Sogaard, Viggo. Media in Church and Mission Communicating the Gospel. (até p. 106)
Comunicação – Evangelismo – Mídia
Essas palavras andam juntas no ministério cristão. O evangelismo é a atividade envolvida em trazer o evangelho de Jesus Cristo às pessoas que já não o tenham ouvido ou ainda não seguem a Cristo. O evangelismo envolve comunicação. Na verdade poderia argumentar-se que evangelismo é comunicação. A religião cristã em si mesma é uma religião de comunicação com um Deus comunicador que utilizou uma grande variedade de mídias. A Bíblia é uma narrativa desta comunicação de Deus à humanidade: através da criação, através dos profetas, através dos “Seus maravilhosos feitos”, através do seu Filho, Jesus Cristo, através do Espírito Santo e através de seu povo, a Igreja. A mensagem de Cristo devia ser comunicada para todas as pessoas no mundo, e a mídia pode desempenhar papel importante como instrumento deste ministério.
Durante meus anos de envolvimento no ministério cristão minha principal responsabilidade tem sido a da comunicação. Como muito do tempo foi desempenhado na Tailândia, foi um desafio constante ser efetivo na comunicação entre um povo com uma visão de mundo drasticamente diferente. É um país com uma pequena e fraca igreja, constituída por menos de 1% da população, um povo com baixo conhecimento do evangelho de Cristo e onde entendimentos incorretos são facilmente introduzidos. O desafio de comunicar o básico do evangelho de Cristo ao povo da Tailândia levou-me ao uso da mídia no ministério, concentrado principalmente em dois meios: rádio e fitas cassete. Como nós nos empenhamos em usar esses meios, essa mídia efetivamente, fomos “forçados” a um estudo sério da teoria e estratégia da comunicação. Através de estudos posteriores, projetos de pesquisa, consultas e seminários este interesse foi aprimorado, e agora tenho minha confiança no potencial das “ferramentas” que temos disponíveis para a comunicação cristã.
Durante meus anos como missionário, usando moderna mídia de comunicação, tenho freqüentemente ficado abismado pelo fato de que tão pouco auxílio podia ser obtido dos materiais escritos. Como nós experimentamos novas idéias, tivemos que aprender nossas próprias lições. Ao redor do mundo esta falta de bons livros-texto tem resultado em muito trabalho cristão de mídia que parece funcionar sem qualquer entendimento claro do processo de comunicação, sem entendimento relevante da mídia e sem pesquisa efetiva e sistemas de informação.
Ainda, como um consultor, tem sido minha experiência que os trabalhadores cristãos precisam de muito auxílio em desenvolver ministérios efetivos baseados na mídia. Nós sabemos de exemplos e experiências e de uma considerável corpo de material de pesquisa, que a mídia pode ser usada efetivamente na causa da missão e que auxílio pode ser fornecido àqueles engajados em tais ministérios. E também a pastores e líderes da igreja que querem ver suas igrejas crescer e comunicar efetivamente nas comunidade onde estão trabalhando.
Nosso Deus, o Comunicador
Auxílio também é necessário na área da teologia bíblica. O Cristianismo pressupõe que Deus existe e que Ele criou este mundo. Ele é o Único que revelou seu nome como Iahweh, Eu Sou, a Moisés (Ex 3.14). Como cristãos nós cremos nele, e que ele revelou-se a si mesmo a nós na pessoa de Jesus Cristo (Jo 3.16). Da análise atual dos países ocidentais nós sabemos que a situação de muitas pessoas é que eles acreditam em “Deus”1, mas pesquisas adicionais indicam que esta crença é em grande parte não em um Deus vivo e pessoal, mas em alguma força cósmica. Os comunicadores precisam aprender como comunicar o conceito de um Deus vivo em um mundo confuso. Consequentemente, nós precisamos enfatizar o aspecto “cristão” de nossa comunicação, e junto a isso, a autoridade da Bíblia como a Palavra de Deus. A Bíblia contém a mensagem que proclamamos bem como os métodos e a orientação sobre como comunicar essa mensagem.
O único e eterno Deus, Criador e Senhor do mundo, é também o Deus que ama todas as pessoas, e que tem insistentemente chamado as pessoas a si mesmo. Textos familiares da Escritura falam disto: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito...” (Jo 3.16), e ele “demonstrou este amor por permitir que Cristo morresse por nós enquanto nós ainda éramos pecadores” (Rm 5.8). Nós podemos também citar a primeira das conhecidas quatro leis espirituais usadas por Campus Crusade para Cristo: “Deus ama você e tem um maravilhoso plano para sua vida”.
Há uma grandeza potencial em todos seres humanos. Nós podemos freqüentemente ser cegados pelo mal que vemos exibido através da mídia, mas nós não devemos esquecer que Deus disse “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1.26). Uma pessoa que é criada na imagem de Deus tem dignidade e um potencial tremendo para a grandeza, independente da raça dele ou dela, cor, cultura ou classe. A Bíblia refere-se aos seres humanos com termos tais como “herdeiros do reino”, “sacerdotes” e “reis” (1 Pe 2.9-10). Este potencial dos seres humanos é completo através do relacionamento com Cristo, e é tornado possível pelo Espírito.
Os conteúdos fornecidos neste capítulo estão direcionados a situar o estágio prover uma base para discussão de princípios e teorias de comunicação cristã.
Básico para nosso entendimento de comunicação cristã é o fato que Deus é um comunicador que faz-se conhecido a nós, e busca um relacionamento conosco que resultará em nossa resposta a ele através de oração e louvor e pelo envolvimento em sua missão. O modelo principal que ele forneceu-nos é a encarnação.
Sua comissão a nós não apenas permeia a Escritura mas também constitui um foco central em todo nosso ministério. Nossa tarefa é a única de comunicar, tornando Cristo conhecido e entendido. Nosso métodos deve tomar seu ponto de partida nos métodos usados por Deus, e nossa mensagem é Jesus e seu reino. No reino de Deus a atmosfera é “shalom”, ou seja, paz verdadeira e relacionamentos perfeitos, e nossa tarefa é facilitar tal cura real para todas as pessoas.
Permeando todo nosso ministério estão certos fatores constantes que põe-se ao lado da comunicação cristã. É nesta base que nós objetivamos nossa estratégia, e como tal não é necessário a nós fazer referências constantes ao trabalho do Espírito Santo. Ele é tido por concedido, garantido.
Alguns dos fatores constantes tratados neste capítulo são (1) a presença e atividade dos poderes das trevas, (2) a natureza corrompido dos seres humanos, (3) a revelação de Deus, (4) a obra do Espírito, (5) fé, (6), a Palavra de Deus, e (7) a meta do discipulado. Estes são as constantes que dá a comunicação cristã sua natureza especial.
Para a aplicação da mídia em nossas estratégias de comunicação, nós também precisamos entender as variáveis que dão contexto e direção a nossa comunicação. Neste capítulo nós também olhamos para (1) o contexto cultural, (2) a sociedade, (3) a posição espiritual do receptor, e (4) a personalidade e dons do comunicador. Muitos problemas de comunicação são devidos a uma confusão em fatores constantes e variáveis. Isto é particularmente verdade do uso cristão da mídia de comunicação.
O próximo capítulo fornecerá um resumo da teoria da comunicação que deverá ajudar-nos a entender as várias dimensões de nossa tarefa de comunicação. Esta seção incluirá também capítulos sobre estratégia e recursos, todos dirigindo-se a um capítulo de resumo que põe-se a caminho das dimensões da maneira de abordagem para a comunicação cristã.
Deus criou em nós, seres humanos, uma capacidade de conceituar e teorizar. É pelo estudo de teoria e conceitos que nós encontramos direção para nosso trabalho e fornecemos os fundamentos básicos nos quais o bom planejamento pode ser feito. Em nenhuma outra área isto é mais importante que quando nós estamos tratando com o uso da mídia. Cada pessoa envolvida na mídia cristã deveria contar com o máximo no campo da teoria de comunicação cristã e usar isso em seu trabalho diário.
A palavra comunicação é derivada da palavra latina communis, e inclui o conceito dos relacionamentos. A assim chamada comunicação unilateral pode, portanto, não ser realmente definida como comunicação. Isso vale tanto para o pastor de uma igreja local como para o usuário de mídia. A audiência deve ser levada em conta no processo de comunicação.
Muitos tipos diferentes de situações de comunicação podem ser visualizadas, partindo da comunicação intrapessoal e interpessoal ao uso de mídia de massa. Em cada tipo de situação novas dimensão estão incluídas. Mas a fim de entender estas complexidades, diferentes escritores têm desenvolvidos modelos de comunicação que tentam explicar os relacionamentos. Neste capítulo, nós apresentamos o desenvolvimentos de um modelo composto, indicando os aspectos importantes e diferentes do processo de comunicação. O modelo utiliza conteúdos extraídos de diferentes escritores e recentes modelos.
Ênfase especial foi dada à interação entre remetente e receptor. A questão básica da confiança foi vista como uma reivindicação prévia para a comunicação eficiente.
Pela padronização do tópico da teoria da comunicação, a pessoa envolvida na mídia cristã terá uma estrutura conceitual na qual ele ou ela podem desenvolver bons ministérios. A partir de tal base, nós podemos proceder em direção a estratégia e desenvolvimento de planos compreensivos para alcançar as pessoas com o evangelho de Jesus Cristo.
O planejamento estratégico é importante para o efetivo trabalho em mídia, e existem modelos úteis que podem servir como ferramentas no desenvolvimento de boas e relevantes estratégias. O termo estratégia é um termo útil, que descreve um plano inteiro ou uma forma de abordagem de como nós iremos alcançar nossos objetivos ou resolver nossos problemas. É um meio conceitual de antecipar o futuro. Como cristãos, declarações relacionadas a nossos objetivos estratégicos e metas são declarações de fé.
Um modelo circular de desenvolvimento estratégico em onze passos foi apresentado com uma ferramenta útil que nos ajudará a fazer as perguntas certas e levar-nos a um processo ordenado de desenvolvimento estratégico
A fim de fornecer uma “estrutura”, nós apresentamos neste capítulo um modelo de decisão espiritual. O propósito é apresentar uma estrutura estratégica para o desenvolvimento de estratégias e para o comunicar o uso da mídia a outros. O modelo é construído sobre duas dimensões: conhecimento e atitudes. Não é a intenção de que os modelos devam ilustrar ou responder todas as questões relativas a processos de decisão espiritual. Os modelos desenvolvidos não obstante estão ainda em processo de desenvolvimento, sendo modificados conforme aprendamos mais e entendamos melhor. Eles não estão afirmando serem o cominho, mas antes, que este é o meio pelo qual nós tentamos ilustrar o que entendemos, baseados em nossos conhecimentos atuais.
É a visão deste escritor que o relacionamento entre nosso trabalho e a obra do Espírito não devam ser apresentados como uma parceria. É necessário descrever o relacionamento de uma perspectiva encarnacional, Cristo em nós e trabalhando através de nós.
Em resumo, a pesquisa pode ser usada para:
- aprimorar a visão
- fornecer informação sobre a audiência
- tornar possível a comunicação orientada pelo receptor
- ajudar a avaliar produtos e programas de mídia
- assistir o desenvolvimento estratégico
- dirigir para o estabelecimento da meta
- orientar o planejamento
- testar a eficiência de nosso ministério
- revelar a necessidade de buscar a orientação de Deus
Todas as organizações de comunicação cristã precisam de um sistema de informação para fornecer dados úteis para o desenvolvimento estratégico. As ferramentas e metodologias de pesquisa estão disponíveis para reunir tal informação.
A pesquisa de comunicação utiliza metodologias e técnicas que foram principalmente desenvolvidas por pesquisadores sociológicos e de marketing. Vários aspectos da pesquisa antropológica são também valiosos para certos tipos de pesquisa necessários para os comunicadores cristãos.
Como em outras áreas de pesquisa, nós precisamos de procedimentos e técnicas de medição específicos a fim de obter informação de confiança. Este processo não é apenas uma atividade realizada pelo pesquisador. O gerenciamento deve estar essencialmente envolvido, e os produtores devem também estar envolvidos no processo de mídia e teste de cópia. Os procedimentos para tal teste estão prontamente disponíveis para nosso uso.
Resumindo as Dimensões da Comunicação Cristã
Uma teoria cristã de comunicação que nos assistirá na utilização eficiente da mídia no ministério cristão será construída sobre um conjunto adequado de princípios baseados em teoria, estratégia e pesquisa de comunicação. Este capítulo, em particular, servirá como um resumo dos capítulos anteriores, organizado num conjunto de sete dimensões que nos fornecerão uma estrutura conceitual para a comunicação cristã aplicada e uso da mídia.
A lista seguinte não está exaustivamente trabalhada, mas consiste daqueles princípios fundamentais sobre os quais nosso ministério em mídia deve repousar. Juntos eles constituem uma forma de abordagem. Nós podemos não estar aptos a realizar todos estes ideais completamente, mas os sete pontos podem dirigir e governar nossas ações e fornecer uma grade para testar nossas posições em relação ao uso da mídia no ministério.
Nós podemos resumir uma forma de abordagem orientada pelo receptor pelas quatro questões seguintes:
1. QUEM é meu ouvinte/leitor/espectador?
2. ONDE está eu ouvinte/leitor/espectador?
3. QUAIS são as NECESSIDADES de meu ouvinte/leitor/espectador?
4. COMO posso ir de encontro às necessidades do meu ouvinte/leitor/espectador?
Um resumo dos elementos de uma adequada teoria de comunicação foi tratado neste capítulo. Através dele seria difícil fazer uma declaração concisa que definisse a teoria de comunicação cristã; nosso principal interesse é a formulação de um fundamento conceitual que posa ser aplicado para a seleção e uso da mídia. Teorias de comunicação adequadas já estão disponíveis. Nossa necessidade principal é, portanto, não procurar um teoria mas aplicar as teorias já desenvolvidas.
Uma dependência do Espírito Santo é um fator constante que permeia toda comunicação cristã. Conforme submetemos nossas vidas e ministérios à condução do Espírito, tornamo-nos suas “extensões” ou embaixadores. A comunicação cristã deve ser centrada na pessoa, e disto Jesus é o principal exemplo. A Palavra tornou-se um ser humano que viveu entre nós. A comunicação em mídia deve portanto ser avaliada sobre a base de sua capacidade para comunicar personalidade.
A orientação pelo receptor é obrigatória para a comunicação cristã. Cristo foi orientado pelos receptores e ele falou às necessidades e contexto do receptor. A comunicação orientada por um processo é uma conseqüência lógica da orientação pelo receptor e da comunicação centrada na pessoa. Tanto a fonte quanto o receptor vivem através de processos e uma relevante estratégia de comunicação deve seguir estas estes processos.
A comunicação cristã deve ser vista à luz de uma perspectiva intercultural. Nossa cultura fornece um “grid” pelo qual nós vemos e entendemos a realidade. Nós comunicamos e entendemos cada outro pela percepção específica fornecida por este “grid” cultural.
Se os sete tópicos fornecidos neste capítulo fossem unidos num modelo verbal, nós poderíamos chegar a um set adequado de diretrizes para a comunicação cristã. Tal modelo verbal pode então ser usado como uma “lista de checagem” no desenvolvimento de estratégias para a seleção de mídia e seu uso na comunicação cristã. A declaração poderia ser construída como segue:
As aplicações da teoria da comunicação para a comunicação cristã, e em particular para a seleção e o uso da mídia,
- devem refletir uma dependência do Espírito Santo
- devem ser centradas na pessoa
- devem ser orientadas pelo receptor
- devem ser baseadas na igreja
- devem ser um processo orientado
- devem ser baseadas em pesquisa
- devem ter uma perspectiva intercultural.
Autor (Propriedade do arquivo): Alceu (apenas Alceu!)