Judas (Tadeu)
Após a ascensão de Jesus, Judas foi um dos primeiros Apóstolos a deixar Jerusalém para um país estrangeiro. De fato, acredita-se que Judas foi um dos primeiros Apóstolos a testemunhar diretamente a um rei estrangeiro, um Gentio.
Acredita-se que Judas evangelizou a área da Armênia associada à cidade de Edessa, em companhia, talvez, do Apóstolo Bartolomeu e, durante um breve tempo, do Apóstolo Tomás.
Também é dito que Judas passou seus anos de evangelização na Síria e norte da Pérsia. É provável que tenha sido martirizado lá e enterrado em Kara Kalisa, perto do Mar Cáspio, aproximadamente 40 milhas de Tabriz, atualmente o Irã.
Tradição sobre a Autenticidade e a Canonicidade da Epístola
A Epístola de Judas é uma das denominadas de antilegomena (escritos bíblicos que em certo momento foram questionados); mas embora sua canonicidade fosse questionada em várias Igrejas, sua autenticidade nunca foi negada. A brevidade da Epístola, as coincidências entre ela e 2Pedro e a suposta cotação de livros apócrifos, criou um preconceito contra ele que foi gradualmente superado. A história de sua aceitação pela Igreja é abreviada a seguir:
A referência positiva mais antiga para a Epístola acontece no Fragmento de Muratorian, “Epistola Judæ et superscriptæ Joannis duae in catholica [scil. Ecclesia] habentur”. A Epístola foi reconhecida como canônica e Apostólica (porque é Judas, o Apóstolo, que é mencionado aqui) na Igreja romana a aproximadamente 170. Ao término do segundo século foi aceito também como canônico e Apostólico pela Igreja de Alexandria, e pela Igreja africana de Cartago (Tertulião). No começo do terceiro século a Epístola foi universalmente aceita exceto na primitiva Igreja Síria Oriental, onde nenhuma das Epístolas foi reconhecida, nem mesmo o Apocalipse.
Na Igreja Oriental, Eusébio da Cesaréia (260-340) colocou Judas nas cinqüenta cópias da Bíblia que, por ordem de Constantino, ele escreveu para a Igreja de Constantinopla. Atanásio (387) e Epifânio (403) colocaram Judas entre as escritas canônicas e Apostólicas. Junilius e Paulo de Nisibis, na Constantinopla (513), mantiveram isto como média autoridade; porém, no sexto século a Igreja grega considerou Judas em todos lugares como canônico.
O teor de versículo 17, o qual alguns críticos tomam como evidente que a Epístola foi escrita no segundo século, não implica que os recipientes da Epístola tiveram recebido, em um período posterior, instruções orais de todos os Apóstolos; nem implica que Judas, ele mesmo, não fosse um Apóstolo. O texto apostólico implica somente que alguns dos Apóstolos tinham predito aos leitores que tais “chacoteiros” como é descrito pelo escritor, assaltariam a Fé; não há nenhuma separação temporal, mas local, que levam Judas a se referir aos Apóstolos como um corpo. Nem ele se exclui deste corpo, somente declara que não era nenhum daqueles Apóstolos que profetizavam. O autor de 2Pedro, que freqüentemente se ordena entre os Apóstolos, usa uma expressão apostólica semelhante (2Pe 3:2), e certamente não implica que ele não era um Apóstolo.
O uso feito das escritas apócrifas, mesmo se provado, não é um argumento contra a Apostolicidade da Epístola; no máximo poderia invalidar somente sua canonicidade e inspiração. O versículo 9, que contém a referência relativa ao corpo de Moises, era suposto por Didymus, Clemente de Alexandria, e Origen, ter sido tomado da “Suposição de Moises” que é inquestionavelmente anterior à Epístola de Judas. Judas pode ter aprendido a história possivelmente da tradição judia, mas, de qualquer modo, é evidente que Judas não cita a “Suposição” como uma autoridade escrita, e ainda menos como um livro canônico.
Com respeito à profecia do versículo 14, muitos estudiosos católicos admitem esta ser uma citação solta e abreviada do apócrifo Livro de Enoque 1:1-9, que existia a um século antes de Judas escrever. Mas aqui novamente Judas não cita Enoque como um livro canônico. Não há nada estranho, como Plumptre observa, em Judas fazer uso de livros não incluídos nos Cânones, em Hebreus, no Antigo Testamento, “como fornecendo ilustrações que deram força aos seus conselhos. Os falsos professores, contra quem ele escreveu, eram caracterizados em grande parte pelo carinho por fábulas judias e referências alusivas a livros com os quais eles estavam familiarizados, agindo, desta forma, com argumentos já conhecidos. Ele combateu com suas próprias armas. Ele meramente pretendia recordar aos seus leitores o que já sabiam. Ele não afirmava ou ensinava a origem literária do livro apócrifo, como não era sua intenção. Ele fez uso do conhecimento geral, conveniente, como uma menção da disputa entre o arcanjo Miguel e o Diabo é uma alusão ao que é assumido como já sendo conhecido dos leitores. Por nenhum meio, desta forma, qualquer uma das passagens oferece qualquer dificuldade contra a canonicidade da Epístola, ou contra a doutrina católica da inspiração”.
A data de lembrança do Apóstolo Judas Tadeu, na igreja católica, é 28 de outubro.