A MORDOMIA DOS BENS
O fato de até agora não termos dito praticamente nada sobre a mordomia dos bens não é acidental. Pelo contrário: Nós propositalmente arranjamos os capítulos nesta ordem para salientar o fato que mordomia cristã abrange tudo da vida.
É nossa bem fundamentada impressão que muitas pessoas limitam seu conceito de mordomia cristã à ideia de dar dinheiro para o trabalho da igreja. Isto,acreditamos firmemente, é um grave erro. E quanto mais falamos em mordomia cristã neste sentido limitado, mais agravamos as dificuldades da igreja em receber o dinheiro que ela realmente necessita para realizar seu trabalho com eficácia.
Certamente o dar dinheiro é uma parte muito importante da vida da mordomia e eis porque vamos falar a respeito neste capitulo. Contudo, mão é nem a primeira nem a mais importante obrigação. O indivíduo que não tem nenhum dinheiro para dar é ainda um mordomo fiel se cumprir com suas outras obrigações de vida cristã. Por outro, o simples ato de dar dinheiro não pode ser considerado como um substituto para cumprir outras obrigações da mordomia.
DINHEIRO É UM LEGADO
O dinheiro e todos os outros bens terrenos em nossa posse não são nossos para usar como bem o entendemos. Eles são um dever sagrado confiado a nós por Deus, para ser usado segundo sua orientação.
«Minha é a prata, meu é o ouro, diz o Senhor dos Exércitos»(Ag 2.8). «A terra é minha» (Lv 25.23). «São meus todos os animais do bosque», diz Deus, «e as alimárias aos milhares sobre as montanhas, conheço todas as aves dos montes, e são meus todos os animais que pululam no campo. Se eu tivesse fome não to diria, pois o mundo é meu, e quanto nele se contém» (SI 50.10-12). E de novo está escrito: «Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam.» (SI 24. l).
O apóstolo Paulo escreveu: «Nada temos trazido para o mundo nem coisa alguma podemos levar dele» (I Tm 6.7). Todas as nossas posses estavam aqui antes que viéssemos ao mundo e elas permanecerão aqui depois de partirmos. Tudo é dádiva de Deus. Com Davi nós também devemos confessar: «Tudo vem de ti, e das tuas mãos to damos» (I Cr 29.14). Nas palavras do hino nós também devemos dizer:
O que é teu Senhor / Queremos ofertar / Está ao teu dispor / O que dignaste dar.
Visto que o dinheiro e os bens terrenos em nossas posses pertencem a Deus, segue que não temos liberdade para usá-los a nosso bel-prazer como tampouco temos liberdade para usar nosso corpo e mente, ou nosso tempo e talentos como bem o desejamos. Ao contrário, tudo deve ser usado para cumprir os objetivos de Deus em nossa própria vida e ajudar no alcance desses objetivos na vida dos outros.
Fritz Kreisler, o famoso violinista disse: «O dinheiro é público. É apenas um fundo confiado aos meus cuidados para gastos apropriados». Dr. William Mayo, da famosa clínica de Rochester, Minnesota, chegou mais perto da verdade quando chamou o dinheiro de «dinheiro santo», dizendo: «Este dinheiro santo, como nós o chamamos, deve voltar ao serviço daquela humanidade que no-lo pagou». David Livingstone, o grande missionário da África, expressou a verdade plena quando afirmou: «Não colocarei nenhum valor em coisas que eu tenho ou possa ter exceto na sua relação com o reino de Deus. Qualquer coisa que tenho será dado ou guardado dependendo se com este dar ou guardar eu promova o reino do meu Salvador.
A mordomia cristã é sempre um esquema cem por cento. Sempre envolve o reconhecimento de que somos os mordomos de todos os nossos bens porque tudo o que somos, tudo o que temos, tudo o que recebemos e tudo o que esperamos ser na eternidade é uma dádiva graciosa e imerecida de Deus.
O USO DO DINHEIRO
A maneira como usamos o dinheiro que Deus nos deu, portanto, determina se somos ou não despenseiros fiéis, da mesma forma como nossa mordomia é determinada pela maneira como usamos o corpo e a mente, o tempo e os talentos que Deus nos outorgou.
A Sagrada Escritura declara: «Fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo» (1 Co 6.20). Isto não significa que tudo do nosso tempo e tudo dos nossos talentos deve constantemente ser empregado no serviço direto e especial ao Senhor. Mas significa que tudo do nosso tempo e dos; nossos talentos deve ser integralmente consagrado a Deus de forma que quer comamos, bebamos ou façamos outra coisa qualquer, façamos tudo para a glória de Deus» (1 Co 10.31). Isto quer dizer que o tempo gasto à parte do tempo empregado na oração, leitura da Bíblia e frequência à igreja deve ser dedicado a Deus. E isto significa que nossos talentos e dons, quando usados na nossa vida familiar e na nossa ocupação diária, devem ser dedicados a Deus da mesma forma como são dedicados a Deus quando estamos empenhados no trabalho direto da igreja, assim que em todos os tempos, em todos os lugares e em tudo que fazemos estamos constantemente lutando para cumprir o objetivo de Deus em nossas vidas e ajudando a que este objetivo seja atingido na vida dos demais.
Assim também com o dinheiro que Deus confiou aos nossos cuidados Deus sabe melhor do que nós que parte deste dinheiro precisa ser usado para alimentação, roupa, abrigo, educação, recreação, para manutenção do nosso governo e assim por diante.
E Deus espera que administremos parte dele, como mordomos fiéis, para tais fins. Na verdade, a Bíblia diz: «Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé, e é pior do que o descrente». (1 Tm 5.8). O dinheiro assim empregado é também para um propósito santo porque é gasto no interesse de preservar, proteger e desenvolver nossos corpos e mentes para que eles possam ser do mais aprimorado serviço possível para Cristo e para o nosso próximo. O mordomo fiel cristão sempre vai administrar seu dinheiro com este pensamento em mente.
Mas o restante de nosso dinheiro deverá, da mesma forma, ser dedicado a Deus, o qual no-lo deu. Ele não é nosso para ser usado como achamos melhor, para esbanjar ou desperdiçar em nós mesmos, ou investir por razões egoístas.* (* A questão de quanto do excedente do dinheiro pode ser investido em coisas materiais tem que, finalmente, ser decidido por cada fim, Se o motivo por que fazemos investimentos é a ganância ou outras razões egoístas, certamente é errado (Is 5.8). De outra parte, mesmo que o motivo esteja correto, a questão ainda permanece, se devemos colocar o dinheiro para render na igreja ou investi-lo com o objetivo de possivelmente ganhar dinheiro adicional para o trabalho da igreja mais tarde.) Todo o dinheiro é de Deus, e nas palavras de David Levingstone nós não devemos colocar valor nele «exceto na sua relação como o reino de Deus». Para este fim uma porção do nosso dinheiro, bem como uma porção de nosso tempo e talentos, deve ser dado diretamente a Cristo.
Em grato reconhecimento por tudo o que Cristo tem feito e ainda faz por nós devemos dar uma parte do nosso dinheiro para Cristo, para o trabalho da nossa igreja local, que tos administra palavra e sacramentos.
O Senhor ordenou que os que pregam o evangelho vivam do evangelho (1 Co 9.14; Mt 10.10; Gl 6.6; I Tm 5.18). Por esta razão devemos dar com alegria para a subsistência do nosso pastor, professor e para o programa de trabalho da nossa congregação, que nos ajuda a atingir os objetivos de Deus em nossa vida.
Em segundo lugar, devemos dar com alegria e generosidade para a obra da promoção e extensão do reino de Cristo no mundo, e assim contribuir para que os objetivos de Deus sejam alcançados na vida de nossos semelhantes.
Cristo nos ordena ir a todo o mundo e pregar o evangelho a toda a criatura, ser suas testemunhas até os confins da terra e a fazer discípulos de todas as nações (Mc 16.15; At 1.8; Mt 28.18-20). Não podemos fazer isto sozinhos, mas podemos fazê-lo juntando mãos com nossos irmãos na fé no nosso mais amplo corpo eclesial. Pelo ajuntamento de nossas ofertas e pelo trabalho e oração em conjunto podemos construir e manter colégios e seminários para treinamentos de pastores e professores. Juntos podemos enviar missionários para fora. Juntos podemos adquirir propriedades, construir capelas, igrejas e escolas. Juntos podemos imprimir e distribuir literatura cristã. Juntos podemos empreender um programa de amplitude mundial de evangelismo para trazer Cristo àqueles que ainda estão escravizados por Satanás, para que também, eles possam em Cristo encontrar perdão, vida e salvação.
Certamente esta obra não é menos importante que a obra de nossa congregação local. Pelo contrário, em termos de número de pessoas que são por elas atingidas é muito mais importante. Cristo espera que tenhamos uma compreensão inteligente da obra de amplitude mundial de nossa igreja para que possamos, apropriadamente canalizar nossas ofertas para ela.
Em terceiro lugar, nosso amor a Cristo deve impulsionar-nos a dar uma parte de nosso dinheiro a obras de caridade.
As Sagradas Escrituras exortam: «Não negligencieis igualmente a prática do bem e a mútua cooperação, pois com tais sacrifícios Deus se compraz» (Hb 13.16; At 20.35; l Tm 6.18; Is 58.7;
SI 41.1). As obras de caridade patrocinadas pela nossa igreja deviam receber nossa primeira consideração, porque elas se ocupam não apenas com o corpo mas também com a alma daqueles a quem ministram. Isto está em acordo com o ensinamento divino: «Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé» (G1 6.10; Rm 12.13).
AS PRIMÍCIAS
As Sagradas Escrituras orientam-nos também quanto ao montante de nossas ofertas. Lemos: «Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda» (Pv 3.91). Isto significa que devemos dar as primícias e o melhor de nossos bens materiais ao Senhor, e não que tragamos a ele o refugo que restou depois de termos beneficiado a nós mesmos. Isto significa que damos a Cristo a primazia em nossas vidas, que buscamos «em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça» (Mt 6.33), e não que pensamos primeiro em nós mesmos. Significa que colocamos de lado primeiro a parte de Deus e que regularizamos nossas próprias despesas de acordo com o que restou e não que primeiro cuidamos de nossas próprias necessidades e então damos a Deus se alguma coisa sobrou.
Observa também que o escritor sacro diz: «Honra ao Senhor com os teus bens», e então acrescenta, «e com as primícias de toda a tua renda». Isto significa que além de honrar a Deus com todas as dádivas que já possuímos devemos, além disso, honrá-lo com as dadivas que Ele ainda nos dará. Nossa oferta cristã, como todas as demais fases da vida da mordomia, deve ser um processo dinâmico, vivo. Não devemos fazer simplesmente uma oferta, mesmo que seja avultada, e então considerar nossa obrigação cumprida. Ao contrário, devemos dar e dar de novo, regular e sistematicamente, como o Senhor aumenta os nossos recursos.
«Mas devo eu dar de novo, de novo?» / Soa a pergunta do avarento / «Não», diz o anjo, «só deves parar / Quando Jesus parar de te dar».
Deus nos dá diária e abundantemente tudo o que necessitamos para sustentar este corpo e esta vida. Como filhos de Deus redimidos em e através de Jesus Cristo, Deus diária e abundantemente nos perdoa todos os pecados e diária e abundantemente nos abençoa com todas as bênçãos espirituais (Ef 1.3). Tudo o que somos, tudo o que temos e tudo o que recebemos vem de Deus. Devolvendo a Deus as primícias dos nossos bens e as primícias de toda a nossa renda, demonstramos que compreendemos e cremos que Deus é o dono de todas as coisas e que ele nos dá tudo o que temos para que com isto O honremos.
É significativo observar nesta relação que aos Judeus no AT o Senhor prescreveu uma festa especial conhecida como a Festa das Primícias. Era uma das três festas anuais nas quais cada indivíduo de entre os judeus tinha de aparecer diante do Senhor no templo em Jerusalém e trazer-lhe uma; oferta das primícias da terra (Dt 26.1,2,4). Nem nos esqueçamos que esta era apenas uma das muitas ofertas que os filhos de Deus de outrora trouxeram ao Senhor, além de ofertar um décimo de todas as suas posses.
Vamos nós cristãos, filhos de Deus do Novo Testamento, fazer menos? Quão maiores são os nossos privilégios e bênçãos que os deles! Eles viviam na era veterotestamentária da profecia e obscuridade; nós vivemos na era neotestamentária do cumprimento. Eles morreram sem terem visto cumpridas as promessas do Salvador que viria; nós, ao contrário, fomos privilegiados em testemunhar a consumada obra da redenção do Salvador e o estabelecimento do
seu reino da graça e salvação através do mundo. Jesus faz bem, pois, em lembrar-nos: «Bem-aventurados os olhos que vêem as coisas que vós vedes. Pois eu vos afirmo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes, e não viram, e ouvir o que ouvis, e não ouviram.» (Lc 10.23,24). Quanto mais devemos nós, então, espontânea e deliberadamente oferecer ao Senhor as primícias de toda nossa renda! Quanto mais prontamente devemos nós cantar:
Ó, faze a fé vibrar / Em nosso coração / Também multiplicar / Oferta e oração.
O DAR PROPORCIONAL
«Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda». Este mandamento tem também uma referência ao dar proporcional. Em primeiro lugar o Senhor não pede que devolvamos tudo a ele.
Ele sabe melhor que nós mesmos quais são as nossas necessidades pessoais e ele se agrada quando usamos uma parte das Suas dádivas para suprir tais necessidades. Em segundo lugar, nem todos experimentam a mesma proporção de renda. Alguns recebem mais que outros. Conseqüentemente, o Senhor estabeleceu uma lei geral de proporção. Quando os judeus no AT deram a sua décima parte, cada um a calculava segundo suas posses. E o Senhor deixou claro que cada homem devia oferecer na proporção em que podia dar, segundo as bênçãos que o Senhor seu Deus lhe houvesse concedido (Dt 16.17; Ed 2.69). Similarmente, no Novo Testamento o Salvador diz: «Àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido» (Lc 12.48). E o apóstolo Paulo escreveu pela vontade do Senhor: «Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem» (2 Co 8.12).
O fiel mordomo cristão, reconhecendo sua completa indignidade, está repleto de gratidão quando considera a bondade e misericórdia do Senhor para com ele. Nas palavras do Salmista ele exclama: «Que darei ao Senhor por todos os benefícios para comigo? (SI 116.12; Gn 32.10). Quando pensa na grandiosidade do sacrifício de Cristo por ele, seu coração transborda em admiração, amor e louvor, e exulta nas palavras do hino:
A minha alma resgatada / Enche de teu Santo amor. / Em teu sangue descansada,/ canta, alegre, o teu louvor.
Ao pôr de lado a porção da sua renda para Cristo, ele é induzido por gratidão a trazer uma oferta que é verdadeiramente expressão do seu amor ao seu Salvador. Para este fim, espontânea e alegremente, priva-se dessa porção, de sorte que sua oferta passa ser um reflexo do sacrifício de Cristo por ele (2 Co 1.3-5; Mc 12.44; 2 Co 24.24).
O que as primícias vão totalizar no teu próprio caso é coisa que terás de decidir após teres conscienciosamente levado o assunto ao Senhor em oração. Tua situação pessoal e familiar é conhecida, talvez, por ninguém mais além de ti e teu Deus. Por isso podes com justiça ressentir-te de todo e qualquer julgamento descaridoso com respeito as tuas ofertas para o reino de Deus. Contudo não deves levar a mal quando teu pastor, como servo do Senhor, te admoesta e exorta a melhorares neste sentido, da mesma forma que te admoesta quando estás remisso na tua frequência aos cultos divinos, no uso do teu tempo e talentos e na tua vida cristã em geral. Pois, uma vez mais nós te lembramos que o ofertar cristão não é alguma prática ocasional desvinculada do resto do viver cristão, mas uma parte essencial da vida cristã em si.
ORIENTAÇÃO PARA O OFERTAR
«Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda». Observa bem que estas palavras nos dizem que não devemos determinar a quantia da nossa oferta segundo o orçamento da igreja, nem segundo uma «quantia justa» em relação ao que alguém outro dá, mas sim que o nosso dar deve ser determinado conforme as bênçãos do Senhor, nosso Deus. |
O único motivo da oferta cristã que é agradável a Deus é aquele que nos induz a dar em razão do amor e gratidão a Cristo, sem o pensamento de recebermos algo em troca. Todos os esquemas de fazer dinheiro da parte da congregação «para levantar fundos para a igreja» devem ser cuidadosamente examinados segundo esta regra. Como alguém que foi comprado e adquirido pelo precioso sangue de Cristo, o fiel mordomo cristão não pergunta: O que receberei pela minha oferta? mas: Que posso dar Àquele que me comprou com preço sem igual e de Quem tenho recebido tudo o que sou e tenho e tudo o que espero ser na eternidade?
Muito se tem falado e escrito sobre o dízimo como um guia para ofertar. Referências têm sido feitas ao fato que o povo de Deus no tempo do Antigo Testamento ofertava um décimo de suas posses ao Senhor (Lv 27.30,32). O que é muitas vezes omitido é o fato que a este mesmo povo era ordenado trazer muitas ofertas acima do dízimo ao Senhor. (Ex 23.14-17; Dt 12.6; 16 16,17; 18 4,5).
Enquanto admitimos que o dizimo está muito acima da média geral de contribuição para o trabalho da igreja hoje, o autor não acredita que esta é a solução para o ofertar cristão que agrade a Deus. Porque, enquanto o dízimo pode ser uma oferta razoável para aqueles que tem uma renda baixa, é inadequada para aqueles cuja renda é alta. Mas, mais importante, o dízimo não é um guia digno para o ofertar cristão. No Novo Testamento a oferta é impulsionada por motivos muito mais elevados. Não é a Lei, mas o amor de Cristo e tudo que Cristo fez por nós que nos constrange a dar conforme Deus nos tem feito prosperar (2 Co 5.14).
Foi um tal amor para Cristo que motivou Maria de Betânia a ofertar um presente muito valioso ao seu Salvador quando ela o ungiu com óleo precioso. (Jo 12.1 s.) Semelhantemente foi urna expressão de amor e gratidão pela salvação que Cristo trouxe a ele e a sua casa que impulsionou Zaqueu, o publicano, a dizer: «Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens» (Lc 19.8). Da mesma forma, os cristãos nas igrejas da Macedônia, constrangidos pela alegria e gratidão pelas inestimáveis bênçãos que haviam recebido em Cristo e através dele, deram tão liberalmente que o Apóstolo declarou: «Porque eles, testemunho eu, se mostravam voluntários, pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos» (2 Co 8.3-4). É esta mesma divida imortal de amor e gratidão a Ele que se deu inteiro por nós que nos motiva a dar a Ele o que temos de melhor. Nós damos o melhor para Ele por causa do Seu inigualável amor por nós (1 Jo 3.18; 1 Jo 4.9,10,19).
O OFERTAR HONRADO E SISTEMÁTICO
Na sua Primeira Carta aos Coríntios, capítulo 16, versículo 2, o apóstolo Paulo escreveu: «No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade». Enquanto isto foi uma instituição especial que Paulo deu aos Coríntios e à Igreja da Galácia relativo a uma oferta para benevolência (v. l), esta sugere um sistema muito prático para a nossa oferta hoje. Ela é, portanto, preservada nas páginas sagradas da Escritura para a nossa instrução (2 Tm 3.16,17; Rm 15.4).
Nossa oferta cristã é uma parte vital de mordomia da vida cristã. Através dela, bem nós devemos honrar a Deus. Não podemos nos dar inteiramente a Deus sem ao mesmo tempo ofertar tudo o que Ele nos deu. No Antigo Testamento o Senhor instruía seu povo a não aparecer diante dele de mãos vazias (Dt 16.16). Ofertar o nosso dinheiro é um ato de adoração, tanto quanto o é nosso ato de orar ou cantar os louvores de Deus. O que possuímos é parte do que somos. O dinheiro que ganhamos representa um pouco de nosso tempo e talentos e assim se torna parte do total de nossas posses. Em adoração a Deus, com o todo de nossas vidas devemos incluir o que temos bem como o que somos. Quando Abel adorou o Senhor, ele lhe trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste (Gn 4.4). Fazendo assim ele se identificou a si próprio com sua oferta. Depois que os Reis Magos do Oriente haviam adorado o Cristo Menino, abriram seus tesouros e lhe deram presentes (Mt 2.11) A oferta e o ofertante estão sempre juntos.
Visto que nos reunimos na casa de Deus para o culto no primeiro dia da semana, o culto dominical nos oferece uma oportunidade para trazer nossas ofertas ao Senhor regular e sistematicamente. Para termos certeza, não deveríamos esperar até o domingo para separar a nossa oferta. Isto deveria ser feito quando recebemos pagamento e tantas vezes quantas recebemos o pagamento. As crianças também deveriam ser ensinaidas e treinadas nesta prática na mais tenra infância. Muitas igrejas providenciam uma Caixa do «Tesouro de Deus» para esta finalidade. As ofertas destinadas ao trabalho da igreja local em geral tão tiradas desta caixa e postas no envelope de contribuição colocado à disposição pela igreja e trazidos à casa de oração cada domingo, onde elas se tornam parte do nosso culto. As ofertas destinadas a causas de caridade são colocadas em envelopes especiais para este fim ou são entregues diretamente.
A desculpa dada algumas vezes é que aqueles que cultivam a terra tem somente uma renda por ano. É extremamente duvidoso que isto seja realmente o caso. Entretanto, seja como for, o mesmo principio e prática se aplicam aqui também. Nós devemos honrar o Senhor com nossos bens e com as primícias de toda, a nossa renda quando e tantas vezes quantas o Senhor nos abençoar. Se isto acontece apenas uma vez ao ano, então também a parte para o Senhor deve ser separada em primeiro lugar, não em último. E esta parte deve então ser comensurada com o total da renda do ano. «Aquele que semeia pouco», escreve o Apóstolo, «pouco também ceifará, e o que semeia com fartura, com abundância também ceifará» (2 Co 9.6; Lc 6.38; At 20.35).
REGRAS PARA OFERTAR
O nosso dar para Cristo deve ser uma experiência alegre. Lemos que quando o rei Davi juntou ofertas para a construção do Templo, «O povo se alegrou com tudo o que se fez voluntariamente; porque de coração integro deram eles liberalmente ao Senhor; também o rei Davi se alegrou com grande júbilo.» (1 Cr 29.9)
Nós também podemos experimentar tal alegria em nosso ofertar hoje. Reconhecendo Deus como o doador e o único dono de tudo que temos e recebemos, e reconhecendo que Cristo nos comprou para si, para que possamos viver debaixo Dele em seu Reino e servi-lo, podemos fazer de nossos atos de ofertar uma ocasião de júbilo. Aqui estão quatro regras simples para o ofertar cristão, que cada crente, incluindo as crianças, pode compreender e praticar.
Primeiro: dedica-te a ti mesmo com tudo que és e tens e tudo o que recebes a Deus e Cristo.
Segundo: separa uma parte agradável a Deus de tua renda em primeiro lugar, não em último. Faze isto tantas vezes quantas receberes um pagamento.
Terceiro: informa-te a respeito do trabalho de tua congregação local e o trabalho da igreja no mundo, e examine as obras de caridade que são dignas de ser sustentadas. Então determina inteligentemente, quanto tu darás para cada um. *(* Algumas igrejas têm um orçamento unificado e um envelope único, que é designado para o trabalho local e o trabalho em geral, e talvez também para a caridade. Não vemos problema quanto a este sistema, desde que a congregação faça uma distribuição equitativa das ofertas que recebe desta forma.)
Quarto: traga tua oferta à casa de Deus cada domingo e faze disto uma parte do teu culto.
Uma breve consideração para concluir. Se o Senhor te abençoou com abundância de riqueza, existe um modo pelo qual esta riqueza pode ser colocada a Seu serviço mesmo depois de deixares este mundo. Podes deixá-la, ou uma parte dela, para tua congregação ou tua igreja com teu último desejo ou teu testamento. Desta forma tua oferta continuará a ser usada para cumprir o objetivo de Deus na vida dos outros. E teu ato de fé e tarefa de amor continuará a viver mesmo para a eternidade (Ap 14.13).
Jesus diz, «Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração» (Mt 6.21). Como em todas as outras fases da vida cristã, a maneira como usamos o dinheiro que Deus confiou ao nosso cuidado determina se somos ou não mordomos fiéis.
Toma a prata e meu puro, / Dou-te todo o meu tesouro.
QUESTÕES PARA DEBATE
l. Por que devemos considerar a oferta do nosso dinheiro para o trabalho da igreja como parte de nosso culto? (Gn 4.4; Dt 16.16; Mt 2.11).
2. O que se quer dizer com separar primeiro a parte para Deus de nossa renda? (Pv 3.9; Mt 6.33). Qual, na tua opinião, deve ser a quantia desta parte?
3. Qual, em tua opinião, deveria ser a proporção aproximada de nossas ofertas para: (a) a congregação local; (b) o trabalho da igreja em geral; (c) caridade? Dá razões para a tua resposta.
4. Qual é o único motivo por que agrada a Deus o ofertar cristão? (2 Co 5.4; I Jo 4.9,10,19). Pode este motivo ser conciliado com os esquemas para se conseguir dinheiro para, sustentar o trabalho da igreja?
5. Qual é a tua opinião concernente; (a) ao envelope único; (b) ao envelope especial; (c) ao cartão de promessa?
PARA POSTERIOR CONSIDERAÇÃO
l. Por que é que, na tua opinião, muitas congregações dão somente uma pequena parte da sua renda total para o trabalho de amplitude mundial da igreja? Cita todas as razões que puderes. Quanto deste para esta causa?
2. Qual teria sido a quantia total de tuas ofertas para a igreja (para todos os fins) no ano passado se tivéssemos dado um décimo de tua renda? Estima qual teria sido a renda total para toda a congregação se cada membro tivesse dado um décimo.
3. Memoriza e pratica as quatro regras do ofertar cristão encontradas neste capitulo. Ensina e habitua teus filhos a fazer o mesmo.
Cópia de: Proezas na mordomia cristã
R. C. Rein