Sétimo Domingo de Páscoa
23 de Maio de 1993
I Pedro 4.12-17 e 5.6-11
Leituras do Dia
O Salmo 133 ressalta o objetivo e a importância da comunhão entre irmãos na fé. Diante do sofrimento causado pelo fato de ser cristão (tema do dia), tal Salmo estimula o "estar juntos e unidos" na vida da fé. Uma brasa cercada de outras acessas é mais difícil de apagar. O texto de Atos (1.8-14) destaca as promessas de Deus aos seus filhos - presença constante, capacitação e fortalecimento pelo Espírito Santo - assim como também menciona a importante missão de testemunhar. A prática religiosa daqueles primeiros cristãos é muito bem lembrada. O evangelho por sua vez, estimula uma reflexão sobre o que significa "ser cristão" a partir da Oração Sacerdotal de Cristo (Jo 17.1-11). Evidencia-se de maneira muito forte a identificação de Cristo com seu Pai (envio), assim como em I Pedro os cristãos são relacionado ao seu Salvador, inclusive na questão do sofrimento.
Contexto
No que tudo indica, a carta de I Pedro foi escrita não em virtude específica de uma perseguição declarada aos cristãos (Nero, gladiadores, Coliseu, etc.), mas por causa da hostilidade gerada pelo novo estilo de vida que os cristãos praticavam após sua conversão. Muitos destes novos convertidos eram inclusive estrangeiros na Ásia Me- nor, fato que os fazia mais contestados e discriminados ainda. Pedro escreve com o objetivo de consolar e oferecer um amparo para aqueles que se achavam perdidos e abandonados na sociedade (pagã) em que viviam. Três referências lhe propiciam melhor análise deste específico contexto:
Texto 4.12- O sofrimento destes cristãos em perseguição não-declarada é citado como "fogo", podendo ser analisado como julgamento ou como purificação. Pedro volta-se para o problema que eles estão enfrentando no dia a dia, provas essas que colocam em dúvida a fé dos cristãos. Chama-se a atenção aos não-judeus que estavam acostumados a viver integrados numa sociedade panteísta e sincrética, mas sem estrutura para suportar o desprezo e a marginalização (até sem violência) a partir da adesão à fé. "Será que vale a pena ser cristão?" poderiam eles indagar.
4.13 - "Co-participantes" utiliza o conhecido termo "koinonia". A comunhão, portanto, dos cristãos com Cristo vai até o ponto de sofrerem as mesmas coisas (Fp 3.10). Este destino comum com Cristo (koinós) além de envolver sofrimento, injúria e até a morte, também engloba a participação na glória de Deus, que já começa agora. Os sofrimentos decorrentes da opção religiosa passam a ser indícios de que se encontra no caminho certo. Cristãos, pois, podem alegrar-se na medida que vão sofrendo pela fé cristã.
4.14 - Ser identificado com o nome de alguém era ser identificado com a própria pessoa e o nome de Cristo é uma identificação preciosíssima para os cristãos (At 4.12,30). O fato do Espírito repousar traz consolo e certeza de amparo ante as provações, contestações e difamações.
4.15,16 - Motivos para sofrimento existem os mais diversos. Cristão não busca coisas para sofrer mais, mas agradece e louva a Deus se está sofrendo por ter seguido a Cristo como seu Salvador. O termo "Cristiános" iniciou como apelido pejorativo e agora torna-se título especial que honra os seguidores de Cristo.
4.17 - Dois importantes conceitos gregos - kairós (tempo, ocasião) e oíkos (casa) podem enriquecer o estudo se analisados minuciosamente relacionando o momento sofrimento para com aqueles que são considerados estrangeiros, fora de casa, e contestados por apresentarem um modo de vida que contraria o costumeiro naquela cultura.
5.6-11 - Estes versículos encaixam-se como dicas que Pedro oferece aqueles que sofrem pelo nome de Cristo:
- humilhai-vos...
- deixai nas mãos de Deus as suas preocupações...
- vigiai para não cair em tentação...
- resisti firmes na fé - irmãos de vocês também estão sofrendo assim ...
- Deus há de vos aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.
É significativo o fato destes verbos encontrarem-se no poristo imperativo, tornando seu consolo prático e palpável. Proposta Homilética Introdução
- Dor e sofrimento: constantes no ser humano desde a queda.
- Motivos diversos que produzem sofrimento: doença, preocupações, crise financeira (colocar problemas bem práticos).
Tema: Jesus Cristo - um bom motivo (o melhor motivo) para sofrer ou Alegria ao participar dos sofrimentos de Cristo.
1. Prova de que se está no caminho certo.
2. Motivo de gratidão diante de Deus.
Conclusão - Reflexão sobre o quanto se sofre hoje por ser cristão - Certeza de que Deus nos acompanha
Christian Hoffmann