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24 junho 2010

5º DOMINGO APÓS PENTECOSTES

5º Domingo após Pentecostes - 27/06/2010
Sl 16 / 1Rs 19.9b-21 / Gl 5.1,13-25 / Lc 9.51-62
Vilson Scholz – Para Igreja Luterana

1.  Contexto litúrgico

            A leitura do AT, em contraponto com o texto de Lucas 9.51-62, sugere uma ênfase no versículo final da leitura do Evangelho, a saber, a questão de pôr a mão no arado e ao mesmo tempo lançar os olhos para trás, numa nítida tentativa de querer reter o melhor de dois mundos. O texto da epístola, mais especificamente o v. 16, “deixem que o Espírito de Deus dirija a vida de vocês e não obedeçam aos desejos da natureza humana”, toca nessa mesma tensão/tentação de andar para a frente e para trás ao mesmo tempo. A época do pós-Pentecostes sugere essa ênfase no “andar no Espírito”.

2.  Texto

O texto de Gálatas 5 é cheio de paradoxos, capaz de fazer um teólogo luterano se sentir bem à vontade. Basicamente, diz que fomos libertos para ficarmos livres, em serviço. Claro está que Lutero não encontrou as teses que resumem seu “Da Liberdade Cristã” escritas no mural do mosteiro!
Com a justaposição dos vs. 1 e 13, o contraste fica evidente: Liberdade sem serviço em amor acaba em nova escravidão. Desta vez não mais à lei, mas à carne, isto é, ao próprio umbigo. Serviço por meio do amor é o cumprimento da lei. Retaliação e “guerra civil” no contexto eclesiástico não têm nada a ver com isso.
Na sequência, entra em cena a “força secreta” que possibilita o cumprimento da lei: o Espírito. Nele se anda ou vive (v.16). Quem pensava, equivocadamente, que se trata de uma “substância difusa”, é surpreendido ao ver que o Espírito aparece como pessoa que deseja (v.17), conduz (v.18), e liberta da lei (v. 18b). Ele tem o seu fruto e nele vivemos.
Ao Espírito se opõe, não o mundo ou o diabo, mas a carne. E assim se configura outra polaridade, entre carne e Espírito. Paulo não explica o que seria essa “carne”. (Aliás, temos aqui um problema com o qual Lutero já lidava, em seu tempo: como impedir que o ouvinte “viaje” para o açougue, tão logo ouve a palavra carne (“Fleisch”)? “Velha natureza humana” sempre é uma solução alternativa.) Essa “carne” faz da liberdade cristã um trampolim para a sua ação. Ela se manifesta no devorar-se mutuamente. Aparece personificada, pois “deseja” (vs. 16,17). A “carne” equivale mais ou menos a fazer o que se quer (v.17). Ela entende a linguagem da lei: coloca-nos sob lei, na medida em que não somos guiados pelo Espírito (v.18). Manifesta-se em obras ou exteriorizações de várias ordens, que resultam em exclusão da herança do reino. Os de Cristo crucificaram essa carne. Por mais que isso seja visto como uma ação realizada (“crucificaram”), ao mesmo tempo a possibilidade de fazer essas coisas é muito real. Do contrário, não haveria por que alertar para o perigo.

3. Aprofundamento

            O intérprete e pregador será atraído, em especial, pela lista de obras da carne e pelo fruto do Espírito. Dificilmente, numa pregação, será possível tratar de todos os elementos das duas listas. Quanto às obras da carne, é possível colocá-las em quatro grupos ou categorias: sensualidade (imoralidade, impureza, ações indecentes), paganismo (adoração de ídolos, feitiçarias), problemas no relacionamento interpessoal (inimizades, brigas, ciumeiras, acessos de raiva, ambição egoísta, desunião, divisões, invejas), excessos à mesa (bebedeiras, farras). Ao acrescentar “outras coisas parecidas com essas”, Paulo deixa claro que não está sendo exaustivo. Ou seja, o pregador poderia muito bem ampliar a lista, ou, por outro lado, selecionar aquilo que for mais evidente no contexto em que vive.
Quanto ao fruto do Espírito, os nove itens da lista podem ser colocados em três grupos: atitude ou postura pessoal (amor, alegria, paz), qualidades no relacionamento interpessoal (paciência, delicadeza, bondade), princípios de conduta pessoal (fidelidade, humildade, domínio próprio). No entanto, o apóstolo não tem necessariamente em vista um esquema lógico, e a sequência dos itens pode até ser aleatória ou determinada por fatores estilísticos (o som das palavras, por exemplo). Também neste caso seria possível argumentar que a lista não é exaustiva.
“Todo jardim tem o seu monturo”, dizia um antigo professor de exegese. Ou seja, a Bíblia tem, também, catálogos de vícios e relatos de coisas vis e condenáveis. Mas ela tem também os “catálogos de virtudes” que, mesmo não sendo tão marcantes quanto os outros (especialmente em contextos mais moralistas), deveriam, talvez, ser alvo de nossa maior atenção.
Seguindo nesta linha, pode-se notar que o texto fala sobre o fruto do Espírito, e não diretamente sobre o fruto da fé. (Em Efésios 5.9, Paulo fala sobre o “fruto da luz”.) Claro, há toda uma “teologia do Espírito” em Gálatas, por mais que a fé seja, também, um tema de destaque. No entanto, “fruto da fé” poderia, ao menos em nosso contexto, sugerir aquilo que nós somos capazes de produzir. Por isso, é bom que seja mesmo o fruto do Espírito. Só assim sabemos que não se trata de simples obras da natureza humana, que é o que realmente conseguimos, por nós mesmos, produzir. Por outro, o fruto do Espírito contrasta com as obras da Lei.
No começo da lista aparece o amor. Isto condiz com a ênfase paulina em 1Coríntios 13, por exemplo. O amor é auto-doação em benefício do(s) outro(s), e não necessariamente uma emoção. É característica de Deus e tem sua maior manifestação no sacrifício de Cristo (Gl 2.20; Ef 5.25).
A alegria é tema na carta aos Filipenses (3.1; 4.4), e é mencionada apenas aqui, na carta aos Gálatas. Aparece como fruto do Espírito também em Rm 14.17.
A paz resulta da justificação (Rm 5.1) e tem, também, uma dimensão comunitária (Cl 3.15).
No segundo grupo aparecem a paciência, a delicadeza e a bondade. A paciência ou longanimidade é característica divina (Sl 103.8), e se manifesta também na vida cristã (1Co 13.4; Ef 4.2; Cl 1.11; 3.12). A delicadeza ou benignidade é, também, acima de tudo uma característica divina (Rm 2.4; Ef 2.7; Tt 3.4), que se manifesta na vida cristã (Ef 4.32). E a bondade se aproxima bastante do amor.
A fidelidade é, também, antes de tudo, característica de Deus (Rm 3.3). A humildade (praytes) é uma combinação de força e mansidão, ou seja, é força sob controle. (“Mansidão” tende a sugerir falta de vigor e coragem, o que faz com que “humildade” seja um termo mais expressivo.) Trata-se da humilde disposição de viver a vontade de Deus. Quanto a domínio próprio, é o que a palavra diz: domínio de si mesmo. Tratava-se de um importante conceito ético no mundo grego. Como diz D. S. Dockery (Dictionary of Paul and His Letters, p. 318), sua colocação no final da lista parece indicar que, assim como o amor, no início, é o cumprimento da Lei, o domínio próprio cristão cumpre o que se poderia esperar do ponto de vista da ética grega.

4. Atualização

            Uma das questões que, talvez, inquiete o pregador é se ele deve apresentar esse “fruto do Espírito”, falando dele, ou esperar que ele se manifeste por si só, levando-o a silenciar a respeito. Em outras palavras, trata-se da já consagrada discussão quanto ao papel da Lei na vida do cristão. Na verdade, quem lê o início da carta aos Gálatas se espanta, até certo ponto, diante do que encontra no final. Parece que Paulo, tendo expulso a Lei pela porta da frente, permite que ela retorne pela janela dos fundos. O exegeta britânico John M. G. Barclay escreveu todo um livro sobre essa questão (Obeying the Truth: Paul´s Ethics in Galatians; Fortress Press, 1991). Vale à pena compartilhar algumas de suas conclusões:
“Paulo argumenta que a justificação pela fé em Cristo tem importantes implicações morais, as quais Pedro, erroneamente, ignorou em Antioquia, e os gálatas corriam o risco de esquecer” (p. 223). Em outras palavras, a justificação pela fé não é uma doutrina moralmente estéril.
“Embora Paulo nitidamente espere que os cristãos da Galácia sejam guiados pelo Espírito, isto não impede que ele explicite o que significa andar no Espírito e que dê instruções bem específicas neste particular. Isto mostra que, na mente de Paulo, não existe uma dicotomia fundamental entre o impulso ‘interno’ do Espírito e a instrução moral ‘externa’.” (229)
“Ao resumir a moralidade cristã numa lista de ‘virtudes’ (o fruto do Espírito), Paulo dá considerável ênfase ao caráter do agente moral, ao invés de, por exemplo, enfatizar a enumeração de seus deveres. (....) ele se preocupa com a demonstração de caráter ético, e não apenas com a observância de um conjunto de deveres”. (231)
Em outros termos, nesta palavra de Deus, Paulo mostra que a liberdade da Lei (na área da justificação) não significa de maneira nenhuma que se está livre de responsabilidades morais. No entanto, essas responsabilidades são moldadas, não pela imposição da Lei, e sim pela ação e suficiente capacitação do Espírito Santo.
                                                                            Dr. Vilson Scholz - São Leopoldo, RS

5º DOMINGO APÓS PENTECOSTES

DIA LITURGICO: 5º Domingo após Pentecostes – 27/06/2010
Leituras Bíblicas: Sl 16; 1 Rs 19.9b-21; Gl 5.1,13-25; Lc 9.51-62
Autor: Edson Elmar Müller

Salmo 16: Este salmo de Davi é um salmo de súplica em favor de quem deseja viver de maneira intensa a vida de boas obras no reino de Deus. E é também uma confissão de fé na fidelidade de Deus, pois o SENHOR não permite que os seus amados sejam prejudicados, pelo contrário o SENHOR procura aconselha-lhos e os guarda bondosamente.

1 Rs 19.9b-21: Este texto retrata a angustia, o medo, o desespero do profeta Elias, que sempre fiel e zeloso por cumprir a vontade de Deus, se sente sozinho e desanimado. Deus então vem e novamente o anima, encoraja, fortalece e ordena que ele traga a unção sobre outros escolhidos, que estarão com ele no trabalho, além de dar a Elias a certeza de que ainda há em Israel sete mil pessoas que permaneceram fiéis ao SENHOR. E ainda neste texto Elias escolhe Eliseu para ser seu sucessor........ PFalar2010)

22 junho 2010

APOCALIPSE 22.12-17, 20

INSTITUTO CONCÓRDIA DE SÃO PAULO
ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA


ESTUDO ISAGÓGICO DE APOCALIPSE
Apocalipse 22.12-17, 20


Monografia apresentada ao Prof. Dr. David Coles Ward, da disciplina “Isagoge do Novo Testamento I”


EZEQUIEL BLUM
Aluno do 3º Teológico

São Paulo
1º Trimestre de 1999

ÍNDICE



1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................03
2. ESTUDO ISAGÓGICO DO LIVRO DE APOCALIPSE....................................................04
2.1 Nome ou Título.......................................................................................................04
2.2 Autoria.....................................................................................................................04
2.3 Data, Local e Circunstâncias...................................................................................05
2.4 Destinatários............................................................................................................05
2.5 Características do Livro..........................................................................................06
2.6 Conteúdo e Mensagem............................................................................................06
2.7 Propósito..................................................................................................................07
2.8 Esboço.....................................................................................................................07
2.9 Canonicidade...........................................................................................................08
2.10 As Interpretações...................................................................................................08
3. COMO O ESTUDO ISAGÓGICO AJUDA A COMPREENDER E PREGAR
MELHOR DETERMINADA PASSAGEM BÍBLICA?......................................................10
3.1 Apocalipse 22.12-17, 20 (7º Domingo da Ressurreição – Trienal C).....................10
4. CONCLUSÃO......................................................................................................................11
5. BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................12


1. INTRODUÇÃO
O estudo isagógico é essencial para que possamos compreender melhor assuntos que envolvem os textos bíblicos, através dos quais Deus sempre tem algo de importante para nos falar. A mensagem de Deus é melhor compreendida quando fazemos uso de estudos mais aprofundados, sempre tendo em mente que a Bíblia é a palavra de Deus, o fundamento e a base da fé verdadeiramente cristã.
É com este objetivo, de termos um melhor esclarecimento da palavra de Deus, que fazemos esta pesquisa. Desta maneira, primeiramente estaremos apresentando um “Estudo Isagógico do Livro de Apocalipse”. Em seguida, estaremos respondendo a seguinte questão: “Como o Estudo Isagógico Ajuda a Compreender e Pregar Melhor Determinada Passagem Bíblia?”. Tal questão será respondida em relação ao texto de Apocalipse 22.12-17, 20 (7º Domingo da Ressurreição – Trienal C). Continuando, então, apresentaremos uma “Conclusão” da pesquisa. Por fim, vamos expor a “Bibliografia” utilizada para a realização desta pesquisa isagógica.
Que este trabalho nos sirva de auxílio e reforço no estudo da palavra de Deus e também como fortalecimento da nossa fé, ajudando-nos na compreensão do curioso estudo isagógico que o livro de Apocalipse possui. Esperamos, ainda, que este estudo realmente abra nossas mentes para que possamos compreender melhor a passagem de Ap 22.12-17, 20. Que Deus abençoe este estudo.

2. ESTUDO ISAGÓGICO DO LIVRO DE APOCALIPSE


2.1 Nome ou Título


O nome do livro de Apocalipse é uma transcrição da palavra grega apokálypsis (VApoka,luyij). Apokálypsis é composta e derivada da preposição apó e do verbo kalypto, que quer dizer revelar, desvendar, tirar o véu, descobrir. Devido ao significado do nome de Apocalipse, este livro também é chamado de “A Revelação de Deus a João”. Para que possamos compreender melhor, basta lermos Ap 1.1, onde diz: “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviado por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João”.


2.2 Autoria


O autor de Apocalipse é claramente chamado de João. João era uma pessoa bem conhecida entre as igrejas da Ásia. João estava classificado como “profeta” (Ap 22.9). João não se designa apóstolo, mas “servo” de Cristo (Ap 1.1). Já em meados do século II a autoria do livro de Apocalipse foi atribuída a João, um dos apóstolos de Cristo. Justino Mártir e Irineu citam passagens do livro de Apocalipse e colocam como seu autor João, o apóstolo de Cristo. Alguns estudiosos pensam que o livro de Apocalipse não foi escrito pela mesma pessoa que escreveu o evangelho de João, isso devido a grande diferença de linguagem que há entre os dois livros. Mas a posição mais conservadora atribui a autoria de Apocalipse a João, filho de Zebedeu. João, o apóstolo, realmente é reconhecido como autor de Apocalipse pela antiga tradição.






2.3 Data, Local e Circunstâncias


João diz que escreveu o livro por uma ordem direta do Senhor (Ap 1.10-13). Certamente, por trás da ordem do Senhor, havia as necessidades das igrejas em dias de perseguição.
O livro de Apocalipse foi escrito em uma época que os cristão estavam sendo perseguidos pelas autoridades romanas pelo fato de não adorarem ao imperador romano. Nesta época, cristãos haviam sido mortos e outros presos por causa de sua fé. O Apocalipse foi escrito por volta de 95 ou 96 A.D.
João escreveu o Apocalipse enquanto estava preso, exilado na ilha de Patmos por causa da sua fé, por ter anunciado o santo evangelho (Ap 1.9 “Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.”). Alguns pais da igreja falam que se trata do apóstolo João, estando exilado na ilha de Patmos por ordem do imperador Domiciano, sendo que seu reinado foi entre 81 a 96 d.C. Patmos é uma ilha rochosa e escarpada com mais ou menos 10 km de largura por 15 de comprimento, situada no Mar Egeu a mais ou menos 65 km a sudoeste de Éfeso.


2.4 Destinatários


João escreve o Apocalipse para as sete igrejas existentes no período apostólico, que são as sete igrejas da província romana da Ásia (Ap 1.4, 11 “João, às sete igrejas que se encontram na Ásia... escreve em livro e manda às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia.”), que ficava em uma região que hoje faz parte da Turquia. Tais igrejas servem de tipos das igrejas de todos os tempos. Certamente o Apocalipse também destinava-se às outras igrejas vizinhas e a toda igreja de um modo geral.





2.5 Características do Livro
O livro de Apocalipse é o único livro do Novo Testamento inteiramente dedicado a profecia e o único de toda a Bíblia que promete uma bênção tão especial aos que o lêem e o ouvem. Para entendermos melhor o livro de Apocalipse, é importante lembrar que toda revelação tem suas raízes no Antigo Testamento e também é importante que as visões de João sejam sempre relatadas dentro do seu contexto histórico. Praticamente todo o simbolismo do Apocalipse está relacionado com imagens e símbolos que ocorrem nos livros proféticos do Antigo Testamento.
Os acontecimentos apocalípticos relatados no livro de Apocalipse são revestidos e escritos em linguagem figurativa. O livro de Apocalipse possui um estilo poético e relativo a visões. As revelações de Deus a João são expressadas por meio de figuras, imagens, símbolos e números. Por isso, formar imagens literais dessa linguagem é perder totalmente o significado da revelação.
Apocalipse é um livro de símbolos e figuras. É um livro de guerras que sempre terminam em paz. É um livro de trovões e terremotos, mas são seguidos por liturgias e salmos. É um livro de recompensas, presentes aos justos. É um livro, então, de muito otimismo, pois Deus vence o mal (Satanás) e o Cordeiro (Jesus Cristo) triunfa.1


2.6 Conteúdo e Mensagem


A mensagem deste livro é que, mesmo que as evidências sejam contrárias, Jesus Cristo é o Senhor da história. Deus está no controle. Jesus tem a chave do futuro e virá novamente para praticar justiça. Há um futuro glorioso para aqueles que colocaram sua confiança nEle. Seu amor e cuidado por Seu povo são infalíveis.2

A grande lição do livro é o que vemos em Ap 11.15, onde diz: “...O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.”
O tema central de Apocalipse é a pessoa de Cristo ao revelar o futuro e isto vemos logo no primeiro versículo do livro (Ap 1.1 “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as cousas que em breve devem acontecer...”).


2.7 Propósito
João escreve este livro com o propósito de encorajar os cristãos que estavam sendo perseguidos, para que confiassem que Deus cuidaria deles e continuassem sempre fiéis a Jesus Cristo, pois os fiéis receberão um grande presente que é a vida eterna, a salvação. O livro de Apocalipse não tem o propósito de satisfazer curiosidades e sim um propósito salvador.
A chave deste livro se encontra no versículo inicial: “Revelação de Jesus Cristo”. O propósito principal é revelar a pessoa do Senhor Jesus Cristo como o Redentor do mundo e conquistador do mal, e apresentar, de forma simbólica, o programa mediante o qual Ele dará prosseguimento à Sua obra.3

O propósito de Apocalipse é declarado pelo Espírito Santo como vemos em Ap 1.1: “...mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer...”.


2.8 Esboço


O livro de Apocalipse possui um esboço bastante diversificado. Preferimos um esboço mais simples e de fácil compreensão, sendo este:
Introdução – 1.1-8
A primeira visão – 1.9-20
As cartas às sete igrejas – caps. 2-3
A visão do rolo selado com sete selos – 4.1-8.1
A visão das sete trombetas – 8.2-11.19
A visão da mulher e do dragão e a visão dos dois monstros – caps. 12-13
Outras visões – caps. 14-15
A visão das taças da ira de Deus – cap. 16
A destruição de Babilônia e a derrota do monstro, do falso profeta e de Satanás –
17.1-20.10
O julgamento final – 20.11-15
O novo céu, a nova terra e a nova Jerusalém – 21.1-22.5
Final – 22.6-214


2.9 Canonicidade


No que diz respeito a canonicidade do livro de Apocalipse, podemos falar rapidamente sobre a sua aceitação da seguinte forma: “A Igreja Ocidental aceitou-o prontamente como livro canônico: mas a Igreja Oriental não o recebeu senão por volta do ano 500 d.C.”5


2.10 As Interpretações


Há diversos tipos de interpretação do livro de Apocalipse. Os principais tipos de interpretação são os seguintes: Preteristas, Futuristas, Escola Histórica ou Contínua, Espiritualistas.
Os Preteristas pensam que o simbolismo de Apocalipse se relaciona apenas com os acontecimentos da época em que foi escrito. Fazem com que todas as profecias e visões de João refiram-se à história dos judeus até a queda de Jerusalém e à Roma pagã. Esta é a opinião da maioria dos comentadores liberais.
Os Futuristas interpretam os acontecimentos de Apocalipse de forma literal, sendo assim consideram os acontecimentos como totalmente futuros e pensam que todos os eventos relatados no livro acontecerão logo antes ou logo depois da segunda vinda de Cristo.
A Escola Histórica ou Contínua diz que o Apocalipse relata, de forma simbólica, todo o curso da história da igreja, desde o pentecostes ao advento de Cristo. Pensa, então, que um pouco de tudo já foi cumprido, um pouco está sendo e um pouco será cumprido no futuro. A maioria dos reformadores, a maioria dos comentários mais antigos e muitos pregadores evangélicos modernos são desta opinião.
Os Espiritualistas rejeitam as três classes de intérpretes já citadas porque eles dão importância demais ao elemento tempo. Eles colocam ênfase sobre o elemento moral e espiritual do livro de Apocalipse e vêem este livro mais como uma representação de idéias do que de eventos.
Temos ainda, as teorias Milenistas, sendo elas: Posmilenistas, Amilenistas e Premilenistas.
Os Posmilenistas pensam que antes de Jesus voltar para julgar o mundo, a igreja irá experimentar mil aos de prosperidade.
Os Amilenistas pensam que o milênio não deve ser visto como um período literal. Dizem que Jesus pode voltar a qualquer momento para julgar a todos e levar os justos para o novo céu e a nova terra.
Os Premilenistas pensam que Jesus voltará para estabelecer seu reino aqui na terra e reinar durante mil anos e que quando terminar estes mil anos, ele julgará o mundo.





















3. COMO O ESTUDO ISAGÓGICO AJUDA A COMPREENDER E PREGAR
MELHOR DETERMINADA PASSAGEM BÍBLICA?


3.1 Apocalipse 22.12-17, 20 (7º Domingo da Ressurreição – Trienal C)


Para entendermos melhor determinada passagem bíblica, é necessário também compreender melhor seu contexto. Sabendo características do livro, seu estilo de linguagem... conseguimos melhor entender e interpretar determinada passagem bíblica.
Certo é que, sem um estudo isagógico do livro de Apocalipse, a passagem em questão (Ap 22.12-17, 20) teria suas dificuldades, ou melhor, teríamos maior dificuldade de compreender a mesma.
Sabendo sobre as circunstâncias em que foi escrito o livro de Apocalipse, seus destinatários, as características do mesmo, entre outros, melhor sabemos a respeito do objetivo da mensagem da perícope (Ap 22.12-17, 20) que estamos tratando e também de outras passagens do livro.
Assim, além de melhor compreensão da passagem bíblica, teremos também, melhor fundamento e argumentos mais fortes e convincentes para falar sobre tal passagem. Com toda certeza, isto é muito importante para um pregador. Compreender bem a passagem é necessário para que o pregador não saia fora do assunto do qual a perícope está tratando e melhores argumentos são necessários para que a mensagem do pregador chegue aos ouvintes com maior eficiência e estes realmente acreditem no que ele está falando.
É extremamente importante lembrar que, mesmo fazendo uma profunda pesquisa isagógica a respeito do livro de onde pegamos determinada perícope bíblica, este estudo não deve comandar nossa interpretação da passagem, pois devemos deixar a Bíblia interpretar a si mesma. A Bíblia é nossa única fonte e norma de doutrina cristã.
Enfim, sabemos que a palavra de Deus tem poder, mas não é por isso que vamos anunciar esta palavra de qualquer jeito e sem preparo. Somos instrumentos de Deus e podemos anunciar sua bela palavra com grande eficiência. Para tanto, o estudo isagógico nos ajuda grandemente.



4. CONCLUSÃO


Vimos que o livro de Apocalipse é um lindo testemunho de fé que dá esperança e conforto aos cristãos, até mesmo nos momentos de perseguição. Com certeza é um livro que nos traz muita esperança e conforto, pois nos mostra que Deus e o Cordeiro vencerão o mal. Isto é muito confortador, pois assim, temos a certeza de que no dia que Jesus voltar, nós cristão, seremos recompensados, seremos levados ao novo céu e nova terra, seremos salvos.
Concluímos, pois, que o livro de Apocalipse não nos traz apenas mensagens terríveis e desesperadoras, mas nos traz uma mensagem linda que mostra a imensa bondade de Deus e o quanto ele nos ama.
Por tudo isto, agradecendo a Deus pelo seu grande amor, podemos dizer que a oração final do livro de Apocalipse (Ap 22.20) deveria expressar a vontade de todos os cristãos: “...Amém. Vem, Senhor Jesus.”




















5. BIBLIOGRAFIA


A BÍBLIA SAGRADA – Letra Gigante (RA). 2ª ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil,
  1. p. 11.

A BÍBLIA SAGRADA – Tradução na Linguagem de Hoje. São Paulo: Sociedade Bíblia do
Brasil, 1988. p. 319.

BÍBLIA VIDA NOVA. São Paulo: Vida Nova e Sociedade Bíblica do Brasil, 1995. p. 326-
327.

CARSON, D. A. & MOO, Douglas J. & MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento.
São Paulo: Vida Nova, 1997. p. 517-540.

FLOR, Paulo Frederico. Isagoge do Novo Testamento (Apostila). p. 33-38.

NERBAS, Paulo. Introdução ao Novo Testamento (Apostila). p. 48-49.

ROBERTO (Bispo). Como Ler o Novo Testamento. Rio de Janeiro: Ministérios de Nova
Vida, 1979. p. 77-80.

ROTTMANN, Johannes H. Vem, Senhor Jesus – Apocalipse de S. João. Porto Alegre:
Concórdia, 1993. p. 11-30.

SPITZ, Lewis W. Nossa Igreja e Outras. Porto Alegre: Concórdia, 1969. p. 114.

TENNEY, Merril C. O Novo Testamento – Sua Origem e Análise. Lisboa: Vida Nova,
1960. p. 369-382.

TIDWELL, J. B. Visão Panorâmica da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1985. p. 224-228.
1 TIDWELL, J. B. Visão Panorâmica da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1985. p. 224.

2 ROBERTO (Bispo). Como Ler o Novo Testamento. Rio de Janeiro: Ministérios de Nova Vida, 1979. p. 77.

3 BÍBLIA VIDA NOVA. São Paulo: Vida Nova e Sociedade Bíblica do Brasil, 1995. p. 327.

4 A BÍBLIA SAGRADA – Tradução na Linguagem de Hoje. São Paulo: Sociedade Bíblia do Brasil, 1988. p.
319.

5 BÍBLIA VIDA NOVA. São Paulo: Vida Nova e Sociedade Bíblica do Brasil, 1995. p. 327.