A Onipotência Divina
Onipotência significa "poder para fazer tudo, ou todas as coisas”. Mas os críticos ou os ateus, pessoas que não crêem em Deus formulam argumentos como este para provar que Deus não é Onipotente: “Se Deus fosse bom, Ele desejaria fazer suas criaturas perfeitamente felizes, e se Deus fosse todo-poderoso poderia fazer tudo o que quisesse. Mas as criaturas não são felizes. Portanto, falta a Deus bondade, poder, ou ambas essas coisas".
A Onipotência Divina significa poder para fazer tudo que é possível, e não para fazer o que é impossível. É possível atribuir-lhe milagres, mas não tolices. Isto não é um limite ao seu poder. Se disser: "Deus pode dar a uma criatura o livre-arbítrio e, ao mesmo tempo, negar-lhe o livre-arbítrio" não conseguiu dizer nada sobre Deus: combinações de palavras sem sentido não adquirem repentinamente sentido simplesmente porque acrescentamos a elas como prefixo dois outros termos: "Deus pode". Ninguém, nem Deus pode executar duas alternativas que se contradizem. Devemos, portanto, tomar cuidado se quisermos formular alguma coisa a respeito do que Deus pode ou não fazer.
A matéria tem uma natureza fixa e obedece a leis constantes. Se o fogo dá conforto a um corpo de uma certa distância, ele irá destruí-lo quando a distância for encurtada. Temos o livre arbítrio de fazermos o que queremos, mas nos deparamos com a lei fixa da matéria. O nosso corpo nos oferece sinais de perigo que estão próximos e que o nosso tato sente.
O livre arbítrio das pessoas e da matéria: Se as almas forem livres, é impossível evitar que tratem desse problema mediante a competição em lugar da cortesia. E uma vez que entrem realmente no campo da hostilidade, poderão então explorar a natureza fixa da matéria a fim de se magoarem umas às outras. A natureza permanente da madeira que nos capacita a usá-la como viga também nos permite fazer uso dela para golpear nosso próximo na cabeça.
Se Deus corrigisse as leis fixas da matéria: Podemos, talvez, conceber um mundo em que Deus tenha corrigido os resultados deste abuso do livre-arbítrio pelas suas criaturas a cada momento: de maneira que uma viga de madeira se tornasse macia como grama se usada como arma, e o ar se recusasse a obedecer-me se tentasse utilizá-lo em ondas sonoras que transmitissem mentiras ou insultos. Num mundo assim, porém, os atos errados seriam impossíveis e, portanto, ficaria anulado o livre-arbítrio; se o princípio fosse levado à sua conclusão lógica, os maus pensamentos tornar-se-iam também impossíveis, desde que a massa cerebral que usamos para pensar se recusaria a fazê-lo quando tentássemos estruturá-la. Toda matéria nas proximidades de um homem perverso estaria sujeita a alterações imprevisíveis
Ao se querer dizer que Deus em sua Onipotência deveria excluir as dores e os sofrimentos, seria o mesmo que excluir a vida, pois as leis fixas, as conseqüências desenvolvendo-se através da necessidade causal, e toda a ordem natural, são tanto limites dentro dos quais a vida comum fica confinada como também a condição única sob a qual essa vida pode existir. Tente excluir a possibilidade do sofrimento que a ordem da natureza e a existência do livre-arbítrio envolvem, e se descobrirá que excluiu a própria vida.
Mundos possíveis só podem significar "mundos que Deus poderia ter feito, mas não fez".