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13 fevereiro 2012

IRINEU DE LYON: LIVRO V: ESCATOLOGIA CRISTÃ

INSTITUTO CONCÓRDIA DE SÃO PAULO

Escola Superior de Teologia

IRINEU DE LYON:

LIVRO V: ESCATOLOGIA CRISTÃ

Trabalho de Pesquisa apresentado ao Professor Doutro Erní W. Seibert em cumprimento à exigência da Disciplina “Teologia Patrística”

CLAUDIO R. SCHREIBER

GLEISSON R. SCHMIDT

Alunos do 3º Ano de Teologia

São Paulo, abril de 1999

SUMÁRIO

SUMÁRIO.................................................................................................................................................2

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................................3

CAPÍTULO 1.............................................................................................................................................4

1.1. Sua Vida..............................................................................................................................................4

1.2. Ensino e Obras de Irineu.....................................................................................................................4

CAPÍTULO 2. “Escatologia Cristã”: Uma Síntese Comentada.................................................................7

2.1. Introdução...........................................................................................................................................7

2.2. Primeira Parte: Da Ressurreição da Carne..........................................................................................8

2.2.1. A Cristologia de Irineu.....................................................................................................................8

2.2.2. A Redenção......................................................................................................................................8

2.2.3. “O homem é corpo, alma e espírito”: a Tricotomia de Irineu..........................................................9

2.2.4. A Ressurreição de Cristo e a Obra do Espírito................................................................................9

2.3. Segunda Parte: Triunfo de Cristo......................................................................................................10

2.4. Terceira Parte: O Reino Eterno.........................................................................................................11

CAPÍTULO 3: O Ensino da “Escatologia Cristã” e sua Aplicabilidade Hoje.........................................13

CONCLUSÃO ........................................................................................................................................15

BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................................16

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INTRODUÇÃO

Vimos, por meio deste trabalho de pesquisa, realizar, ao mesmo tempo, uma exposição biográfica a respeito de Irineu de Lyon, literato cristão do segundo século A.D., acompanhada da análise de seu V Livro, entitulado Escatologia Cristã. Por fim, queremos ainda proceder uma aplicação do conteúdo desta obra em nosso próprio contexto eclesiástico atual.

CAPÍTULO 1

O Autor

1.1. Sua Vida

Irineu (120/140 a 202 A.D.), considerado santo pela Igreja Romana, foi o segundo bispo de Lyon, sucedendo o mártir bispo Photinus no ano de 177 ou 178 A.D., quando ele próprio tinha aproximadamente 37 anos. Era nativo da Ásia Menor, provavelmente de Esmirna, onde em sua juventude foi pupilo de Policarpo. Sua passagem a Gália, onde caracterizou-se como um estimado presbítero da igreja de Lyon imediatamente antes da morte de seu predecessor episcopal é um dos mistérios da história[1].

Condescendente a seu título de Pacificador, como afirma Eusébio, foi Irineu que buscou estabelecer a paz entre Vitor de Roma e Polícrates de Éfeso, quando Vitor tratava da excomunhão deste. Posterior ao evento que passou à história como a “Controvérsia Oriental”, apaziguada pela Concordat entre Leste e Oeste, preparada por Policarpo e Anicetus. Vitor, bispo de Roma, com seu espírito turbulento não queria aceitar o compromisso assumido por seu antecessor. Irineu reconduze-o a um espírito católico, acalmando seu temperamento impetuoso. Que se não fosse a intervenção de Irineu, tal discórdia teria destruído a unidade da igreja, foi reconhecido até mesmo no Concílio de Nicéia, em 325.

Depois deste incidente, ocorrido nos idos de 190, Irineu desaparece da história e presume-se ter morrido em torno do ano de 202. Até Gregório de Tours ter escrito sua História dos Francos não encontramos Irineu citado como mártir[2]; tal testemunho, assim, é necessariamente suspeito, especialmente ao considerarmos o fato de que Eusébio, que teve um bom conhecimento de Irineu, não afirma nada a respeito de seu suposto martírio.

1.2. Ensino e Obras de Irineu

As diversas obras que Irineu escreveu foi na sua própria língua, o grego, e dessas obras, apenas duas foram conservadas inteiras: Denuncia e refutação da falsa gnose (180-185), cujo texto completo ainda é de uma tradução muito antiga, que não tem data muito precisa. A composição deste livro ocorreu por causa de um pedido que um amigo lhe havia feito, amigo este que desejava conhecer melhor o sistema gnóstico de Valentino. No primeiro livro ele relata este sistema colocando em oposição a doutrina da Igreja. Depois coloca uma visão global do gnosticismo, começando por Simão o mágico. Após desmascarar todo o sistema gnóstico ele dedica os livros 2 a 5 à refutação. Na sua Demonstração da pregação apostólica fala, primeiramente, sobre a fé cristã (Deus, Trindade, criação e pecado original, redenção); na segunda parte segue-se uma argumentação comprobatória com base no Antigo Testamento: Jesus como filho de Davi, Cristo, Filho de Deus; a glória da cruz e o reino de Deus. Dos outros escritos conservaram-se vários fragmentos importantes, como as suas cartas.

Irineu resumiu a cristologia de sus antecessores. A redenção há de ser real, e não consiste em comunicar apenas uma gnose. Cristo se fez homem para divinizar a humanidade. Cristo por sua vitória sobre a tentação do demônio, tornou-se o antitipo de Adão. Os primeiros homens, criados a imagem e semelhança de Deus, perderam esta imagem com a queda em pecado, mas Cristo restaurou novamente esta semelhança. Irineu, assim como Justino e Tertuliano era milenarista[3]; isto podemos observar em todos seus escritos, principalmente quando fala com respeito ao Anticristo, que virá e depois de ter destruído todas as coisas deste mundo; e depois deste ter reinado por três anos e seis meses, assentado no templo de Jerusalém, o Senhor virá do alto do céu, sobre as nuvens, na glória do Pai e o lançará no lago de fogo com todos os seus seguidores; e para os justos os trará os tempos do reino.[4]

Seu episcopado foi notável por seus esforços “in season and out of season”[5] em prol da evangelização do sul da Gália. Parece-nos ter enviado missionários a outras regiões que hoje integram a França. A despeito do paganismo e das heresias, ele tornou Lyon uma cidade cristã. Mas Irineu, como vimos, ficou conhecido sobretudo devido à sua oposição à especulação gnóstica, confirmando a doutrina apostólica como herdada pela igreja. Esta doutrina era para ele a verdadeira gnwsij. MORRISON[6] cita-o, como segue:

It is therefore better and more profitable to belong to the simple and unlettered clas and by means of love to attain to nearness to God than, by imagining ourselves learned and skilful, to be found (among those who are) blasphemous (...) It is therefore better, as I have said, that one should have no knowledge whatever of any one reason why a single thing is creation has been made, but should believe in God and continue in His love than that, puffed up through knowledge of this kind, he should fall from that love which is the live of man and that he should search after no knowledge except Jesus Christ (...).

CAPÍTULO 2

“Escatologia Cristã”: Uma Síntese Comentada

A exemplo de outras obras, Irineu estruturou o seu V Livro em 3 partes, além da introdução e conclusão - esta última no capítulo 36,3: a) a ressurreição da carne: discussão e refutação da exegese gnóstica (capítulos 1 a 14); b) a existência de um só Deus Criador e Pai, comprovada por três fatos da vida de Jesus (capítulos 15 a 24); c) Deus Criador e Pai é um só: comprovação pelos ensinamentos da Escrituras sobre o fim dos tempos (capítulos 26 a 32,2)[7].

2.1. A Introdução

Nos parágrafos iniciais da Escatologia Irineu dirige o escrito ao seu “caro amigo”, destinatário dos escritos anteriores, nos quais apresenta todos os hereges e expõe suas doutrinas, refutando-as, quer sejam baseadas em seus ensinamentos próprios, quer seja sobre provas diversas. Caracteriza a Igreja como portadora da mensagem “prenunciada pelos profetas, levada à perfeição por cristo, transmitida pelos apóstolos”[8], a qual “guarda intacta em todo o mundo e apresenta a seus filhos”[9]. Expõe ainda o conteúdo e objetivo do presente escrito: trata-se da “exposição e refutação da pseudognose”[10], a qual procura trazer “argumentos tirados da restante doutrina do Senhor e das epístolas do Apóstolo”[11], com a finalidade de combater os hereges, reconduzindo-os novamente à Igreja de Deus, ao mesmo tempo em que se confirmam os neófitos na fé desta Igreja.

Desde o início o autor dá ênfase à gnw/sij, ao conhecimento - ênfase esta que, como veremos, confirmar-se-á nos capítulos subsequentes. Afirma ele: “Necessário será que tu e todos os que lerão este escrito o façam com grande aplicação, lendo o que foi escrito precedentemente, a fim de conhecer as teses às quais nos contrapomos”[12].

2.2. Primeira Parte: Da Ressurreição da Carne

Ireneu afirma com muita clareza aquela doutrina que hoje conhecemos como concernente às duas naturezas de Cristo: diz ele que “não teríamos absolutamente podido aprender[13] os mistérios de Deus se o nosso Mestre, permanecendo Verbo, não se tivesse feito homem[14]. Apresenta a lembrança de Cristo como algo ainda bastante presente, e a comunhão com ele está em imitar suas ações e praticar suas palavras.

Deus mesmo predestinou os crentes à salvação[15]. Os homens, obra modelada por Deus, foram dominados - “alienados” - pela “Apostasia” - termo que pode ser entendido como referindo-se ao próprio demônio; desta forma, Cristo veio resgatar os homens desta dominação. Esta idéia de “santidade primordial”[16] do homem é essencial no pensamento de Irineu e influenciará toda a sua argumentação posterior.

Neste ínterim o autor fornece subsídios necessário para o estabelecimento de sua própria cristologia, como segue.

2.2.1. A Cristologia de Irineu

Cristo é o Verbo preexistente de Deus que se fez homem: é “Verbo onipotente e homem verdadeiro”[17] - detentor das duas naturezas, portanto. Perfeito desde antes da criação e conhecedor dos segredos do Pai, revelou-os aos homens, trazendo-lhes dons celestiais: o crescimento e a semelhança com ele em incorruptibilidade, e isto graças ao seu sacrifício vicário.

2.2.2. A Redenção

A redenção é obra sempre externa ao homem, o que deve levar-lhe à humildade diante de Deus. Por outro lado, fazendo uso de diversas citações dos escritos paulinos - principalmente da 2ª Epístola aos Coríntios - afirma que o poder de Deus manifesta-se na carne. Esta, assim, não é estranha à sabedoria divina, ainda que a vida eterna seja indubitavelmente superior à carnal.

Em todo o escrito Irineu usa claramente a linguagem filosófica corrente na época. Neste ponto, onde argumenta sobre o poder de Deus na fraqueza, isto torna-se ainda mais evidente pelo uso da imagem do Demiurgo grego para comprovar a bondade e poder do Pai[18].

2.2.3. “O homem é alma, corpo e espírito”: a Tricotomia de Irineu

Com base no Antigo Testamento - o qual chama de “Escrituras” -, no testemunho dos “presbíteros, discípulos dos apóstolos”[19] e em 1 Ts 5.23, Irineu afirma sua tricotomia. O homem natural, “psíquico e carnal”, é dotado de carne e alma - esta, inclinada para as concupiscências terrenas; aquela, do mesmo plasma no qual o Verbo encarnou-se. Já o homem espiritual - citando Paulo -, o é graças à efusão do Espírito. Assim o corpo carnal torna-se templo de Deus.

2.2.4. A Ressurreição de Cristo e a Obra do Espírito

A ressurreição de Cristo é a garantia da ressurreição dos espirituais, momento no qual o corpo terreno recebe o dom da incorruptibilidade. E o Espírito Santo é parte daquela glória prometida por Deus que serve para nos “predispor e preparar para a incorruptibilidade, acostumando-nos paulatinamente a compreender e a trazer Deus”[20]. Desta forma os homens que recebem o enxerto do Espírito de Deus não servem mais às concupiscências da carne, vivendo em tudo conforme a razão[21].

A esta altura é relevante observar que Irineu caracteriza com bastante clareza as opera ad extra das três pessoas da Santíssima Trindade, conferindo ao Pai a obra da criação, ao Verbo a redenção e a participação naquela, e ao Espírito “de Deus” ou “do Filho” a obra da santificação do homem. Quanto ao status de cada pessoa, contudo, o Espírito Santo parece por vezes ser subordinado à vontade do Pai e do Verbo - particularmente deste último, decorrente da ênfase dada à obra de Cristo.

A carne é capaz tanto de corrupção como de incorrupção, mas uma destas afasta a outra. Assim, tanto quanto a morte, o Espírito Santo também pode apoderar-se do homem carnal e impingir-lhe vida. E é a mesma carne terrena que ressuscita para a eternidade, mas para a vida apenas a carne daqueles que não vivem como se tivessem só carne e alma, mas também o Espírito de Deus. Refutando os “hereges” que ensinavam diferentemente - a saber, que “a carne e o sangue não herdarão a vida”[22] - recorre à obra de Cristo: “Se, com efeito, a carne não devia ser salva, o Verbo de deus não se teria feito carne e, se não se devia pedir conta do sangue dos justos, o Senhor não teria tido sangue”[23]

2.3. Segunda Parte: Triunfo de Cristo

Os vínculos que nos sujeitavam a morte, que era o pecado cometido por Adão e Eva, foram quebrados quando Cristo veio, concebido na virgem Maria, e levou os nossos pecados com ele no lenho da cruz. Eva foi afastada de Deus pela fala de um anjo, por transgredir a sua Palavra, Maria, no entanto, recebeu a boa nova pela boca de um anjo e trouxe Deus em seu seio, obedecendo assim a Palavra.

Os hereges são estúpidos, na verdade não sabem nada de Deus. Colocam outros deuses em lugar do Deus criador, outros negam a Jesus, dizem que não é Deus e que foi gerado por José, e assim por diante.

Os que abandonam as doutrinas da Igreja, pensam que estão nos caminhos certos, sendo que estão na verdade num caminho totalmente errado. Pensam que são mais que o próprio Deus verdadeiro. É Deus que faz o homem ver, ouvir e falar. A igreja é o paraíso plantado neste mundo, portanto pode comer de todas as árvores deste paraíso, alimentando-se de todas as Escrituras divinas, mas sem intelecto orgulhoso.

Cristo nos livrou da morte eterna. Venceu o inimigo, e isso foi anunciado quando Deus disse à serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela; esta te esmagará a cabeça e tu lhe ferirá o calcanhar”. E este seria aquele, semelhante a Adão, que devia nascer de uma virgem. O inimigo não teria sido vencido com justiça se o homem que o venceu não tivesse nascido de mulher, pois foi por meio de uma mulher que este inimigo dominou o homem. Assim, como pela derrota de um homem nossa raça desceu à morte, pela vitória de outro chegamos à vida.[24]

Cristo então provou ser verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Jejuou quarenta dias, e teve fome, como qualquer homem normal também teria, provando ser verdadeiro homem. E conseguiu vencer a três tentações do Diabo, provando assim ser o verdadeiro Deus. Afastou de si Satanás definitivamente, pois ele foi derrotado pela lei.

Deus é um só, só a ele devemos servir, isso ele provou quando, por intermédio de um homem venceu o inimigo pela lei. O verbo de Deus é o mais forte de todos, pois venceu o adversário. Por isso devemos servir a Deus, não tentando-o, mas tendo o sentimento de humildade perante todas as coisas.

No Paraíso podia-se comer todas as frutas do Jardim, menos a da árvore do fruto do conhecimento do bem e do mal, foi isso que Deus disse a Adão e Eva no começo. O diabo, quando descobriu isso induziu Eva a que comesse dessa fruta, dizendo que era mentira o que Deus havia dito, disse que na verdade os olhos dos dois seriam abertos e eles seriam como deuses também. Comeram e desobedeceram as ordens de Deus, e essa desobediência que atraiu a morte sobre todos. Sendo assim, o homem depois que se separou de Deus considerou como inimigos até os parentes e assim começou toda a desordem, homicídios e outros males. Então, o justo juízo de Deus se aplica a todos os homens sem exceção, e da mesma forma.

Na verdade o verdadeiro Deus envolve os seus seguidores, e mesmo assim, enquanto alguns se unem a Deus e buscam a sua luz, outros se afastam dessa luz e se separam de Deus., e os que estão com Deus (a sua direita) serão chamados para o reino do Pai, e os que estão a sua esquerda serão mandados para o fogo eterno, pois eles mesmos escolheram este caminho.

Muitos surgirão para tentar seduzir os homens e assim tentarão fazer com que muitos se afastem de Deus (Anticristos), sendo que muitos seguirão a estes e se afastarão de Deus, sendo condenados depois, mas os que permanecerem firmes em Deus terão a recompensa com Deus o Pai. O numero desse Anticristo será 666, recapitulando em si toda a mistura do mal que se desencadeou antes do diluvio em conseqüência da apostasia dos anjos, ou seja, na besta que há de vir, haverá recapitulação de toda a iniquidade e de todo o engano, para que todo o poder da apostasia que fora recolhida nela, seja lançada na fornalha ardente. Sendo assim, João nos deu a conhecer o número dela, para que estejamos atentos a sua vinda, sabendo quem é.

2.4. Terceira Parte: O Reino Eterno

Os hereges dizem que este mundo já é o inferno, e assim, quando eles morrerem irão para um lugar que está acima dos céus, e até do próprio criador, deixando o seu corpo aqui na terra, para irem junto com a mãe ou pai que eles mesmos inventaram. Se estas coisas fossem verdades, porque o Senhor haveria de ter ressuscitado no terceiro dia? Poderia logo ter morrido e subido para junto do Pai, abandonando o seu corpo aqui na terra. Mas, ressuscitando e subindo ao céu com corpo e tudo, mostrou que isto também aconteceria com os seus discípulos. Assim, nós também devemos esperar o momento da nossa ressurreição, e sendo ressuscitados, serão levados para junto com o Pai, os que ele julgar justos. Os que são pela fé são abençoados juntamente com Abraão, que teve fé quando Deus prometeu a herança da terra a Abraão e a sua posteridade.

Até Isaías profetizou sobre estes tempos, quando disse que tudo será em harmonia, o lobo pastará com o cordeiro e o leopardo com o cabrito. Deus é rico em todas as coisas e é preciso que quando o mundo for restabelecido em seu estado primeiro, todos os animais selvagens obedeçam ao homem, sejam-lhe submissos, e voltem ao primeiro alimento que Deus lhes deu,, assim como estavam submetidos a Adão antes da sua desobediência e comiam dos frutos da terra.[25] Todas as promessas feitas pelo Pai, não se dirigem somente aos profetas e aos pais, mas a todas as Igrejas de todas as nações.

Concluindo tudo isto, é indicado um só Pai, o que modelou o homem, aquele que prometeu a herança da terra, que a concederá na ressurreição dos justos e cumprirá as promessas no reino de seu Filho. Também, único é o Filho, que cumpriu a vontade do Pai.[26]

CAPÍTULO 3

O Ensino da “Escatologia Cristã” e sua Aplicabilidade Hoje

Ao estudarmos a “Escatologia”, obra apologética de Irineu, pudemos observar com clareza suas tendências milenistas. Este pressuposto inicial já deve servir de advertência quando queremos tratar de sua aplicabilidade ou contextualização para os dias atuais. Sua obra é válida, como veremos a seguir, em vários pontos doutrinários. Contudo, o fato acima citado deve levar-nos a depurar seus ensinos de tal forma a aproveitarmos apenas aquilo que de fato expressa uma pura doutrina cristã ortodoxa, imaculada de opiniões que reflitam uma exegese inadequada do texto bíblico.

A despeito disto, vale-nos o seu ensino a respeito da humanidade de Cristo. Sabemos ser um ensino muito próprio para a sua época, tendo em vista o combate às heresias gnósticas e docéticas - ou pseudo-docéticas - que na época afloravam no seio da Igreja. Atualmente tal ensino foi em certo ponto reforçado pela teologia liberal ao estudar o “Jesus histórico”, de tal forma que mesmo para os teólogos não-ortodoxos têm clareza quanto à humanidade do Salvador. Mas vale-nos a ênfase dada por Irineu ao fato de Cristo ter sido verdadeiramente homem sem deixar de ser o Verbo preexistente de Deus. As Confissões Luteranas mesmo o citam:

Por causa dessa união e comunhão pessoais da natureza divina e da humana em Cristo, cremos, ensinamos e confessamos também, de acordo com nossa singela fé cristã, o que se diz da majestade de Cristo segundo a sua humanidade à destra do poder onipotente de Deus, e o que daí se segue. Tudo isso nada poderia nem poderia subsistir, se essa união e comunhão pessoais das naturezas da pessoa de Cristo não existisse realiter, isto é, de fato e de verdade[27]

No entanto, não devemos abandonar o conceito das duas naturezas de Cristo em Irineu, haja visto que há tendências “demitologizantes” da divindade de Cristo ainda correntes em nossa moderna teologia[28].

Vale-nos ainda o ensino de Irineu para, dentro de nossa ortodoxia, refutar os ensinos errados - e muito atuais - concernentes à Santa Ceia. Novamente, os confessores luteranos citaram-no com o intuito de refutar doutrinas erradas quanto à verdade escriturística. Lemos na Fórmula de Concórdia

Confessam[29], segundo as palavras de Irineu, que neste sacramento há duas coisas, uma celeste, a outra terrena. De acordo com isso, mantém e ensinam que com o pão e o vinho o corpo e sangue de Cristo estão verdadeira e essencialmente presentes, são oferecidos e recebidos. E ainda que não crêem numa transubstanciação, isto é, numa transformação essencial do pão e vinho no corpo e sangue de Cristo, e também não mantém que o corpo e sangue de Cristo são inclusos no pão localiter, isto é, localmente, ou que em alguma outra maneira são permanentemente unidos com ele à parte do uso do sacramento, concedem, todavia, que pela união sacramental o pão é o corpo de Cristo, etc.[30]

A despeito de sua doutrina quiliasta, é ainda de grande valia o consolo que Irineu oferece aos cristãos em vista da certeza da glória eterna, como vimos no capítulo anterior. Na “Escatologia” ele expressa uma certeza irredutível da vitória final de Cristo e do gozo eterno de seus fiéis no reino prometido. Tal consolo é sempre válido, também para os cristãos. Ainda, a conexão que faz entre o Antigo e Novo Testamentos, este como cumprimento daquele, e a igreja como detentora e anunciadora do cumprimento das promessas de Deus, particularmente de sua promessa principal, a salvação promovida por Cristo.

Contudo, alguns pontos de sua exegese devem aguçar ainda mais nosso cuidado. Sua interpretação alegorizante expressa uma exegese incompleta, a qual devemos, como dissemos acima, depurar. Tais problemas são encontrados quando traça comparações entre Eva e Maria, Adão e Cristo, entre outras.

Assim, é com cuidado e rigor analítico que devemos estudar a obra de Irineu. O mesmo zelo com o qual o fizeram os confessores; apenas fazendo uso disto é que poderemos extrair os ensinos que nele estejam biblicamente corretos, citá-los e aplicá-los quando se fizerem necessários.

CONCLUSÃO

Tornou-se ponto claro e pacífico, após o estudo da “Escatologia Cristã” de Irineu, que tal obra, ao mesmo tempo em que expressa uma teologia ainda mais pura que aquela que sucedeu a todas as controvérsias no campo da interpretação após o “fechamento” do cânone bíblico neo-testamentário nos idos do terceiro século, contém também elementos que mereçam ser melhor analisados, com cautela. Expressa uma fé viva, primordial, característica de uma igreja missionária que buscava firmar-se diante de um mundo pagão, também em termos de doutrina e ensino, mesmo que para isso tenha que refutar com veemência os ataques dos inimigos da fé cristã. Por isso é uma apologia. E é por todos esses motivos que devemos hoje fazer dele o mesmo uso que fizeram os confessores, a saber, na medida em que seus ensinos expressam a verdade bíblica, a verdade cristã.

BIBLIOGRAFIA

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GONZÁLEZ, Justo L. A Era dos Mártires. Uma História Ilustrada do Cristianismo. Vol. I. (Tradução de Key Yuasa). São Paulo: Vida Nova. 1ª edição, 5ª reimpressão, 1995. Pp. 110-15.

HAGGLUND, Bengt. História da Teologia. (Tradução de Mario Rehfeldt e Gládis Knak Rehfeldt). Porto Alegre: Concórdia. 5ª edição, 1995. Pp. 35-42.

IRINEU de Lião. I, II, III, IV e V Livros. Série Patrística. São Paulo: Paulus. 1995. Pp. 9-27, 517-619.

JURGENS, Willian A. The Faith of the Early Fathers. Volume 1. Collegeville: The Liturgical Press. 1970. P. 84

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MORRISON, I. “Norm and Rule of Doctrine Before Reformation”, in Concordia Theological Monthly, vol. VII, novembro de 1936 (11): 830.

ROBERTS, Alexander, DONALDSON, James. The Apostolic Fathers. Translation of The Writings of the Fathers down to A.D. 325. Grand Rapids: Eerdmans Publishing Company. Volume I. 1985. Pp. 310-11.


[1] JURGENS, Willian A. The Faith of the Early Fathers. Volume 1. Collegeville: The Liturgical Press. 1970. P. 84.

[2] Crê-se, com base em Gregório, que Irineu teria padecido “like a true shepherd, with thousands of his flock, in teh massacre (A.D. 202) stimulated by teh wolfish Emperor Severus”. ROBERTS, Alexander, DONALDSON, James. The Apostolic Fathers. Translation of The Writings of the Fathers down to A.D. 325. Grand Rapids: Eerdmans Publishing Company. Volume I. 1985. P. 310.

[3] ALTANER, Berthold. STUIBER, Alfred. Patrologia. Vida, Obras e Doutrinas dos Padres da Igreja. Paulinas. São Paulo, 1972

[4] IRINEU de Lião, I, II, III, IV e V Livros. Série Patrística. São Paulo: Paulus. 1995., p. 600

[5] Id., ibid.

[6] MORRISON, I. “Norm and Rule of Doctrine Before Reformation”, in Concordia Theological Monthly, vol VII, novembro de 1936 (11): 830.

[7] IRINEU de Lião. op. cit., p. 516 (nota).

[8] Id., ibid.

[9] Id., ibid.

[10] Id., ibid.

[11] Id., ibid.

[12] Id., p. 518. O grifo é meu.

[13] Mais uma vez, a ênfase recai sobre o conhecimento e o aprendizado.

[14] Id., ibid.. O grifo é meu.

[15] Id., p. 519.

[16] Pressuposto segundo o qual os homens eram originalmente bons e que, uma vez corrompidos por Satanás, podem ser novamente trazidos , por Cristo, a esta santidade natalícia. Vemos, desta forma, que a doutrina do pecado original como exposta mais tarde por Agostinho ainda não estava clara no pensamento de Irineu.

[17] Id., p. 520. Ainda sem o referir nominalmente - chama-os de “estultos” -, Irineu refuta de forma clara os docéticos de seu tempo.

[18] Veja-se, para tanto, p. 527.

[19] Id., p. 528.

[20] Id., p. 535.

[21] Ao que parece, Irineu aqui demonstra influências recebidas da filosofia platônica, quando prega a moderação da vida como meio de se alcançar o Bem Supremo, a no,hsij, e/ou da tetrapharmakon de Epicuro, que em termos semelhantes pregava a moderação e justa medida na vida em contato com a natureza.

[22] Irineu demonstra quão errada estava sua exegese, ao tomar a citação paulina isolada, descontextualizada. Caracteriza-os como um lutador principiante, o qual, “lutando com outro, lhe agarra com todas as forças uma parte do corpo e é justamente derrubado por ela e ao cair pensa ter ganho a luta por se ter agarrado tenazmente ao primeiro membro que encontrou, além do tombo leva o ridículo (...)”. Id., p. 550.

[23] Id., p. 554.

[24] Id. p. 573

[25] Id., p. 608

[26]Id., p. 618

[27]LIVRO DE CONCÓRDIA. As Confissões da Igreja Evangélica Luterana. (Tradução de Arnaldo Schuller). São Leopoldo/Porto Alegre: Sinodal/ Concórdia. 4ª edição, 1993. P. 638.

[28] Como Bultmann.

[29] Os adeptos do reformador Bucer.

[30] LIVRO DE CONCÓRDIA, p. 612.

A ORAÇÃO

A O R A Ç Ã O

O que é a oração? É uma conversa que temos com nosso Deus. Feita de coração para coração. Feita com convicção e sinceridade. Ato de adoração. 1 Jo 5.14. Ao orar faça assim: Tg 1.6-7. Mt 6.7-8.

Oro Porque: 1) É mandamento e promessa Divina; 2) Porque temos necessidades próprias e também o próximo; 3) Em agradecimento pelas bênçãos recebidas. Sl 50.15; 136.1; Mt 7.7.

O que pedir? Bênçãos materiais e espirituais (principalmente). Mc 11.24; Mt 8.2; Lc 22.42; Fp 4.6. Seja conhecido diante de Deus todos os seus pedidos, sejam eles grandes ou pequenos, pessoais ou gerais, temporais ou espirituais.

Como devemos orar: Não usar repetições: Mt 6.7. O valor da oração está na sinceridade e seriedade, não no número ou tamanho, nem na linguagem ou gramática que usamos: Sl 145.18 Não pedir favores a Deus enquanto nosso coração está empenhado em praticar o mal, ou enquanto temos raiva e ódio do próximo. 1 Tm 2.1-7.

Por quem orar: Oramos por todos: Tg 5.16. Por nós: Sl 50.15; Lc 18.13. Pelos amigos, próximo: 1 Tm 2.1. Pelos inimigos: Mt 5.44. Jamais oramos pelos mortos e para os mortos. Após a morte, não há mais nada que possamos fazer, muito menos orar. Eles não ouvem a nossa oração. Deus não ordenou tais orações nem mesmo prometeu ouvi-las. Ec 9.5-6.

A quem, ou em nome de quem pedir? Ao Deus verdadeiro e único, revelado pelas Escrituras Sagradas, a Bíblia, em nome de Jesus Cristo. Jo 16.23; Dn 9.18. Não duvidando se Deus vai ou não atender. Tg 1.6-7; 1 Tm 2.8; Mc 11.24. Deus tem três respostas para as nossas orações: sim, não, espere.

Quando e onde orar: Em todo lugar (sempre) 1 Tm 2.8; 1 Ts 5.17. Não transformar a oração em exibição; Mt 6.5-6. Orar em conjunto com os demais cristãos: Sl 26.22; At 1.14; 2.42. É bom cultivar o hábito de orar.

Quando nossa oração não é aceita por Deus? Quando vivemos uma vida em pecado, sem arrependimento; feita pensando que não será atendida, ou duvidando; e ainda quando pedimos por coisas absurdas.

A oração ensina por Jesus é o PAI NOSSO.

A PALAVRA DE DEUS

Lição 1 Bíblia - Palavra de Deus 1. A Bíblia é a Palavra de Deus A Bíblia é um conjunto de 66 livros, dividida em duas partes. A. Antigo Testamento. O Antigo Testamento contém 39 livros e foram escritos em lingua hebraica. Foi escrito pelos profetas. Eles foram chamados assim porque profetizavam especialmente que Cristo estava por vir. Ele fala do acordo(testamento) entre Deus e o povo de Israel, o qual previa que o nosso Deus seria o Deus deles e eles o povo de Deus. Ele foi escrito num periodo de l500 anos. B. Novo Testamento . O Novo Testamento contém 27 livros. Foi escrito depois do nascimento de Cristo, num periodo de 100 anos. Ele relata a história da vida de Cristo, de como ele se tornou homem para salvar a humanidade pecadora. A mensagem central dele é relatar que por meio de Cristo Deus fez um novo acordo, nova aliança. Este acordo (testamento)aconteceu quando Cristo morreu e ressuscitou. Este acordo prevê que Deus perdoa e salva a todo aquele que crê em Jesus o Salvador. 2. A Biblia é Palavra Inspirada A Bíblia foi escrita por pessoas, mas inspirada por Deus. O Espirito Santo colocou na mente dos escritores as palavras e pensamentos que eles deveriam escrever. Portanto, aquilo que escreveram não são palavras deles próprios, mas de Deus. Foram mais de 40 escritores que Deus usou para deixar a sua Palavra escrita. Foram pessoas de origens e capacidades diferentes; pessoas simples e pessoas de grande capacidade cultural. 2 Tm. 3.l6,l7; 2Pe 1.21 3 Bíblia - Palavra Clara e Pura Apesar das diferenças culturais dos escritores da Bíblia e ainda por ter sido escrita num periodo de 1600 anos, é um livro que combina na sua totalidade. Ela não tem contradições e também não falha. Ela é a própria verdade (Sl 119.160). Ela fala em palavras claras sobre a salvação do pecador. Mesmo que algumas passagens sejam de difícil compreensão, mas sobre a salvação ela é clara. Ela não contém tudo oque o ser humano gostaria de saber a respeito de Deus, mas tem o que ele precisa para a salvação. 4. O Propósito da Bíblia A. Mostra que todas as pessoas são pecadoras e que necessitam do perdão de pecados, o qual se obtem pela fé no Salvador Jesus. B. Ensinar as pessoas a viverem uma vida santificada para Deus. Sl. 119.105. Lição 2 2 Os Dez Mandamentos Primeira Parte - Deus estabelece sua vontade A. A lei escrita. Na Bíblia Deus mandou escrever a lei, ou seja, a sua santa vontade. Os Dez Mandamentos são um resumo desta lei. Deus quer que ela seja cumprida completamente por todas as pessoas. Mas a lei também mostra que o ser humano é pecador e imperfeito e , por isso, jamais conseguirá cumprí-la perfeitamente. Ela nos faz conhecer os nossos próprios pecados e nos mostra que, sem Deus estamos completamente perdidos e condenados. A lei não perdoa, não salva e nem consegue colocar o ser humano em comunhão com Deus. B. A lei gravada. Quando Deus criou o ser humano, deixou nele gravado a sua vontade. Ou seja, cada ser humano tem um saber natural de certo ou errado. Isto chamamos de conciência. Mas o pecado corrompeu a conciência. Por isso ela não é mais um guia infalível de orientação. C. O evangelho. A Palavra de Deus não é apenas lei. Se fosse, nunca poderíamos ser salvos. Mas felizmente nela está o evangelho que é a boa notícia da salvação. Neste evangelho Deus nos fala do seu amor que ele tem para com o pecador arrependido. Por ele Deus revela tudo aquilo que Cristo fez para salvar o pecador do diabo e do inferno. O evangelho lembra que a lei que nós não conseguimos cumprir, Cristo a cumpriu por nós. A grande mensagem do evangelho é dizer que, em Cristo todo pecador arrependido, recebe pela fé, o perdão dos pecados totalmente de graça.

D. As duas tábuas da lei. Os dez mandamentos estão divididos em duas partes, que são chamadas de duas tábuas. A primeira engloba os tres primeiros mandamentos. Neles nos são ensinados os deveres e nosso amor para com Deus. O resumo desta primeira tábua está em Mt 22.37: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda atua alma, e de todo o teu entendimento". A segunda tábua vai do quarto ao décimo mandamento. Neles nos são ensinados os deveres e nosso amor para com o próximo. O resumo desta segunda tábua está em Mt 22.39: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo." Segunda Parte - Primeira Tábua - Deus Quer Verdadeiros Adoradores. Primeiro Mandamento Eu Sou o Senhor, teu Deus, não terás outros deuses diante de mím. Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e confiar nele acima de todas as coisas. 1. No primeiro mandamento Deus proíbe a idolatria, ou seja, adorar, confiar e amar qualquer coisa mais do que a Deus. Nele Deus nos ensina a amar e confiar nele acima de todas as coisas. 2. Provas bíblicas: Mt 4.10; Mt 10.37; Is 42.8; Pv.3.5; Jr 17.5. Segundo Mandamento Não Tomarás em vão o nome do Senhor, teu Deus, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão. Que significa isto? 3 Devemos temer e amar a Deus e, portanto, em seu nome não amaldiçoar, jurar, praticar a feitiçaria, mentir ou enganar; mas devemos invocá-lo em todas as necessidades, orar, louvar e agradecer. 1. No segundo mandamento Deus nos proíbe usar o seu nome de forma errada: a) Amaldiçoando, zombando e blasfemando de Deus. b) Jurando falsamente. Colocar Deus como testemunha de algo que não é verdade. Jurar sem pensar. c) Praticando a feitiçaria: Realizar coisas sobrenaturais, usando a Palavra ou nome de Deus. Ex.: comunicação com os espiritos, benzimentos, magias, horóscopos, supertições. d) Mentindo ou enganando: Ensinar doutrina falsa como se fosse palavra e verdade de Deus. Esconder uma vida pecaminosa atrás de uma aparência piedosa (hipocrisia).

e) Usando o nome de Deus sem pensar. (profanação)

2. Deus quer que o seu nome seja usado de forma correta, orando, louvando, agradecendo, em todas as situações da vida, sempre com fé. Veja as provas bíblicas: Lv 24.15; Gl 6.7; Dt 18.10-12; Lv 15.8; Jr 23.31; Mt 15.8 Sl 50.15; Sl 103.1 Terceiro Mandamento Santificarás o dia do descanso Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não desprezar a pregação e a sua palavra; mas devemos considerá-la santa, gostar de a ouvir e estudar. 1. No Antigo Testamento Deus exigia que o povo descansasse no sábado. Nenhum trabalho podia ser feito. Quem não respeitasse esta lei era punido com a pena de morte. Ex. 20.8-11. 2. Mas os cristãos não guardam o sábado e sim o domingo. Eles tem a liberdade cristã de escolher o dia. Não guardam o domingo por ordem divina, mas o guardam como lembrança da ressurreição de Cristo. No Novo Testamento a lei do sábado e os dias de festa juidaicos foram abolidos por Cristo. 3. No Novo Testamento desobedecer o terceiro mandamento significa desprezar a palavra e os sacramentos. Como povo de Deus queremos sempre ter alegria em ouvir e aprender a palavra de Deus e sempre receber os sacramentos. Veja as provas bíblicas: Mt 12.8; Cl2.16,17; Lc 11.28; Jo 8.47 Terceira Parte - Segunda Tábua: Amando o nosso próximo. Quarto Mandamento Honrarás ateu pai e a tua mãe para que vás bem e vivas muito tempo sobre a terra. Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não desprezar, nem irritar nossos pais e superiores; mas devemos honrá-los, serví-los, obedecer-lhes, amá-los e querer-lhes bem.

1. Pais e superiores são as autoridades que Deus institui para governar no lar, no país, na escola, na sociedade e na igreja. 2. Deus quer que pais e superiores sejam honrados e respeitados como seus representantes. 3. Portanto, com o quarto mandamento Deus estabelece a autoridade. Veja: Ef.6.1-3; 1Pe 5.5; 1Tm 5.17; Hb 13.17; Cl 3.20; Rm 13.1; 1Pe 2.18.

Quinto Mandamento 4 Não Mararás Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não causar dano ou mal algum ao nosso próximo em seu corpo; mas devemos ajudar-lhe e favovorecê-lo em todas as necessidades corporais. 1. Com o quinto mandamento Deus quer proteger a vida. Exs.: Tirar a própria vida ou de outra pessoa; ofender, odiar, amargurar a vida de alguém; ferir o corpo de outra pessoa. 2. O quinto mandamento não se refere apenas ao ser humano. 3. Temas para debate: Participação do cristão na guerra. Eutanásia - matar por compaixão. Matar em defesa própria. Pena de morte. 4. Ao contrário de matar, o quinto mandamento nos quer ensinar a ajudar o próximo em suas dificuldades da vida, lhe sendo útil, mesmo que seja um inimigo. Veja as provas bíblicas: Gn. 9.6; 1 Jo 3.15; Mt 26.52; Mt 5.21,22; Rm 12.20; Rm 13.4 Sexto Mandamento Não cometerás adultério Que significa Isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, viver uma vida casta e decente em palavras e ações, e cada qual ame e honre seu consorte. 1. Com o sexto mandamento Deus quer proteger o casamento. 2. Casamento é a união entre um homem e uma mulher para a vida inteira. Ele foi instituído por Deus e sómente ele tem o direito de separar aquilo que ele uniu. E ele o faz por meio da morte. 3. Adultério, portanto é: a) quebrar a promessa do casamento. b) relacionamento sexual antes ou fora do casamento. c) e o adultério também ocorre por palavras, pensamentos e atitudes. Veja as provas bíblicas: Mt 19.6,9; Mt 5.27,28; Pv 1.10; Ef. 4.29; Sl 51.10. Sétimo Mandamento Não Furtarás Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não tirar ao nosso próximo o dinheiro ou os bens, nem nos apoderar deles por meio de mercadorias falsificadas ou negócios fraudu- lentos; mas devemos ajudá-lo a melhorar e conservar os seus bens e o seu meio de vida 1. Com o sétimo mandamento Deus quer proteger a propriedade particular. 2. Portanto, são condenados o roubo e todas as faltas de honestidades. 3. Com o sétimo mandamento Deus quer que auxiliemos o nosso próximo em suas dificuldades e necessidades da vida. Veja as provas bíblicas Ef. 4.28; 1 Ts 4,6; 2 Ts 3.10. Oitavo Mandamento Não dirás falso testemunho contra o teu próximo Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não mentir com falsidade, trair, caluniar ou difamar o próximo; mas devemos desculpá-lo, falar bem dele e interpretar tudo da melhor maneira. 5 1. Com o oitavo mandamento Deus quer proteger a nossa reputação. A honra e o bom nome são valiosos para cada um. 2. Pecados como: calúnia,difamação e traição, destroem a boa imagem das pessoas. Mas somente o amor pode reconstruir. Por isso Deus espera de nós que: a. Desculpemos o próximo. b. Falemos bem dele. c. Interpretemos tudo da melhor maneira. Veja as provas bíblicas: Tg 4.11; Zc 8.17; Ef.4.25; Lc 6.37; 1 Pe 4.8. Nono Mandamento Não cobiçarás a casa do teu próximo. Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não pretender adquirir, com astúcia, a herança ou casa do próximo, nem nos apoderar dela sob aparência de direito; mas devemos ajudar-lhe e serví-lo para conservá-la. Décimo Mandamento Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem os seus empregados, nem o seu gado, nem coisa alguma que lhe pertença. Que significa isto? Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não apartar, desviar ou aliciar a mulher do próximo, os seus empregados ou o seu gado; mas devemos aconselhá-los para que fiquem e cumpram o seu dever. 1. O nono e décimo mandamento falam dos pecados cometidos com o coração. 2. Por isso proíbem a cobiça. Cobiçar é ter o desejo de possuir aquilo que é de outra pessoa. 3. Estes dois mandamentos nos ensinam que devemos ajudar e servir o nosso próximo para que ele possa conservar o que lhe pertence. Veja as provas bíblicas: Fp 2.4; Gl 5.13; Tg 1.14,15; Mt 5.48; 1 Tm 6.6-10. Conclusão dos Mandamentos Que diz Deus de todos estes mandamentos? Ele diz: Eu sou o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço miseri- córdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. Que significa isto? Deus ameaça castigar todos os que transgridem estes mandamentos; por isso devemos temer a sua ira e não transgredí-los. Mas ele promete graça e todo o bem aos que os guardam. Por isso mesmo, devemos amá-lo, confiar nele e de boa vontade cumprir os seus mandamentos. 1. Com os dez mandamentos, Deus mostra qual é a sua vontade para com as pessoas. Ele exige de nós o pleno cumprimento da sua lei. Ameaça castigar a quem não a cumpre e promete abençoar a quem guarda os mandamentos. 2. Mas ninguém pode ser salvo por cumpri a lei. O pecado, que cada ser humano tem, inclu- sive o cristão, o impede de poder cumprir a lei totalmente. Cristo a cumpriu por nós. Por isso, nós, como filhos de Deus, perdoados por Cristo queremos sempre fazer a vontade dele. 3. A lei é comparada com: a) Freio: serve para manter boa ordem social e impedir o progresso do pecado. b) Espelho : mostrar ao ser humano o seu pecado. c) Norma: serve para os que crêem, como um guia de vida santificada. Veja as provas bíblicas: Rm 3.20; Ec 7.20; Is 64.6; Tg 2.10; Rm 7.7 Lição 3 6 Pecado e Perdão A. Todos Somos Pecadores 1. Deus criou os dois primeiros seres humanos, Adão e Eva, completamente perfeitos. Eles, porém, desobedeceram a voz de Deus e caíram em pecado. Este pecado separou o ser huma- no de Deus e o condenou ao inferno. Rm 5.12 2. A partir desta queda em pecado todos os seres humanos são concebidos e nascem em pecado. Portanto, se não receberem a graça do perdão de Deus, continuarão espiritualmente mortos e inimigos de Deus. Sl 51.5, Rm 7.18 3. Pecado é tudo aquilo que nos desvia da lei de Deus, ou seja, fazer aquilo que Deus proíbe, ou deixar de fazer o que Deus manda. 1 Jo 3.4 4. O pecado é dividido em duas espécies: a) Pecado Original: é a culpa e corrupção que herdamos de Adão, que deixou o ser humano totalmente inclinado ao mal. Ninguém consegue viver sem o pecado. b) Pecado Atual: É tudo aquilo que se faz no dia a dia contra a vontade de Deus, seja isto, pensando, falando ou agindo. Mt.15.19, Tg 4.17 B. Todos Necessitamos do Perdão

1. O ser humano nunca poderá se libertar do pecado nem tornar-se justo diante de Deus, fazendo boas ações e pagando promessas. Somos perdoados, justificados ou libertados pela graça de Deus, mediante a fé. Portanto para ser salvo cada ser humano necessita do perdão de Deus. 2 Co 5.19,20, Rm 3.28 2. Este perdão Deus dá de graça, pela fé, ao pecador arrependido. Ninguém paga pecados. Os nossos pecados foram pagos e perdoados inteiramente por Cristo. Com a morte e ressur-reição, Cristo fez tudo o que era preciso para nos reconciliar com Deus. At 16.31 4. Deus declara este perdão por meio dos três Meios da Graça: Palavra, Batismo, e Santa Ceia. Estes meios da graça, Cristo os entregou à congregaçã cristã local. Mt 16.19, Jo 20.22,23 5. A igreja local, portanto, tem o poder de perdoar ao pecador arrependido e não perdoar àqueles que não se arrependem e não crêem em Cristo. Isso é o mesmo que abrir e fechar as portas do céu. Mt 18. 15,20 Lição 4 7 O Deus Verdadeiro Primeira Parte: Só existe um Deus 1. Não existem vários deuses, mas só um Deus Verdadeiro. Apesar de ser um só, ele existe em três pessoas: Pai, Filho e Espirito Santo. Não são três deuses, mas um ser divino em três pessoas inconfundíveis e distintas entre sí. Um não é superior ou inferior ao outro. São iguais em poder, honra, glória e majestade.

2. Ao Pai atribui-se, especialmente, a obra da criação, ao Filho a obra da salvação do peca-dor e ao Espirito Santo a obra da santificação. 3. O ser humano sómente pode conhecer a Deus por meio da Sagrada Escritura, a Bíblia. Por meio dela, Deus se revela como Salvador da humanidade pecadora. 4. Deus é um ser pessoal, que existe apesar de não o vermos. Sendo Deus, ele nunca muda, existirá para sempre, tem todo poder, conhece tudo. Como único Deus, é verdadeiro, santo, justo, gracioso, amoroso e bondoso. Veja as provas bíblicas: Dt 6.4; Sl 102,27; Sl 90.1,2; Mt 28.19; Jo 5.23; 1 Jo 2.23; 2 Co 13.13; Jo 4.24 Segunda Parte: Deus Pai, o Criador 1. Chamamos a primeira pessoa da Trindade de Pai, porque é o Pai de Nosso Senhor Jesus e também nosso querido Pai. 2. Deus Pai é o Criador. Ele criou todas as coisas, visíveis e invisíveis, do nada, apenas pela palavra. 3. A principal das criaturas visíveis é o ser humano, que foi criado conforme a imagem de Deus, perfeito e sem pecado. Com o pecado, o ser humano perdeu esta perfeição, mas será reestabelecida plenamente, pela fé, na Vida Eterna. 4. A principal das criaturas invisíveis são os anjos. Há anjos bons e maus. Os bons estão no céu, onde louvam a Deus e servem a Deus e aos seres humanos. Os maus afastaram-se de Deus. São inimigos de Deus e das pessoas. Eles estão no inferno, onde servem ao diabo para destruir a obra de Deus. 5. Deus Pai também preserva e governa todas as coisas. Ele providencia o necessário para manter o nosso corpo e a vida em geral. Veja as provas bíblicas: Jo 20.17; Gn 1.27; Sl. 91.11,12; Jd 6; Terceira Parte: Deus Filho, o Salvador 1. Jesus Cristo é o Filho de Deus, que sempre existiu, que não tem começo nem fim. Ele tem duas naturezas. É ao mesmo tempo verdadeiro Deus, pois é em tudo igual ao Pai e ao Espirito Santo. É também verdadeiro homem, pois é filho da virgem Maria. Ele se encarnou para perdoar e salvar o mundo pecador. 2. Cristo cumpriu a lei de Deus, sofreu e morreu pelos pecados do ser humano, venceu o pecado, a morte, e o diabo. Ao descer ao inferno, mostrou sua vitória sobre diabo. Ele fez tudo o que era necessário para salvar o ser humano do seu pecado.

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3. O ser humano apropria-se desta obra de Cristo sómente pela fé. Ou seja, a obra salvado-ra de Cristo não tem valor nenhum para aquele que não crê. O pecador é salvo pela graça de Deus, mediante a fé. 4. No terceiro dia, após a morte, Cristo ressuscitou vitorioso. Quarenta dias depois subiu ao céu onde vive e reina para sempre. No fim do mundo, virá pela segunda vez, para julgar os vivos e os mortos. 5. Como vitorioso é o único Mediador entre Deus e os seres humanos. Veja as provas bíblicas: At 4.12; Mt.1.21; 1Jo 5.20; Jo 20.28; Jo 3.16; Rm. 8.32; Jo1. 1-3,14; Hb.138; Jo 5.23; 1Tm 2.5; Cl 2,9; Mt 18.11; Lc 24.39; Fp 2.5-11 Quarta Parte: Deus Espirito Santo, o Santificador 1. O Espirito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade. É verdadeiro Deus, pois em tudo é igual ao Pai e ao Filho. Não foi gerado, nem criado, mas sempre existiu. 2. Pela Palavra de Deus e pelo Batismo o Espirito Santo cria a fé em Jesus Cristo nas pessoas para que possam ser salvas do pecado. Isto chamamos de conversão. Sem esta obra do Espirito Santo ninguém pode chegar a fé. O ser humano, por causa da sua completa corrupção pecaminosa e por ser inimigo de Deus, não pode salvar-se sózinho. 3. Também pela Palavra e Santa Ceia, o Espirito Santo mantém as pessoas na fé. Ele dá forças para lutarmos contra o pecado, o diabo o mundo e a carne e vivermos uma nova vida em Cristo Jesus, fazendo boas obras. Isto chamamos de santificação. 4. O Espirito Santo quer converter a todas as pessoas. Mas nem todos os que ouvem o evan-gelho são convertidos. Muitos resistem à obra do Espirito Santo. Aquele que resiste, será condenado por culpa própria. Mas aquele que é salvo, é salvo apenas pela graça de Deus. Veja as provas bíblicas: At 5.3,4; 1 Co.2.14; Jo 3.5,6 Ef 2.8,9; Os 13.9; 1Co 3.16; At.10.38; Jo 15.26

Lição 5 9 A Santa Igreja Cristã 1. Há sómente uma igreja cristã, pois todos os fiéis, em uma só fé, formam um só corpo espiritual, o corpo de Cristo. Cristo é o cabeça deste corpo. 2. A igreja é universal, pois ela é a comunhão dos santos, ou seja, a soma total de todos os que crêem em Cristo. É sómente pela fé em Jesus que nos tornamos membros da igreja cristã. 3. Ela é igreja invisível, pois só Deus pode ver a fé nas pessoas. É formada por todos aqueles que crêem e confessam a Cristo Jesus como seu Salvador, independente de cor, raça, nacionalidade ou lugar. 4. Ela é também igreja visível, ou seja, o conjunto daqueles que confessam a fé cristã e ouvem a palavra de Deus, que é também chamada de congregação local. Mas em seu meio há, além dos cristãos verdadeiros, os falsos cristãos.

5. Portanto há muitas igrejas visíveis, mas a verdadeira igreja visível é aquela que crê, ensina e confessa toda a Palavra de Deus, sem acréscimos ou diminuições, de forma clara e pura e administra os sacramentos de acordo como Cristo os instituiu. 6. A igreja cristã é santa, porque é a comunhão dos santos, os quais foram santificados pela fé em Cristo. Pela fé possuem a perfeita santidade e justiça de Cristo. Como santos vivem e servem a Cristo com boas obras. 7. A igreja é cristã porque está edificada sobre Cristo, seu único fundamento. Por isso ela nunca tem fim e fora dela não há salvação. 8. O verdadeiro cristão deve filiar-se àquela igreja visivel que prega e ensina a palavra de Deus corretamente. Por outro lado deve evitar igrejas seitas ou quaisquer organizações que desprezam, alteram ou se afastam da palavra de Deus. Veja as provas bíblicas: Jo 8.31,32; 1Co 12.13; Ef 1.22,23; Ef 2.19-22; Mt 16.18; Mt 13.47,48; Rm 12.4,5; 1 Co 3.11; Mt 28.20; Lc 17.20,21; Ef 4.3-6. Licão 6 10 O Santo Batismo A. Deus Usa Meios Para Salvar 1. A Bíblia nos ensina que Deus tem apenas três meios para salvar o ser humano do seu pecado: Palavra de Deus e os sacramentos Batismo e Santa Ceia. 2. Por estes meios, Deus oferece de presente o seu amor e sua misericórdia, dando ao pecador a sua graça e a justiça de Cristo. 3. O Espirito Santo usa estes meios para: a) converter e regenerar o pecador; b) despertar e fortalecer-lhe a fé no Salvador Jesus; c) oferecer e dar de graça, o perdão e a salvação.

4. Portanto, fora destes meios da graça, ninguém pode ser convertido, perdoado e salvo. 5. Sacramento é um ato sagrado, instituído por Deus. Neles Deus une a sua Palavra com certos elementos visíveis, ou meios externos, nos quais oferece, dá e imprime em nós o perdão dos pecados que Cristo conquistou para nós. Veja as provas bíblicas: Rm 10.17; Tt 3.5; Mt 26.26-28

B. A Importância do Batismo 1. O batismo não é uma água qualquer, mas é um meio da graça de Deus, que Cristo instituiu e ordenou para ser administrado pela igreja. Ele somente é válido se for administrado como Cristo o instituiu e numa igreja que confessa a Santíssima Trindade.

2. Em carater normal, quem deve batizar é um ministro que foi chamado por Cristo. Mas em casos de emergência qualquer cristão pode batizar.

3 Este batismo deve ser administrado com água por aspersão ou submerssão, sempre em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo. 4. Portanto, por causa da ordem de Cristo, no batismo água e Palavra não se separam. A água sem a Palavra é uma simples água.

5. A ordem de Cristo é que todos sejam batizados. Isto inclue as crianças. Batizamos as crianças pois: a) Elas estão incluídas nas palavras "todas as nações"; b) elas nascem pecadoras e por isso necessitam nascer de novo; c) pelo que sabemos, o batismo é o único meio pelo qual Deus salva as criancinhas, levando-as a fé. d) as crianças podem crer. 6. No batismo, Deus em sua graça dá ao pecador a fé, o perdão dos pecados e a promessa da vida eterna, livrando-o da morte eterna e do diabo. Por isso, no batismo nascemos de novo, somos incluídos na família de Deus. Nele Deus faz um acordo conosco: Ele é nosso pai e nós os seus filhos. O verdadeiro batismo recebemos apenas uma vez. 7. Somente a incredulidade condena. A fé salvadora não existe onde o batismo é rejeitado, mas pode haver esta fé nos casos em que não houve tempo ou oportunidade para batizar. 8. Como filhos de Deus que receberam a fé e o perdão, este batismo precisa continuar dia-ariamente em nossa vida. Pelo arrependimento e contrição a nossa velha natureza, o velho homem deve ser afogado e morrer com todos os pecados e maus desejos e ressurgir todos os dias o novo homem, o qual vive diante de Deus em santidade e justiça para sempre. 9. O velho homem é toda nossa corrupção pecaminosa que recebemos de Adão. 10. O novo homem é a nova vida em Cristo, criada no batismo e fortalecida pela Palavra e Santa Ceia. 11. Usar padrinhos de batismo não é uma ordem bíblica, é uma opção pois eles servem para: a) testemunhar que a criança foi batizada corretamente; b) ajudar na educação cristã e orar por ela. Veja as provas bíblicas: Mt 28.19; Jo 3.5,6; Sl 51.5; Mc 10.14; Mt 18.6; Gl 3.26,27; At 2.38,39; Ef 5.25,26; Ef 4. 5,6,22, 24; 2 Co 5,24; 1 Pe 3.21; Tt 3.5,7; Mc 16.16 Licão 7 11 A Santa Ceia 1. A Santa Ceia é o verdadeiro corpo e sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, para ser comido e bebido, sob o pão e o vinho, por nós cristãos, como Cristo mesmo o instituiu. 2. A Santa Ceia, como o batismo, é um sacramento, no qual Deus une a sua Palavra com os elementos visíveis: pão e vinho. 3. Em, com e sob o pão e o vinho Deus dá o verdadeiro corpo e sangue de Cristo Jesus. 4. Conforme ensina a Palavra de Deus, cremos na presença real do corpo e sangue de Cristo na Santa Ceia. As palavras da Santa Ceia portanto não podem ser entendidas de maneira diferente do que Cristo as disse, pois: a) Jesus disse: Isto é o meu corpo; isto é o meu sangue; b) a Bíblia diz que o cálice é a comunhão do sangue e que o pão é a comunhão do corpo de Cristo; c) as palavras da Santa Ceia são um testamento do Senhor, portanto não podem ser alteradas; d) a Santa Ceia não é um simbolo, mas a presença real de Cristo. 5. O pão e o vinho não se transformam em corpo e sangue, mas continuam presentes no sacramento. 6. Todos os comungantes devem receber o pão e o vinho ao mesmo tempo. 7. O pão e o vinho não podem ser adorados, pois são apenas pão e vinho. O corpo e sangue de Jesus estão unidos aos elementos somente quando o comungante come e bebe o pão e o vinho. 8. Na Santa Ceia recebemos grandes proveitos: a) garante o perdão dos pecados; b) forta-lece a fé, dando força para uma vida santificada em Cristo; c) dá a própria salvação. Estas bençãos são oferecidas a todos os que participam, mas são dadas apenas àqueles que crêem. 9. Não é apenas pelo ato do comer e beber que recebemos estas bençãos, mas pela fé nas palavras: "Dado e derramado por vós para remissão dos pecados". 10. Portanto é digno e deve receber a Santa Ceia aquele que tem fé nas palavras da Santa Ceia. Quem não crê nelas ou duvida, não é digno de recebê-la. 11. Todos os comungantes recebem o corpo e sangue de Cristo. Aqueles que têm fé em Cristo e nas palavras da Santa Ceia o recebem para a sua salvação. Aqueles que não crêem e não se arrependem de seus pecados, o recebem para a sua condenação. 12. A Santa Ceia não pode ser dada para: a) aqueles que vivem uma vida abertamente peca- minosa e não se arrependem; b) aqueles que não querem perdoar; c) aqueles que não podem examinar-se a si mesmos, tais como crianças e pessoas inconcientes; d) aos que não foram instruídos na doutrina cristã; e) aos que não crêem. 13. Damos Santa Ceia somente aos membros luteranos que foram instruídos e que fizeram publicamente sua confissão de fé. 14. Movidos pelo amor de Cristo queremos participar sempre da Santa Ceia e desejar as bençãos que nela são oferecidas. Veja as provas bíblicas: Mt 26.26-28; 1 Co 10.16: 1 Co 11.26-29; Mc 14.22-24; Lc 22.19,20; Mt 5.23,24 Lição 8 12 Vivendo Para Cristo Primeira Parte: Pela fé somos justos e santos 1. Como já vimos, Cristo com a sua morte e ressurreição, fez tudo que era preciso para salvar a humanidade do seu pecado. Todo pecador que confia na obra salvadora de Cristo é declarado livre dos pecados. Assim, aquele que, pela fé, toma para sí esta declaração, passa a ser justo e santo para Deus. Portanto, esta justificação não acontece por obras ou esforços próprios, mas únicamente pela graça de Deus juntamente com a fé em Cristo Jesus.

2. A partir desta justificação o filho de Deus vive pela fé a santificação, que é a nova vida em Cristo. Portanto, tendo a certeza do que Cristo em seu amor fez para salvá-lo do pecado, o verdadeiro cristão agora pela fé, precisa e quer viver inteiramente para Deus, fazendo a sua vontade e produzindo os frutos da fé. Esta vida santificada aqui na terra não é perfeita, mas cresce na perfeição.

3. Tanto a justificação como a santificação são obras que Deus realiza em nós. Ou seja, receber a fé e produzir frutos da fé, só acontece pelo poder de Deus. 4. As boas obras, ou seja, a nova vida do cristão é tudo aquilo que o cristão pensa, fala e faz pela fé em Cristo, para a glória de Deus e o bem do próximo. 5. Ninguém é salvo pelas boas obras que faz, pois elas são apenas frutos da fé. As boas obras não são necessárias para a salvação, mas a fé não existe onde não há obras. Veja as provas bíblicas: 2 Co 5.l9; 2 Co 5.15,21; Rm 3.28; Ef. 2.10; Gl 2.16; At 16.31; 1 Pe 1.15; Gl 2.19,20; Mt 5.16; Tg 2.17,26 Segunda Parte: Pela fé o cristão ora 1. A oração é um ato de adoração e comunhão com Deus, na qual pedimos o que precisamos; agradecemos e louvamos a Deus pelas bençãos recebidas.

2. A oração não é um um meio graça, pois neles são oferecidos a graça do perdão e da salvação. Na oração nós falamos com Deus e nos meios da graça Deus trata conosco. 3. A oração é inseparável da vida vida cristão. Ela é um fruto da fé cristã. Somente o pecador convertido pode orar a Deus e somente a oração dele é ouvida e atendida por Deus. Portanto, o filho de Deus deseja e deve orar sempre.

4. O Cristão, que tem certeza daquilo que Cristo fez por ele para salvá-lo, ora porque: a) Deus o convida a orar; b) Deus promete ouvir e atender; c) por causa das suas necessidades e angústias e as do próximo. 5. Desta forma, a oração do cristão dirigi-se somente ao Deus verdadeiro: Pai, Filho e Espirito Santo, o único Deus que pode ouvir e atender as orações. 6. Na oração o cristão pode pedir tudo aquilo que é para o louvor e a glória de Deus, para o nosso bem e o do próximo, tantos coisas materias como espirituais. O cristão ora por si mesmo e por todas as pessoas, mas não pelos mortos. Pode-se orar em qualquer lugar. 7. Cristo Jesus é o mediador entre Deus e as pessoas. Foi Cristo que nos reconciliou com Deus. Por isso oramos sempre em Nome de Jesus. Veja as provas bíblicas: Sl 19.14; Mt 7.7,8; Sl 145.18,19; Sl 50.15; Mt 4.10; Jo 16.23; 1 Tm 2.1; Hb 9.27; 1 Ts 5.17; 1 Jo 5.14; Mt 21.22 13 Terceira Parte: Pela fé o cristão oferta 1. Devido a fraqueza de fé e a falta de conhecimento bíblico das pessoas a igreja sempre tem enfrentado problemas com relação a oferta cristã. 2. Mas a igreja também tem se preocupado em orientar e ensinar as pessoas de que, Cristo deu a sua vida para perdoar inteiramente o pecador. Desta forma movidos pelo amor e a graça de Deus e sabendo que Deus os amou primeiro, os cristãos procuram investir o máximo os seus dons e as sua ofertas para o progresso da igreja. 3. O cristão, porém, carrega consigo o pecado, a velha natureza, que está sempre inclinada ao mal. Por falta de confiança em Deus e pelo poder do diabo o cristão é motivado a ofertar de forma egoísta e o mínimo possível. Mas esta velha natureza precisa ser dominada pelo arrependimento e fé, crescendo num estudo constante da Palavra de Deus. 4. Não ofertar ou ofertar o mínimo ou ainda ofertar pensando numa recompensa é contra a vontade de Deus. 5. Mas a partir do nosso batismo, no qual fomos perdoados e tornados justos diante de Deus, não apenas as ofertas, mas toda a nossa vida é voltada para Deus. Conforme esta nova vida, que confia na graça e no amor de Deus, queremos servir totalmente a Deus com tudo o que somos e temos. 6. A igreja, portanto não estabelece taxa. A porcentagem que cada um vai ofertar é uma decisão individual, a partir da fé de cada um. Observação: As passagens bíblicas a seguir nos ajudam a compreender melhor o sentido bíblico de oferta e a tomá-las como exemplos para a nossa vida cristã. 1 Co 16.2; Pv 3.9; Dt 16.17; Ex 35.5; 2 Co 8.3; 2 Co 9.7; 1 Co 15.58. Quarta Parte: Pela fé o cristão suporta a sua cruz 1. Pela fé em Cristo somos filhos de Deus e herdeiros da vida eterna. Mas isto não livra a nossa vida aqui na terra de tristezas, sofrimentos e provações. A cruz do cristão é tudo aquilo que ele sofre por ser cristão. O filho de Deus, no entanto confia em Cristo e em humildade segue o exemplo de Cristo, que sofreu, se humilhou e se sujeitou na sua vida aqui na terra. 2. Os cristãos já foram perdoados por Cristo. Por isso com os seus sofrimentos não estão pagando os seus pecados. Os sofrimentos são conseqüência do pecado original que todos temos. Eles também não representam o castigo de Deus, mas são, na verdade, demosntração do amor de Deus que prova a nossa fé visando o nosso bem. 3. O sofrimento é uma característica da vida dos cristãos pois, enquanto estão peregrinando ao céu, sabem que assim como sofrem com Cristo aqui, com ele serão glorificados no céu. 4. Aquilo que os incrédulos sofrem, não é uma cruz, mas a punição. Por ela Deus quer fazer com que eles venham a arrepender-se. 5. A Bíblia promete que Deus dá forças suficientes aos cristãos poderem suportar todo e qualquer sofrimento e que a nossa cruz não será mais pesada do que pudermos suportá-la. Veja as provas bíblicas: Mc 8.34,35; At 14.22; Sl 32.10; Mt 10.22; Tg 1.2,3; 1 Pe 1.7; 1 Co 10.13 Lição 9 14 A Segunda Vinda de Cristo 1. A Bíblia diz que Deus determinou um dia para julgar o mundo com justiça. Mas ninguém pode prever esta data, ela é do conhecimento exclusivo do Pai. Jesus diz que ele voltará em Breve. 2. Neste dia Cristo voltará de forma visível e gloriosa juntamente com uma multidão de anjos, para dar a sentença final de salvação ou condenação de forma oficial. Este será o último e definitivo julgamento. 3. Neste dia todos os mortos vão ressuscitar. Os que não creram serão julgados, condenados e mandados ao inferno. Aqueles que creram em Cristo como Salvador serão levados ao céu para a glória eterna. 4. Os que estiverem vivos neste dia não morrerão, mas serão apenas transformados. 5. Desta forma, a segunda vinda, o fim do mundo, a ressurreição dos mortos e a subida dos salvos ao céu serão acontecimentos simultâneos. Tudo vai acontecer num abrir e fechar de olhos.

6. Para os fiéis este não será um novo julgamento, pois eles já foram julgados na morte. 7. O último dia será terrível para os incrédulos, mas para os fiéis será glorioso e muito alegre. Por isso os cristãos devem aguardar fielmente por este dia. Veja as provas bíblicas: Sl 98.9; Mt 24.36; 2 Pe 3.3,4,9-13; 1 Co 15.51,52; 1 Ts 4.16-18; Mc 13.6,10,24-25; Mt 24.10-14,23,24; Lc 21.9-11, 25-27; Mt 25.31-46; Ap. 22.12; Is 65.17. ...ensinando-os a guardar... Rev. David Karnopp Igreja Evangélica Luterana do Brasil Paróquia Evangélica Luterana São Mateus Doutor Maurício Cardoso, RS - 1995 Í N D I C E Lição 1 Bíblia - Palavra de Deus, 1 Lição 2 Os Dez Mandamentos Primeira parte - Deus estabelece sua vontade, 2 Segunda parte - Primeira Tábua: Deus quer verdadeiros adoradores, 2 Terceira parte - Segunda Tábua: Amando o próximo, 3 Lição 3 Pecado e Perdão

A. Todos somos pecadores, 6 B. Todos necessitamos do perdão, 6

Lição 4 O Deus Verdadeiro Primeira parte: Só existe um Deus, 7 Segunda parte: Deus Pai, o Criador, 7 Terceira parte: Deus Filho, o Salvador, 7 Quarta parte: Deus Espirito Santo, o Santificador, 8 Lição 5 A Santa Igreja Cristã, 9

Lição 6 O Santo Batismo A. Deus usa meios para salvar, 10 B. A importância do Batismo, 10 Lição 7 A Santa Ceia, 11

Lição 8 Vivendo para Cristo Primeira parte: Pela fé somos justos e santos, 12 Segunda parte: Pela fé o cristão ora, 12 Terceira parte: Pela fé o cristão oferta, 13 Quarta parte: Pela fé o cristão suporta a sua cruz, 13 Lição 9 A segunda Vinda de Cristo, 14 Bibliografia

DOERFFER, A e EIFERT, WmH. Conheça A verdade. Trad. Martinho Sander. 2. ed.- Porto Alegre: Concórdia Editora, l982 HEIMANN, Leopoldo. Fala, Senhor. Porto Alegre: Concórdia Editora, 1982 LUTERO, Martinho. Catecismo Menor. 29.ed.- Porto Alegre: Concórdia Editora Ltda, 1992 ---------- Doutrinas Fundamentais da Fé Cristã. Curso Bíblico por correspondência. São Paulo: Hora Luterana KOEHLER, Edward W. A. Sumário da Doutrina Cristã. Tradução de Arnaldo Schüler. Porto Alegre: Casa Publicadora Concórdia S.A, 1969 Apresentando Este trabalho é uma pequena exposição das principais doutrinas da fé cristã. É próprio par a instruções de adultos. Ele não abrange todos os assun-tos. Além disso não pretende esgotar cada assunto profundamente. Ele é também um material mais expositivo. A parte de atividades fica por conta de quem vai usá-lo, o que depende muito da realidade de cada um. Alguns textos bíblicos vêm sublinhados. Nas instruções não querendo usar todos, pode-se usar apenas estes sublinhados. Os outros podem ficar como atividade de leitu-ra em casa. Uma sugestão de atividade, portanto, é solicitar que o aluno leia o material e as passagens bíblicas e as relacione com a exposição. Procurei dar a linguagem mais simples e clara possível, facilitando ao aluno o estudo e a compreensão do material. Rev. David Karnopp Dr. Maurício Cardoso, Abril de 1995 Obs.: Reproduzir somente com permissão.