APRESENTANDO
Que é maçonaria? É religião? É ciência? É clube de serviço? É instituição filosófica? É organização secreta?
Que pensam, crêem e ensinam os maçônicos? Que entendem sob suas máximas: ciência, justiça e trabalho? Liberdade, tolerância e fraternidade? Como pretendem alcançar o melhoramento intelectual e cultural, o aperfeiçoamento moral e social da humanidade? Seus princípios continuam os mesmos ou houve alguma mudança real, e não apenas de métodos?
Pode um cristão, de sã consciência, filiar-se à maçonaria? Existe harmonia ou conflito entre os ensinamentos maçônicos e a doutrina revelada na Sagrada Escritura? Devem as congregações luteranas incluir ou omitir o artigo de seu estatutos, que diz: A nenhum congregado luterano é permitido esta filiado a uma organização secreta, como por exemplo, a maçonaria? Qual deve ser o tratamento pastoral com um cristão que, por razões diversas filiou-se à maçonaria?
Perguntas como estas muitos cristão e muitos pastores estão fazendo. Na convenção nacional de 1976 entraram moções que pediam um pronunciamento oficial da Igreja Evangélica Luterana do Brasil sobre a maçonaria.
O assunto foi entregue à Comissão de Teologia e Relações Eclesiais. Apesar das dificuldades bibliográficas, após muitas pesquisas, consultas e reflexões foi elaborado e aprovado o presente estudo, que incluímos na série de Documentos Luteranos, nº 02.
Ainda que se tenha a parte histórica, ainda que não responda todas as questões, ainda que seja um estudo bastante resumido, estamos certos que o cristão encontrará resposta para as suas principais indagações e saberá avaliar melhor a revelação de Deus: E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos - Jesus. (Atos 4.12)
É tempo de escrever com retidão palavras de verdade.
A MAÇONARIA
O tema A Maçonaria volta a ocupar a atenção das igrejas e o interesse do mundo em geral. O que é a maçonaria? Quais os seus objetivos e propósitos? Há incompatibilidade entre a igreja e a maçonaria? Eis as perguntas que estão novamente em discussão.
Os motivos que despertaram estas perguntas são muitos. Da parte das igrejas foi o movimento ecumênico, a aproximação com as religiões pagãs, a tentativa de unir todas as forças vivas do mundo para uma luta mais decisiva em prol da paz mundial, da fraternidade humana e da justiça social. Neste esforço comum, houve também da parte dos maçons maior abertura. Eles dão a conhecer publicamente os nomes de seus dirigentes e integrantes, chamam a atenção para as suas realizações e combatem as acusações e incriminações que vêm sofrendo. Neste diálogo, as igrejas ouvem dos maçons: Não somos uma organização secreta, não somos religião nem substitutivo para a religião; antes favorecemos os verdadeiros princípios religiosos, lutamos somente pelo aperfeiçoamento moral do indivíduo e da humanidade, promovendo a união e a paz, amamos a liberdade, praticamos a caridade.
Diante desta nova situação, as igrejas, especialmente as que condenavam a maçonaria e não permitiam que seus membros pertencessem a ela, precisam examinar sua posição. A igreja católica, que no passado condenou a maçonaria pela bula In Eminente do Papa Clemente XII (1738), pela bula Providas (1751), pela bula Humanum Genus de Leão XIII (1884), e ainda pelos cânones 684 e 2335 do Codex Juris Canonici que proíbem aos católicos, sob a pena de excomunhão, inscreverem-se nas associações maçônicas ou em outras associações semelhantes (1 - p. 892).
Algumas posições dos católicos já foram publicadas, como consta:
A condenação e excomunhão das bulas papais só atinge aqueles que pertencem a uma loja que realmente é contra a igreja (Cardeal Seper, presidente do Congresso Romano sobre Fé, 16.7.75) (2 - p. 64).
É certo que a maçonaria não conspira contra a religião. Quanto à maçonaria dos países da Europa e da América verifica-se que, hoje em dia, parece, em muitos casos, ter perdido suas concepções anti-cristãs, tornando-se mera sociedade de garantia de interesses sociais e profissionais de seus membros (Cardeal Seper) (3 - p. 894).
Igualmente evangélicos, que sempre foram mais liberais em relação aos maçons, imitiram o seguinte parecer:
Uma objeção generalizada contra a filiação de um cristão evangélico à maçonaria não pode ser tomada (Evangelische Zentralstelle für Weltanschaungsfragen) (2 - p. 22).
Pode um cristão ser um maçon? - Esta pergunta deve ser respondida com um claro sim. Pode um maçon ser um cristão? Quem realmente segue o caminho de Cristo e faz vontade de Cristo, isto é só Deus, que conhece os corações, sabe. O ofício de julgar os corações não cabe a nós.
Se alguém pertence a uma união de homens (desde que não veja nisto uma necessidade para a salvação), ou se usa roupas especiais (desde que não sejam contra o bom gosto ou despreze outros simbolismos) ou se opina sobre perguntas políticas, são em última análise questões pessoais e da responsabilidade individual (Kirchenamt der VELKD) (5 - p. 41).
Pergunta-se agora, qual a posição da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) frente ao problema? Devem as congregações luteranas permanecer em sua posição onde se afirma: A nenhum congregado luterano é permitido estar filiado a uma organização secreta. Ex.: a maçonaria, ou deve esta cláusula ser riscada?
Para responder esta pergunta, vamos focalizar a maçonaria no que tange ao seu ser, seus objetivos, seus ritos e sua religiosidade. Deixaremos de lado o estudo sobre seu desenvolvimento histórico.
Em todas estas considerações, devemos manter em mente que apesar de maçons dissidentes terem revelado algumas coisas a respeito da maçonaria e pela guerra terem vindo à luz alguns documentos, muitas coisas ainda permanecem em dúvida. A maçonaria ainda está envolta por um véu impenetrável. Suas reuniões são fechadas a pessoas estranhas e os historiadores não tem acesso a seus arquivos. Por isso só nos é possível, e isto com reservas, julgar e interpretar os maçons à base de suas próprias declarações.
QUE É A MAÇONARIA?
Ouçamos o que dizem:
- A maçonaria é uma união de homens que busca, por uma união fraternal e através de ações e rituais honrados, o aperfeiçoamento e enobrecimento da pessoa (Maçons de Frankfurt) (5 - p. 5).
- Maçonaria é uma ciência, nascida de uma necessidade interna, que aspira continuamente ao desenvolvimento do espírito e das manifestações da alma, para elevar o homem e a humanidade a um grau moral superior. Trabalha para isso por seu meio peculiar, através de símbolos e rituais, como símbolos de seus ideais e pensamentos (Grande Oriente dos Países Baixos) (8 - p. 17).
- A maçonaria é uma instituição essencialmente filosófica, filantrópica, educativa e progressista (Loja Minerva, de Porto Alegre) (6 - p. 1).
- A maçonaria é o último dos grandes sistemas de uniões de homens com o alvo do aperfeiçoamento ético e moral de sues associados (5 - p. 5).
- A maçonaria é uma união secreta, que tange o laço da fraternidade em torno de homens livres e honrados, laço que é mais forte e alto do que as uniões profissionais, patrióticas, nacionais ou religiosas (Goblet d’Abeill, líder maçon) (1 - p. 53).
Disto e de outras fontes, até onde nos foi possível ver, chegamos à seguinte definição: A maçonaria é uma entidade fechada (outros preferem o termo secreta, com o que alguns maçons não concordam), que congrega homens de todas as raças e credos religiosos ou políticos, que alegam buscar a verdadeira luz, ou a verdade. Seus membros não precisam ser necessariamente ricos, mas terem o suficiente para o seu sustento e dos seus e possam socorrer outros, numa união fraternal, que excede os laços políticos, nacionais religiosos. Ela se divide em dois grandes grupos: regulares que se destacam pelos seguintes princípios: Não admitem mulheres em suas reuniões, exigem que seus integrantes creiam em um ser superior (a quem chamam de Supremo Arquiteto); não permitem em suas reuniões disputas religiosas confessionais ou discussões sobre política; os irregulares, divididos entre si, destacam-se por algumas organizações que admitem mulheres e ateus declarados, ou até professando certos credos, admitem discussões sobre religião e política, seu livro é um livro com páginas em branco.
Assim temos maçons que se deram bem com os governos e as religiões, outros que tramavam contra os governos e lutavam contra certas denominações religiosas. Muitos hoje, devido a seu princípio de liberdade, repudiam o comunismo, mas ao mesmo tempo sabe-se de lojas maçônicas que são comunistas, promovem e financiam as guerrilhas (9).
Nós no Brasil agradecemos aos maçons por nossa constituição, que permite a liberdade religiosa.
Para outros a maçonaria é uma instituição secreta, uma máfia, uma sociedade de auxílios mútuos, um instrumento nas mãos de Israel, acusações essas fortemente repudiadas pelos maçons.
OBJETIVO DOS MAÇONS
Afirmam os maçons:
- O verdadeiro objetivo da maçonaria pode resumir-se nestas palavras: desfazer nos homens os preconceitos de casta, as convencionais distinções de cor, origem, opinião e nacionalidades, aniquilar o fanatismo e a superstição, extirpar os ódios de raças e com eles o açoite da guerra; em uma palavra, chegar pelo livre e pacífico progresso a uma fórmula e modelo de terna e universal justiça, segundo a qual todo ser humano possa desenvolver livremente as faculdades de que esteja dotado e possa vir a concorrer cordialmente e com todas as forças para a comum felicidade dos seres humanos, de sorte que a humanidade venha a ser uma só família de irmãos unidos pelo afeto, cultura e trabalho (Rebold, História da Maçonaria) (8 - p. 62).
- A maçonaria trabalha para o melhoramento intelectual, moral e social da humanidade. Daí seu lema : Ciência, Justiça e Trabalho. Seu objetivo é a investigação da verdade, o exame da moral e da prática das virtudes (Loja Minerva, de Porto Alegre) (6 - p. 4).
- Que querem os maçons? Eles querem aperfeiçoar o homem moralmente. Seus princípios básicos são: Liberdade, Tolerância e Fraternidade (Rudolf Appel , líder maçon de Hamburgo) (2 - p.65).
Quanto nos é possível julgar, a maçonaria afirma ter propósito de lutar pelo aperfeiçoamento ético do homem e da humanidade. Combater o fanatismo e promover a união da humanidade. Que significa isto? Se querem melhorar o indivíduo e a humanidade, porque as mulheres e as crianças e as classes menos favorecidas estão excluídas? Não deveria a educação moral atingir todos e isto desde o berço? Se querem desfazer todos os preconceitos e as classes que dividem a humanidade e iniciam este trabalho formando preconceitos, criando uma classe distinta e das mais fechadas que existem? Se querem promover uma união e lutar contra o fanatismo, perguntamos: o que é fanatismo? Confessar a verdade religiosa com confissão clara é fanatismo? Voltaremos a estas perguntas nos próximos capítulos.
RITOS E SÍMBOLOS DOS MAÇONS
A maçonaria não possui uma base espiritual contida em palavras ou formulada em doutrina. Procuram alcançar seus objetivos éticos pelo galgar de graus, por ritos e símbolos, que em sua maioria, foram extraídos do ofício de pedreiro, visto que a maçonaria representa figurativamente a arte de construir.
- A base espiritual dos maçons não se representa em primeira linha em palavras, mas por símbolos que foram tomados das profissões dos arquitetos, já que eles representam simbolicamente a arte de construir. A simbólica dos maçons consiste em ato simbólicos e rituais. Aos símbolos pertencem: A Bíblia (que em outros países pode ser substituída pelo livro religioso em vigor, ex.: O Corão. Os maçons irregulares não aceitam a Bíblia, mas colocam em seu lugar um livro com todas as suas páginas em branco), o esquadro, o compasso, o martelo, a colher de pedreiro, a mesa de trabalho; e os que dirigem o trabalho devem estar aparamentados com luvas brancas e o avental (8 - p. 22).
- A maçonaria é ciência velada por alegorias e ilustrada por símbolos. Simbolismo é alma e vida da maçonaria; nasceu com ela, ou melhor, é o germe de que brotou a árvore da maçonaria e que ainda a nutre e anima (Encyclopedia de la Maçonaria) (8 - p. 101).
- Os símbolos maçônicos, derivados dos símbolos primitivos, foram aplicados à arte de construir desde a origem dessa mesma arte (8 - p. 101).
Os graus inicialmente eram três: aprendiz, companheiros e mestre. Algumas lojas permanecem com estes três graus, outras têm mais alguns e outras chegaram até 33 graus e mais.
Por ritos entendem o correto desenvolvimento das ações culturais, que têm como centro o homem ao qual visam aperfeiçoar e enobrecer.
Sobre o significado dos símbolos, citaremos o que Rolf Appel, líder da Grande Loja alemã de Hamburgo, escreveu:
Os símbolos maçons fogem a uma interpretação racional e lógica. Têm muitos sentidos - por isso são inesgotáveis - eternos e inacessíveis à experiência. O trabalho no templo simboliza tanto o trabalho no seu próprio aperfeiçoamento, como no aperfeiçoamento moral do mundo. A pedra simboliza a imperfeição; nela o aprendiz deve labutar para seu aperfeiçoamento (2 - p. 64).
Diante deste quadro surgem muitas indagações. É possível haver uma união fraternal que sem dogma e uma base doutrinária possa alcançar a edificação moral? Esta pergunta parece até hoje não ser respondida pelos maçons (5 - p. 38). Outro enigma, tanto do ponto de vista histórico, como de seu real significado é: como vieram parar na maçonaria os traços judaicos, por exemplo: o tempo de Salomão, a lenda do rei Hirão de Sidom, a mesa que figura a arca, a estrela judaica, o avental figurando o véu do templo. Isto levou a alguns a afirmarem: A é um braço maçonaria do sionismo.
Como vemos, tanto em seus objetivos, como a respeito dos meios de alcançá-los, por ritos e símbolos, há grandes incógnitas. Os maçons o explicam, afirmando que as forças destes ritos são inexplicáveis, só podem ser conhecidas pela experiência, em outras palavras tornando-se maçon.
O SEGREDO DOS MAÇONS
Por muitos séculos os maçons foram acusados de serem uma organização secreta. A história o confirma. O manto do silêncio os envolveu por muito tempo e ainda continua a envolver muitas coisas dos maçons. Os maçons contestaram esta afirmação, dizendo que não possuem segredos, mas cultivam a virtude do silêncio. Vejamos o que eles afirmam:
- O chamado segredo maçônico é justamente o ponto sobre que mais se tem especulado e no qual se baseiam os que condenam nossa Ordem Augusta. Não compreendendo a sua verdadeira razão, ou seja, o caráter espiritual, iniciático e construtivo desse segredo, não querem ver no mesmo mais do que um pretexto para fins execráveis ou pelo menos, tais que não podem ser confessado publicamente por temor da luz do dia (8 - p. 93).
- Cada um que se ocupa com a maçonaria, percebe que há um segredo, que já por séculos une os maçons. Esse segredo está nos rituais que agem sobre e desprendem forças na alma de seus participantes para benefícios próprios e dos que os cercam. Estes segredos não podem ser desvendados, mas são vividos e experimentados na alma... Por isso num dos manuais da maçonaria de 1863 consta: “A maçonaria não tem segredos, mas é um segredo” (4 - p. 22).
- Calar é para os maçons uma virtude, que deve agir educativamente. Ela se refere ao ritual, às conversas íntimas de irmãos, à informação sobre irmãos. Ela é antes de uma contra-ofensiva à exagerada verbosidade de nosso tempo (Rolf Appel) (2 - p. 64).
- O segredo dos maçons é a vivência pessoal. Isto é indispensável. Relata um mestre maçon: Eu sabia como tudo iria acontecer. Mas quando estava no meio de meus irmãos, e meus olhos foram desvendados, fui comovido em meu íntimo. As lágrimas me vieram aos olhos. Isto posso relatar quantas vezes quiserem e não compreenderão o que senti neste momento. Nem mesmo eu o posso exprimir em palavras. São sentimentos que só se podem experimentar e não descrever, como a ordenação de um sacerdote, a confirmação, o casamento, o ser mãe pela primeira vez. Nestes momentos há sentimentos indescritíveis. O segredo da maçonaria é a vivência (5 - p. 8,9).
- A maçonaria é uma sociedade secreta? Não, pela simples razão de sua existência, pois é amplamente conhecida. As autoridades de vários países lhe concedem personalidade jurídica. Seus fins são amplamente difundidos em dicionários, enciclopédias, livros de histórias, etc. O único segredo que existe e não se conhece senão por meio do ingresso na instituição, são os meios para se reconhecer os maçons entre si, em qualquer parte do mundo e o modo de interpretar seus símbolos e os seus ensinamentos neles contidos (Loja Minerva, Porto Alegre) (6 - p. 12).
Afirma Salomão: Há tempo de estar calado, e tempo de falar (Ec 3.7). Tudo tem a sua razão e o seu motivo. Se é para falar o mal, calar é ouro, se deixo de falar o bem, calar é pecado. Quem não me confessar diante dos homens, diz Jesus, também não confessarei diante do meu Pai que está nos céus (Mt 10.32). Assim o calar é uma virtude somente quando usado para evitar o mal. Há segredos militares que visam o bem da pátria. Mas por que vamos esconder o bem? Se a doutrina dos maçons visa o bem e tem este poder, por que calar? Qual o motivo de calar dos maçons? Eis a incógnita, que permanece não respondida, apesar de toda a apologética maçônica.
A MAÇONARIA É RELIGIÃO?
A maçonaria afirma categoricamente que não é religião, nem um substitutivo para a religião. Não são contra a religião, antes, especialmente os maçons regulares, exigem de seus filiados que acreditem em um ser superior. Ouçamos o que os maçons afirmam:
- Por seu compromisso, o maçon é obrigado a obedecer à lei moral, e, se devidamente compreende a Arte, jamais será um estúpido ateu nem um libertino irreligioso. Porém, embora, nos tempos antigos, os maçons fossem obrigados a pertencer à religião dominante em seu país, qualquer que fosse, considera-se hoje muito mais conveniente obrigá-los apenas a professar aquela religião que todo o homem aceita, deixando cada um livre em suas opiniões individuais, isto é, devem ser homens probos e retos, de honra e honradez, qualquer que seja o credo, a denominação que o designa. Deste modo, a maçonaria é o centro de união e o meio de conciliar a verdadeira fraternidade entre pessoas que teriam permanecido perpetuamente separadas (Primeiro Artigo da Constituição de Anderson) (8 - p. 13).
- A maçonaria é uma religião? - Não, a maçonaria não é uma religião. É uma sociedade que tem por objetivo unir os homens entre si. União recíproca, no sentido mais amplo e elevado do termo. E nesse seu esforço de união dos homens, admite em seu seio as pessoas de todos os credos religiosos, sem nenhuma distinção.
- A maçonaria é religiosa? - Sim, é religiosa, porque reconhece a existência de um único princípio criador, regulador absoluto, supremo e infinito, ao qual se dá o nome de Grande Arquiteto do Universo, porque é uma entidade espiritualista em contraposição ao predomínio do materialismo. Estes fatores que são essenciais e indispensáveis para a interpretação verdadeiramente religiosa e lógica do Universo, formam a base de sustentação e as grandes diretrizes de toda a ideologia e atividade maçônica. (Loja Minerva, Porto Alegre) (6 - p. 8).
- Os maçons de nossos dias nada tem a ver com religião. Mas por ter crescido em terra cristã, nota-se em muitas partes contactos no campo da ética. (Rev. Ecehard Hieronimus) (5 - p. 31).
- Ela comprometa o maçon só com aquela religião com a qual todos os homens concordam e deixa a cargo de cada indivíduo suas convicções especiais (4- p. 22).
- Em contraposição à religião todo o esforço dos maçons se concentra nesta terra; não se refere à eternidade: não realiza cultos e - sua grande diferença em relação à religião - não possui uma doutrina salvífica. Assim também o jesuíta Michel Diereck reconheceu que a maçonaria não é religião, mas um estilo de vida e não possui um dogma escrito, mas regras de vida (4 - p. 22).
- Este avental depositamos na sepultura de nosso irmão, como lembrança de nossa união no trabalho, no destino comum que aqui nos acenou; no espírito maçônico, ante barreiras do mundo do poder político e prestígio social. Mantemo-nos agora temporariamente separados. Morte, ó grande exaltador, leva-nos a uma união, reduz-nos a um grão comum, faz-nos saber que, nascidos como somos um coração fraternal, nenhuma circunstância ou acidente nos poderá separar da eternidade (Massonic Burial Service p. 13, 14).
Como vemos, os maçons negam serem religião ou substitutivo para a religião. Ao mesmo tempo afirmam serem religiosos e por isso possuem ritos culturais. Negam aspirarem a ser uma religião que una a todos; ao mesmo tempo afirmam combater o fanatismo, tirarem de cada religião as verdades universais e lutarem por uma união. Possuem o seu deus, se bem ser-lhes o mesmo desconhecido. Dão-lhe o nome de Supremo Arquiteto. Iniciam suas reuniões em nome deste arquiteto. Cultuam este deus não por ensinamento dogmáticos, mas por ritos simbólicos. Têm seus próprios ritos funerais. Ao, religião se ocupa com a relação do homem com Deus. Então a maçonaria é religião. Religião que todo o homem aceita. Portanto uma religião segundo a carne, que não aceita as coisas do Espírito de Deus. São religião tolerante, o que está tão em moda em nosso tempo de ecumenismo: União na diversidade. Dentro de seu princípio de tolerância usam o livro religiosos mais em voga na localidade, mas na verdade não aceitam nenhum, pois têm eles sua própria concepção das coisas. Bem afirmou um líder maçônico: Nós só aceitamos “procuradores”, não aceitamos “achados” em nossas fileiras. Quem deseja ser um maçon o percebe primeiramente em seu interior, então confia-se a um amigo. Assim consta num antigo documento maçon. Esta frase espelha a verdadeira índole maçônica. Maçons são pessoas que procuram a verdade. São eternos procuradores. Procuram a verdade, a justiça e o aperfeiçoamento. Em tudo isto seus olhos não estão voltados para a eternidade, nem atentos à voz de sua razão. Realmente é uma religião pobre vazia. Falam em Deus, mas não o conhecem. Veneram um deus, um deus mudo que não lhes fala. Confiam em suas próprias obras, julgando que por elas são aceitos por este deus na eternidade. Como não possuem uma verdade expressa, aceitam de certa forma qualquer religiosidade, desde que concorde com seus princípios. Mas no confronto com a verdade revelada do verdadeiro Deus, a rejeitam. Chamam o apegar-se à verdade divina, revelada na Escritura, de fanatismo e a combatem, revelando assim índole de natureza humana que não aceita as coisas do Espírito de Deus. Reúnem pessoas que buscam a verdade e a paz, por não a terem encontrado nas religiões existentes. Na verdade muitas religiões, mesmo chamando-se cristãs e cantando: Cremos todos num só Deus, não possuem o tesouro da verdade, pois perturbam a verdade revelada com seus ensinamentos humanos. Ou mesmo se estavam na religião que possui o tesouro da verdade, o rejeitam. Eram como os fariseus que viram Jesus com seus olhos, mas não reconheceram nele o verdadeiro Filho de Deus, o Salvador da humanidade.
LUTERANOS E A MAÇONARIA
Diante do que vimos sobre a maçonaria, especialmente no que foi dito no último parágrafo do capítulo anterior, de ser o maçon um “procurador”, podemos afirmar categoricamente: Nenhum verdadeiro luterano será maçon, e todo o maçon que se converte ao verdadeiro cristianismo abandonará a maçonaria, isto pelos motivos que passaremos a citar.
1. O cristão luterano, submisso à Escritura, conhece a verdade. Como tal deixa de ser um que procura, porque foi achado por Cristo, e o Espírito Santo lhe revelou, pelas palavras claras da Escritura, qual é a verdade. Esta afirmação, sem dúvida, é uma ofensa para todos aqueles aos quais o Espírito santo não deu ouvidos para ouvir e olhos para ver e a todos aqueles que resistem ao Espírito Santo.
- Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (Jo 8.31,32).
- Quem é de Deus ouve a palavra de Deus; por isso não me dais ouvidos, porque não sois de Deus (Jo 8.47).
- Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça (Mc 4.23).
- Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas (Jr 2.13).
- Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança de imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seus próprios corações, para desonrarem os seus corpos entre si (Rm 1.22-24).
- Ora, o homem natural não aceita as cousas do Espírito de Deus, porque lhes são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente (1 Co 2.14).
2. O cristão luterano sabe da incapacidade total de se conhecer e regenerar por suas próprias forças, pois nasceu espiritualmente cego, morto e inimigo de Deus. Não possui o livre arbítrio por ser escravo involuntário de Satanás. O princípio maçon: conhece-te a ti mesmo, controla-te a ti mesmo, soa muito bem aos nossos ouvidos naturais. Na verdade, o homem pode cultivar algumas virtudes como abster-se de pecados grosseiros, praticar a caridade, mas não conhece nisto a perfeição e o motivo de seu agir é o egoísmo. Tudo isto é auto-glorificação, endeusamento próprio, pecado contra o primeiro mandamento. Conhecer-se a si mesmo só é possível à luz da palavra de Deus. Esta revela ao homem sua total corrupção, sua total incapacidade de praticar o bem que tenha valor diante de Deus, sua total incapacidade de amar verdadeiramente a Deus e ao próximo. Para iniciar-se nisto necessita do poder regenerador e renovador do Espírito Santo, que opera pela palavra de Deus e pelos sacramentos.
- Eu sei que em mim, isto é, na minha carne não habita bem nenhum (Rm 7.18).
- Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro de mim um espírito inabalável (Sl 51.10).
- Ele voz deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados (Ef 2.1).
- Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus (Jo 3.5).
- Todo aquele que permanece nele não vive pecando (1 Jo 3.6).
3. O cristão luterano conhece o seu Deus pelo nome verdadeiro.
- E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste (Jo 17.3).
- E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é meu Filho amado, em quem me comprazo (Mt 3.17).
- Batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19).
Assim como Deus se revelou na Escritura ele quer ser adorado e não por outro nome ou de outra maneira. Todo desvio desta palavra é idolatria e rejeição a Deus.
4. Porque o cristão luterano jamais poderá camuflar esta alegria que lhe vai na alma ou esconder a esperança que o norteia, nem poderá compactuar com o erro, antes há de condenar o erro, porque procede do príncipe das trevas e quer levar os homens à condenação eterna; por isso confessará bem alto o nome de seu Salvador.
- Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9).
- Quem não me confessar diante dos homens, diz Jesus, também não o confessarei diante do pai que está nos céus (Mt 10.32).
- Não vos ponhais em julgo desigual com os incrédulos; portanto, que comunhão pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão da luz com as trevas? Que harmonia entre Cristo e o maligno? ou que união da crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuários de Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em cousas impuras; e eu vos receberei, sereis vosso Pai e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo Poderoso (2 Co 6.14-18).
5. Porque o cristão luterano sabe que tolerância verdadeira é com o fraco para conduzí-lo ao caminho da verdade. Tolerância não significa deixar a verdade de lado, negá-la ou misturá-la com o erro. A falsa tolerância Deus condena e castiga.
- Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher... (Ap 2.29).
- Acautelai-vos dos falsos profetas que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores (Mt 7.15).
Se outras igrejas cristãs promovem união com a maçonaria é porque ou não reconheceram a verdade ou a abandonaram.
6. O fato de a maçonaria ter feito e fazer coisas boas, como, por exemplo, a prática da caridade, sua influência benéfica na formação de nossa Constituição, o que é elogiável, mesmo assim julgarmos haver para isso caminhos melhores.
7. Por tudo isto concluímos dizendo que todas as organizações ou sociedades, secretas ou abertas, quer declaradamente religiosas ou as que praticam formas religiosas sem confessarem o Deus triúno Pai, Filho e Espírito Santo, sem confessarem Jesus Cristo como Filho de Deus que veio ao mundo na carne para salvar os homens dos pecados, que em lugar de ensinarem a salvação pela fé em Cristo, ensinam a salvação ou regeneração do homem pelas obras, ou moralidade, são anti-cristãs, por isso a igreja de Cristo e suas congregações não podem ter comunhão com elas.
COMO TRATAR COM MAÇONS
Ao tratarmos com maçons, será prudente evitar sempre uma discussão estéril em torno da maçonaria. Basta-nos conhecer seu traço principal: são pessoas que procuram a verdade e procuram a paz com o Criador pelas obras. Nós temos a única verdade, a Escritura. Por isso é preciso ir ao ponto nevrálgico: a justificação do pecador diante de Deus. Conhece-te a ti mesmo. Isto é possível só pela Escritura. Ela revela que o homem é totalmente incapaz de fazer o bem, que o homem está sob a ira e condenação de Deus, por mais honrado que seja; que este homem precisa um Salvador. Este Salvador é unicamente Jesus. E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos (At 4.12). Este Salvador diz o que disse a Nicodemos: É preciso nascer de novo (Jo 3.5). Aqui despertará a grande luta, a qual Nicodemos também enfrentou: A quem vou seguir: a minha razão, que recebe o apoio da maioria dos homens, ou a Jesus? Jesus revelou a Nicodemos quem ele era: O Filho de Deus que veio do céu para revelar aos homens a verdade. Bem aventurado o que não se escandalizar em Jesus (Mt 11.6).
Se uma pessoa for ensinada assim, mas rejeita seguidamente estas verdades, não poderá ser aceita como membro de nossa congregação, e se for membro, após tratamento pastoral, se não aceitar deverá ser desligado da congregação. Este desligamento é manifestação de amor, a fim de tentar convencer a pessoa: Você está em erro, arrepende-se e aceite a verdade.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
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- Diereckx, S. J. M. Freimaurerei, die Grosse Unbekannte. Hamburgo Baihütten Verlag GMBH, 1975.
- Albuquerque, A. T. C. de. O que é a Maçonaria. Rio de Janeiro. Editora Aurora, 1958.
- Maçonaria Italiana Esconde Lopes Rega na Calábria. Folha da Tarde, Porto Alegre, 1976.
- Preus, R. Dr. Unir-nos. Sim ou Não.
- Die Verbandlungen Mit Der Katholischen Kirche, 1968-72 - nº 1518. Bauthütten Verlag, Hamburgo. 1976.
- Voellige Glaubenslosigkeit Lehnen Freimaurer Ab. Münsterische Zeitung. Münstern, 13.1.76.
AUTOR: Documento elaborado pela Comissão de Teologia e Relações Eclesiásticas da IELB