Tradução de partes do Livro God Incarnate
CAREY, George. God Incarnate: Meeting the Contemporary Challenges to a Classic Christian Doctrine. InterVarsity Press: Illinois, 1978
Concílio de Calcedônia (451): Cristo é Deus e homem, perfeitamente divino, perfeitamente humano.
Cl 1.19,20 à no caso de isso não ser verdade nós nos deparamos com caso de não podermos ser salvos, não saberíamos como viver e não saberíamos o que pensar de Deus. (p.6)
John Knox, John Hick, Dennis Nineham e Don Cupitt são exemplos de estudiosos que não crêem na verdadeira encarnação de Deus em Cristo, mas que Cristo foi um homem que se tornou uma suprema revelação de bondade e piedade. Suas conclusões são:
- “The idea of ‘incarnation’, that God became man in Jesus of Nazareth, is a construction built upon the New Testment and not found in it. It is a false interpretation of the apostolic documents (a idéia da encarnação, que Deus se tornou homem em Jesus de Nazaré, é uma construção feita sobre o Novo Testamento e não encontrada nele. É uma falsa interpretação dos documentos apostólicos);
- “We must recognize that the idea of ‘incarnation’ is a myth…” (Nós devemos lembrar de que a idéia de encarnação é um mito);
- “Jesus is a real man born in normal fashion, a child of Mary and Joseph. He did not exist before his conception and birth” (Jesus é um homem real nascido de maneira normal, um filho de Maria e José. Ele realmente não existiu antes de sua concepção e nascimento);
- “The significance of Jesus lies in his ‘faith-response’ to God…” (o significado de Cristo apóia-se em sua resposta de fé a Deus)
- “Christ’s Sonship can be seen as a development from the idea of God’s ‘man’ to that of God’s son, by analogy” (a filiação de Cristo pode ser vista como um desenvolvimento a partir da idéia de “homem” de Deus para filho de Deus, por analogia);
- “Jesus is not different in kind from other men. His uniqueness consists, not in a special, unique bond with God, but in his capacity to inspire people to love God and to seek his kingdom” (Jesus não é diferente em espécie de outros homens. Sua particularidade consiste não em um único e especial elo com Deus, mas em sua capacidade de inspirar pessoas a amar a Deus e a procurar o seu reino);
- “His death was a martyrdom which crowned his life and activated his mission. Traditional theories which treat his death as actually dealing with sin are dismissed by one contributor as ‘rubbish’” (Sua morte foi um martírio que coroou sua vida e ativou sua missão. Teorias tradicionais que tratam sua morte como algo que verdadeiramente lidou com o pecado são rejeitadas por um contribuinte como absurdo)
“The contention of modern scholars is that one thing we can be certain is that Jesus was a man” (p.9)
Jesus, para eles, é diferente de nós apenas pelo que ele realizou. Dizem que a encarnação não é nem crível nem escriturística. Um Jesus despido da mitologia seria mais crível e mais escriturístico. Crível porque as pessoas modernas acham essa doutrina muito incoerente e improvável para palavras. Escriturística porque, uma vez a história toda de Cristo tratada sem o recurso das explanações sobrenaturais, a verdadeira imagem de Cristo começa a emergir do texto (p.8).
A humanidade de Cristo nunca foi questionada por seus inimigos. Ela não pode ser negada, pois é crucial para a nossa salvação (p.9).
Porém, é na divindade de Cristo que o Novo Testamento se concentra. O primeiro dos evangelhos, Marcos, fala dela: “teaching, healing miracles and authority” (ensinamento, milagres de cura e autoridade). Embora Cristo não diga ser ele o Messias ou o Filho de Deus neste evangelho, ele realiza ações tal que mostram ser ele que é. “His authoriry dumbfounded his critics and, in their opinion, was a blasphemy (Mk 2.7)” (Sua autoridade confundiu seus críticos e, na opinião deles, era uma blasfêmia –Mc 12.7)
A autoridade de Jesus não era igual à dos rabis de Isarel, o que pode ser visto quando Jesus diz: “Ouvistes que foi dito aos antigos [...]. Eu, porém, vos digo [...]” (Mt 5.21-22)
“He stands within the prophetic tradition, proclaiming the will of God, but even he leaves the prophets far behind with his assurance and self-conscious authority” (Jesus mantém a tradição profética anunciando a sabedoria de Deus, mas também deixa os profetas bem atrás com sua autoridade firme auto-consciente.).
João Batista, que era o maior entre os nascidos de mulher (Mt 11.11), mostra-se menor do que Cristo e prepara o caminho de Cristo (Mc 1.2).
Jesus tinha consciência de que ele era o Messias, pois “his ministry is meaningless unless he firmly believed that he was God chosen one to redeem his people.” (p.11)
Aquele estudiosos afirmam ser Cristo um grande homem, como diz John Hick: “Jesus was the most wonderful man who ever lived”. E também: “Jesus was totally and overwhelmingly conscious of the reality of God”. Mas essa é apenas uma meia verdade. (p.12-13).
A não divindade de Cristo falha na explicação da fé dos discípulos
“It is indeed true that the first believers recognized in him not merely that he was a great man, or the most perfect man, but one who incarnated all the hopes and dreams they, as Jews, had located in the coming of God’s kingdom” (p.13).
Jesus anuncia que o reino de Deus vem a com a sua vinda, e não apenas isso,mas que ele (Jesus) é o centro desse reino (Lc 17.20,21; 10.16).
“If it is God’s kingdom and Jesus is its centre, and if his miracles are the signs of the presence of the kingdom, then the disciples must have jumped, logically, to the conclusion that God was amongst them. (Lc 11.20)” (p.14).
Ela falha na explicação do divino propósito de Cristo
Jesus estava sob o dever divino, assim como Moisés ou outro profeta. Jesus, no entanto, interpretou as Escrituras não como um servo ou um profeta, mas como um filho (interpreting the Scriptures not as a servant, nor as a prophet, but as a son – p.14). Ele tomou para si o título “Filho do Homem”, de Daniel, com o sentido de servo sofredor, de Isaías. Seria muito difícil entender tudo isso vendo Jesus como mero homem. (p.14-15).
Ela falha na explicação do sentido do amor de Deus
No livro “The Myth of God Incarnate” Jesus é colocado como aquele através do qual o amor de Deus (agape) é mais completamente expresso e que ele fundou uma comunidade em que o princípio básico era a expressão desse amor. (p.15)
O problema é que, primeiro, a palavra agape ocorre poucas vezes nos evangelhos sinóticos. Esses estudiosos estão colocando sua própria concepção da mensagem de Cristo sobre os Evangelhos. (p.15). E depois, como saber que através de Cristo o amor de Deus é expresso se Deus não está envolvido pessoalmente na ação de Cristo (“We need to know how, through Jesus, God’s self-giving love is expressed when God himself is not personally involved in the action of Jesus”) (p.16).
Para os judeus, considerar um homem como Deus era uma grande blasfêmia (p.17).
A divindade de Cristo é proclamada pelo próprio Cristo (p.18)
Abba
“Jesus used ‘father’ in all his prayers (the only exception being Mark 15.34 on the cross)” (p.19). O uso desta palavra é muito importante, pois ela é muito raramente usada no Antigo Testamento como referência a Deus, e mais raro ainda era usar “meu pai”. Falarb de Deus como num sentido ainda mais próximo, como “paizinho”, era considerado pelos judeus como ainda mais impróprio. Foi o que Jesus fez ao referir-se a ele como “Abba” (Mc 14.36). Jesus sempre fala de seu pai, e nunca de nosso pai.
Filho
Jesus mostrou poder divino ao perdoar pecados (Lc 7.48), mostrou autoridade sobre o Templo (Mt 12.6), sobre o sábado (Mt 12.8), e sobre o reino de Satanás (Mt 12.24). (p.20). Ele diz que aquele que confessar o seu nome será aceito no céu (Mt 10:32 –Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus).
Passagens claras: Mc 1.11 à “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo”. Por ser tão direta, alguns estudiosos consideram essa passagem como uma manipulação da igreja antiga, que teria trocado a palavra “servo” (que seria o original) por “Filho”. É muito forçoso afirmar isso (p.21).
Mc 12 à “The prophets are ‘servants’; he is the ‘beloved son’” (v.6). [Os profetas são servos, ele (Jesus) é o Filho amado] (p.21). Também dizem ser manipulado pela igreja. “Jesus [...] was conscious of it as being part of his mission” – p.22. (Porém, Jesus estava consciente da sua morte como parte de sua missão). “furthermore, it is integral to the whole” (p.22).
Mt 11.27 à “Jesus possessed a knowledge of God that no one else had” e “Jesus claimed a Sonship that no one else shared”. A crítica diz: “It seemed to be too Greek to be authentic on the lips of the carpenter of Nazareth ” (p.22). E: “it was reminiscent of John’s Gospel”. Resposta: “rather than being a Greek saying, it is clearly Jewish in style”.
Ressureição
“Anyone can make statements about being God; many have lived exemplary lives; some have taught beautiful things; a few have done miracles; but Jesus’ resurrection puts him in a special category” (p.23) “It meant, for a start, that the earthly ministry of Jesus was confirmed” (p.23). Pedro refere-se a Jesus como a alguém que foi morto injustamente (At 2.36): “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.” “Peter is not saying that the human person Jesus was adopted by God but simple stating that the ressurrection attests the authority of Jesus, that he is Saviour and he is God’s way of salvation” (p.24). A ressurreição também significa que Deus se revela em Jesus. “We cannot separate the work of God the Father from that of Jesus” (p.24).
Quanto a igreja antiga inventou?
“The New Testment does not set out to give a biography of Jesus…” “All of it assumes a simple fact; that Jesus is Lord”.
Há três fatores a serem considerados: primeiro, a ressurreição de Cristo é a pedra angular do cristianismo; segundo, o Cristo ressuscitado é Senhor. Paulo não foi o primeiro a usar esse título. Muitas vezes desconfia-se dele e dos demais apóstolos do Novo Testamento como o inventor da divindade de Cristo. “We find it used in the early preaching (Act 2.21; 9.15, 21; 22.16)” (p.30); terceiro, o Senhor Cristo é louvado pois é reconhecido como Deus pelos seus servos.
Paulo
As cartas de Paulo foram escritas não muito depois da morte de Cristo (c.47-c.66 AD) (p.32). “Paul’s interest is not in the human Jesus but in the risen Christ” (p.32). Ver 2Co 5.16, 17. “he (Paul) does not shrink from declaring boldly that in the human Jesus God has chosen the to make himself known by becoming man.” (p.32)
Assim como a divindade de Cristo está presente nas epístolas paulinas, também sua humanidade está presente:
1. Gl 4.4, 5: “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.” “We are saved, Paul asserts, by Christ’s act of taking our nature upon him.” (p.33).
2. Fp 2.5-11: no caso de este ser um hino, vemos uma fé já difundida antes da pregação de Paulo. Mas de qualquer maneira, vemos outra assertiva paulina da verdadeira encarnação de Cristo: humilhou-se; esvaziou-se; tornou-se homem; e foi obediente até a morte. Da mesma forma, ele afirma que Cristo: foi exaltado sobremaneira; recebeu nome sobre todos os outros; ganhou louvor universal; e a confissão por parte de todos de que ele é Senhor. “The question how a divine being can become man is not a question that bothers him (Paul).”
“Although he took human nature, and we must remember that Paul did not believe Jesus was a phantom but a real person, Christ was from everlasting the Son of God, yet he came among us stripped of his glory and dignity. Though he shared the divine nature and privileges, in love for men he chose the way of incarnation. What did he empty himself of? Certainly not hi divine nature; the passage gives us no grounds for assuming that, but rather he empted himself of those marks of status which were his by right” (p.34).
João
“Drawing upon different terms and titles John shows the special character of Jesus. Logos, Rabbi, Messiah, the Coming One, Prophet, King of Israel, and Son of God […] my Lord and my God” (p.36). “address Jesus in the same ways in which the Jew address Yahweh.” “The humanity of Jesus is obviously there in John (Jn 1.4; 4.6)”. The epistles of John are even more anxious to establish the humanity of Jesus over against those who asserted that the divine being only ‘seemed’ to be human (p.36).
Hebrews
“The writer exhorts them to remain firm and he reminds them of the superiority of Christianity” (p.37). “Christ fulfills all the demands of the Jewish sacrificial system as priest and victim. He is a greater high priest than Aaron and the priests of the Old Covenant because he abides for ever and because his sacrifice is complete and unrepeatable (Heb 6.20; 7.27).”
“Although he is Son and shares the glory of God the Father, he is made a little lower than angels in a temporary yet real humiliation” (p.37). Porém, “as Son (of God) he sits at God’s right hand (Hb 1.3) and watches over his people (Heb 7.25; 9.24).”