VIGÉSIMO PRIMEIRO DOMINGO APÔS
PENTECOSTES
1 de Novembro de 1992
Lucas 17.11-19
O Contexto: Jesus escolheu a divisa entre Samaria e Galiléia em direção do rio Jordão e logo seguiu o curso deste até Jerico. Lucas não informa o porquê desta atitude e nem discute o assunto. Certamente esta decisão não foi tomada por acaso. Lucas é o único que narra este acontecimento, depois de escrever sobre a parábola do "Rico e do Lázaro", os "tropeços” e os ensinamentos de Jesus sobre "quantas vezes se deve perdoar a um irmão". Conforme Lucas, o último grande pedido dos discípulos, antes de presenciar a cura dos leprosos, foi; "Senhor, aumenta-nos a fé".
a) A lepra; Esta devora o homem aos poucos e mata o, homem apenas depois de o fazer passar por longos anos de sofrimentos.
A lepra trazia consigo um estigma quase pior ainda que as dores físicas: desprezo e horror de todos, e pela Lei de Moisés (cap. 13 e 14 de Lev. e Dt. 24.8), o leproso tinha de viver completamente isolado da sociedade (cavernas e lugares desertos). Ao ver alguém, de longe tinha que gritar: "Afastai-vos, aqui vem os leprosos".
b) Os dez leprosos: Os samaritanos e judeus viviam em constantes atritos. Não conviviam. Os judeus desprezavam os samaritanos ao ponto de afirmar que se algum judeu comesse da comida dos samaritanos, estaria comendo comida de porcos. Debaixo da desgraça da lepra, porém, precisavam conviver.
O texto:
"Ficaram de longe e lhe gritaram" (v. 13): Jesus operou este milagre em, sua última viagem para Jerusalém. A fama de Jesus levou muitas pessoas a acompanhá-lo em, suas viagens. Os leprosos ficaram de longe também, por causa da multidão.
Gritaram para serem ouvidos. Mas, também gritaram por que suas vozes já estavam fracas por causa da doença. "Jesus, Mestre, compadece-te de nós": Em seu pedido não fazem exigência nenhuma de Jesus, nem tão pouco acham que eles fizeram algo para merecer a cura. Imploram, apenas por misericórdia. O seu pedido foi correto. "Ao vê-los, disse-lhes Jesus: Ide, e mostrai-vos ao sacerdotes. Aconteceu que, indo eles, foram purificados" (v. 14): Jesus dá ouvidos à súplica dos dez leprosos e mostra o seu amor, mesmo durante uma viagem, que o levaria para a prisão, onde sofreria blasfêmias, açoites, escárneo e morte. O prêmio da confiança dos dez na promessa de Jesus, mesmo que implícita, de que se eles fossem, seriam curados, foi a sua purificação.
"Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz, e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe, e este era samaritano" (v. 16): Para serem curados, os nove confiaram em Jesus, mas para voltar, prostrar-se aos seus pés e reconhecê-lo também como o Salvador de suas almas, isto era demais para eles. Pode ser que tenham sido enganados pelos sacerdotes aos quais foram mostrar-se e eram inimigos de Jesus, seja como for, eles não voltaram.
Mas, o samaritano não pode calar, ele tem de mostrar a sua gratidão, dar glória a Deus, lançar-se aos pés de Jesus, agradecer-lhe e adorá-lo como Salvador. O samaritano faz confissão pública de sua fé e por causa da fé, não só o seu corpo, também sua alma é curada. Os nove tiveram só o seu corpo curado, mas não a alma.
"Onde estão os nove"? (v. 17): A parábola do credor incompassivo ilustra esta verdade, Lc 7.41. Se alguém diz que Deus lhe perdoou os pecados, mas recusa-se a perdoar uma ofensa a um irmão, assemelha-se a este credor incompassivo. Se alguém despreza a Cristo e sua Palavra, deixando-se levar pela indiferença, fazendo pouco caso da Palavra de Deus; se alguém procura servir a dois senhores, quer ser cristão e ao mesmo tempo acompanhar o mundo em seus prazeres, se alguém persiste em viver num pecado apesar de saber que é pecado o que está fazendo, este não se mostra agradecido a Deus, mas faz como os nove leprosos que não voltaram que tiveram os corpos curados mas não à alma.
Leituras do dia: O Salmo 111 destaca as grandes bênçãos que o povo de Deus recebe continuamente e convida ao louvor e gratidão permanente. O exemplo de Rute nos leva a considerar a solidariedade, o amor e a gratidão, frutos do amor de Deus (Rt 1.1-19). Em 1 Tm 2.8 o apóstolo é claro quando expressa o resultado da fé em relação ao próximo e a Deus: "Quero, portanto, que os varões orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade".
Disposição:
Introdução
a) O povo que mais privilégios recebeu de Deus foi o povo de Israel. Deus guiou este povo; protegeu-o com sinais e prodígios e lhe deu a terra de Canaã. De seu meio:
Deus fez surgir os profetas, revelou e confiou a sua Palavra. Até seu Filho Unigênito Deus fez nascer entre o povo. Por causa da ingratidão o povo de Israel foi regeitado por Deus — Dt 32.15; Jr 13.24; Jr 18.14,15.
b) Nós temos a Palavra de Deus entre nós como Israel a teve. Cuidemos para que não aconteça que a desprezemos e nos tornemos ingratos, forçando Deus. A tirar o Evangelho salvador do nosso meio.
c) A primeira ênfase debaixo do grande lema da IELB para dentro do ano 2.000 — Cristo para todos, é: "Respondendo ao amor de Deus". A história de nosso texto nos ensina que:
LOUVAR E MOSTRAR SUA GRATIDÃO A DEUS É CARACTERÍSTICA DOS CRISTÃOS
1 — Que motivos temos para isto?
2 — De que modo podemos fazê-lo?
a) A lepra não deixou esperança de cura para os dez. Assim como a lepra conduzia à morte, o pecado leva o homem à condenação eterna. O pecado é a doença espiritual de que todos os homens são vítimas, pior que a lepra, pois os leprosos a viam e sentiam, enquanto que os homens muitas vezes não reconhecem o seu estado de perdição.
Os leprosos pediram misericórdia. Confiaram na purificação. Este foi o motivo que os leprosos tiveram para agradecer a Deus. O amor de Deus em Jesus Cristo que nos limpa de nossa doença espiritual é o motivo e o que nos dá forças para nos mostrar-mos gratos a Deus.
b) Bênçãos terrenas: não nos curou da lepra, mas protegeu-nos dela; liberdade de consciência (em outros tempos os cristãos tinham que se refugiar para praticar a fé); evangelho inalterado; guias espirituais fiéis; oportunidades de trabalho; direito de posse (apesar das injustiças sociais). Maior bênção: paz que temos com Deus por intermédio de Jesus Cristo.
II
a) Deus não desculpa a ingratidão, Rm 1.20,21. O credor incompassivo, Lc 7.41-43.
b) O samaritano confessou publicamente a respeito de Jesus e o adorou. Em sincero arrependimento e fé, também não podemos calar. Nos cultos (Santa Ceia); com hinos de louvor; em casa com a família; tomar parte ativa na congregação; ofertar com liberalidade; testemunhar de Cristo ao mundo (começando pelos mais próximos de nós). Assim, "respondemos ao amor de Deus".
c) Louvar a Deus não é fazê-lo só com palavras, também significa deixar o pecado e louvar a Deus com, a vida. "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei", Jo 13.34-35. Conclusão: Somos os dez que Jesus curou. Somos filhos de Deus e herdeiros da vida eterna. Ficamos com os nove? ou com o samaritano? Não nos impressionemos com "as maiorias". Na história elas revelaram ingratidão, que é abominável. Se somos minoria, consolemo-nos com o fato de que estamos no Senhor, temos paz no coração e Deus poderá assim, realizar a sua obra capacitando-nos a responder ao seu amor. Amém,
Daltro B. Koutzmann
Porto Alegre, RS.