SEXTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
14 de fevereiro de 1993
1 Coríntios 2.6-13
1) Leituras do dia
Sl 11.9.1-6 - A bem-aventurança dos que andam na lei do Senhor. Os mandamentos de Deus são para o nosso bem.
Dt 30.15-20 - Lembrados dos mandamentos do Senhor, somos confrontados com o caminho da vida e o caminho da morte. E a recomendação insistente de Deus é: “Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, amando ao Senhor teu Deus, dando ouvidos à sua voz, e apegando-te a ele; pois disto depende a tua vida".
1 Co 2,6-13 - A verdadeira sabedoria: o ensino do Espírito Santo, que dá vida em Cristo, - em contraste com a sabedoria do mundo, que é enganosa.
Mt 5.20-37 - O comentário de Jesus sobre alguns mandamentos. Nossa justiça não pode ser só aparente, mas deve proceder do coração como fruto da fé em Cristo e como resposta a todo amor revelado por Deus.
Pensamento central das leituras: A Palavra da Bíblia que pregamos, tanto os Mandamentos como o Evangelho, não provém de conclusões e sabedoria humana, mas é revelada pelo Espírito Santo e é sabedoria divina para a nossa salvação!
2) Contexto
Corinto, cidade portuária, recebia influências de todas as partes do mundo. A filosofia e as artes eram bem desenvolvidas nesta cidade. O ministério de Paulo foi questionado por alguns, apesar dele ter sido o fundador da congregação em Corinto. Paulo não havia sido discípulo direto de Jesus, como os 12 apóstolos. Mesmo assim, ele argumenta, seu ensino não é inferior, pois ele não pregou palavra própria, mas palavras recebidas do Senhor e ensinadas pelo Espírito Santo (1 Co 11.23; 15.3; 2.13). No texto em questão, ele faz o contraste entre a sabedoria do mundo e a sabedoria de Deus, a qual ele havia recebido e anunciava.
Contexto litúrgico: Estamos na Epafania-Revelação/Manifestação. Este texto mostra que Deus revela/manifesta sua sabedoria através da ação do Espírito Santo pela Palavra. O v.8 faz a ponte entre a Epifania e a Quaresma.
Contexto da IELB: Lema - "Cristo para todos - Respondendo ao amor de Deus”: Nossa resposta à manifestação amorosa de Deus só pode ser a aceitação da sua sabedoria revelada, a fidelidade a esta sabedoria na Palavra, nos deixando guiar pelo Espírito Santo em nosso testemunho e pregação desta Palavra de sabedoria divina.
3) Texto
v. 6,7 - "a sabedoria de Deus em mistério outrora oculta." O plano da salvação de Deus não pode ser descoberto nem desvendado pela sabedoria humana; há necessidade de revelação por parte do próprio Deus (v.10; Rm 16.25, 26; Ef 3.3-9) e apreensão pela fé, não por sabedoria humana. Pois se o quisermos desvendar pela sabedoria humana, ele se toma loucura e absurdo; mas quando o apreendemos pela fé, ele se toma poderoso para nos salvar (1 Co 1,18ss).
vv. 8,9 - Faz a ponte entre a Epifania e a Quaresma. Os poderosos deste mundo na sua sabedoria não reconheceram em Jesus o Filho de Deus nem aceitaram a reve- lação/manifestação feita por Deus por intermédio dele; e o crucificaram.
v.10 - "Deus no-lo revela pelo Espírito." Cf. explicação do 3o artigo do Credo no Catecismo Menor : "O Espírito Santo me chamou pelo Evangelho , me iluminou com os seus dons..." O Espírito Santo é aquele que ensina (Jo 16.13). Aqui está o segredo de toda a pregação cristã: não na sabedoria humana, mas na sabedoria divina revela- da e ensinada pelo Espírito Santo. - Esta é uma palavra muito importante aos pregado- res: Não são apenas cursos de desenvolvimento intelectual que fazem um bom prega- dor; mas é o Espírito Santo de Deus! Sem ele, nada somos.
v. 11-13 - Na sua argumentação, o ap. remete o leitor à sua própria experiência: cada um sabe de si, o que vai no seu íntimo. Assim: Apenas o Espírito de Deus sabe o que vai no íntimo de Deus. E é este Espírito que Deus nos deu, para nos revelar os seus pensamentos a nosso respeito e a sua sabedoria! E é por meio dele que temos condições de falar e pregar a sabedoria de Deus! Ninguém se arrisque a falar em nome de Deus sem ter o Espírito de Deus!
4) Disposição/Proposta Homilética/Tema e Partes Tema:
A sabedoria humana X A sabedoria de Deus
Objetivos: Contrastar as duas sabedorias reforçando a verdade de que a nos- sa pregação é fruto da revelação do E.S. na Palavra, e não apenas exposição de idéias/sabedoria humana. Os problemas: - Nossa vaidade nos instiga a uma independência da Palavra. - Os ouvintes são tentados a ver o homem/pregador, e não a Palavra pregada como sendo de Deus. - A sabedoria humana tem prestígio na sociedade em geral e é debatida com facilidade; a revelação de Deus é olhada com desconfiança e considerada coisa de fracos. A solução: - Deus nos revela a sua sabedoria=salvação em Cristo pelo Espíri- to Santo em sua Palavra. Um alerta: - Não devemos desfazer a sabedoria humana no que diz respeito a coisas desta vida (medicina, matemática, física, etc.), pois também é um dom de Deus. O que está em questão são filosofias huma- nas que propõem um caminho de salvação. Introdução: O homem é um ser competitivo. Ele gosta de competir e gosta de assistir competições. Cf.: futebol, jogos olímpicos, político, irmãos em casa... O ap. Paulo nos apresenta dois adversários que lutam por conquistar o 1o lugar no coração do homem: a sabedoria humana e a sabedoria divina. Quem vence o jogo final nós já o sabemos; mas quem está vencendo o jogo na minha vida particular? Quem fala mais alto aos meus ouvidos e norteia a minha vida?
1o parte - A sabedoria humana: Seu valor: no que tange a coisas deste mundo: saúde, economia, educação... Seu perigo: tornar-se um fim em si, como se só ela fosse suficiente para a vida do ser humano, inclusive para a vida eterna! Este caminho leva à morte (Dt 30.12-20).
2o parte - A sabedoria de Deus: Oculta aos olhos do mundo. Revelada pelo Espírito Santo. Seu propósito: a nossa salvação em Cristo (vida: Dt 30.20).
Conclusão: Epifania - período de Revelação/Manifestação entre Natal e Quaresma. Quem é o menino nascido em Belém? Quem ó o Jesus de Nazaré crucificado? Somente a sabedoria de Deus por ação do E.S. nos reve- la esta verdade e nos dá a fé salvadora. Quando cremos em Cristo e nos mantemos fiéis à sabedoria revelada por Deus, estamos "respon- dendo ao amor de Deus".
Carlos Walter Winterle
Revista Igreja Luterana, Ano 1992, Vol 2, Pag 133