Pesquisar este blog

02 agosto 2010

A PRATICA DA CONVERSAÇÃO PASTORAL

 INSTITUTO CONCÓRDIA DE SÃO PAULO
Escola Superior de Teologia
Aconselhamento Pastoral
Prof. Dr. Erni Walter Seibert
Aluno: Waldemar G. Carvalho Júnior

Recensão

FABER, Heije & SCHOOT, Ebel Van Der A Prática da Conversação Pastoral Trad. Sílvio Schneider. São Leopoldo, Sinodal, 1985.


A obra lida é dividida em duas grandes partes a primeira é escrita por Heije Faber e a segunda é escrita por Ebel Van Der Schoot e tem por objetivo o aperfeiçoamento e uma melhor conversação pastoral. A conversação é mais do que palavras, estão envolvidos os sentimentos e isto tem influência direta e decisiva no aconselhamento e conclui afirmando que o "seu sucesso ou fracasso não depende só das palavras que são trocadas, mas também dos sentimentos dos dois interlocutores, tanto mútuo como em relação a si próprio"1. Não são só palavras pronunciadas, mas os sentimentos que são exteriorizados ou escondidos que determinam o andamento de uma conversação.
Utilizando-se de um exemplo prático vivido por pastores vai conduzindo o leitor a compreender como a conversação pastoral se desenvolve. Afirma que intuição não basta, e que é mais importante o hábito, a atitude pastoral. Alerta para o perigo de se tomar partido.
Uma frase que chamou-me atenção foi "Parece que as pessoas aprendem muito mais daquilo que elas próprias descobrem numa conversação confidencial do que aquilo que lhes é dito ou que lhes perguntam"2 deixando clara a importância do aconselhamento não diretivo.
O pastor deve sentir e pensar como a pessoa que o procura e assim dar-lhe oportunidade para desabafar. Não deveríamos emitir juízos, não rejeitar nada do que ela.
No capítulo sobre Ouvir e responder na Conversa Pastoral introduz algumas idéias de Carl Roger que é um psicoterapeuta para esclarecer a estrutura e os trabalhos do contato pastoral. Defende a idéia que o pastor deve ser "non. directive" em relação ao aconselhando. Ou seja rejeita a idéia da pessoa como objeto, pois acredita que o que busca o conselho deve permanecer responsável por sua própria vida.
O autor define o trabalho do pastor como uma ajuda para um bom relacionamento do homem com Deus, sendo a relação de sujeito para sujeito ou seja de igual para igual.
Coloca a reflexão, ou seja o conselheiro formula novamente os sentimentos do aconselhado de forma tal que a pessoa percebe que ali há alguém que o compreenda, ou seja como um espelho que reflete nitidamente a nossa imagem.
Para o autor refletir não é repetir as palavras, mas sentir em si os problemas do outro. Destaca o termo empatia na página 32 - sentir em si os sentimentos do outro, e o termo: Sistema de Referência dos sentimentos e pensamentos do outro num determinado momento .
O autor vê um grande problema entre os pastores de quererem moralizar ou dogmatizar isto gera problemas à poimênica.
Afirma que os pastores nada mais precisa fazer do que ouvi-las e acompanhar-lhes o pensamento.
Vê a Poimênica como um processo, vê que uma conversação pastoral corre em duas etapas: 1º. Vem o impulso mais ou menos longo, no qual o pastor, ao pensar empaticamente com o cliente, o auxiliará a ter uma visão de sua situação. 2º. Abre-se a perspectiva pessoa; para Deus.
O objetivo do livro é ensinar a compreender perguntas, reconhecer erros e desenvolver certos hábitos, este livro se propõe a desafiar os leitores a praticarem a autocrítica e a apurarem sua intuição muitas vezes indolente.
O livro é muito interessante por interagir com o leitor que através de formulação de respostas vai se auto-criticando e treinando a intuição e pelo uso de relatórios pastorais para fazer análises.
É contra a atitude diagnóstica na conversação. Escreve também sobre a transição do aspecto pastoral para o restrito.
Na 2ª parte escrita por Ebel Van Der Schoot repete alguns conceitos que defende uma conversação não diretiva. Diferencia a conversação pastoral das outras conversações pelo específico de "sempre gira em torno da redenção do homem" 3.
Aborda questões relativas ao pastor, congregação e liturgia como recursos poimênicos como também a oração.
Chamou a atenção a quentão da liberdade na Conversação pastoral "livre para fazer tudo o que possa ajudar o outro"4.
E para ajudar os outros é importante o uso da técnica adequada, pois "o pastor quer ajudar o outro a aprender a ver a sua vida à luz de Deus"5.
Cita Kinget-Rogers que dá características importantes para a conversação como sinceridade, simpatia, aceitação.
Utiliza exemplos de visitas é conseqüências que demonstram os resultados de uma conversa diretiva e não diretiva ficando no meu entender claro que a não diretiva produz melhores frutos. Apesar disso aborda as dificuldades do método não diretivo que reside na atitude no interior do dirigente da conversação. "É necessário que nos desacostumemos de pretender convencer alguém de algo com que nada pode fazer."
O livro termina como relato de 5 casos de épocas diferentes a impressão que ficou é de realmente não confiar na intuição, achar que temos receitas prontas para o problema e sim que o importante é se aperfeiçoar no ouvir, sentir e estar ao lado do outro, sem julgar, dogmatizar, generalizar, mas refletir e cooperar para que a pessoa supere o problema ou se for o caso apenas desabafe.
Uma obra excelente e de grande valia para o pastor que deveria fazer parte de sua biblioteca e também da sua prática pastoral no dia-a-dia de seu ministério.

1 Página 7
2 Página 22
3 Página 137
4 Página 162
5 Página 163

50 PONTOS PARA O ACONSELHAMENTO

INTITUTO CONCÓRDIA DE SÃO PAULO
Escola Superior de Teologia
Disciplina: Aconselhamento Pastoral Centrado em Cristo
Professor: Rogers Hake Aluno: Elieu Radins


Cinqüenta Pontos Importantes no Aconselhamento


1-Estar disposto a ouvir muito.
2-Reconhecer no aconselhando uma criatura feita por Deus.
3-Estar ciente de que o aconselhando é a pessoa mais importante nesse relacionamento.
4-Precisamos estar dispostos a mudar nossos paradigmas.
5-A oração é fundamental. Orar particularmente e com o aconselhando.
6-Amar a pessoa que nos procura para o aconselhamento.
7-Eu não sou superior àquela pessoa que busca o aconselhamento.
8-Jesus é o centro do nosso aconselhamento.
9-Não podemos tomar decisões pela pessoa.
10-O problema não é nosso.
11-Orientar para que o aconselhando tome as decisões.
12-Uma técnica de aconselhamento é: Ouvir, encorajar, dizer de novo, refletir.
13-Outro método é o científico: formular uma pergunta de pesquisa baseada em um problema, desenvolver uma hipótese, testar a hipótese.
14-O ouvir ativo é muito importante. No ouvir ativo ouvimos normalmente, ouvimos analisando e ouvimos com empatia.
15-No ouvir ativo existe o PARE: para, atender, refletir e explicar.
16-Existem falhas no ouvir ativo. Essas falhas são: O ouvir é pseudo ouvir, ouvir falso, reagir muito cedo, enfocar assuntos irrelevantes, ouvir defensivamente e centralidade da mente.
17-Nós nos comunicamos de maneira não verbal. As categorias de comunicação não verbal são: emblema, ilustrador, manifestação de carinho, reguladores e adaptador.
18-93% do que transmitimos é comunicado de maneira não verbal.
19-Cinco passos de aproximação para resolver um problema: estar ciente de que o problema existe, entender a natureza do problema, reunir informações relevantes, formular e desenvolver uma solução e avaliar a solução.
20-Existem três tipos de líderes: autoritários, democráticos e lessey fair.
21-No trabalho em grupos encontraremos pessoas individualistas. Precisamos tratar a situação com empatia.
22-Quando lermos a bíblia, sempre procuremos aspectos de aconselhamento em nossas meditações.
23-Nós temos personalidades múltiplas.
24-Nunca devemos agir negativamente com pessoas que estão revoltadas com Deus.
25-O pastor não pode não ser um conselheiro.
26-O pastor não é o dono da verdade. Com essa visão o trabalho fica muito mais fácil.
27-Nós estamos sempre nos conhecendo a nós mesmos.
28-O nosso aconselhamento é baseado em lei e evangelho.
29-No aconselhamento, especialmente de casais, a Santa Ceia é fundamental.
30-O aconselhamento deve ser norteado pelo perdão de Deus.
31-Precisamos de um pequeno repertório para podermos começar o aconselhamento, mas, com o passar do tempo, esse repertório precisa crescer.
32-Toda mensagem deve possuir três aspectos: áudio, visual e sinestésico.
33-Nós nos expressamos de maneiras diversas. Uma delas é pela expressão facial. Com ela podemos expressar: ira, alegria, insatisfação, surpresa, medo, tristeza.
34-Os nossos valores são baseados em crenças, atitudes a hábitos.
35-São três os elementos de um problema: presente indesejável, alvo e obstáculo no caminho do alvo.
36-São seis os estágios de aconselhamento: construir um relacionamento, tentar compreender e diagnosticar o problema, formular alvos ou metas a serem alcançados, intervir e solucionar o problema, término e acompanhamento do aconselhando e avaliação.
37-As pessoas tem um mecanismo de defesa onde elas se retraem e fecham-se em si mesmas dificultando o trabalho.
38-Existem chaves para o ouvir efetivo: achar áreas de interesse comum, julgar o conteúdo da conversa, não ir logo adiante na conversa, organizar nossas idéias, ser flexível, trabalhar o escutar, resistir a distrações, exercitar nossa mente, deixar a mente aberta e analisar os fatos do pensamento de quem você está aconselhando.
39-Lutero antecipou a tarefa do pastor como conselheiro.
40-É fundamental para o aconselhamento cristocêntrico andar humildemente com o meu Deus.
41-No aconselhamento pastoral cristocêntrico o pastor está envolvido pelo amor ágape em todas as dimensões da comunicação.
42-O aconselhamento pastoral requer tempo. Precisamos ter tempo para o aconselhamento.
43-Cada pergunta tem atrás de si uma afirmação.
44-O conselheiro não vai salvar almas.
45-Nunca devemos dizer para o aconselhando "eu sei o que você está sentindo".
46-Cada caso é um caso. Não existe fórmula mágica e muito menos um padrão que funciona em todos os casos.
47-Os problemas tratados com o aconselhando devem ficar nesse esfera. O conselheiro nunca deveria levar esses problemas para dentro da sua casa.
48-Quando um casal tem problemas não podemos logo aconselhar que se separem.
49-Precisamos sempre ser persistentes, nunca devemos desistir.
50-No trabalho em grupo temos vários tipos de indivíduos: belicoso, positivo, sabe-tudo, falante, acanhado, não coopera e não aceita, desinteressado, desdenhoso e perguntador persistente.
51-Algo que certamente poderemos enfrentar são os problemas com os vícios. Precisamos estar preparados para essa desafio.

30 julho 2010

ACONSELHAMENTO PASTORAL CENTRADO EM CRISTO

ACONSELHAMENTO PASTORAL CENTRADO EM CRISTO

Há seis tipos de pessoa que existe dentro de nós (Os Seis "Eu's"):
Existe um eu que eu penso que eu sou;
Existe um eu que o outro pensa que eu sou;
Existe um eu que eu penso que o outro pensa que eu sou;
Existe um eu que eu sou;
Existe um eu ideal;
E existe um eu que Deus sabe que eu sou, que Deus conhece.
Você não pode não ser um conselheiro. Você sempre é um conselheiro. Existem conselheiros feitos, mas que ainda precisam de treinamento.
Quando nós agimos como pastores que somos, nós não podemos nos esquecer que somos agentes de Deus.
É importante destacar que estamos falando de Aconselhamento Pastoral Centrado Em Cristo!
No culto, dar tempo para reflexão é ser conselheiro. Sacramentos = Evangelho visível.
Tudo o que fazemos precisamos lembrar da oração, também no aconselhamento. A oração é ponto-chave do aconselhamento.
Repertório = Assim é o aconselhamento pastoral, vai aprendendo e formando um repertório, vai aumentando nosso repertório. O centro do repertório é a palavra de Deus. Estamos sempre ligados com Deus também através da oração. O aconselhamento pastoral nos faz aprender cada vez mais.
Psico-neuro-linguística = Usamos três áreas: áudio, visual, sinestésica. Áudio = Uma grande qualidade de um bom conselheiro é saber ficar quieto. Precisamos saber escutar. É melhor ouvir mais e falar menos. Visual = Quando eu vejo tenho uma idéia do que estou falando. Nosso sermão pode ser descritivo apelando para o visual, isto é, ao ponto de as pessoas verem o que estou falando (ex.: "vejo o Salvador..."). Sinestésico = O sinestésico apela para a emoção ("Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?").
Como fazer sermão? Lei X Evangelho. A Bíblia tem muito evangelho (Gn 3.15). Todo sermão precisa ter os três aspectos, para atingir as mais diversas pessoas, porque o sermão, apresentando as três áreas, toca a pessoa de alguma forma. O que "eu" sou primeiro das três áreas? O que "eu" recebo melhor, com mais facilidade? O que "eu" mais gosto? Precisamos conhecer as áreas para compreender melhor as pessoas e descobrir a área delas. E isto também vale para nós mesmos, pois não é fácil aconselhar corretamente.
Fp 3.8-14 = Que conceitos de aconselhamento que tiramos do texto? Versículo 9: divisão entre lei e evangelho. Versículo 12: ninguém é perfeito, nem mesmo o conselheiro.
O uso do "nós" no aconselhamento e não "você" e "eu" é importante, pois "você" e "eu" dá um ar de superioridade e o "nós" de humildade.
O Ouvir Ativo ("abrir os ouvidos e abrir os olhos") = para, olhar, ouvir, perguntar (reagir). Mnemônica: PARE = P = parar. A = atender. R = responder. E = explicar. É importante parar, olhar, ouvir, reagir / procurar, assentar, responder, explicar. STOP (parar), LOOK (olhar, ver), LISTEN (escutar, ouvir), QUESTION (questionar), PARAPHRASE (parafrasear), REFLECT (refletir).
O conselheiro precisa saber escutar antes de tirar conclusões. Nunca deve dizer "eu sei o que você está passando, sei qual o seu problema." Em aconselhamento fica-se com a boca fechada o máximo que puder e nunca se interrompe a pessoa.
Comunicação = emissor... processo realizado por códigos (palavra, imagem, mensagem...)... canal (voz...)... barulhos / ruídos... decodificar mensagem emitida... receptor... manda de volta... ruído... decodificar... Três meios de comunicação: áudio, visual, sinestésico.
Existe um conflito entre o verbal e o não-verbal. Dá-se preferência ao não-verbal. Atenção é muito importante.


Comunicação entre duas pessoas (%):
7% da comunicação é feita através da palavra / verbal
55% pelo rosto / face
38% pela entonação da voz



7% diálogo
93% não verbal
55% no rosto e o restante pela voz (você diz muito e pega muita coisa apenas olhando)
Quatro temperamentos = melancólico, neurótico, 
A oração pode ser uma terapia. A medida em que vai se falando nos assuntos, ora-se por eles. A oração não é um sermão! É uma conversa com Deus e não um dizer como uma pessoa deve viver. Contra as coisas que vêm do mal, precisa-se usar o sangue de Jesus. No silêncio da oração buscamos, em Deus, ajuda para os nossos problemas.
Sine Ceres = os artistas romanos escreviam isto (sincerely / sinceridade). Precisamos ser sinceros, honestos, nós mesmos.
Cada vez mais em nosso conhecimento nós estamos abrindo a janela e deixando que os outros conheçam nossa área desconhecida.
É importante conhecermos a nós mesmos. Conhecer a si mesmo é crescer.
Defensivo = Quando alguém diz "não gosto de você, pastor", nunca respondemos defensivamente (ex.: "não gosto de você também".)
Não importa quem seja a pessoa que iremos cuidar, devemos ter amor pelas pessoas. Não podemos fazer distinção de pessoas (ex.: prostitutas, drogados, criminosos...). Deus não ama o pecado, mas o pecador. Assim nós devemos agir (Jo 3.16).
Empatia (pessoa empática) = é uma maneira de ser. Empatia é a tendência para sentir o que sentiria caso se estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa. Relacionamento empático = ao conversar, quando se fala exatamente o que a pessoa está sentindo, se estabelece uma relação empática.
Você, fisicamente e psicologicamente, trata com a pessoa, você entra no barco da outra pessoa e desce o rio com ela e experimenta o que aquela pessoa experimenta. Você tenta captar as emoções desta pessoa. É mais que ouvir, é ser ativo. Acompanhar a pessoa o mais próximo possível. Quando a pessoa começa a falar, você vai procurar por "mensagens coloridas". Escute e veja as mensagens verbais e não verbais da pessoa, respondendo em sentenças curtas. Falar menos que a pessoa que está se aconselhando. Dar o mínimo de respostas e ver o que está acontecendo. Não responder de forma que a pessoa se sinta prostrada. Colocar pequenas perguntas ao fim. Isto mantém o caminho do diálogo aberto. Sua resposta empática vai trazer a continuação da conversa. À medida que você navega com a pessoa você entra em águas mais profundas. Existe o perigo de entrar profundo demais, de tal forma que não consigamos voltar (ex.: perigo de fazer uma pessoa se apaixonar por nós – ex.: uma mulher mal amada). Este é um perigo freqüente, tanto no início quanto no fim do aconselhamento.
Transference / Transferência = 
Precisamos observar bem a pessoa para saber onde ela está e então começarmos o aconselhamento. Devemos observar bem para fazer nosso julgamento com precisão. Não adiante a conclusão, deixe a pessoa chegar ao final. Ouça a pessoa ao máximo. Não oferecer ajuda antes de ouvir a pessoa.
Objetivos do aconselhamento:
Imediato (immediate) = começar a entender onde está a pessoa e descobrir quais os caminhos para ajudar, para facilitar a solução de seus problemas (ex.: como descascar uma banana).
Mediato (mediate) = ir passando as camadas (ex.: assim como se tira as camadas de uma cebola)
Longo prazo (long range) = 
De tudo que nós fizermos, o amor de Deus deve estar sobre isto, é o guarda-chuva sobre tudo o que fazemos. 1Co 13; Jo = A figura do guarda-chuva é o amor "agape".