Mensagem – 26.09.2004, domingo.
Capela da ULBRA – Canoas, RS
Texto: Lucas 15.1-10
Tema: “Os verbos do Verbo”
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Intr – VERBO é uma palavra usada em João 1.1 para falar de Jesus. Jesus é o logos, que traduzimos como verbo, palavra.
Verbo, na Língua Portuguesa, é uma palavra ligada à ação. Claro, existem alguns de ligação, como ser, estar, ficar, permanecer... Mas a maioria deles falam de ação. Isso quer dizer que, normalmente quando pensamos em verbo, pensamos em ação. Correr, pular, falar, cantar, louvar...
1 – OS VERBOS DOS FARISEUS
Por isso, podemos dizer que verbos também identificam positivamente a Igreja Cristã – nós – pois é da natureza da Igreja agir, não?
Bem, na introdução do texto do Evangelho, não é bem essa realidade que encontramos. Não há verbos de ação, pelo menos não de ação positiva, para identificar as pessoas a quem Jesus principalmente se dirige: A elite eclesiástica de então, os líderes do Povo de Deus: os FARISEUS.
Com honrosas exceções, FARISEU é sinônimo de orgulho, ostentação, hipocrisia – viver de aparências. Eles não aparecem no texto, mas Quatro verbos descrevem bem a vida das pessoas a quem Jesus se dirige. E nenhum deles é de ação.
PERMANECER – nas tradições que levam para longe de Deus “misericórdia quero...”;
SE ACHAR – Soberba, julgar-se separado, especial, melhor do que os outros ;
CONDENAR – ação que não pertence a eles, mas da qual se apropriavam;
IGNORAR – os pecadores, considerá-los indignos.
Nenhum deles é de ação (nem mesmo condenar, pois não pertence a eles). É esta passividade que condena e é condenada por Jesus. Este ausentar-se do mundo, desligar-se daqueles que realmente necessitam.
Até que ponto a nossa vida hoje, também, possui somente verbos não de ação. Vale a pena pensar sobre até que ponto a falta de ação cristã, de vida cristã em nós, nossa família, nossa Igreja, tem nos deixado apenas de lado, observando o que os outros fazem, pensar sobre se estes, por acaso, são os quatro verbos mais utilizados em relação à vida de fé do povo de Deus... Nada mais perdido do que alguém que se acha salvo, especial, merecedor de honra e de alguma coisa da parte de Deus.
2 – OS VERBOS DO VERBO
Que bom que Jesus entrou em ação. Ele veio ao mundo justamente pra isso. Ele primeiro age, para então permanecer. Ele sabe que temos dificuldades, quer dizer, não conseguimos agir sozinhos. Nos falta motivação, força, vontade... Por isso, Ele se entrega para ser o nosso Salvador. Ele age para então permanecer, ficar, estar conosco. Ele se mistura com os pecadores. E quatro verbos da parábola enfatizam isto:
PROCURAR
ACHAR
SALVAR
ALEGRAR-SE
Estes 4 verbos resumem Jesus. Podemos afirmar sem dúvida. Nestas quatro ações de Cristo, temos a essência de seu ministério: Ir ao encontro dos perdidos. Procurar incansavelmente. E, quando a porta não é fechada pelo coração soberbo ou incrédulo, ele acha, ele salva, ele fortalece, e mais, ele e os anjos dos céus se alegram grandemente!
3 – OS VERBOS DA IGREJA
Estes também são os 4 verbos da Igreja. Sem eles, ela perde sua razão de existir. Nós, como cristãos, achados pelo Bom Pastor, temos nestes 4 verbos o resumo de nosso propósito. Cristo para todos é isso: PROCURAR, ACHAR, SALVAR, ALEGRAR-SE. Sempre com a ação de Deus através de nós, a força, a sabedoria, a orientação para isto. Sua Palavra e Sacramentos estão sempre à nossa disposição, para nos alimentar nesta nobre e alegre tarefa!
Por fim, podemos dizer ainda que o resumo destes quatro verbos pode ser feito em um: AMAR. Muitos filmes de Hollywood, muitas novelas, muitas pessoas hoje em dia, podem nos levar a acreditar que amor é apenas um sentimento, e que estamos a mercê dele. Se sente ou não. Acaba ou não. Para mutos, o amor vem e vai, ou como diz aquela música, “eu sou de ninguém eu sou de todo mundo todo mundo me quer bem”. Passageiro, evanescente.
Amor para Deus não se resume a isso. Amar também é sentir. Mas amar, principalmente, é AGIR. Deus fez isso. O seu amor fica claro em toda a sua ação em nosso favor. Nosso amor também, não é apenas de língua, mas de fato e de verdade. Ele sente, sim, amor por nós. Mas Ele sempre faz o principal: age. AMA! Demonstrações concretas disso não nos faltam, na Bíblia, na História, na nossa vida pessoal.
Cc – Escreve Stephen Covey: “Quando eu falava em um seminário, certa vez, um homem ergueu-se e falou: “Stephen, estou preocupado com meu casamento. Minha esposa e eu não sentimos mais as mesmas coisas de antigamente um pelo outro. Creio que não a amo mais, e que ela também não me ama. O que posso fazer?
-O sentimento desapareceu?
-Isso mesmo – ele confirmou. O que sugere?
-Ame sua esposa
-Acabei de dizer, o sentimento desapareceu.
-Ame-a
-Você não compreende. Esse sentimento, o amor, não existe mais.
-Então, ame-a. Se o sentimento desapareceu, você tem um bom motivo para amá-la.
-Mas como amar alguém que a gente não ama?
-Meu caro, amar é um verbo. O amor, o sentimento, é um fruto do verbo amar. Sendo assim, ame-a. Seja bom pra ela. Sacrifique-se, ouça seus problemas, faça um esforço de compreensão. Goste. Vá além. Você está disposto a isso?”
Amar é verbo. É ação. O que Jesus faz, e o que Ele nos pede. PROCURAR, ACHAR, SALVAR, ALEGRAR-SE, também, em muitos momentos, vai nos parecer muito difícil. Mas que bom que estes são Os verbos do Verbo, Jesus. Os verbos que ele nos propõe, e nos ajuda a praticar. Os verbos que fazem parte da vida de cada um de nós, procurados, achados e salvos e alegres - AMADOS de Palavra e de AÇÂO pelo bom pastor!