O BERÇO DO REI
Personagens: Abias - Asa - Jorão - José - Maria.
Abias entra com a vassoura e começa a falar:
- Que sujeira! O serviço pior sempre toca prá mim.
Entra Jorão, seu patrão.
Jorão: -Abias, o que está fazendo, parado aí? Começa já a fazer a limpeza. Quero tudo isso aí bem arrumado!
Abias: -Eu vou dar um jeito. Mas tudo está tão sujo,, e ainda ontem varri tudo.
Jorão: -Ainda resmunga? Pensas que te recolhi da rua, e te dei roupa e comida, para te sentares aí sem fazer nada? Se não começares já a te mexer, vou atirar-te à rua, e por mim podes morrer de fome que não terei pena de ti.
Abias: (começa a varrer) - Está bem, eu trabalharei, o senhor vai ver.
Jorão sai e Abias, enquanto trabalha, começa a chorar e a lamentar. Entra o velho Asa.
Asa: - Mas, meu filho, porque estás aí a chorar?
Abias: Oh, meu bom Asa, veja, sempre tenho que fazer os piores serviços. Todos os dias arrumo isso aí e não adianta, está sempre sujo.
Asa -Não se lamente, meu rapaz! Todo o trabalho é digno, e limpar uma estrebaria é um trabalho como qualquer outro.
Abias: -Eu sei, mas meu patrão sempre diz que o meu lugar é aqui na estrebaria, porque sou sujo como os animais.
Asa: -Eu sei, Abias, que Jorão não é carinhoso contigo. Mas lembre-se que nenhum lugar é sujo e escuro, quando iluminado pela glória de Deus. Vai, pois, e limpa isso aqui com alegria, como se fosse para receber a vissita do próprio Deus. Pense, Abias, que esta caixa que aqui está poderia ser até o berço de um rei.
Abias: -O berço de um rei! Esta caixa velha? Oh, o senhor tem cada idéia!
Asa: - Pense nisso enquanto trabalha, ajunta palhas e coloca tudo na caixa.
Abias: -Isto aqui o berço de um rei! Que idéia! Uma caixa tão pequena, nem posso deitar-me nela.
Asa sai. Abias trabalha e começa bocejar. Deita-se no chão e dorme.
FECHA O PANO
Quando o pano abre, vê-se Maria e José sentados junto à manjedoura. No fundo, uma melodia de Natal. Abias acorda, levanta e diz:
Abias: -Mas o que é isso? Que lugar estranho! (olha a majedoura) E aqui, o que vejo!? Um pequeno Rei. O velho Asa tinha razão. A glória de Deus reinou neste lugar!
(Natalino Pieper)