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08 dezembro 2011

EFÉSIOS 4.30-5.2

EFÉSIOS 4.30-5.2.

 

30 kai. mh. lupei/te to. pneu/ma to. a[gion tou/ qeou/( evn w-| evsfragi,sqhte eivj h`me,ran avpolutrw,sewjÅ

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 

V.30 (RA) E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.

 

            Neste versículo vamos analisar a palavra Entristeçais Que no original é “lupeo”, que significa “doer-se”, “lamentar-se”, “afligir-se”, “entristecer-se”. O desprezo sentido pelo Espírito de Deus ante as ações humanas erradas é representado pela tristeza aflitiva que os seres humanos experimentam. Em outros textos aparecem outros termos no qual se pode entristecer o Espírito de DEUS, como por ex. 1 TS 5.19. É usado o termo “apagar”, no original grego esta palavra é “sbennumi”, que quer dizer: extinguir, enrijecer, apagar, em At. 7.51 é usado o verbo resistir ao Espírito.

            Fostes selados com o Santo Espírito Varias ações podem ser entendidas por selados. Entre os pagãos os devotos dessa ou daquela religião recebiam uma marca tipo tatuagem que representavam seu deus. Já os judeus a circuncisão como selo do pacto abraâmico. Mas também podemos citar o batismo realizado pelos cristãos, aqui não é identificado nenhum tipo de selo ou marca. Mas cf. Col 2. 11-12 e Ap 7. 3-7, podemos dizer que o ato da selagem dos servos de Deus, em suas testas, evidentemente era uma espécie de sinal identificador.

            O dia da redenção tem vista para o mundo celestial, é neste dia que alcançaremos a plenitude de Cristo o filho de Deus a substância essencial para a nossa salvação (redenção). O dia se refere à eternidade. Deus é infinito.

            O que o autor quer nos passar no verso 30? Ele nos passa informações, instruções da ira de Deus, e também adverte a todos que Satanás está sempre por perto, para desviar-nos do caminho da verdade, ou seja, dar lugar a Deus em primeira instância, assim não daremos espaços para que o Diabo possa agir com sua obra maléfica. Qualquer pecado seja ele, por pensamento, palavra, ou ação, é motivo para o entretecimento do Espírito de Deus.  Esta referência ao Espírito, refere-se a Cristo ou ao Pai, provavelmente derive da passagem de Isaías 63: 10, e é restritamente apropriada porque o Espírito é o vínculo da vida de comunhão, e o pecado de ofender um irmão através de palavras ou ato de falsidade, entristece o Espírito de Deus.

31  pa/sa pikri,a kai. qumo.j kai. ovrgh. kai. kraugh. kai. blasfhmi,a avrqh,tw avfV u`mw/n su.n pa,sh| kaki,a|Å

 

V. 31 (RA) Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia.

 

            Longe de vós, no original encontramos artheto, verbo no aoristo imperativo passivo, de airo que significa tirar, retirar, renunciar, levar. O aoristo dá idéia de uma ação feita de uma vez por toda.

Amargura, pikria no original, aparece três vezes no N.T. em AT 8. 23 e Rm 3. 14. Significa uma disposição dura, maliciosa, inclinada às contendas.

Cólera é termo usado de maneira intercambiável com a palavra seguinte, ira. Como o termo pode estar separado, podemos dizer que foi um furor, explosão de ira.

            Ira do grego orge (ódio).

   Gritaria No grego é krauge, que significa, literalmente, clamor, grito, mas é também usado de forma figurada em termos como acontecimentos e condições lamentáveis, por ex. a morte de Jesus.       

            Blasfêmia em temos gerais palavras injuriosas. Vocabulário usado para indicar as injuria proferidas pelos homens contra Deus especialmente contra o próximo.    

            Malícia do vocabulário grego kakia, que significa maldade, depravação, iniqüidade, vício, mas que tem aqui, particularmente, o sentido de má vontade, malignidade, malícia.  

32 gi,nesqe Îde.Ð eivj avllh,louj crhstoi,( eu;splagcnoi( carizo,menoi e`autoi/j( kaqw.j kai. o` qeo.j evn Cristw/| evcari,sato u`mi/na

 

32 Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.

 

A palavra benigno é tradução do grego chrestos, que significa gentil, bondoso, útil, amoroso, benévolo. E a sua forma substantiva significa gentileza. O apóstolo diz, sede uns para com os outros benignos, ou seja, erradicar as más palavras e ações necessita da purificação do pensamento. 

Compassivos no original grego têm a palavra eusplagchnos, que significa, de coração terno, usada para referir-se às entranhas, às vísceras intestinais.

Perdoando-vos uns aos outros, esta é a grande exigência cristã da fraternidade, do espírito perdoador entre os cristãos.

O homem de alma grande, este verso pode ser confrontado com Mateus 6.12-15, onde a atitude do Senhor Jesus Cristo, nos ensina que o perdão mútuo é condição do perdão divino para nossas ofensas. Porque você não pode ganhar o perdão de Deus, sem antes perdoar seu próximo.

 

         5:1 gi,nesqe ou=n mimhtai. tou/ qeou/ w`j te,kna avgaphta.

 2  kai. peripatei/te evn avga,ph|( kaqw.j kai. o` Cristo.j hvga,phsen h`ma/j kai. pare,dwken e`auto.n u`pe.r h`mw/n prosfora.n kai. qusi,an tw/| qew/| eivj ovsmh.n euvwdi,ajÅ

 

 

NTLH: 1Vocês são filhos queridos de Deus e por isso devem ser como ele.

2Que a vida de vocês seja dominada pelo amor, assim como Cristo nos amou e deu a sua vida por nós, como uma oferta de perfume agradável e como um sacrifício que agrada a Deus!

 

Estes dois últimos versos tratam do perdão, e aqui os cristãos são convidados a serem imitadores de Cristo (Deus). De fato, mimetai (imitadores) é mais do que meros seguidores, esta palavra é mencionada varias vezes no Novo Testamento, para indicar o ato de seguir um exemplo humano, mas apenas aqui aparece com o sentido de imitar o próprio Deus. Em outras palavras, aqueles que são feitos filhos de Deus pela graça devem tornar-se mais parecidos com o Pai celestial. -

BONIFÁCIO III

1 BONIFÁCIO VIII (1294-1303)

Após a morte de Nicolau IV os cardeais vacilaram na escolha de seu sucessor. GONZÁLEZ, V4 P. 184. Diz:

O ideal franciscano tinha penetrado em suas fileiras, e alguns pensavam que o novo papa deveria encarnar estes ideais, enquanto outros insistiam na necessidade de o papa ser uma pessoa conhecedora das intrigas e ambições do mundo.

Por fim acabou sendo eleito o franciscano Celestino V que pertencia ao grupo dos “espirituais”. Este se apresentou em Áquila descalço e montado em um jumento, com esse gesto muitos pensavam que finalmente as profecias de Joaquim de Fiore estavam sendo cumpridas. A partir de então o Espírito estava em uma nova era, neste novo rumo tomado, a igreja seguiria o ideal monástico. Mas depois de um breve papado de Celestino, resolve este renunciar, se apresentando aos cardeais deixou as medalhas (insígnias) papais, e disse sentado no cão que ninguém seria capaz de fazer-lhe mudar de idéia.

Seu substituto, Benedetto Gaetani, eleito aos 61 anos de idade, por 23 cardeais, em Nápoles, uma homem de caráter oposto ao de Celestino. Na companhia de dois reis vai a Roma, onde foi coroado com o nome de Bonifácio VIII. Nasceu em Anagni em 1231. Formou-se em direito. Legado do papa a fim de evitar o duelo entre os reis Carlos I de Anju e Pedro de Aragão. Tem o seu inicio de reinado no século XIII. Como papa pontificou reis e nações. Iniciou a comemoração do “Jubileu”, Ano Santo. O primeiro , em 1300, foi maravilhoso, atraindo a Roma quase dois milhões de peregrinos de toda a cristandade. Com tudo Bonifácio sofreu muito. Repreendeu abusos, não poupando nem os cardeais e muito menos a nobreza, o que lhe resultou em criticas difamatórias. Estando muito doente e sensível, veio a falecer no dia 11/ 11/ 1303. Teve defeitos humanos, mas seus inimigos ocultaram - era natural - suas virtudes, seus méritos e sua heroicidade em defender os direitos de Deus. Em sua bula Unam Sanctam o ideal do papado onipotente chegou à sua expressão máxima:

Uma espada deve estar sob a outra, e a autoridade temporal deve estar sujeita à potestade espiritual. ... Por isso, se a potestade terrena se aparta do caminho reto será julgada pela espiritual. ... Mas se ala se aparta da suprema autoridade espiritual, então somente pode ser julgada por Deus, e não pelos humanos. ... Por outro lado, declaramos, dizemos e definimos que é absolutamente necessário para a salvação de todas as criaturas humanas que estejam sob o pontífice romano.

GONZÁLEZ, V4 P. 185

Mas apesar destas palavras de tão alto som, o declínio, a decadência do papado começa no reinado de Bonifácio VIII. A “era dos altos ideais” tem o seu fim trágico dando inicio a dos “sonhos frustrados”.

2 O reinado de Bonifácio VIII

Gaeteni tinha um amplo conhecimento e uma experiência diplomática como legado papal, tinha um grande contato com reis e poderosos em muitos países da Europa. Com isso Gaetani desenvolveu um profundo conhecimento em relação a intrigas nas quais eram tramadas nas cortes européias. Ao contrario de Celestino que devido a sua humildade, veio a renunciar à tiara. Bonifácio com suas origens aristocráticas e idéias ambiciosas que tinha sobre as posições papais, se tornou um dos papas, mais elevado que a historia já conheceu.

A forma que Bonifácio foi eleito é uma maneira de como ele procedia, durante os dez dias que não se chegava a um acordo de quem seria o novo papa, enquanto as poderosas famílias dos Colonna e a dos Orsini disputavam o papado, ambas não queriam eleger um do grupo oposto. Bonifácio trabalhava para sua própria eleição, o primeiro passo era convencer os dois grupos a deixá-lo a apresentar um candidato imparcial. Após convencê-los Bonifácio se apresente a si mesmo, só restava Carlos aceitar, já que o rei queria uma pessoa dócil e ocupado com a Santa Sé (Igreja Episcopal), e todos sabia que Bonifácio era um gênio indiscutível e independente. Como diplomata inteligente, Bonifácio convence a Carlos que não era de seu interesse, ter em Roma um títere, mais sim um aliado poderoso. E ainda ofereceu apoio a Carlos para se apossar de Sicília, esta se encontrava em poder de Aragão.

A eleição de Bonifácio não agradou a todos. GONZALEZ, VOL. 5, P. 36

O ideal franciscano, com seus profundos elementos Bíblicos, exercia uma forte atração sobre os corações da época.

Para as classes pobres finalmente com a eleição de Celestino, a igreja deixaria de servir aos ricos e poderosos. Por outro lado, para os monges dedicados se iniciava a “Era do Espírito” profetizada por Joaquim de Fiore. Pelo que parece a renuncia de Celestino foi totalmente voluntária, e que a grande causa realmente foi a sua simplicidade e a profunda humildade que o dominava. Mas logo surgiram comentários de que Bonifácio o havia convencido a deixar o papado para que ele tomasse posse. Muitos partidários criticaram Celestino, para eles a renuncia não fazia parte dos direitos papais, e que mesmo não querendo exercer o comando papal, deveria continuar contra sua própria vontade, porque atitudes como esta não havia acontecido durante toda a história da Igreja.

Como a união dos movimentos celestinistas e os franciscanos extremistas, criaram-se fortes argumentos contra Bonifácio que dizia:

Este movimento “celestinista” logo se misturou com o dos franciscanos extremistas, ou “fraticelli”, e convenceu a muitos de que Bonifácio era um usurpador, um homem indigno de ocupar o trono de São Pedro.

GONZÁLEZ, V4, P. 37.

Com a morte de Celestino a oposição ficou sem argumento, não havia motivos em dizer que existia um papa verdadeiro. Mas não deixaram de criar argumentos talvez falsos ou exagerados de que Bonifácio era o culpado pela morte de Celestino devido aos maus tratos que sofrera por ordem dele.

CONTRIBUICÃO

Mesmo em meio a fortes oposições, os primeiros anos do papado de Bonifácio contribuiu no reforçamento de seu conceito de autoridade do papa. Bonifácio defendia a tese de que o papa deve ser a autoridade máxima na terra e que o mesmo tinha como dever estabelecer a paz entre os soberanos. Mais tarde ele diz ao rei da França que: Cf. GONZALEZ, V5, P. 37

Se o imperador Teodósio se humilhou diante de Ambrósio, o arcebispo de Milão, quanto mais um rei qualquer, que é monos que um imperador, deve se humilhar diante do papa, que é muito mais que um arcebispo.

Com essa afirmação Bonifácio tinha em mente que cabia a ele restabelecer a paz na Itália, esta passava por muitos conflitos internos e guerras constantes. Mas a promessa de colocar Carlos sobre o trono da Sicília fracassou. Mais seus principais inimigos se afastaram. Os Colonna, desde a eleição de Bonifácio perderam quase todos os domínios que obtinham, tendo o papa como inimigo tiveram que partir para o exílio. Com os recursos de Orsini, o novo papa tomou todos os castelos e lugares fortificados dos Colonna.

Ate no império, Bonifácio demonstrou sua autoridade na ocasião que levou o imperador Adolfo de Nassau a ser deposto por um determinado grupo de nobres, que o substituíram por Alberto da Austrália. Dias depois Adolfo de Nassau foi morto, no campo de batalha ao encontrar com seu rival Alberto. Considerando ser um crime com duplo sentido, Bonifácio se negou a coroar o novo imperador. Podendo fazer pouco diante dos primeiros anos do pontificado de Bonifácio, Alberto não viu outra saída a não ser, tentar reconciliar com o poderosíssimo inimigo que não se curvava no que dizia ser a causa da justiça.

A principal vitória de Bonifácio foi à tentativa de reconciliar França e Inglaterra, mas também foi o que o levou a decair mais tarde. Cf. GONZALEZ, V5, P. 38, Inglaterra e França estavam em clima de guerra, com o intuito de restabelecer a paz entre os dois países, Bonifácio entra como mediador. A situação era esta:

Quando Bonifácio foi eleito em 1294 (bem antes da guerra dos cem anos), França e Inglaterra estavam a ponto de mutuamente se declararem guerra. Através de um subterfúgio o rei da França, Filipe IV, o Belo, tinha se apoderado da Guyenne, propriedade hereditária de Eduardo I da Inglaterra. Em resposta este último, que em suas possessões francesas era vassalo de Filipe, se declarou em rebeldia e apoiou economicamente Adolfo de Nassau e o conde de Flandres, inimigos de Filipe. O rei da França por, seu lado, prestou ajuda à resistência que os escoceses opunham a Eduardo.

Neste estado não restava outra sugestão ao papa a não ser enviar seus legados à corte da Inglaterra, com o objetivo de que Eduardo negociasse com Filipe. Eduardo coloca obstáculo, mas o papa ordenou a eles uma trégua, primeiramente de um ano, e mais três anos depois. O papa também manda ordens semelhantes a Adolfo de Nassau, aliado de Eduardo. Mas ambos não ligaram para o que o papa lhe ordenara, continuando assim seus preparativos em favor da guerra.

Como os monarcas estavam seguindo um caminho fora ao que o papa o ordenara, este resolve ser mais duro, e começa a colocar obstáculos em seus objetivos (dos reis). O papa sabia que ambos necessitavam de muita grana para manter seus soldados, e comprar aliados para que o apoiassem. Em ambos os lados, as propriedades eclesiásticas não pagavam impostos (isentas). Mas tanto a coroa da França e a da Inglaterra, encontraram meios de fraudar a regra que isentava as propriedades de impostos, exigiam do clero contribuições Voluntárias, e quando se tratava de guerra à cobrança era ainda maior. Com a perda de seus direitos, o clero ficava irado. Com o objetivo de proteger as terras da igreja, e ganhar a simpatia do clero, o papa decidi colocar obstáculos na política de Eduardo e Filipe, promulgando em 1296 a bula Clericis laicos, que dizia:

Os tempos antigos mostram que os leigos foram sempre inimigos do clero; e a experiência dos tempos presentes o confirma, pois os leigos, insatisfeitos com suas limitações, querem conseguir o que lhes está proibido, e abertamente procuram obter o que ilicitamente cobiçam.

Prudentemente eles não admitem que qualquer domínio sobre o clero lhes é negado, bem como sobre qualquer pessoa eclesiástica e suas propriedades,impondo pesadas cargas aos prelados, às igrejas, e às pessoas eclesiásticas ... e, dói-nos dize-lo, certos prelados e pessoas eclesiásticas, ... admitem estes abusos ... Por isto, para pôr um fim nestas práticas iníquas... Declaramos que qualquer prelado ou pessoa eclesiástica... que pague ou prometa pagar qualquer quantia... a qualquer imperador, rei, príncipe... ou alguma outra pessoa, não importa sua posição, ... que o exija, requeira ou receba este pagamento... está automaticamente, por sua própria ação, sob a sentença de excomunhão.

GONZÁLEZ, V5, P. 39.

Eduardo se revoltou, já que o clero estava isento de imposto ao estado, então não tinha proteção da lei, e nem ao tribunal de justiça. Estava evidente a situação do clero, e sem duvida alguma Eduardo faria qualquer coisa para obter a renda que lhe era necessária.

Filipe por sua vez age de forma direta, com uma edito real, proibi transferências de dinheiro ao exterior, como também, metais preciosos, cavalos, armas, e qualquer objeto de valor, e só o rei poderia autorizar. Os bancos e instituições estavam proibidos de exportar qualquer riqueza.

Sem vantagens decisivas tanto para Filipe como para Eduardo e ambos com poucos recursos, o jeito era se curvar e aceitar a mediação de Benedetto, e não a do papa. Com tudo isso Bonifácio adquiriu uma grande vitória com o acordo de paz aceito pelos dois reis, assim os oficiais do papa tomaram posse das terras em disputa por tempo indeterminado.

E acima de tudo a Escócia declara que é feudo do papa devido à invasão dos ingleses, não tendo para onde recorrer, esta apela para as suas próprias armas e a proteção do papa. Com a atitude dos escoceses Bonifácio vê mais uma prova da dignidade do papado.

Bonifácio em 1300 proclama um grande jubileu eclesiástico, que foi um sucesso, prometendo indulgência plenária a quem visitasse o sepulcro de São Pedro.

Mas infelizmente dura pouco, a pessoa que parecia ser o mais poderoso da Europa, derrepente vê seu poder decaindo. Suas relações com Filipe, ficavam cada dia mais tensas. O rei da França se apossou de grande parte das terras eclesiásticas, e permitiu que seu maior rival Sciarra Colonna se refugiasse em sua corte, e concede a mão de sua irmão ao imperador Alberto da Áustria, o mesmo que Bonifácio considerou usurpador e regicida. As cartas e bulas dos dois poderosos ficaram cada vez mais ácidas, até que no início de 1302, uma bula papal foi queimada na presença do rei. A resposta de Bonifácio foi a famosa bula Unam Sanctam, em que ele expunha a autoridade papal em termos sem precedentes.

Bonifácio coloca em ação seu poder máximo, convocando todos os bispos e arcebispo a comparecerem no inicio de novembro para discutir sobre o caso de Filipe. Por sua vez proibi-os por meio de ameaças de que se eles abandonassem o reino, todos seus bens seriam confiscados. Por outro lado o papa se esquece de que tinha considerado Alberto da Áustria um rebelde regicida, e fez um acordo com este que ordenava a todos os príncipes alemães que aceitasse o senhorio de Alberto. Foi o mesmo que dar um tiro no próprio pé. Nogaret acusou em uma das sessão dos estados de que Bonifácio era um papa falso, herege, sodomita e criminoso, e a assembléia pediu a Filipe que ele, como guardião da fé, convocasse um concílio universal para julgar o papa usurpador.

Ao papa só restava à última arma que seus predecessores tinham utilizado contra os monarcas recalcitrantes, a excomunhão.

Mas no dia 7 de setembro de 1303, um dia antes da planejada excomunhão de Filipe, Sciarra Colonna e Guilherme de Nogaret invadiram Anagni, rendendo o papa, enquanto o povo saqueava seus pertences e seus parentes, o objetivo dos franceses era forçar o papa a renunciar, mantendo-se firme disse que não renunciaria, caso contrario poderia mata-lo, “aqui está meu pescoço; aqui minha cabeça”. Nogaret o esbofeteou, e depois o humilharam obrigando-o a montar de costas em um cavalo não muito manso, conduzindo-o pela cidade.

Apenas dois cardeais se manterão firmes no meio do tumulto, Pedro da Espanha e Nicolau Boccasini. Mais tarde Boccasini conseguiu acalmar o povo, que se revoltando contra aquela atitude, libertou o papa expulsou os franceses e seus partidários.

Tarde de mais para voltar atrás, voltando a Roma, Bonifácio não consegue mais reavivar nem a sombra do respeito que tivera antes. Mais ou menos um mês depois Bonifácio veio a falecer. Mas mesmo assim as perseguições continuaram com boatos de que ele tinha se suicidado, quando tudo indica que ele morreu serenamente, rodeado dos seus seguidores mais fiéis.

O momento era difícil para o papado, e os cardeais elegeram sem demora Boccasini como papa, o mesmo que conseguira libertar Bonifácio.

RECENSÃO CULPA E GRAÇA

clip_image002 Seminário Concórdia Faculdade de Teologia

DISCIPLINA: Formação e Pessoa Missionária

PROF: Anselmo Graff

Acadêmico: Leocir Maderi Dalman

DATA: 26/05/2005

Recensão-Culpa e Graça de Paul Tournier

O autor começa apresentando o livro culpa e graça que segue a bible et Médecine, que publicou em 1951. Os dois livros foram escritos depois de alguns estudos que ele apresentou nas “Semanas Médicas” em Bossey.

Para os médicos, o importante é a observação dos pacientes. Foi a observação dos pacientes que nos orientou inteiramente nesta medicina integral, quer dizer, uma medicina que leva em consideração todos os fatores que entram em jogo em uma doença e na sua cura.

O sentimento de culpa é um desses fatores, e não é dos menores. Um exemplo bem simples: insônia devido ao remorso. Pode-se e deve-se curar tal problema com a prescrição de sonífero. Mas restringir-se a isso será praticar uma medicina muito superficial. Um médico consciencioso procura sempre atacar a causa da doença e não somente atenuar os sintomas aparentes.

Sempre, em qualquer lugar ou qualquer atividade que estivermos exercendo, sentiremos culpados de alguma coisa, seja em qualquer classe na qual pertencemos. Como filho, o sentimento de culpa sempre vai nos atormentar, seremos reprimidos pelos nossos pais, quando não fazemos o dever de casa e a professora manda um bilhete para eles, notificando o ocorrido. Muitos dos pais se preocupam muito com seus filhos, isso muita das vezes pode acarreta sérios prejuízos, quando posto de forma excessiva. Os pais também interferem muito nos relacionamentos, quando eles não vão com a cara do nosso colega simplesmente digam: olha o fulano não presta, fica longe dele, você está indo para o mau caminho, com isso, sentimos culpados e com mãos atadas sem poder fazer nada para reverter à situação, se formos contra nossos pais, podemos apanhar, ser repreendidos com palavras muito fortes, por ex. vocês são covardes, preferem ficar do lado deles em vez do lado do seu pai, mas ta bom, não precisam mais de pai e mãe, eles te dom comida, roupa, apóiam em tudo, foram eles que levantaram de madrugada quando você chorava. Muitas vezes pensamos o que eu fiz de errado, porque que todos meus amigos não prestam, porque não me deixam ir a festas, chegamos a desprezar nossos pais dizendo: como eu queria um pai que meu colega tem, compreensivo, bom, não fica pegando no pé toda hora.

A empregada faz tudo direitinho para que o patrão não diga que ela fez tal tarefa errada. Etc.

Muitas pessoas podem estar passando por algum tipo de problema, seja ele financeiro, no trabalho, nos estudos, na vida pessoal ou ate mesmo por algum tipo de doença. Porem não comenta a ninguém, principalmente quando se trata de doença, talvez por medo de não ter a vida que tinha antes, ela sabe que se o problema for grave, terá que abrir mãos de parte de seus hábitos ou seja, ter uma vida regrada. “Por isso sempre se sente inferior e culpada por isso ou aquilo”. (...)

Um médico se sentira culpado diante de uma doença na qual ele nada pode fazer a não ser aguardar, esperar que ela possa reagir e inverter o quadro clínico em que se encontra.

O mesmo acontece com um paciente impossibilitado, se sente um inútil deitado na cama recebendo alimentos, água, etc. ela pode pensar porra, pareço um bebezinho dengoso e manhoso, que tudo alguém tem que fazer por mim. Muitos dos casos a pessoa que se encontram neste estado, pensa que sem ela nada vai pra frente, os afazeres ficaram atrasados, não vê a hora passar e voltar a exercer a vida de ante mente.

Outro ponto abordado pelo autor é a questão de tempo, sempre que não fazemos algo, o tempo é a causa, um amigo pede, vai lá em casa hoje, se não queremos ir, ou não podemos, dissemos cara hoje não tenho tempo. Mas assim que aparecer a primeira oportunidade irei. Mas ficamos ressabiados, constrangidos com o episódio que às vezes leva-nos a mentir.

As pessoas pobres têm vergonha de ser pobre, diante de colegas que tem o essencial, ou seja, tem pelo menos um real para comprar um chope, ou um picolé na hora do recreio. Por ser pobre muitas das vezes não vão em festas, por não ter uma roupa boa. Não ter dinheiro para oferecer pelo menos uma balinha, ou algo mais. Em casa ela é obrigada a trabalhar desde criança, cresce sem infância, sem adolescência, sem estudo, e têm uma vida desgraçada, rejeitada pelas demais pessoas, e colegas.

A timidez é algo que nos perturba bastante, ela estar em nosso interior mexe profundamente com nossos sentimentos, deixa-nos naquela vai ou não vai, mesmo quando temos certeza. Podemos trazer ao estudo, o estudante em sala de aula, que nada fala, fica prejudicado por não expor suas idéias aos demais colegas, mas é algo talvez que cada um de nós pode estar passando, ou já passou em algum momento. Lutamos constantemente contra esse mal que nos aflige, mas a timidez não é algo que não se possa vencer, depende de cada pessoa que passa por isso, bater cara, cara com ela. Muitos problemas com o relacionamento, talvez a grande causa seja a timidez, não havendo dialogo chega-se a um fim desastroso, o fim de um relacionamento que um casal jurou perante o altar (Deus), ser ate que a morte os separasse.

Quantas pessoas que se casam e vão à lua de mel, não fala de seu amor para com ela, talvez este seja o momento mais feliz na vida de um casal recém casados. Duas pessoas resolverão juntar. Passando-se o tempo, descobrirão que não era o que queriam, mas um não tem coragem de dizer para o outro, com isso não se casam e nem se separam, sentem-se culpados por não ter pensado bem antes do ocorrido, agora depende desse relacionamento por terem filhos. Arranjar outro relacionamento a dois fica muito mais difícil, a final de canta que é que vai querer alguém com filhos, pode ater ter, mais é difícil.

O sentimento de culpa infantil. Os pais repreendem seus filhos culpando-os de covardes, que eles não reconhecem o que os pais fazem por eles. Isso os revolta profundamente, mesmo sem que eles percebam, apesar de os filhos nunca crescem na visão dos pais, sentimos que eles têm certo grau de desconfiança em nós, porem cabe todos os pais ou filhos reconhecer e confiar e também advertir quando desviarmos do caminho a ser seguido. Afinal estamos sujeitos a cometer erros, e também de reconhecê-los.

Traçar as fronteiras das falsas culpas é pretender traçar a da verdadeira culpa.

Todos nós nos sentimos feridos por uma palavra, por um olhar, por uma afirmação contrária à nossa.

Passamos boas parte de nossa vida nos policiando, com medo sermos julgados, mas não perdemos o habito de julgar as pessoas, julgamos pelos seus erros e não pelo bem que ela faz a alguém. No casamento se tem muito disso, de um julgar o outro, chegando o fim de um relacionamento de vários anos, se olharmos para nós e fazer uma alta avaliação, um julgamento de nós mesmo será que estaremos certos, que temos a razão?

Nós nos defendemos contra os julgamentos com a mesma energia que lutamos para nos defender contra a fome, contra o frio ou contra animais ferozes, porque é uma ameaça mortal.

A unidade da culpa. Os homens julgam-se todos mutuamente de uma maneira excessivamente superficial e injusta.

Muitos pais lançam em seus filhos, quando estes chegam a cometer um erro, toda magoa que esta sentido naquele dia, talvez do casamento, algo que os filhos não tem culpa ,acusam de eles serem os responsáveis. Mesmo em uma criança ainda pequena, que nem imagina o mundo real. Quando os pais batem em nossos filhos por algo que julgam ser errado, minutos depois a consolam com medo que ela fique com raiva, mas na verdade sentem culpados, pensam acho que exagerei um pouco. Passado aquele momento de raiva e ódio, palavrões, a criança depois que tudo se acalma tudo volta como antes, mas fica ressabiada, com remorsos, com medo de apanhar novamente pelo mesmo motivo.

A culpa é sempre subjetiva. O julgamento é destrutivo.

Como é importante o diálogo entre as pessoas, é extremamente indispensável, a partir de então, um conhece melhor o outro, seus sentimentos, duvidas, medos, sonhos, perspectivas de vida para o dia de amanhã, desejos, enfim demonstra o verdadeiro amor que ela (e) tem para dar e como quer ser retribuída (o).

O autor diz que pelo medo de serem julgados que tantas pessoas hoje procuram mais o médico ou o psicoterapeuta do que um eclesiástico. Porque o médico não é considerado um moralista.

A virtude da psicoterapia é a virtude do não julgamento. Vemos nesta virtude um sinal da graça de Deus e nos orgulhamos desta virtude.

O autor fala também que devemos olhar ou ser olhado sem preconceito, aceitar como somos. Todo conselho objetivo, quer seja moral ou psicológico, tem sempre, ate certo ponto, o caráter e o peso de um julgamento. Etc.

O autor fala da defesa dos desprezados. Para ele a na bíblia uma espécie de inversão paradoxal, que lhe fala muito ao coração, e que esta inversão parece lhe trazer luz ao assunto deste capitulo. Segundo o autor não há perante Deus justo e culpado, não existe duas categorias humanas, e sim culpados. Para comprovar isto o autor cita a passagem da mulher adúltera, onde Jesus pergunta: quem de vocês nunca pecou lance a primeira pedra! Todos tocados pela culpa se retiraram. Deus apaga a culpa consciente, mas torna consciente a culpa reprimida.

O autor diz que, apresentar somente a graça é amputar a metade do Evangelho.

Apesar de todos nossos erros e pecados que cometemos das verdadeiras e valsas culpas, em sua graça Deus recebe todos os envergonhados. A graça é libertadora, num golpe só, livra-nos do desprezo social que pesa em nosso exterior e do remorso, que devora interiormente.

Agora o autor trata dos tabus. À culpa do fazer se ligam os tabus e toda uma atitude moralista, cujos efeitos patogênicos são denunciados pela psicologia moderna. O tabu é uma proibição mágica: “isto é impuro, não toque; isto é proibido, não faça”.

A maioria das pessoas lê a bíblia como se fosse um código moral revestido de autoridade sagrada, um conjunto de proibições e prescrições cuja estrita observância deveria no assegurar uma existência isenta de culpa.

O arrependimento é a porta para a graça. Cf. Mc 1.15, “o tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”.

O autor comenta que: a partir do momento que o ser humano, busca uma autonomia própria, ou seja, uma capacidade de julgar por si mesmo o bem e o mal sem depender da revelação bíblica, o resultado é esta moral de “princípios” e “deveres”, que atualmente entrou em nosso meio religioso tornando-se norma para a vida cristã e é isto que os psicanalistas denunciam como perigo.

Segundo o autor, a psicanálise e a teologia se opõem, especialmente quando se trata de culpa. As criticas dos psicanalistas visam ao moralismo e não à revelação cristã. Já os teólogos acusam os psicólogos de negar o pecado e a culpa, de solapar também as bases da moral e da doutrina cristã.

Mas esta tese não é sustentada.

A repreensão da consciência - reduzido a si mesmo, o homem está perdido. Seus esforços, sua boa vontade, suas intenções, suas virtudes, nada é suficiente para dissipar o seu mal estar.

Para o autor não há nenhum justo, todos os homens são culpados, e sabem disto e também sentem mais ou menos claramente. A culpa não é invenção bíblica, ou melhor, dizendo, da bíblia ou da igreja. Ela é uma presença universal na alma humana. A psicologia moderna confirma sem reservas o dogma cristão.

Nós nunca somos culpados, culpamos sempre o outro, como foi o caso da Adão que culpou a Eva, que também não reconhecendo sua culpa, acusa a serpente. Foi o primeiro conflito conjugal.

Hoje no mundo existem tantas paixões desencadeadas, acusações implacáveis e sinceras contra os outros e que agravam cada dia mais os conflitos entre os homens, tudo por carregarem dentro de si o sentimento de culpa, dos quais eles têm uma necessidade imperiosa de se defender, jogando as responsabilidades sobre outro.

Muitas vezes as responsabilidades são projetadas sobre Deus. Não confiamos claramente Nele, mas carregamos dentro de nós raiva contra o Altíssimo por todos os sofrimentos e por todas nossas faltas e falhas.

Concluísse que é natural jogar a sua culpa sobre Deus, ou sobre alguém, mas não será desta forma que se livrarão da culpa. A revolta contra outro e ate mesmo em Deus, que resulta disso, torna-se uma fonte de novos impulsos para o mal e, por conseqüência, para novas culpas.

Parece bastante claro que o homem não vive sem culpa. A culpa é universal.

A religião pode libertar ou esmagar, ela pode culpar ou libertar da culpa. Uma religião moralista, com uma formação impregnada de tabus e que apresenta Deus como um Deus ameaçador, suscita o medo e com ele todo este mal. Uma religião da graça rompe este círculo vicioso, conduz ao arrependimento e por ele à libertação da culpa.

Na quarta parte o autor comenta sobre os capítulos anteriores. Na primeira parte do livro determinamos à extensão da culpa humana. Na segunda parte reconhecemos o perigo de discutir objetivamente e de imaginar que podemos julgar quem é culpado e quem é não é. Na terceira parte vimos como Cristo recebeu, com uma palavra de perdão, aqueles a quem o mundo despreza, e que reprimem qualquer sentimento de culpa.

O anuncio maravilhoso da graça de Deus erradica a culpa, vai de encontro à intuição que todo homem tem, que um preço deve ser pago. Mas à bíblia afirma que Deus já pagou o preço de uma vez por toda, o preço mais caro que alguém poderia pagar: a sua própria morte na cruz. A obliteração de nossa culpa é livre para nós porque Deus pagou o preço.