INSTITUTO CONCÓRDIA DE SÃO PAULO
Escola Superior de Teologia
Disciplina: História da Igreja Moderna e Contemporânea
Professor: Celso Wotrich Aluno: Elieu Radins
Recensão
DREHER, Martin N. A Igreja Latino Americana no Contexto Mundial, Coleção História da Igreja, v.4. São Leopoldo: Sinodal, 1999.
Antes de tudo precisamos nos situar. Essa recensão não é da obra toda, mas sim, da pág. 120 até a pág. 236.
Dr. Martin Dreher é natural de Montenegro/RS. Nasceu em 10 de novembro de 1945. Estudou teologia em São Leopoldo/RS e também em Munique, Alemanha, onde fez seu doutorado. É membro do CEHILA (Comissão de Estudos da História da Igreja na América Latina). É integrante do Instituto Histórico de São Leopoldo e da Comissão Obras de Lutero. Atualmente é professor no Programa de Pós-Graduação da Unisinos e pastor em São Leopoldo.
Esta obra é o quarto volume escrito por Martin Dreher sobre História da Igreja. Na apresentação deste volume o autor mostra que o objetivo dessa obra é auxiliar o leitor na compreensão da História da Igreja na América Latina em particular. Procura mostrar também que católicos e protestantes estão mais próximos do que pensam.
Na parte delimitada, encontramos cinco capítulos. O primeiro fala sobre os pietistas e ilustrados. O pietismo, deu ênfase na piedade pessoal. Alguns grandes líderes do pietismo foram: Spener, Francke, Zinzendorf e a Comunidade Morávia. Tivemos também dentro do pietismo o Movimento Sagrado Coração de Jesus, que teve início com as visões de Maria Margarida Alacoque. A ilustração enfatizou algumas idéias pietistas: orientação para o futuro, cristianismo não dogmático e etc. Destacam-se: Lessing, Rousseau, Pestalozzi, Descartes, Locke, Hume, Voltaire. Esses com um sistema de pensamento racionalista. Diderot e Alembert editaram a Encyclopaedia, maior obra do racionalismo francês. Sobre a ilustração o autor destaca a alemã que reduziu o cristianismo à moralidade e teve seu auge em Kant. Destaca também a ilustração e a Igreja Católica Romana.
O próximo capítulo fala do século XIX e é tido como um século longo. Nesse período temos a Revolução Francesa que disparou o fenômeno do nacionalismo. Na teologia temos uma série de movimentos defensivos, apologéticos e reacionários. Destacam-se: Feuerbach, Strauss, Marx. Fala do Congresso de Viena, Estado e Igreja na Prússia, das Questões Sociais, do Catolicismo Romano, do Papa Pio IX e o Vaticano I e termina falando do Kulturkampf, que designa o dissenso da Igreja Católica com o espírito do liberalismo e do nacionalismo no século XIX e também fala do juramento antimodernista.
Na parte seguinte temos uma dedicação maior à teologia no século XIX. Schleiermacher é a figura dominante. Temos o reavivamento, que é um movimento religioso transconfessional. Dreher fala também sobre Teologia Protestante, Teologia Liberal, Fundamentalismo.
No próximo capítulo temos uma transição. Passa da crise européia para a emancipação dos Estados latino-americanos. O autor coloca que os problemas enfrentados pela Europa refletem na América Latina. Os crioulos assumiram o governo e proclamaram a independência em Caracas, Buenos Aires, Bogotá e Santiago. O Brasil também entra na onde. A igreja passa por períodos de transição: de domínio católico a Estado e Igreja Liberal onde entram missões protestantes, muçulmanas, hindus, budistas e xintoístas.
A seguir Dreher fala sobre Igreja e teologia desde a Primeira Guerra Mundial. O otimismo antropológico chegava ao fim e com ele todo o otimismo da Teologia Liberal. Deus é outro, “totalmente outro”. Surge o Movimento Ecumênico. Segundo Dreher, o Movimento Ecumênico trazia ideais missionários e políticos. Temos o cristianismo carismático pentecostal e dentro dele o movimento negro.
Dreher passa a falar especificamente sobre a América Latina. Essa estava entre populismo, libertação e neoliberalismo. O ponto mais interessante é quando o autor fala que o pentecostalismo é, na América Latina, um catolicismo popular de substituição.
Afunilando definitivamente Dreher fala sobre a igreja no Brasil nos séculos XIX e XX. Nesse período ocorreram grandes transformações. Muitos imigrantes estavam chegando ao Brasil. Com isso temos o fim da exclusividade religiosa. A religião muda sua cara. Dreher faz um passeio por todos esses anos e chega até os nossos dias. O ponto principal, atualmente, é o movimento pentecostal. A última preocupação do autor é com a doutrina da graça que o neopentecostalismo descaracteriza.
A obra de Martin Dreher é sem dúvida muito útil. A disciplina “História”, no entanto, nos deixa em um mar de datas. São muitas. Obviamente são importantes. Dreher é bem direto e sucinto nas suas colocações. Muito importante a contribuição que o autor traz sobre a história da igreja no Brasil vindo até o movimento pentecostal. Pode ser usada como uma importante ferramenta no estudo da história. Mas para nos aprofundarmos sobre determinados assuntos precisamos de outras fontes.