularização – o E.S. age no mundo e na história (sem a Palavra);

Providência ou contingência – ou Deus providenciou ou eu causei. Não podemos dizer apenas que Deus causa tudo e nem podemos dizer que a pessoa causa tudo (os discípulos perguntaram se o cego pecou) - At 27.21ss. Muitas coisas são difíceis de explicar: o sofrimento de Jó. Os amigos de Jó tentaram explicar o porquê de seu sofrimento, mas Deus ao final os puniu. E Deus mesmo não explicou ao final o porquê de seu sofrimento. Nosso trabalho é consolar as pessoas, não explicar o porquê das coisas. Quando as pessoas questionam os fatos com sua ansiedade, revolta e tristeza elas estão precisando realmente de consolo, de conforto e de um gesto de amizade e amor. O E.S. não é chamado de “o explicador” e sim “o Consolador”.

A emoção como ação do E.S. Nem sempre as pessoas se emocionam por que é o E.S. quem os está tocando. Emoções são humanas e podem ser provocadas tanto por um pregador, por um humorista ou apresentador. O E.S. pode estar agindo, ou não, quando a pessoa se emociona. Mas também é verdade que o E.S. age em nós através da razão, quando entendemos a Palavra pregada, e através de nossas ações, quando nos leva a fazer a vontade de Deus.

Vários autores luteranos insistem que é primordial termos uma pneumatologia trinitária – não isolar a doutrina do E.S. do resto da trindade.

A doutrina do Espírito Santo

Pg. 4

1. O E.S. e o Deus Triúno

Trindade imanente – é quando se olha para a trindade pela forma como as três Pessoas se relacionam. O Pai gerou o Filho, o Filho foi gerado pelo Pai; o Filho fez proceder o Espírito Santo, o Espírito Santo procede do Filho; o Pai fez proceder o Espírito Santo, o Espírito Santo procede do Pai. Quem é Deus? A Trindade. A essência divina.

Risco: usa linguagem filosófica.

Vantagem: preserva a unidade de Deus como algo inegociável.

Trindade econômica – é quando se olha para a trindade pela forma como suas pessoas se relacionam com a criação. Deus Pai Criador, Deus Filho Salvador... Quem é Deus? O Pai. Paulo usa essa linguagem muitas vezes. Essa linguagem não nega a Trindade, é apenas uma questão de nomenclatura.

Risco: diminuir uma das pessoas em detrimento das outras. Há hierarquia em Deus? 1 Co 15.28. Não há uma subordinação ontológica – um não é maior que o outro. Mas há uma ordem, uma subordinação no plano da salvação: o Pai enviou o Filho, o Pai e o Filho enviam o E.S.

Em Deus há uma ordem que não pode ser invertida. Não foi o Filho que enviou o Pai, é um erro. Mas nenhum é maior que o outro. Assim também é a ordem que Deus criou: homem – mulher. A mulher deve ser subordinada ao homem, como Jesus se subordinou ao Pai, mas não é menos Deus que o Pai, assim também a mulher se subordina ao homem, mas não é menor do que ele.

Vantagem: há uma ordem. É uma linguagem bíblica.

O problema destas explicações é que elas são humanas, com linguagem filosófica (que é limitada).

Didasco – ensinar. Esse verbo no NT não é simplesmente ensinar de um modo geral, mas ensinar o Evangelho de modo organizado para um grupo de pessoas (na função de pastor, pregador). O pastor é o episcopos, o que supervisiona. A professora de escola bíblica “ensina” na escola bíblica sob supervisão do pastor.

Arianismo – Ario chegou a afirmar que “houve um tempo em que o Filho não era”. Inicialmente Ario queria combater o politeísmo, mas finalmente chegou a negar a trindade.

Pg. 5:

1. A controvérsia do Filioque

Filioque – foi acrescentado no credo para dizer que Jesus era tão Deus quanto o Pai. Era uma afirmação doutrinária contra o arianismo ou neo-arianismo. Mas qual a diferença que isso faz na prática?

Ocidente: Pai gerou o Filho e ambos geraram o E.S.

Oriente: Pai gerou o Filho na eternidade e gerou o E.S. na eternidade.

A diferença é que, se o Filho e o E.S. derivam do Pai igualmente na eternidade, não se pode enfatizar Jesus mais do que o E.S. Os pentecostais seguem um pouco a idéia ortodoxa do oriente, e dizem que Lutero fez a primeira Reforma, trouxe de volta o Filho, mas o pentecostalismo é a segunda reforma quando enfatizam a ação do E.S. Crer em Jesus salva, mas um crente mesmo precisa do batismo no E.S. para ter o E.S. como seu Senhor.

Quando entendemos o E.S. como procedendo do Pai e do Filho, sendo a ação do E.S. seguimento da obra de Jesus, não há como entender o E.S. sem o Evangelho de Cristo.

Vendo o E.S. como procedendo apenas do Pai, não do Filho, o E.S. poderia agir fora do Evangelho de Jesus. Isto abre brechas para a ação do E.S. em qualquer lugar, mesmo onde não crêem em Jesus.

2. A pessoalidade do E.S.

Se o E.S. não é um indivíduo, uma pessoa, Jesus também não o seria, pois a pessoalidade de ambos tem a mesma base bíblica (exceto no fato da encarnação de Jesus).

O E.S. fala – nos textos não fica claro o modo como o E.S. fala, se eles estavam meditando na Palavra ou não, se foi em sonho ou de outro modo. O E.S. fala dentro do ambiente de uso da Palavra. Na descida do E.S. eles estavam reunidos (ouvindo a Palavra, orando,... ?).

Mt 28.19 – “... em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Em nome não quer dizer “no lugar de”, não quer dizer “em nomes”, mas sim para dentro do nome. E se dissermos: “em nome do Pai, em nome do Filho e em nome do E.S.” seria errado? Se é errado ou não, mas é diferente de dizer: “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Sugestão: usar a invocação com as Palavras de Mt. 28.19.

Prof. Linden: Não inventa e nem acrescenta aquilo que Deus já deixou claro! Exemplo: substituir “isto é o meu corpo” por “este é...”.

Outra frase: “vamos invocar a presença de Deus” – somos nós que convidamos Deus para o culto?

Prof. Linden: Dizem que os luteranos negam a ação do E.S. Porém quem nega a ação do E.S. são aqueles que não batizam crianças, pois não acreditam que o E.S. age se a pessoa não permitir ou ser conivente. Deus não tem poder? Não pode agir se nós não dermos o aval?

At 15.28 – como a igreja pode afirmar que pareceu bem ao Espírito Santo? Ele cita Amós, base bíblica, e eles estão se baseando na doutrina da justificação pela fé, doutrina principal da Escritura.

Obs.: não se vota doutrina. Se, numa convenção, há dúvidas sobre um parecer da CTRE, deve-se estudar mais o assunto. Mas não estão votando a doutrina na Convenção, vota-se a oficialização da doutrina na IELB.

O E.S. e a Palavra escrita de Deus

Pg. 6

Qual a diferença entre revelação e inspiração?

Revelação: tornar revelado o que uma pessoa não pode conhecer por si só. A criação do mundo é revelação, pois ninguém estava lá para testemunhar se Deus não revelar. O Evangelho também é revelação, pois ninguém saberia da salvação em Jesus se não fosse pela ação de Deus.

Inspiração: quando Deus guiou ou conduziu os autores a escreverem a Palavra. Eles escreveram, mas Deus conduziu.

Uma revelação só é revelação divina se estiver debaixo da inspiração divina: a Escritura.

Tive uma experiência maravilhosa. Como vc me explica isso? Pode ser mentira, pode ser algo normal que eu estou interpretando como sobrenatural, pode ser algo provocado por meu inconsciente, pode ser uma ação do diabo ou pode ser uma ação de Deus que eu não sei explicar.

Nm 11.25,29 (profetismo temporário) profetismo de Moisés era falar da vontade de Deus para a vida do povo. O profetismo sempre era temporário, quando Deus queria dizer algo para seu povo num dado momento. Os profetas sempre tinham mensagens por um determinado tempo. O ministério pastoral era exercido no AT pelo sacerdote.

Se Deus quiser, e Ele pode, usar outro caminho, além da Palavra, para falar e agir. Nós não podemos negar que o E.S. o faça, mas acreditar em algo fora da Escritura e afirmar que existem caminhos alternativos nós não podemos. O problema normalmente é que a ação anunciada como “do E.S.” gira em torno da pessoa que anuncia, e não em torno de Deus e sua Palavra. Demonstra-se uma motivação egocêntrica nestes casos.

O E.S. e Jesus

Na atividade do E.S. na concepção milagrosa de Jesus

O E.S. na encarnação – Mt 1.16 – Mateus vem falando “Abraão gerou Isaque, Isaque gerou...”, mas no v.16, para falar de Jesus, ele pula fala de “José, marido de Maria, da qual Jesus foi gerado”. No v.18 ele explica: Jesus foi concebido pelo Espírito Santo.

O Espírito Santo no batismo – Mc 1.10: o E.S. desceu eis auton – “para dentro dele”. Não que Jesus se deu conta de que era Deus, nem que Jesus recebeu a porção divina, mas que ele foi instalado no seu ofício. Os discípulos também foram “ordenados” quando ocorre o pentecostes, quando eles iniciam oficialmente o trabalho da Igreja.

Quando Jesus entra na fila dos pecadores para ser batizado, Ele está assumindo o nosso pecado, está se colocando no nosso lugar.

Os pais da igreja diziam que as últimas coisas serão como as primeiras. O E.S. de Deus pairava sobre a face das águas (Gn 1), pairava no sentido de uma ave pairando sobre sua ninhada. No dilúvio, novo começo, uma pomba sobrevoou sobre as águas do dilúvio. Quando Jesus foi batizado, um novo começo da história da humanidade, a pomba do E.S. desce sobre as águas do rio Jordão. Em Cristo se inicia uma nova criação. Por isso, no batismo somos nova criatura.

O E.S. na tentação – Jesus, impulsionado pelo E.S., foi levado para o deserto a fim de ser tentado (Mt). Em Lc diz que Jesus foi guiado, cheio do E.S., e foi tentado.

Nos milagres de Jesus

Mt 12.18 – Jesus expulsa demônios e cura no Espírito de Deus.

Na morte e ressurreição – Na morte de Jesus o E.S. estava com Ele (Hb 9.14). 1 Pe 3.18 – morto na carne e vivificado (ressuscitado – fazer viver: foi feito vivo) no Espírito. Morto na carne – na esfera da carne; no Espírito – na realidade do Espírito. Combina com 1 Co 15. Assim, Jesus desceu ao inferno no Espírito, ou seja, com o corpo espiritual, ressuscitado. No credo: “morto e sepultado, desceu ao inferno, no 3° dia ressuscitou dos mortos”. Como resolver? No credo não se refere ao momento em que Jesus foi ressuscitado, mas ao momento em que Ele se mostra ressuscitado. Inclusive os evangelhos não mostram como Jesus ressuscitou, mas como ele apareceu ressuscitado.

Vários “profetas” da história afirmam que vivemos (ou eles viviam) na época do Espírito. Parece que o E.S. só começou a agir com o trabalho da Igreja, ou no pentecostalismo. O E.S. participou na criação, na palavra dos profetas, na encarnação, vida, morte e ressurreição de Jesus, no início da Igreja e até hoje. Isto também se aplica ao Pai: criou e mantém sua criação, ressuscitou Jesus, continua mantendo a vida hoje.

O E.S. e o povo de Deus no AT

Pg. 6 e 7

Seria interessante fazer um estudo bíblico mostrando a ação do E.S. no AT para desmistificar a idéia recorrente de que o E.S. está atuando hoje, na época do E.S., quando a Bíblia mostra sua atuação desde a criação.

Espírito em maiúsculo ou minúsculo – Ex 28.3 – não está falando de pessoas que tem habilidade (NTLH), mas que tem sabedoria no coração (RA), foram enchidos com o espírito de sabedoria. A palavra espírito de sabedoria coloca espírito em minúsculo – no AT não dá para dizer onde deve-se colocar o maiúsculo. Linden defende que deveria ser Espírito maiúsculo. Principalmente em relação à Ex 31.2,3 e 35.30,31. Interessante que essas pessoas receberam o Espírito de Deus e habilidade para fazer roupas, usar trabalho artístico e manual,... Não receberam o Espírito para prever futuro, fazer milagres, etc Nem sempre o Espírito faz coisas milagrosas e extraordinárias, muitas vezes ele age no dia-a-dia e nós não percebemos. E o texto diz que Deus encheu eles do Espírito para fazer trabalhos manuais.

Dons – listar dons como sendo necessários ou imprescindíveis é um erro. Dons extraordinários são desejados pelas pessoas, mas dons habilidosos são dados por Deus e Ele espera que os pratiquemos.

Milagres no culto – o pastor poder perdoar os pecados da congregação, recebermos o corpo e sangue de Cristo na Santa Ceia, ter uma pessoa batizada. Enquanto os pentecostais fazem festa com curas e fala em línguas, coisas que acontecem também em religiões não cristãs, nós consideramos corriqueiro e passamos batido pelos milagres que ocorrem em todo culto: você podem morrer agora que estão perdoados! Uma criança morta espiritualmente ganha vida nas águas do batismo! Recebemos o sagrado corpo e sangue de Cristo na Ceia!

PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO

Mt 12.30-32 – o que é o pecado contra o E.S.? Rejeitar depois de conhecer? Ficar resistindo sem antes conhecer?

1 Jo 5.16 – pecado que traz a morte? Se manter incrédulo, não crer em Jesus.

At 7.51 – têm rejeitado o E.S. Seria pecado contra o E.S.? Ou seria resistir em aceitar o Evangelho pela primeira vez.

Hb 6.4-6 – Hb é complicado gramaticalmente. Os verbos traduzidos como perfeito são originalmente: estando convencidos, tendo participado (no particípio), e abandonando, não tem volta. O pecado contra o E.S. seria, então, estar em resistência à ação de Deus, não ao próprio Deus, mas depois de ter conhecido.

O autor de Hebreus está falando de um problema da congregação que havia e prega lei e evangelho (em Fp 2 Paulo diz para as pessoas serem humildes e fala sobre o exemplo de Jesus – doutrina). Ele não tenta resolver o problema com regras de como o povo deveria agir.

O ensino na igreja

A profissão de fé não é um curso de doutrina, é uma proclamação de lei e evangelho. Cada dia da instrução é um sermão sobre a mensagem bíblica.

Lei e Evangelho – Walther. Será que eu pequei contra o E.S.? Se vc se pergunta assim, isso mostra que o E.S. o faz se preocupar com sua situação espiritual. Um não-cristão não se preocupa com isso, nem acredita nestas coisas.

Teologia é para proclamação – Gehard Forde (em inglês).

“A igreja é hospital e não ginásio”. No hospital vc sai depois de receber o remédio e volta para sua vida normal para viver, no ginásio vc é treinado e depois enviado, agora vá e faça. Muitas vezes transmitimos conhecimento descrevendo, e não proclamando. É uma falta nossa como IELB.

7. O Espírito e a Igreja do NT

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Dissociar o E.S. da obra da igreja leva a dois problemas: o universalismo e ênfase indevida para alguns dons.

Universalismo: salvação e ação do E.S. fora da Igreja. Daí entra o diálogo inter-religioso: você deve ouvi-lo, entender que o Espírito Santo age na religião dele e falar do Jesus em que você crê, para conhecimento dele. Daí vocês serão bons amigos pelo poder do Espírito Santo.

Ênfase indevida para alguns dons: Não reconhecer que os dons estão relacionados à obra salvadora de Jesus leva as pessoas a dar valor a dons sem levar em conta o objetivo da Igreja de proclamar Jesus e sua salvação.

8. A doutrina do E.S. na História da Igreja

Pg. 7

Ameaças à doutrina do E.S.=

Arminianismo: Jesus é teu salvador pessoal (quando você aceita Jesus).

Misticismo: a experiência pessoal com Deus (fora da Palavra).

Racionalismo: só comprovado pela razão – nunca vi um morto ressuscitar, por isso não acredito.

Pietismo: quando é radical e põe a emoção como critério para mostrar a fé.

Perfeccionismo: a fé conduz a pessoa a uma vida de perfeição gradativamente (teologia da escadinha).

Subjetivismo: ênfase na experiência pessoal mais do que na Palavra.

Muitos desses tópicos são reflexos do movimento pendular da história. Numa dada época o pensamento humano enfatiza a razão, em outro a emoção, etc. Se a Igreja se deixa levar pela onda do momento, na próxima geração ela cai, ou tem de se adaptar, e amargar a acusação de ter afirmado e se firmado em bobagens sem sentido. Hoje, numa época pós-moderna, muitos argumentos e idéias da modernidade não fazem mais sentido e não são aceitos.

OS DONS DO ESPÍRITO

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1. O dom

Ef 2.8,9 – graça - caris - xáris(f); salvos – seswsmenoi - seswmenoi(m) e fé – pistis - pistis(f). Isto é um dom de Deus: isto – touto touto (neutro). Como não se refere a nenhum acima, se refere a todos juntos.

At 2.38 – dorea (doreá) dom do E.S.: do – genitivo [se for genitivo subjetivo é possessivo: ele é o dono do dom (a fé talvez); no caso do genitivo objetivo o dom é o próprio Espírito Santo].

2. Os dons – 1 Co 12-14

1 Co 12.1: A respeito dos espirituais (peri ton pneumatikwn) (peri ton pneumatikon). Não diz dons espirituais ou pessoas espirituais, a palavra dons foi subentendida.

Alguns erros: carisma (xarisma) – não é carisma – a graça de Deus não é ação cativante de alguém que é carismático, tem carisma. A carisma (xarisma) é uma ação/operação da graça de Deus, e não algo que está dentro de mim; dnamis (dínamis) não pode ser relacionado com dinamite – está errado. Evangelho não explode; o obreiro deve ser didaktikon (didaktikon) – um pastor não é obrigado a estudar didática [ainda que isto pode ser muito proveitoso], não é isso que o texto diz.

1 Co 12.4-6: há muitos carismata (xarismatas) (manifestações da graça de Deus – ato gracioso de Deus de levar a pessoa a fazer algo), há muitos diakonia (diaconia)(serviços) e há muitos energhma (energema) (obras). Todos estão colocados no mesmo patamar.

A fé salvadora não tem tamanho. A fé no campo da santificação pode ser forte ou fraca.

Fé – confiar no que Jesus fez; esperança – olhar para o que Ele fará ; amor – olhar para o irmão ao lado.

1 Co 12.7: os dons são para um fim proveitoso – para um bem comum. Interessante que Paulo não fala dos dons para o crescimento da igreja, mas para a manutenção da unidade da igreja. Quando dons dividem a igreja, alguma coisa está errada.

1 Co 12.9dons de curas: não é um dom só, e não é uma só cura. São dons de curas. Vários dons para diferentes tipos de curas. Detalhe: os apóstolos da Bíblia não diziam que as pessoas não foram curadas pois não tiveram fé. Eles curavam. Obs.: Paulo, aquele que até ressuscitou um morto, tinha um espinho na carne e cita em suas cartas vários cristãos doentes.

E por que acontecem pessoas hoje dizendo que curam em nome de Deus? Dt 13.1-3 – Deus nos prova.

Há 4 grandes listas de dons no NT, e poucos nomes se repetem nestas listas (pg 9 da apostila). Os dons são dados por Deus quando Ele quer. Mas chama a atenção que o único que se repete é o dom de falar da Palavra (profecia, falar a palavra).

Andamos por fé e não pelo que vemos. Vivemos pela fé e não pelo vemos. (versículo: 1 Co 4??)

1 Co 12.10 – discernimento de espíritos – não seres espirituais, mas proclamações espirituais, se são certas ou não.

Dons de línguas – Paulo põe no fim da lista, já que os coríntios o colocavam no começo da lista. Paulo não chega a dizer para não usar, mas isso causava problemas na congregação, tanto que Paulo está tratando desse tema aqui.

Línguas estranhas ou estrangeiras? Os argumentos permitem as duas interpretações. As palavras são as mesmas de Atos 2. Os pais da igreja interpretavam como línguas estrangeiras, exceto Tertuliano. Prof. Linden defende que há mais argumentos para línguas estrangeiras. 1 Co 13 = se falar em língua de anjos. Ele não está dizendo que se falava, assim como possivelmente não havia alguém dando o corpo para ser queimado.

Agostinho – falaram em línguas e fizeram milagres naquele tempo, pois era necessário. Agostinho era crítico com respeito a milagres e sinais. Ele acreditava que esses dons não se repetiriam.

Interpretação de línguas – tradução, não interpretação.

1 Co 12.12-27: A igreja como corpo de Cristo – “todos nós fomos batizados em um corpo, e a todos nós foi dado beber do mesmo Espírito” (v.13). Todos fomos batizados no mesmo Espírito – Paulo escreve isso para a congregação de Corinto, a mesma congregação que tinha dúvidas sobre a ressurreição, sobre casamento, que se embebedavam na Santa Ceia e cheia de problemas e pessoas problemáticas.

1 Co 12.31 + 1 Co 14.1: não pode pular o capítulo 13. O amor é o dom supremo (título da RA) não está escrito no texto. Mas Paulo está falando do caminho para trabalhar os dons. Se um dom não manifesta amor ao irmão, está sendo mal utilizado. Não se impressione com dons grandiosos. Em Corinto faltava esse amor, por isso Paulo enfatiza.

1 Co 14.1: lalew (lalew) – nos evangelhos significa pregar, ensinar.

1 Co 14.12: procurem dons que fazem a igreja crescer.

Dons não eliminam a ordem (pg. 8 – no final): certas pessoas não se enquadram, não gostam de seguir as regras da congregação, querem fazer as coisas do seu jeito. Como agir? Liberar geral? Deixa correr? Por no regimento o que pode ou não pode? Em 1 Co 14 Paulo diz: não impeçam, mas deve haver ordem. V.26: não diz para que as pessoas não façam, mas para que haja ordem. Paulo não liberou geral e nem podou os diferentes.

Servimos a Deus na igreja e em nossa vocação em casa e na sociedade, principalmente. É mais fácil servir na igreja e não ser cristão no dia-a-dia, que é o primordial.

4. O que são dons

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carisma (xárisma): é algo que Deus dá, quando Ele quer, e pode ser uma vez só. Uma pessoa pode ter o dom de ofertar generosamente em uma ocasião em sua vida. Normalmente nós consideramos isso ação humana, mas foi Deus quem trabalhou neste coração.

Como conquistar um dom? Simão quis comprar, pagar pelo dom e levou uma “chinelada” (Elimas – At 8.18,19). Não se conquista dons, Deus os dá.

Toda ação de Deus em nós, para o bem da Igreja e do próximo é xárisma.

Trabalho em conjunto: “Devo reconhecer que o outro colega também é meu pastor” – Rev. Eduvino Krause

“A igreja luterana é como o corpo de bombeiros, que tem a função de ir até as pessoas para salvá-las, ou como um clube, que tem a função de atender as necessidades dos sócios?” – Carlos Cracke

Dom – essa nomenclatura já está viciada. Ou se usa outro termo, ou ensine às pessoas a noção correta deste termo na Palavra de Deus.

Vocação – não é algo interior que a pessoa tem e a conduz para algo – isso é aspiração (1 Tm 3.1). Lutero usava essa palavra no alemão: chamado. Ninguém chama a si mesmo, mas é chamado por alguém.

Pode ser feita a distinção entre habilidades e dons espirituais? Dons espirituais e naturais?

Possessões demoníacas ocorrem? Linden: o diabo está amarrado após a obra de Cristo (Ap). Na época de Cristo pessoas ficavam endemoniados contra a obra de Jesus.

Períodos da história onde Deus agiu de maneira fantástica (inclusive endemoniados): Êxodo; Elias; Daniel; Jesus; Apóstolos (com menor intensidade).

Não há fatos fantásticos em número significativo: Isaías (época); Davi; época das epístolas (não há relatos); época dos pais da Igreja.

Em Apocalipse Deus mostra como o diabo age: o monstro feio e o parecido com cordeiro, mas com voz de dragão (Ap 13) – ele usa a força, perseguição (monstro) e falsos profetas (cordeiro com voz de dragão).

Vida espiritual e vida material?

Na igreja nós somos servidos por Deus, primeiramente, apesar de o servirmos também no culto. Nós servimos a Deus primariamente na família e na sociedade, é lá que praticamos a fé cristã.

BATISMO NO/ DO/ COM O ESPÍRITO SANTO

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Batismo no E.S. na Bíblia – usada três vezes no NT – Jesus usa para falar em relação ao batismo de João.

Atos como exemplo de igreja

Em muitos momentos dizem: como seria bom se vivêssemos hoje como a igreja de Atos! Você queria ter Ananias e Safira em sua congregação? Queria ter um movimento judaizante dentro da congregação, que levou até a realização de um concílio para resolver? Gostaria de ter um pastor divergindo com outro por causa de um medroso (Marcos)? Atos é um relato do que aconteceu naquela época. Eventos bíblicos não devem ser usados como padrão para nós. Ou teríamos que levar tudo ao pé da letra. Aqueles que se baseiam em Mc para dizer que os verdadeiros cristãos farão milagres, certamente não iriam entrar numa banheira de serpentes ou tomar veneno para provar.

Atos 2 – quem falou em línguas foram os apóstolos, não toda a igreja.

Em Atos o termo testemunhas é empregado tecnicamente para os apóstolos (At 10.39 RA).

Em Atos 8.14-17: aqui eles foram batizados, mas não haviam recebido ainda (não era o normal) o E.S. Em Atos 2.37-42 Paulo fala de se arrepender e ser batizado para ser perdoado e vocês (todos) receberão o E.S.

Paulo falou em línguas? Não – At 9.1-20. O personagem mais importante do livro de Atos, Paulo, não foi batizado no E.S., não falou em línguas? Lucas saberia se isso houvesse acontecido.

E os gentios na casa de Cornélio falaram em línguas (At 10.44-47) antes de serem batizados? Mas receberam o dom do E.S. na pregação da Palavra, não jejuando ou fazendo outras coisas.

At 8.26-29: 29 – o E.S. manda Filipe, 36 – o Eunuco pede para ser batizado, 39 – saindo da água Filipe já não estava mais lá, e ele continuou com júbilo, alegria (não falou em línguas – mas o dom do E.S. foi a alegria).

At 19 – o batismo de João.

Resumo: Em Atos há eventos fantásticos quando um novo evento é iniciado: Em Jerusalém (At 2); Samaria (At 8); confins da terra (At 10 e 19).

Há um só batismo – não há um batismo nas águas e outro batismo, no E.S. E também não pode haver rebatismo pois ele é de Deus, não propriedade da igreja (denominação ou congregação).

Curso Regional de Aperfeiçoamento de Pastores da IELB

18-20/10/2010, Santa Izabel, Domingos Martins-ES

Próximo encontro – 11-13 de setembro de 2011