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06 agosto 2013

HEBREUS 11.1-3, 8-6

DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO
APÓS PENTECOSTES
23 de agosto de 1998

Hebreus 11 .1 -3,8-16

Leituras recomendadas
A relaçáo entre Gn 15.1-6 e Hb 11 não deixa dúvidas. Abraáo e Sara, a quem foi dirigida a promessa de descendência, inicialmente náo conseguiram acreditar na possibilidade de ter filhos (Gn 17.17;18.12), mas tendo passado aquele primeiro momento de incredulidade muito humana, eles creram que Deus poderia fazer com que o impossível se realizasse (Gn 15.6; Hb 11.11) e por isso são apresentados como exemplo de pessoas que alcanqaram as suas promessas pela fé.
A fé de Abraáo e Sara serve de exemplo para encorajar a nossa fidelidade para perseverarmos no caminho, apesar das dificuldades espirituais e existenciais enfrentadas neste mundo e da falta de sinais do cumprimento de suas promessas escatológicas. O texto de Lucas pode ajudar a responder essas expectativas: "Meu pequeno rebanho, não tenha medo! Pois o Pai tem prazer em dar o Reino a vocês" (Lc 12.32 - BLH). É neste contexto que o exemplo das testemunhas fiéis do passado podem estimular e revigorar a fé de cada pessoa para viver no Reino e esperar pacientemente a posse da pátria celestial.
Contexto
O contexto demonstra claramente o propósito do autor: exortar o povo de Deus que está vacilante, que está querendo retroceder. As admoestações (10.23;10.32-30) pretendem ser um estímulo para uma comunidade que, após anos de fé ativa no amor, de muita confissão alegre, de muita confissáo com sofrimento, está cansada e esmoreceu diante das tentações, lutas, sofrimentos e perseguições que está enfrentando. O autor não quer reprovar e condenar, mas antes acudir e remediar. Por isso faz aos seus leitores exortações repassadas de bondade. Quer que selembrem da época em que estavam dispostos a fazer qualquer sacrifício pela fé (v.32); como suportam com alegria os sofrimentos e humilhações (vv.33,34) em razão da fé na promessa do prêmio superior que os aguardava (v.35).
Esfriara o fervor primitivo e enfraquecera a vocação celestial desse povo migrante. Em vez de resistir is dificuldades a que a fé está exposta neste mundo, os hebreus estavam renunciando ao galardão triunfal da vida. O autor está preocupado com a sua falta de persistência (vv.36,37). Eles náo devem desistir. Não podem retroceder. Não devem abandonar a sua confiança nas promessas de Deus, pois ela será coroada com a vida eterna. "Nós somos da fé" afirma o autor. Náo podemos retroceder, enfaliza. E para exortar os seus leitores, o autor passa a lembrar-lhes os exemplos de fé, persistência, esperança e confiança nas promessas de Deus (cap. 11 e 12.1-3). Foi assim que os justos do Antigo lestamento e o próprio Jesus testemunharam a fé em Deus e em sua promessas.
A "nuvem de testemunhas" (12.1), que nos cerca, presta seu testemunho também para nós. Para o autor de FIebreus é importante o que nós podemos ver nelas. Certamente a exortação 2 fé em Deus e nas suas promessas, a persistência, paciência e firmeza precisam estar presentes na vida de cada cristáo e cristã, no combate da fé e na caminhada para a cidade de Deus.
Texto (a epístola do dia)
O capítulo 11 de Hebreus é um dos mais populares e familiares de toda a Bíblia. Desenvolve a excelência da fé. Quer levar os seus leitores a confiança nas promessas de Deus. Para isto apresenta o exemplo daqueles que creram e viveram nesta fé, aguardando o tesouro superior, a pátria celestial. As pessoas que só podem ver o visível, o texto quer mostrar como se pode desvendar e apreender, pela fé, os mistérios de Deus, ou seja, a graciosa providência de Deus em favor dos seus.
A natureza da fé - Hb 11.1-3
O escritor de Hebreus escreve sobre a natureza da fé num texto que tradicionalmente tem sido considerado como uma definição da fé. Ainda que muitos tenham tal compreensão, outros pensam diferentemente. Sáo da opinião de que o livro de Hebreus náo apresenta urna definição de fé, e sim, uma confissão, uma afirmação e o desenvolvimento do caráter da fé. O texto (v.1) inicia com uma dupla afirmaçáo sobre a fé: ela é a segurança (certeza) daquilo que ainda náo está presente (de coisas que se esperam), mas que é esperado com confiança; e ela é a convicçáo da realidade presente que só é conhecida pela fé (de fatos que não se vêem). A segurança de receber o que ainda não está presente (o Reino e tudo que este envolve) é fundamentada nas promessas de Deus e garantida pela paixáo, morte e ressurreição de Jesus, o Autor e Consumador da fé. A fé é permanecer no esperado, estar persuadido por coisas não vistas.

Por isso o autor de Hebreus conclama os seus leitores a permanecerem na fé a que foram chamados e a permanecerem convictos daquilo de que foram persuadidos. A fé é uma esperança absolutamente segura de que o que se crê é verdadeiro e o que se espera há de acontecer. É a esperança que enfrenta o futuro, o desconhecido com absoluta convicção. O cristão vive e morre nesta fé. É uma esperança concreta porque está firmada nas promessas de Deus e o cristão acredita que estas promessas são verdadeiras e vive nesta fé. Se, no entanto, for difícil crer, a comunidade de Hebreus é exortada a olhar para os que anteriormente viveram nesta fé. Devem olhar para os antigos (v.2) que receberam, pela fé, a aprovação de Deus.

Aqui é destacada a vantagem de viver pela fé em comunhão com Deus. Sem dúvida o povo da fé do passado serve de fonte de encorajamento para os peregrinos da fé no presente. A história demonstra para nós que eles fizeram a coisa certa. Os antigos creram e não creram em vão. Logo, a esperança cristã não é uma suposição, mas uma certeza respaldada nas evidências do mundo.
O v.3 afirma que é um ato de fé acreditar que Deus criou o mundo. O mundo, portanto, é de Deus. O escritor reconhece que a aceitação de um ato criador de Deus somente é possível a fé. O resultado da fé é declarado assim: o visível veio a existir das coisas que não aparecem. A fé, pois, postula que um poder invisível foi a causa eficaz do mundo dos .fenomenos. Crer que Deus é, pressupóe a invisibilidade de Deus (11.27). Pela fé, o povo de Deus vê e acredita que Deus seja o criador do universo.
Fé, um caminhar com Deus - Hb 11.8-10
Podemos crer nas promessas de Deus'? Será que Deus vai cumprir o que prometeu? A essa comunidade cheia de dúvidas, o texto traz consolo: Deus existe, ele cumpre suas promessas aos que nele confiam. Tendo estabelecido a função da fé, o autor passa a apresentar exemplos do passado de pessoas que esperavam com confiança, com ousadia e paciência, a realização das promessas. Nestes versículos, temos as seguintes características da fé, em forma de exortação, para a comunidade atribulada:
V.8: Obedecendo à promessa, Abraáo sai de sua pátria, sem saber para onde. Fé é obediência. Fé e obediência são inseparáveis. Pela fé Abraáo, ao ser chamado por Deus, tomou a decisão. As lendas ou histórias (é preciso ter cuidado) que relatam sobre a vida de Abraáo em Ur mostram alguém insatisfeito com a idolatria do seu povo e até de seu pai. E por isso, quando recebeu o chamado divino, logo estava pronto para sair ao encontro de Deus, para o encontro com o desconhecido.
V.10: Abraáo deixou tudo para trás e empreendeu a marcha. Tinha que sair para o desconhecido e partiu. A fé, em sua essência, envolve riscos e caminha para o desconhecido. Abraáo vai morar na terra da promessa como se fora um posseiro, de forma provisõria, pronto para uma nova migração, aguardando a
cidade vindoura, permanente. A fé faz do crente um peregrino na terra, na sua caminhada para a cidade de Deus.
O v. 1 O exemplifica essa situação: ao contrário da situação terrena, na qual o cristáo náo tem lugar permanente, onde não há alicerces para a habitaçáo, a cidade de Deus, o alvo final da peregrinaçáo, é um lugar permanente, com alicerces firmes e fixos. Essa cidade, planejada e criada por Deus, é a morada futura e eterna da pessoa que creu. Essa cidade é o cumprimento das suas promessas. A comunidade é convidada a ver nos pais o caminho para a sua caminhada. Também ela é estrangeira e peregrina aqui na terra, e está de passagem para a cidade eterna de Deus. Crer significa, portanto, ser peregrino e estrangeiro na terra; ver a cidade de Deus na esperança da posse eterna.
Acreditar no inacreditável - Hb 11.11,12
O relato da promessa de um filho para Abraáo e Sara encontramos em Gn 15.1-6; 17.15-22; 18.9-15;21.1-8. O surpreendente é que tanto Abraáo quanto Sara já tinham ultrapassado o tempo de gerar e conceber. E mesmo assim, segundo o texto bíblico, Ihes foi feita a promessa. Ao ler-se a narrativa da promessa, percebe-se que a reaçáo deles segue um tríplice curso:
1- - Comecou com absoluta incredulidade. Ao ouvir a promessa, Abraão caiu com o rosto em terra e riu (Gn 17.17). Sara também riu-se no interior (Gn 18.1 2). Quando se ouve promessas semelhantes da parte de Deus, a primeira reaçáo humana também é de incredulidade, é muito bom para ser verdade.
25 Passou pura umna crescente compreensão. Depois da sua incredulidade, veio a compreensáo, já que quem havia falado era Deus. E quando Deus fala isto é certamente verdade. Deus náo pode mentir. E foi Deus o autor da promessa. Isto é suficiente para que o surpreendente e o inacreditável cedam à compreensão de que tudo é verdadeiro.
3% Culrnino~co~r n a certeza. Agora existe a convicçáo de que o impossível é possível. Que Abraáo e Sara tivessem um filho, parecia impossível. E humanamente era. Mas não para o amor e o poder de Deus. No Antigo Testamento dificilmente as mulheres recebiam o destaque que foi dado a Sara. O seu exemplo se deve, seguramente, à mudança operada nela pela fé. A dúvida inicial foi seguida pela confiança de que Deus podia realizar o milagre da concepção.

As geraçóes devem alegrar-se por Sara ser listada como exemplo de fé, pois todas as pessoas têm seus momentos de dúvida também. O exemplo de Sara mostra a paciência de Deus diante das hesitaçóes humanas e como ele transforma a descrença em verdadeira fé. A convicçáo de que Deus é fiel é um dos aspectos principais da doutrina bíblica, tanto no Antigo quanto no Novo 'lèstainento. É a pedra fundamental da fé do povo de Deus.
A fé na pátria celestial - Hb 11.13-16
Neste ponto o escritor interrompe a sua narrativa dos exemplos de fé para fazer um breve sumário das suas conclusóes. As perguntas: onde está o resultado da fé'? De que adianta a fé, se não se vê o resultado e as pessoas morrem sem ter visto a recompensa? Estamos i porta da morte e Cristo ainda não voltou? Ele quer recordar a sua comunidade que, de fato, nenhuma pessoa mencionada viu o cumprimento das promessas de Deus: "'lòdos morreram na fé, sem que tenham recebido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos na terra" (v. 13). Neste versículo, como nos que se seguem, quer demonstrar que, embora as circunstâncias da vida e as próprias pessoas possam mudar, Deus náo muda. As suas promessas não variam e todas são cumpridas.

As palavras: "Todos estes morreram na fé" subentendem que a fé foi companheira deles até o fim dos seus dias e que viveram e morreram em conformidade com esta fé. Ainda que não tivessem recebido a promessa, "vendo-as, porém, de longe" era como se tivessem visto o objetivo no horizonte, embora nunca chegassem a ele nesta vida. Este é um exen~plon otável da declaraçáo no (v. 1) que "a fé é a convicçáo de fatos que náo se vêem", só que a convicção ficou tão forte que o "não visto" já foi visto.
Estas pessoas, apesar de tudo, jamais perderam a sua visão e suas esperanças, por mais que essa esperança tardasse em se concretizar. Apesar de tudo, jamais desejaram voltar atrás. Isto é tanto mais notável quando se reconhece que a terra que deixaram para trás chegara a um estágio de civilização muito mais adiantado do que a terra que habitavam. Mas eles pensavam na pátria superior, a celestial.
O Antigo Testamento não oculta as fraquezas dos heróis da fé, mas aqui o escritor de Hebreus está olhando a história em retrospecto. E ele não pode
deixar de mostrar a fé destas pessoas. A sua fé em Deus, em suas promessas, é tão extraordinária que "Deus não se envergonha deles", de ser chamado
o seu Deus. Eles, pela fé, viverão com Deus. Essa é a promessa. Essa é a sua fé.
Sugestões de temas/partes
1. A natureza da fé / A excelência da fé
- A fé é segurança (certeza) de que as promessas de Deus são verdadeiras.
- A fé está fundamentada nas promessas de Deus e garantida pela redençao de Jesus.
- A fé é esperança na vida de agora e da eternidade.
2. A fé é um caminhar com Deus
- Respondendo ao chamado de Deus.
- Caminhando com Deus, a exemplo dos heróis da fé.
3. A fé na pátria celestial
- A certeza da herança celestial.
- Pela fé, Jesus é o caminho para a vida eterna.
Bruno R. Muller
Supacuia do SUL, RS

Igreja Luterana, Ano 98, vol 01

GENESIS 15.1-5

DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
27 de agosto de 1995 Gênesis 15.1-5

Leituras do dia
SI 50 - A essência do culto a Deus não consiste no sacrifício de animais oferecidos pela simples obediência à lei (vv. 8-13), mas em "sacrifícios de ações de graça", com fé naquele que pode nos salvar (vv. 14,15,23).
Gn 15.1-6- Deus renova a Abrão a promessa de um filho e de uma grande nação; e Abrão "creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça".
Hb 11.1-3, 8-16 - Abraão é citado como um dos grandes heróis da fé. Sete vezes aparece neste texto a palavra fé, ressaltando que a vida de Abraão foi uma vida de fé e esperança.
Gradual: Além do corpo básico do gradual usado do 11° ao 19° Domingo após Pentecostes (Rm 11.33), temos o verso: "Ora, a fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção dos fatos que se não vêem".
Lc 12.32-40 - A promessa do reino de Deus e o estímulo à vigilância, pois não sabemos quando o Senhor voltará. - Nossa espera e vigilância é um ato de fé, à semelhança de Abraão, que aguardava a concretização da grande nação (Gn 15) e da pátria celeste (Hb 11) com fé!
Contexto
Esta é a quarta vez que Deus aparece a Abrão (Obs.: o nome ainda não havia sido mudado para Abraão, Gn 17.5) e lhe renova as promessas: Cf. Gn 12.1-3,7; 13.14-17). Apesar de todas as evidências serem contrárias às promessas, pois o tempo passava, Abrão e Sara ficavam mais velhos e o filho prometido não vinha - apesar de tudo, Abrão creu! Mesmo já tendo tomado providências legais referentes à sua herança (Gn 15.2,3), diante da renovação da promessa Abrão creu! Creu diante do impossível, pois sabia que "para Deus não há impossíveis em todas as suas promessas" (Lc 1.37; Gn 18.14).
Texto
V. 1 - "Depois destes acontecimentos..." - Deus havia chamado Abrão (Gn 12.1-3); Abrão havia peregrinado pela terra de Canaã e fora ao Egito (Gn 12.4-20); havia acontecido a separação Abrão e Ló (Gn 13.1-13) e a guerra em que Abrão foi vitorioso (Gn 14.1-17), tendo se encontrado com Melquisedeque (14.18-24). "Depois destes acontecimentos" e experiências passadas por Abrão, Deus lhe aparece novamente.
- "Não temas" - Esta é a forma em que inúmeras vezes Deus inicia seu diálogo com o ser humano. É necessário acalmar o homem e assegurar-lhe suas boas intenções; pois a consciência do homem está sempre em sobres- salto diante da santidade do divino. Apenas Deus pode garantir paz e nos dizer: "Não temas!" Sem esta iniciativa de Deus, o homem morreria de medo.
- "Eu sou o teu escudo e o teu galardão é sobremodo grande" - Deus se coloca como sendo a garantia de toda a segurança e proteção, e aquele que é o doador de todas as coisas boas. Não se apresenta como juiz aos seus escolhidos, mas como aquele que salva os seus.
Vv. 2 e 3 - Esta queixa/acusação de Abrão denota um certo desânimo; e, - (poderíamos dizer?) - uma falta de fé... O tempo passava, a promessa do descendente não acontecia, e Abrão já tomara as providências legais, nomeando um herdeiro dentre os seus servos de confiança. - Onde estava o grande herói da fé? Também estes são testados na sua fé até o limite do impossível!
- Sempre me impressionam os diálogos entre Abrão e Deus. São orações em que ele expõe claramente suas dúvidas (Gn 15.2,3), sua incredulidade (Gn 17.17), sua confiança irrestrita na misericórdia de Deus (Gn 18.23-33), sua obediência (Gn 22.1,11). Há uma intimidade, uma liberdade de expressão neste diálogos/orações (Cf.: Introdução ao Pai Nosso, Catecismo Menor de Lutero), e há um crescendo neste relacionamento de fé.
V. 4 - Deus derruba os planos de Abrão. Abrão quis se antecipar a Deus na solução do problema, e nomeia um herdeiro; mais tarde quis se antecipar novamente gerando a Ismael (Gn 16). Mas Deus quer agir conforme a Sua santa vontade! E proclama novamente a sua promessa inicial: "De ti farei grande nação" (Gn 12.2): "Aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro"
V. 5 - O céu estrelado: uma imagem que nos impressiona até hoje! Quantos já tentaram contar as estrelas? Cantamos na nossa infância: "Sabes quantas estrelinhas lá no firmamento estão?" (Lira Juvenil, p. 135). Esta imagem é apresentada a Abrão. O Deus que fez aquelas incontáveis estrelas está prometendo a Abrão que fará dele uma grande nação! Confiamos ou não confiamos no "Deus Pai todo-poderoso, Criador dos céus e da terra?" A observação das maravilhas da natureza quer reforçar a nossa fé no Deus todo-poderoso: "Os céus proclamam a glória de Deus" (Sl 19.1).
- Abrão saindo da sua tenda e olhando o céu estrelado: talvez seja uma das ilustrações mais comuns que retratam o patriarca.
- "Será assim a tua posteridade"- esta promessa é lembrada pelo apóstolo Paulo em Rm 4.18 e pela epístola deste domingo, Hb 11.12. É a renovação da promessa messiânica: Gn 12.3b: "Todas as famílias da terra"; Gl 3.7: "Os da fé é que são filhos de Abraão".
V. 6 - "Ele creu no Senhor, e isto lhe foi imputado para justiça." Este é o caminho da salvação exposto em toda a Escritura! Para a Igreja Luterana, baseada no "SOLA FIDE", este (e seus paralelos) é um dos textos áureos da Bíblia. Cf.: Rm 4.3; Gl 3.6-14. Recomendamos ler todo o capítulo 4 de Romanos. Assim como Abraão creu nas promessas de Deus e foi justificado por Deus, foi aceito por Deus, assim nós cremos em todas as promessas de Deus em Cristo Jesus na nova aliança e somos justificados pela fé, somos aceitos por Deus!
- "Imputado" - sinto que esta palavra não é bem compreendida por muitas pessoas. Imputar = atribuir, pôr na conta de. No alemão diz: "rechnen/; no inglês: "count".
Proposta homilética
Tema: Crer ou não crer - eis a questão!
Objetivo: Colocar o ouvinte diante dos impasses da fé, assegurando-lhe que sempre é vantagem crer, mesmo diante do impossível, tanto para coisas desta vida como para a vida eterna.
Problemas no caminho da fé: a demora de Deus e a nossa impaciência; nossas decisões e vontades próprias; nossa desconfiança; ver para crer (Tomé). - Contra estas coisas vamos pregar a lei.
A solução de Deus: Ele se apresenta como sendo o Todo-Poderoso. Ele promete e garante e jamais mentiu. Ele justifica, por Cristo, todo o que crê. Este é o Evangelho!
Introdução: Quantas vezes já insistimos com Deus em oração a respeito de algum assunto? (citar exemplos). Abrão aguardou, com altos e baixos, em sua fé, durante 25 anos e concretização da promessa de um filho; não chegou a ver a "grande nação", nem tomou posse da terra prometida; mesmo assim ele "creu no Senhor, e isto lhe foi imputado para justiça".
I - Não crer
- Abrão tinha muitos motivos para não crer: a demora de Deus; sua idade; a idade de Sara (Gn 18.11).
- Ele tomou providência próprias: nomeou Eliezer seu herdeiro (v. 2); gerou Ismael (Gn 16).
- Conseqüências de uma possível incredulidade: toda a história de Israel e da salvação não teria sido a que temos na Bíblia.
- Crer:
- Mas: Abrão creu! - Ele teve o filho prometido!
- Tornou-se uma grande nação!
- Seu povo ganhou a terra prometida.
- E "isto lhe foi imputado para justiça" - Abrão foi salvo! Aplicação
- Abraão é chamado "o pai de todos os crentes". Sua trajetória de fé e vida tem muito da nossa caminhada também.
II - Não cremos:
- As promessas de Deus parecem demoradas (Cf. Ev. de hoje e 2 Pe 3.4)
- Nem todas as nossas orações são atendidas de imediato.
- Interferimos nos planos de Deus com nossas decisões contrárias à sua vontade.
- Temos muitos à nossa volta que nos estimulam a não crer.
- Conseqüências da incredulidade: falta de segurança. Falta de paz.
A condenação eterna!
- Cremos: recebemos perdão em Cristo. Temos paz em Cristo.
Temos vida eterna em Cristo!
Conclusão: Sempre é vantagem crer, em contraste com a incredulidade que angustia e não leva a nada. A fé nas promessas de Deus em Cristo nos salva! - (Ou também: Sola Fide - característica marcante da Reforma Luterana.).
Carlos W. Winterle Porto Alegre, RS.

IGREJA LUTERANA - NUMERO 1 - 1995