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07 julho 2010

TADEU, O HOMEM DE PALAVRA.

TADEU, O HOMEM DE PALAVRA.
Texto base: João 14.16-31
Texto Áureo: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e será amado por meu pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele”. João 14.21

Introdução: Existem pessoas que participam e fazem parte da construção da história sendo uma engrenagem não tão visível nesse processo. Entretanto, a visibilidade externa de forma nenhuma deve ser o padrão máximo de avaliação, ao contrário. Pense em um relógio de corda. Os ponteiros, visíveis. Marcam aquilo que as engrenagens internas, invisíveis, lhe indicam, a vida do apóstolo Judas Tadeu, certamente pode ser contada entre estas, afinal muito pouco temos registrado a seu respeito na Bíblia. Talvez você possa se identificar com ele nesse aspecto. Talvez haja pouca coisa visível ou que chame a atenção externamente em sua vida. Mas, veja, aquilo que não é necessariamente visível para os homens é visível para Deus. Afinal, Deus não vê como vê o homem. O homem vê o exterior; Deus vê o interior. Jesus vê em Judas Tadeu a possibilidade do apostolado e a oportunidade e disposição para a transformação e o serviço. Pode-se vislumbrar alguns aspectos sobre a vida de Judas Tadeu, que veremos a seguir:
1. A Construção Dinâmica de um Caráter Pessoal: Caráter pode ser considerado como um conjunto de marcas ou traços que nos identificam. São as propriedades que distinguem a singularidade e individualidade de alguém. Nesse sentido, Judas Tadeu precisa vencer algumas barreiras na construção de sua identidade.
a) A primeira barreira a ser vencida é a de ser conhecido e identificado por quem ele não é. Jo 14.22 registra: Judas, não o Iscaríotes. Se não ser o Iscaríotes por um lado era um alívio – não é o traidor – por outro lado, não fala nada diretamente a respeito dele. Não o individualiza, a não ser, como não sendo o outro. Não é o Iscaríotes, mas também não é o Paulo, nem o Pedro, nem o João. É necessário maturidade para ser identificado por aquilo que não somos sem se perder naquilo que somos. Existem pessoas que se debatem tanto em torno daquilo que gostariam de ser que perdem o olhar de gratidão e compreensão por aquilo que são. O que você foi no passado, pode te permitir passos melhores hoje. O que você é hoje pode te permitir passos melhores amanhã. Em 1Co 15.9-10 temos: “porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus, sou o que sou...”. Aquilo que somos, somos pela graça de Deus. Isto não elimina o passado – era perseguidor da igreja, isto traz uma identidade e individualidade presente – eu sou o que sou, insto traz uma possibilidade para o futuro – sou o que sou não de uma forma rígida e inflexível; mas como um projeto inacabado nas mãos de Deus e como tal por sua graça o amanhã me reservam possibilidades maiores e melhores.
b) A segunda barreira é a de transforma aquilo que não se entende em um instrumento para construção de uma compreensão mais aprofundada de Deus e de si mesmo. Diante do inusitado, do complexo Judas não se cala, lança uma pergunta para Jesus, com humildade, com desejo de comunhão e encontro (Jo 14.22). Há os que se calam diante do não sabido porque acham que não saber é um atestado de inferioridade. Há os que até sabem muito “sobre” Jesus, mas não aprenderam nada “de” Jesus. Jesus disse aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração (Mt 11.29). Judas Tadeu lança-se no empreendimento de aprender de Jesus e nessa jornada ele tem a possibilidade de refletir sobre sua vida.
c) A terceira barreira é entender que a ação de Deus é mais pessoal e interna do que geral e externa. O principal foco da ação divina são os corações e não os olhos. Talvez Judas Tadeu também esperasse uma ação libertadora nacional de Jesus. Daí a pergunta: “Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a nós e não ao mundo?”. Em nossa pressa podemos pretender que Deus se manifeste a nós e ao mundo, mas o projeto de Deus é manifestar-se ao mundo através de nós. Jesus reafirma: amarei e me manifestarei a quem me ama.

2. A Relação com a Palavra (um instrumento da Manifestação de Jesus): Judas Tadeu estava interessado na manifestação de Jesus e Ele apresenta o caminho para Sua manifestação: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra...” (Jo 14.23). O caminho é o amor. Contudo, Jesus traz o amor para além dos afetos, sentimentos e emoções. Jesus introduz o amor também de forma prática, se alguém me ama guardará a minha palavra. Talvez aqui, uma análise pessoal fosse extremamente denunciadora porque pode nos levar à conclusão de que nosso amor por Jesus não é tão grande como deveria. Mas, Paulo diz que o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi outorgado (Rm 5.5). Em Jo 14.16-17, Jesus está falando do Espírito Santo que nos seria dado pelo Pai. O que precisamos fazer então? A resposta é dar espaço ao amor de Deus que nos é dado pelo Espírito. No mesmo texto, Paulo nos fala de faces da vida onde o amor de Deus opera: a perseverança que é produzida pela tribulação, a experiência que é produzida pela perseverança, e a esperança que é produzida pela experiência (Rm 5.3-4).
Jesus disse aos discípulos que aquele que perseverasse até o fim seria salvo (Mt 24.13). Tiago registra que quem considera atentamente na lei perfeita e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, será bem aventurado no que faz (Tg 1.25). Jesus disse: “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e vos será feito”.(Jo 15.7).
A perseverança produz experiência. Perseverando e sendo constante na Palavra veremos crescer nossas experiências com Deus. Esta é a principal forma para experimentar de modo mais efetivo a ação de Deus a nosso favor. Em I Samuel temos duas afirmações a seu respeito. A primeira em 3.7, diz que Samuel ainda não conhecia ao Senhor ainda não tinha sido manifestada. A segunda em 3.21, diz que o Senhor continuou a aparecer, enquanto por sua palavra se manifestava a Samuel. Jó, após grandes experiências com Deus, pode dizer: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem”. (Jó 42.5).
A experiência produz esperança. Depois de toda sua experiência, Jó podia dizer com muita propriedade: O Senhor é fiel. A Palavra do senhor é fiel. No salmo 23.4 Davi diz: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo...”. Somente a experiência com Deus permite essas declarações como produto da vida prática e não como teorias teológicas.
Por fim, cabe mencionar a fé. A palavra de Deus deve ser recebida e praticada com fé. Após ter trabalhado toda noite sem resultados concretos, Pedro disse para Jesus: Mestre sob tua palavra lançarei a rede (Lc. 5.5). O mar já não me pode dar mais nada, meus conhecimentos e capacidades demonstraram-se ineficazes, meu trabalho se tornou inoperante, mas sob tua palavra lançarei a rede.

3. OS IMPEDIMENTOS PARA NÃO SE GUARDAR A PALAVRA: Jesus afirmou: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama...” (Jo 14.21). A manifestação de Jesus que interessa a Judas Tadeu é demonstrada como conseqüência de se ter e guardar a Palavra. Nossa conduta pode colocar em risco a ação ampla da Palavra de Deus em nós. Falando aos escribas e fariseus Jesus mostra a possibilidade da tradição humana invalidar a Palavra de Deus (Mc 7.13). Falando com a multidão e aos discípulos Jesus mostra a possibilidade de a Palavra ser motivo de vergonha (Mt 8.38). Entretanto, vamos olhar para os riscos apresentados por Jesus em Mc 4.14-19.
I. O primeiro agente apresentado por Jesus que pode interferir na ação da Palavra é Satanás, que segundo o texto age no sentido de tirar a palavra semeada (Mc 4.15). Umas das principais formas de Satanás tentar subtrair a eficácia da Palavra de Deus é relativizando-a. Desde Gênesis isso pode ser observado. Deus dá uma ordem apontando as conseqüências de seu não cumprimento (Gn 2.16-17). Satanás subverte o que Deus falou, levando a desobediência com base em uma falsa esperança (Gn 32.1-5).
II. O segundo agente apresentado por Jesus que pode interferir na ação da palavra de Deus são as angústias e as perseguições por causa da palavra (Mc 4.17). Jesus revela que a palavra de alguma forma pode der fonte de angústias e perseguições. Paulo em Rm 8.35 nos afirma que nem angústia ou perseguição pode nos separar do amor de Cristo.
III. O terceiro agente apresentado por Jesus que pode interferir na ação da palavra de Deus é as ambições, que podem sufocar a palavra de Deus (Mc 4.19). O texto fala de uma concorrência entre a Palavra e os cuidados do mundo, as fascinações da riqueza e demais ambições. Tiago adverte: “... não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”.(Tg 4.4).
Um personagem bíblico que recebeu um duro golpe por não obedecer à palavra de Deus foi Saul. Apesar de inicialmente advertido (1Sm 15.1), Saul opta pela desobediência por seguir seus impulsos e não a palavra de Deus (1Sm 15.22-23). Como conseqüência, os sonhos e projetos de Saul vieram por água a baixo (1Sm 15.26-28).
CONCLUSÃO: Judas Tadeu permitiu que seu caráter e sua vida fossem tocados pela palavra de Deus.Como resultado experimentou a manifestação de Jesus e o amor do Pai. Judas perseverou, guardando a palavra e amando a Jesus. Fontes não confirmadas indicam que após sair pregando o evangelho ele morreu martirizado por sua fé e amor a Jesus. Deus espera que se diga de nós o que foi dito para Elias: Conheço agora que és um homem, uma mulher de Deus e que a Palavra do Senhor na sua boca é verdade (1Rs 17.24). Jesus indica a necessidade de sermos como Judas Tadeu, pessoas de palavra pela operação da palavra de Deus.

MATEUS O PUBLICANO

MATEUS O PUBLICANO – Lc 5.27,28
(Jó 32.21; Mt 9.9-13; Lc 5.27-32; Mc 2.13-17; At 10.28, 34-35 Sl 51.1-19)

Objetivos desta lição:
a-Demonstrar que Jesus jamais teve qualquer tipo de preconceito racial ou social.
b-Evidenciar a coragem de Jesus para romper com todos os preconceitos de seu tempo, a respeito da reação vigorosa das autoridades religiosas.
c-Mostrar que Jesus deve ser nosso modelo, os preconceitos nos impeçam de levar a mensagem de salvação aos perdidos.

Introdução:
Não é muito fácil falar sobre Mateus. Além do registro de sua vocação por Jesus (Lc 5.27, Mc 2.14 e Mt 9.9) e do banquete que logo em seguida ofereceu aos seus colegas de profissão (Lc 5.29, Mc 2.15-16 e Mt 9.10-11) com o objetivo de colocá-los lado a lado com aquele que mudara os rumos de sua vida, nada mais se diz sobres ele nos evangelhos. Apenas o seu nome é citado na relação dos doze (Mt 10.2-4). Nas narrativas de sua vocação por JESUS, Marcos e Lucas preferem chamá-lo de Levi, o que levou alguns comentaristas a crerem que ele poderia teu um nome duplo, Mateus Levi ou Levi Mateus.
As cartas e o livro de Atos se calam acerca dele. O pouco ou quase nada que se conhece vem da tradição extrabíblica. Eusébio, no seu livro “História Eclesiástica”, fala sobre a tradição de que o seu evangelho teria sido escrito originariamente em aramaico e mais tarde traduzido por ele próprio para o grego. Do pouco que temos, contudo, podemos retirar alguns aspectos para nossa edificação que escolhi dividir em três partes.

1. O PUBLICANO.
Mateus era um publicano, o que por si só, já era um estigma. A profissão era relativamente nova em Israel. Havia sido introduzida pelos romanos que, para não se envolverem na experiência desagradável de cobrar os impostos desumanos que impunham aos seus conquistados, utilizavam pessoas dos próprios povos conquistados na execução dessa função. Conseguir quem se dispusesse a realizar esse tipo de trabalho não era difícil. Primeiro, porque a pobreza era muito grande, provocada pela ausência de dinheiro circulante, em face dos excessivos impostos cobrados pelo Império Romano. Daí a disposição de alguns de se tornarem desprezíveis diante de seu próprio povo (Mt 9.11) para adquirir um sustento seguro e permanente. Segundo, porque, além de segura, era uma atividade fácil de ser desviada para a corrupção. Os publicanos, em sua maioria, cobravam mais do que o devido para com isso enriquecer. Este era mais um motivo gerador do desprezo dos seus irmãos.
Mateus era, portanto, o tipo de indivíduo de quem a sociedade não se aproximava, Jesus, porém, como sempre, não agiu segundo o conselho dos homens. Ao vê-lo sentado na coletoria, amou-o da mesma forma que amou a Natanael, apesar de não poder dizer de Mateus o mesmo que declarou de Natanael: “Eis um verdadeiro israelita em quem não há dolo” (Jo 1.47). Apesar da diferença de caráter, ambos foram chamados a ser seus discípulos e, mais tarde, apóstolos. O chamado do Senhor jamais tem qualquer coisa a ver com a nossa aparência ou maneira de ser. Ele concede a mesma oportunidade a todos, indistintamente.
Como disse Pedro em Atos 10.34: “Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas”. A vida de Jesus foi um exemplo para a eternidade de ausência absoluta de qualquer preconceito humano, porque tinha o poder para transformar a vida de qualquer ser humano, detivesse a justiça que procede da prática da Lei, como Natanael, ou estivesse profundamente mergulhado no pecado, como Mateus.

2. TESTEMUNHA
Embora os textos que falam da chamada de Mateus não se aprofundem, é relativamente fácil perceber a conversão dramática por que ele passou. Logo após o seu encontro com Jesus, ele sentiu em seu coração o desejo de que seus colegas de profissão conhecessem aquele que transformara o seu ser, dando-lhe alegria e paz que sempre almejara, mas nunca encontrara. Para isso, reuniu-os no que Lucas diz ter sido um grande banquete (Lc 5.29), embora o próprio Mateus se limite a comentar o que aconteceu durante o evento sem chamá-lo sequer de jantar. Apenas a expressão “à mesa” (Mt 9.10) deixa entrever que era uma refeição. O destaque está em que Mateus não esperou muito para começar a anunciar a salvação que Jesus oferecia, talvez não o tenha feito com tanta presteza quanto à mulher samaritana, mas a sua demora se deu por motivos justos, o tempo necessário para chamar os convidados e o acerto de uma data que atendesse a todos. Essa deveria ser a atitude natural de todo aquele que conhece a Jesus, a experiência de regeneração é algo tão extraordinário, que não pode ser descrita com palavras. Ela revoluciona o interior daquele que é visitado pela graça, dando-lhe alegria, paz, segurança, esperança, direção e, acima de tudo, a convicção da presença do Espírito do Senhor em sua vida. Testemunhar, ou seja, empenhar-se em levar outros a ter a mesma experiência, deveria ser algo tão natural quanto comer ou beber, seja pela palavra, seja pela vida.

3. O ESCRITOR
O autor do primeiro evangelho não se identificou, da mesma forma que os autores dos outros três. Sem dúvida, a iniciativa foi intencional. O objetivo da obra era chamar a atenção para a pessoa do Senhor Jesus, e qualquer coisa que, na visão do autor, pudesse desviar essa atenção para outro objetivo foi omitida, contudo, a igreja, desde os seus primórdios, jamais colocou dúvida quanto à sua autoria, atribuindo-a a Mateus.
Alguns comentaristas modernos discordam dessa tradição, uma das restrições prende-se ao fato dele ter sido um simples publicano. Os autores dessa alegação se esquecem, ou ignoram, que, para exercer aquela profissão, era necessário conhecer pelo menos três idiomas: o seu próprio (no caso de Mateus, o aramaico), o latim (para poder se relacionar com os patrões, incluindo a responsabilidade de fazer relatórios e demonstrações contábeis) e o grego, que era a língua corrente da região que margeava o lado oriental do Mar Mediterrâneo. Os judeus que viviam fora de Israel, em sua grande maioria, já não dominavam mais o idioma materno, porém, além da língua falada nos países em que viviam, dominavam o grego. Daí o publicano ter de conhece-lo.
Mateus não era, portanto, alguém sem cultura, como desejam fazer crer os que combatem sua autoria do primeiro evangelho. Isso se manifesta em toda a sua obra. O seu evangelho é o mais completo dos quatro. Nele há um equilíbrio perfeito entre as narrativas dos atos e dos discursos de Jesus. É o único que registra na íntegra o Sermão do Monte. Todos os discursos de Jesus são dispostos em blocos muito bem distribuídos no corpo da obra, é ainda o único que anota alguns ensinamentos sobre o comportamento da Igreja (Mt 18). Por esses motivos, foi o mais importante dos quatro evangelhos durante a maior parte da vida da Igreja Cristã. Aos poucos, os demais foram conquistando seu espaço, sem que o de Mateus perdesse o reconhecimento de seu valor.
A contribuição de Mateus para a vida da Igreja Cristã é inestimável.
Qual tem sido a nossa contribuição? Temos perguntado ao Senhor o que ele reservou para cada um de nós fazer? Temos procurado fazer?

CONCLUSÃO:
Conquanto disponhamos de pouco materiais sobre a vida de Mateus, o pequeno registro de sua chamada, seguida do banquete que ofereceu, deixa-nos dois grandes desafios: atender prontamente ao chamado do Senhor para assumir a vocação que tem reservada para os seus; e nos entregar de imediato à obra de conquistar outros para Jesus. Amém!
SOLI DEO GLÓRIA!

NATANAEL, O VERDADEIRO ISRAELITA (João 1.43-51).

NATANAEL, O VERDADEIRO ISRAELITA (João 1.43-51).
Introdução:
A.“Ficando ele só; e lutou com ele um homem, até o romper do dia. Vendo este que não podia com ele, tocou-lhe na articulação da coxa; deslocou-se a junta da coxa de Jacó, na luta com o homem. Disse estes; Deixa-me ir, pois já rompeu o dia. Respondeu Jacó: Não te deixarei ir se me não abençoares. Perguntou-lhe, pois: Como te chamas? Ele respondeu: Jacó. Já não te chamarás Jacó, e sim ISRAEL, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste. Tomou Jacó: Dize, rogo-te, como te chamas? Respondeu ele: Por que perguntas pelo meu nome? E o abençoou ali” (Gn 32.24-29).
Qual foi o milagre? O Jacó antes enganador, suplantador, foi transformado em Israel; o seu caráter foi modificado, tornou-se um verdadeiro israelita. Não é verdade que na linguagem dos Evangelhos, pode-se afirmar: Jacó nasceu de novo, ganhou nova vida?

B.A palavra de Jesus dirigida a Natanael não era uma bajulação. Ainda que com amor, o Senhor Jesus sempre foi muito franco nos seus relacionamentos com o homem. Basta ver o que disse ao jovem rico (Lc 18.18-19), a Nicodemos (Jô 3.1-2) e até aos próprios apóstolos: “À vista disto, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já na andavam com ele. Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura quereis também vós outros retirar-vos?” (Jo 6.66-67). Na realidade, ali estava um verdadeiro israelita, isto é, filho do novo Jacó, do novo concerto;

C.A lição objetiva mostrar, a partir da afirmação de Jesus: Eis um verdadeiro israelita em quem não há dolo...,” que não basta ser membro da igreja, ser ativista, rotular-se de crente poderoso. É preciso a experiência do novo nascimento que permita a Jesus afirmar de você: “Eis um verdadeiro crente!”

1. Filipe, o grande instrumento.
A.Não é possível estudar a vida de Natanael sem se falar de Filipe. Na verdade, ele foi o instrumento usado por Deus para o histórico e abençoado encontro de Natanael com Jesus: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José...” (Jo 1.45), falou Filipe.
B.A objetividade do convite de Jesus a Filipe foi impressionante. Aliás, foi mais do que um convite foi uma ordem: “Segue-me!” (João 1.43). Não houve apelos emocionais ou promessas mirabolantes. Foi uma ordem a ser obedecida. Filipe estava diante de uma pessoa a quem devia simplesmente obedecer.
C.Aprendemos com Filipe que o seguir a Jesus é dinâmico, é ação. É uma caminhada que não tira a pessoa do mundo, mas o convoca para testemunhar no mundo: “Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou, não peço que os tido do mundo, e sim que os guarde do mal...” (João 17.14-15). Logo após o seu encontro com Jesus, Filipe levou Natanael. O registro bíblico apresenta uma seqüência maravilhosa no encaminhamento daqueles que resolveram seguir a Jesus.
“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo...” (Jo 1.29), falou João Batista; depois vieram André, Pedro, Filipe, e então Natanael.

II.Natanael, o Verdadeiro Israelita.
A.Natanael, presente de Deus, morava em Cana, cidade a uma légua e meia de Nazaré; ao encontra-lo, Filipe foi logo dizendo: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e quem se referiram os profetas, Jesus, o Nazareno, filho de José...” (João 1.45). As credenciais eram irrefutáveis, mas o ceticismo de Natanael o levou a inquirir: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” João 1.46. Filipe não responde com argumentos, mas lança mão do instrumento mais poderoso para vencer a incredulidade, o testemunho: “Vem e vê!”.
B.Ao aproximar-se de Jesus, a declaração surpreendente: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo...” (João 1.47). “Donde me conheces?” (João 1.48). A resposta foi mais surpreendente ainda: “Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando estavas embaixo da figueira...” (João 1.48). Bastou! Foi o suficiente. Natanael se rendeu à onisciência do Senhor Jesus: “Mestre, tu és o Filho de Deus, teu és o Rei de Israel...” (Jo 1.49).
C.Mas, por que “verdadeiro israelita?”. Porque não vasta pertencer a Israel: “E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas... isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne (Rm 9.6-8). O verdadeiro israelita trás características, algumas qualificações que o credenciam como tal:
a.O dom da adoção, assim como Paulo: “São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São descendências de Abraão? Também eu”.(2 Co 11.22);
b.Filho do segundo Jacó, Israel. Veja o que Paulo diz em Romanos 9.8: “... isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa.”
c.Vida sem dolo, isto é, sem má fé, astúcia ou armações. Não praticante de uma religião puramente exterior.

O VERDADEIRO ISRAELITA CONCLUIU:
A) Jesus não é um simples produto de Nazaré, donde na sua opinião não podia vir coisa boa, mas é o grande e onisciente Mestre, capaz de penetrar no mais incrédulo coração e transforma-lo num coração de fé.
B) Jesus na é apenas o filho de José, mas o Filho de Deus, o Rei de Israel.

CONCLUSÃO:
A-Natanael não era mais filho do primeiro Jacó (carnal, astucioso, espertalhão). Ele agora é filho do segundo Jacó – Israel, transformado, sem dolo, o que viu e creu.
“O homem que vendia achas de lenha se converteu, mas pouca gente acreditou. Um mais afoito, afirmou: Só creio se ele deixar medir as achas que vende, as achas antes só tinham noventa centímetros, mas agora tinham realmente um metro. O homem não era mais filho do primeiro Jacó. E você?
B- Um verdadeiro israelita fala por analogia do verdadeiro crente; não do membro da igreja, daquele que abraça uma religião, mas de quem realmente nasceu de novo. Não basta o espetáculo exterior, o Senhor Jesus quer ver mesmo é o coração: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mt 15.8-9). Representa um grande perigo à falta de sintonia entre o exterior e o que se é realmente.
“Caiu uma barreira na linha férrea. O sinaleiro pegou a bandeira e correu para avisar do perigo ao terem que se aproximava. O maquinista, porém, olhou a bandeira e foi em frente. O desastre foi fatal. Mas, o que teria acontecido que o maquinista não parou se o sinaleiro estava no seu posto? A bandeira tas desgastada pelo tempo não era mais vermelha, parecia branca, o que não evitou o desastre. “Quando não se é um verdadeiro crente, provoca-se mais desastre do que solução.
“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as coisas antigas (do primeiro Jacó) já passaram; eis que se fizeram novas (do segundo Jacó, Israel) – 2 Co 5.17”;
C- Convém reafirmar que o seguir a Jesus envolve sacrifício, tem um preço. A idéia tão generalizada hoje de que seguir a Jesus é moleza, é só receber, não está na Bíblia. Basta ler Mateus 11.28-29, para se perceber que o Jesus que convida: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei...”, é o mesmo Jesus que diz: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração...”
D-O verdadeiro crente é aquele que pode afirmar, em qualquer situação: “Eu sei em quem tenho crido!”