Gênesis 32.22-30
Leituras do dia
O Salmo 121 está entre os textos mais inspiradores do AT. Seu texto já proporcionou belos cânticos de louvor. O tom predominante deste cântico é a absoluta tranqüilidade e segurança que o "guarda de Israel" proporciona aos que o buscam de olhos e corações abertos. É confortador, em meio às situações de insegurança e violência, entregar-se aos seus cuidados e proteção.
No texto da epístola, 2 Tm 3.14 e 4.5, o apóstolo Paulo, elogiando a firmeza de fé e exemplo de vida cristã de Timóteo, ressalta o referencial que lhe proporcionou esta postura espiritual: a Palavra de Deus. "Toda a Escritura" verbalmente inspirada por Deus é o ponto de convergência que produz energia, saúde espiritual e segurança ao cristão.
Se o convite do salmista é olhar para o monte de onde flui o socorro e a proteção, o apóstolo recomenda apego à “toda a Escritura" como pressuposto para uma vida espiritual saudável, frutífera e "perfeitamente habilitada para toda boa obra", v. 17.
No Evangelho do dia (Lc 18.1-8a) por sua vez, o Salvador Jesus coloca seus ouvintes diante da figura de um juiz incrédulo e mau. Este juiz, não querendo mais ser "molestado e importunado" pela insistência de uma viúva indefesa que lhe implora por justiça e defesa, finalmente a atende. Diante disso, Jesus conclui: "Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?" (v. 7). Fica transparente, portanto, através das leituras do dia, que a vontade do Senhor
é ver seus filhos apegados a ele em absoluta confiança e perseverança. Pois é Ele somente quem capacita seus filhos para o exercício da fé cristã. Isto nos faz sermos COOPERADORES DE DEUS.
Contexto
O contexto nos mostra um homem em extrema aflição pelo reencontro com seu irmão. Pesa na consciência de Jacó a usurpação ilegal do direito de primogenitura que pertencia a seu irmão. A ameaça de morte feita por Esaú e que motivou a sua fuga, voltou a perturbar o seu estado de espírito. Transpirando ansiedade, Jacó tem um só objetivo em mente: a reconciliação com o irmão.
Acontece que Jacó ainda não estava preparado para este encontro reconciliatório. Ele precisava deste confronto direto, corpo a corpo com o SENHOR para reconhecer sua incapacidade e impotência física e intelectual. Além do mais, ele precisava da confirmação da bênção do Senhor para o seu empreendimento. "Não te deixarei ir se não me abençoares" resume a necessidade da presença do Senhor para o sucesso de seu encontro com o seu irmão.
Texto
Vv. 22-23 - Este texto ainda faz parte das medidas de prevenção e proteção que Jacó adotou antes do "cara a cara" com seu irmão Esaú. O modo de entregar seus presentes a Esaú de forma espaçada (cf. 32.16-21) revela uma estratégia profundamente psicológica da qual Jacó tinha conhecimento. Mas a dúvida rondava o seu coração. E esta aflição por uma reconciliação fraterna colocava em risco sua riqueza mais preciosa: sua família. Fazendo-a passar pelo vale de Jaboque, ele, Jacó, permanece só do outro lado. As circunstâncias o levavam a reconhecer e manifestar sua fragilidade diante duma situação tão dramática e apreensiva: a reconciliação com o irmão.
Durante aquela mesma noite ainda, Jacó, inesperadamente, é obrigado a subir no ringue para uma luta não programada por ele (w. 24-25). A identidade do seu "adversário" aos poucos vai se tornando conhecida. Numa luta programada para varar a madrugada, Jacó não precisa de muitos rounds para descobrir algo extraordinário. Isto aconteceu enquanto dominava o combate e a vitória parecia certa. É que seu "adversário", com um simples toque na articulação de sua coxa, deslocou-lhe a junta, nocauteando-o com incrível facilidade.
Contra Deus e contra os seus propósitos é inútil lutar. Lembramos aqui o conselho de Gamaliel ao Sinédrio dos judeus em At 5.38-39
Terminada a luta, começa o diálogo (w. 26-29).
O pedido de Jacó, "não te deixarei ir se não me abençoares" (v. 26), é a reivindicação de um vencedor que reconhece o caráter divino do "adversário" com quem lutou. E para confirmar a sua vitória, o próprio "adversário divino" declara: "Já não te chamarás Jacó e sim Israel: pois como príncipe lutaste com Deus ... e prevaleceste". v. 28
Manco da perna, mas confortado, fortalecido e vitorioso.
O novo nome de Jacó, Israel, era um atestado de sua nova posição: pai de numerosa nação (promessa feita por Deus a seu avô Abraão). A troca de nome foi um sinal da graça de Deus que este nome passaria a representar na história do povo de Deus. Kidner afirma em seu comentário sobre Gênesis: "A Bíblia considera o nome como um indicativo potencial do caráter de quem o leva". O nome Israel, sem dúvida, tem este potencial.
O texto conclui com uma expressiva afirmação de Jacó: "Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva", v. 30. Lutando com o Senhor e não contra o Senhor, sua vida foi preservada.
Agora, depois desta prova de fogo, Jacó estava pronto para o encontro com o seu irmão. A lição de dependência foi clara. Jacó aprendeu, na prática, como o homem é fraco, impotente e como a graça de Deus o fortalece e capacita para as boas obras e o exercício da fé.
Proposta homilética
Tema: Deus corrige a quem ama. Hb 12.5-7
I - É uma virtude cristã reconhecera fraqueza humana. 2 Co 12.10
II - As experiências da fraqueza levam ao fortalecimento da fé. 2 Co 3.5, Fl
4.13 e Rm 5.3-5
III - Buscar ao Senhor é viver. SI 121.1-2, Jó 5.8, Is 55.6 e Am 5.4.
Romeu Muller