DISCIPLINA: Formação e Pessoa Missionária PROF: Anselmo Graff Acadêmico: Leocir Maderi Dalman DATA: 26/05/2005 |
Recensão-Culpa e Graça de Paul Tournier
O autor começa apresentando o livro culpa e graça que segue a bible et Médecine, que publicou em 1951. Os dois livros foram escritos depois de alguns estudos que ele apresentou nas “Semanas Médicas” em Bossey.
Para os médicos, o importante é a observação dos pacientes. Foi a observação dos pacientes que nos orientou inteiramente nesta medicina integral, quer dizer, uma medicina que leva em consideração todos os fatores que entram em jogo em uma doença e na sua cura.
O sentimento de culpa é um desses fatores, e não é dos menores. Um exemplo bem simples: insônia devido ao remorso. Pode-se e deve-se curar tal problema com a prescrição de sonífero. Mas restringir-se a isso será praticar uma medicina muito superficial. Um médico consciencioso procura sempre atacar a causa da doença e não somente atenuar os sintomas aparentes.
Sempre, em qualquer lugar ou qualquer atividade que estivermos exercendo, sentiremos culpados de alguma coisa, seja em qualquer classe na qual pertencemos. Como filho, o sentimento de culpa sempre vai nos atormentar, seremos reprimidos pelos nossos pais, quando não fazemos o dever de casa e a professora manda um bilhete para eles, notificando o ocorrido. Muitos dos pais se preocupam muito com seus filhos, isso muita das vezes pode acarreta sérios prejuízos, quando posto de forma excessiva. Os pais também interferem muito nos relacionamentos, quando eles não vão com a cara do nosso colega simplesmente digam: olha o fulano não presta, fica longe dele, você está indo para o mau caminho, com isso, sentimos culpados e com mãos atadas sem poder fazer nada para reverter à situação, se formos contra nossos pais, podemos apanhar, ser repreendidos com palavras muito fortes, por ex. vocês são covardes, preferem ficar do lado deles em vez do lado do seu pai, mas ta bom, não precisam mais de pai e mãe, eles te dom comida, roupa, apóiam em tudo, foram eles que levantaram de madrugada quando você chorava. Muitas vezes pensamos o que eu fiz de errado, porque que todos meus amigos não prestam, porque não me deixam ir a festas, chegamos a desprezar nossos pais dizendo: como eu queria um pai que meu colega tem, compreensivo, bom, não fica pegando no pé toda hora.
A empregada faz tudo direitinho para que o patrão não diga que ela fez tal tarefa errada. Etc.
Muitas pessoas podem estar passando por algum tipo de problema, seja ele financeiro, no trabalho, nos estudos, na vida pessoal ou ate mesmo por algum tipo de doença. Porem não comenta a ninguém, principalmente quando se trata de doença, talvez por medo de não ter a vida que tinha antes, ela sabe que se o problema for grave, terá que abrir mãos de parte de seus hábitos ou seja, ter uma vida regrada. “Por isso sempre se sente inferior e culpada por isso ou aquilo”. (...)
Um médico se sentira culpado diante de uma doença na qual ele nada pode fazer a não ser aguardar, esperar que ela possa reagir e inverter o quadro clínico em que se encontra.
O mesmo acontece com um paciente impossibilitado, se sente um inútil deitado na cama recebendo alimentos, água, etc. ela pode pensar porra, pareço um bebezinho dengoso e manhoso, que tudo alguém tem que fazer por mim. Muitos dos casos a pessoa que se encontram neste estado, pensa que sem ela nada vai pra frente, os afazeres ficaram atrasados, não vê a hora passar e voltar a exercer a vida de ante mente.
Outro ponto abordado pelo autor é a questão de tempo, sempre que não fazemos algo, o tempo é a causa, um amigo pede, vai lá em casa hoje, se não queremos ir, ou não podemos, dissemos cara hoje não tenho tempo. Mas assim que aparecer a primeira oportunidade irei. Mas ficamos ressabiados, constrangidos com o episódio que às vezes leva-nos a mentir.
As pessoas pobres têm vergonha de ser pobre, diante de colegas que tem o essencial, ou seja, tem pelo menos um real para comprar um chope, ou um picolé na hora do recreio. Por ser pobre muitas das vezes não vão em festas, por não ter uma roupa boa. Não ter dinheiro para oferecer pelo menos uma balinha, ou algo mais. Em casa ela é obrigada a trabalhar desde criança, cresce sem infância, sem adolescência, sem estudo, e têm uma vida desgraçada, rejeitada pelas demais pessoas, e colegas.
A timidez é algo que nos perturba bastante, ela estar em nosso interior mexe profundamente com nossos sentimentos, deixa-nos naquela vai ou não vai, mesmo quando temos certeza. Podemos trazer ao estudo, o estudante em sala de aula, que nada fala, fica prejudicado por não expor suas idéias aos demais colegas, mas é algo talvez que cada um de nós pode estar passando, ou já passou em algum momento. Lutamos constantemente contra esse mal que nos aflige, mas a timidez não é algo que não se possa vencer, depende de cada pessoa que passa por isso, bater cara, cara com ela. Muitos problemas com o relacionamento, talvez a grande causa seja a timidez, não havendo dialogo chega-se a um fim desastroso, o fim de um relacionamento que um casal jurou perante o altar (Deus), ser ate que a morte os separasse.
Quantas pessoas que se casam e vão à lua de mel, não fala de seu amor para com ela, talvez este seja o momento mais feliz na vida de um casal recém casados. Duas pessoas resolverão juntar. Passando-se o tempo, descobrirão que não era o que queriam, mas um não tem coragem de dizer para o outro, com isso não se casam e nem se separam, sentem-se culpados por não ter pensado bem antes do ocorrido, agora depende desse relacionamento por terem filhos. Arranjar outro relacionamento a dois fica muito mais difícil, a final de canta que é que vai querer alguém com filhos, pode ater ter, mais é difícil.
O sentimento de culpa infantil. Os pais repreendem seus filhos culpando-os de covardes, que eles não reconhecem o que os pais fazem por eles. Isso os revolta profundamente, mesmo sem que eles percebam, apesar de os filhos nunca crescem na visão dos pais, sentimos que eles têm certo grau de desconfiança em nós, porem cabe todos os pais ou filhos reconhecer e confiar e também advertir quando desviarmos do caminho a ser seguido. Afinal estamos sujeitos a cometer erros, e também de reconhecê-los.
Traçar as fronteiras das falsas culpas é pretender traçar a da verdadeira culpa.
Todos nós nos sentimos feridos por uma palavra, por um olhar, por uma afirmação contrária à nossa.
Passamos boas parte de nossa vida nos policiando, com medo sermos julgados, mas não perdemos o habito de julgar as pessoas, julgamos pelos seus erros e não pelo bem que ela faz a alguém. No casamento se tem muito disso, de um julgar o outro, chegando o fim de um relacionamento de vários anos, se olharmos para nós e fazer uma alta avaliação, um julgamento de nós mesmo será que estaremos certos, que temos a razão?
Nós nos defendemos contra os julgamentos com a mesma energia que lutamos para nos defender contra a fome, contra o frio ou contra animais ferozes, porque é uma ameaça mortal.
A unidade da culpa. Os homens julgam-se todos mutuamente de uma maneira excessivamente superficial e injusta.
Muitos pais lançam em seus filhos, quando estes chegam a cometer um erro, toda magoa que esta sentido naquele dia, talvez do casamento, algo que os filhos não tem culpa ,acusam de eles serem os responsáveis. Mesmo em uma criança ainda pequena, que nem imagina o mundo real. Quando os pais batem em nossos filhos por algo que julgam ser errado, minutos depois a consolam com medo que ela fique com raiva, mas na verdade sentem culpados, pensam acho que exagerei um pouco. Passado aquele momento de raiva e ódio, palavrões, a criança depois que tudo se acalma tudo volta como antes, mas fica ressabiada, com remorsos, com medo de apanhar novamente pelo mesmo motivo.
A culpa é sempre subjetiva. O julgamento é destrutivo.
Como é importante o diálogo entre as pessoas, é extremamente indispensável, a partir de então, um conhece melhor o outro, seus sentimentos, duvidas, medos, sonhos, perspectivas de vida para o dia de amanhã, desejos, enfim demonstra o verdadeiro amor que ela (e) tem para dar e como quer ser retribuída (o).
O autor diz que pelo medo de serem julgados que tantas pessoas hoje procuram mais o médico ou o psicoterapeuta do que um eclesiástico. Porque o médico não é considerado um moralista.
A virtude da psicoterapia é a virtude do não julgamento. Vemos nesta virtude um sinal da graça de Deus e nos orgulhamos desta virtude.
O autor fala também que devemos olhar ou ser olhado sem preconceito, aceitar como somos. Todo conselho objetivo, quer seja moral ou psicológico, tem sempre, ate certo ponto, o caráter e o peso de um julgamento. Etc.
O autor fala da defesa dos desprezados. Para ele a na bíblia uma espécie de inversão paradoxal, que lhe fala muito ao coração, e que esta inversão parece lhe trazer luz ao assunto deste capitulo. Segundo o autor não há perante Deus justo e culpado, não existe duas categorias humanas, e sim culpados. Para comprovar isto o autor cita a passagem da mulher adúltera, onde Jesus pergunta: quem de vocês nunca pecou lance a primeira pedra! Todos tocados pela culpa se retiraram. Deus apaga a culpa consciente, mas torna consciente a culpa reprimida.
O autor diz que, apresentar somente a graça é amputar a metade do Evangelho.
Apesar de todos nossos erros e pecados que cometemos das verdadeiras e valsas culpas, em sua graça Deus recebe todos os envergonhados. A graça é libertadora, num golpe só, livra-nos do desprezo social que pesa em nosso exterior e do remorso, que devora interiormente.
Agora o autor trata dos tabus. À culpa do fazer se ligam os tabus e toda uma atitude moralista, cujos efeitos patogênicos são denunciados pela psicologia moderna. O tabu é uma proibição mágica: “isto é impuro, não toque; isto é proibido, não faça”.
A maioria das pessoas lê a bíblia como se fosse um código moral revestido de autoridade sagrada, um conjunto de proibições e prescrições cuja estrita observância deveria no assegurar uma existência isenta de culpa.
O arrependimento é a porta para a graça. Cf. Mc 1.15, “o tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”.
O autor comenta que: a partir do momento que o ser humano, busca uma autonomia própria, ou seja, uma capacidade de julgar por si mesmo o bem e o mal sem depender da revelação bíblica, o resultado é esta moral de “princípios” e “deveres”, que atualmente entrou em nosso meio religioso tornando-se norma para a vida cristã e é isto que os psicanalistas denunciam como perigo.
Segundo o autor, a psicanálise e a teologia se opõem, especialmente quando se trata de culpa. As criticas dos psicanalistas visam ao moralismo e não à revelação cristã. Já os teólogos acusam os psicólogos de negar o pecado e a culpa, de solapar também as bases da moral e da doutrina cristã.
Mas esta tese não é sustentada.
A repreensão da consciência - reduzido a si mesmo, o homem está perdido. Seus esforços, sua boa vontade, suas intenções, suas virtudes, nada é suficiente para dissipar o seu mal estar.
Para o autor não há nenhum justo, todos os homens são culpados, e sabem disto e também sentem mais ou menos claramente. A culpa não é invenção bíblica, ou melhor, dizendo, da bíblia ou da igreja. Ela é uma presença universal na alma humana. A psicologia moderna confirma sem reservas o dogma cristão.
Nós nunca somos culpados, culpamos sempre o outro, como foi o caso da Adão que culpou a Eva, que também não reconhecendo sua culpa, acusa a serpente. Foi o primeiro conflito conjugal.
Hoje no mundo existem tantas paixões desencadeadas, acusações implacáveis e sinceras contra os outros e que agravam cada dia mais os conflitos entre os homens, tudo por carregarem dentro de si o sentimento de culpa, dos quais eles têm uma necessidade imperiosa de se defender, jogando as responsabilidades sobre outro.
Muitas vezes as responsabilidades são projetadas sobre Deus. Não confiamos claramente Nele, mas carregamos dentro de nós raiva contra o Altíssimo por todos os sofrimentos e por todas nossas faltas e falhas.
Concluísse que é natural jogar a sua culpa sobre Deus, ou sobre alguém, mas não será desta forma que se livrarão da culpa. A revolta contra outro e ate mesmo em Deus, que resulta disso, torna-se uma fonte de novos impulsos para o mal e, por conseqüência, para novas culpas.
Parece bastante claro que o homem não vive sem culpa. A culpa é universal.
A religião pode libertar ou esmagar, ela pode culpar ou libertar da culpa. Uma religião moralista, com uma formação impregnada de tabus e que apresenta Deus como um Deus ameaçador, suscita o medo e com ele todo este mal. Uma religião da graça rompe este círculo vicioso, conduz ao arrependimento e por ele à libertação da culpa.
Na quarta parte o autor comenta sobre os capítulos anteriores. Na primeira parte do livro determinamos à extensão da culpa humana. Na segunda parte reconhecemos o perigo de discutir objetivamente e de imaginar que podemos julgar quem é culpado e quem é não é. Na terceira parte vimos como Cristo recebeu, com uma palavra de perdão, aqueles a quem o mundo despreza, e que reprimem qualquer sentimento de culpa.
O anuncio maravilhoso da graça de Deus erradica a culpa, vai de encontro à intuição que todo homem tem, que um preço deve ser pago. Mas à bíblia afirma que Deus já pagou o preço de uma vez por toda, o preço mais caro que alguém poderia pagar: a sua própria morte na cruz. A obliteração de nossa culpa é livre para nós porque Deus pagou o preço.