QUARTO DOMINGO NA QUARESMA
13 de março de 1994
Números 21.4-9
Leituras do Dia
O evangelho do dia, Jo 3.12-21, é a continuação do diálogo de Jesus com Nicodemos. Nos apresenta não só o versículo resumo do Evangelho, mas também o texto como um todo é a essência do Evangelho (na verdade da lei e do Evangelho). Este mesmo texto faz clara relação entre a Serpente de bronze (texto da mensagem) e a morte de Jesus na Cruz. A epístola do dia (Ef 2.4-10) é igualmente um texto chave do NT, que ressalta a riqueza do amor de Deus, a graça salvadora e imerecida e a fé que se agarra a esta graça. O Salmo do dia (SI 27) ressalta a segurança e salvação que somente se encontra em Deus, em meio a ameaças e perigos que nos rodeiam. O versículo primeiro do SI. poderia muito bem ser o tema do domingo: "O Deus Eterno é a minha luz e a minha salvação"(SI 27.1).
Olhando para o texto da mensagem - o texto do AT (Nm 21.4-9), não é difícil encontrar uma ligação entre todos estes textos de domingo, isto se torna ainda mais fácil ao nos darmos conta que estamos na época daQuaresma quando queremos de forma especial lembrar o sofrimento e morte do Salvador Jesus Cristo. - Momento máximo da graça de Deus que veio ao nosso socorro na perdição. Graça imerecida tornada realidade por um ato, não conforme o raciocínio e a lógica humana - mas de acordo com o incompreensível mistério do amor de Deus.
Contexto
Israel se encontrava em suas caminhadas pelo deserto, liderados por Moisés. Era um tempo de caminhadas difíceis. Tempo em que Deus ensinava e se revelava ao seu povo de modo bem especial. Tempo de lutas contra inimigos traiçoeiros. Tempo em que o SENHOR queria levar o seu povo a ter completa confiança nele.
Arão e Miriam haviam falecido recentemente (Nm 20). No cap. 20
temos também o registro do pedido de Moisés ao rei de Edom para que fosse permitido ao povo passar pelas suas terras. O pedido foi negado sob ameaças e um ataque do exército dos edomitas ao povo de Israel. Assim Israel teve que rodear a terra de Edom. Neste caminho Israel foi atacado por um rei Cananeu chamado Arade, o qual foi derrotado e destruído (Nm 21.1-3).
v.4 - A viagem ao redor da terra de Edom deve ter sido muito cansativa e difícil, pois neste caminho "o povo se tornou impaciente". Esta impaciência demonstra a grande dificuldade que este povo tinha em esperar no SENHOR e de colocar toda sua confiança nele.
v.5 - A impaciência e a falta de confiança levaram o povo novamente, como havia acontecido tantas vezes, a murmurar e a falar contra Deus e contra o seu servo Moisés (cf. Ex 16; Dt 11.4). Este é o último registro destas reclamações a respeito do seu alimento e o desejo dos caminhos do Egito. Elas falam do maná que Deus lhes fazia cair do céu, de forma desrespeitosa. O vocábulo "vil"(qeloqel) pode derivar do "qillel"- "desprazer" ou do "qal" - "leve". Levando isto em conta, a Bíblia de Jerusalém usa aqui o termo "alimento de penúria" (sobre maná veja SI 78.24-25; 105.40; Jo 3.31).
v.6 - Esta murmuração e revolta do povo provocou a ira de Deus, como acontecera em outras ocasiões (cf. Nm 11.33). Desta vez a ira de Deus se mostrou em forma de cobras venenosas cujas picadas lavavam à morte.
v.7-0 castigo de Deus levou o povo a reconhecer seu erro e a arrepender-se. Pedem a Moisés que interceda para que as cobras fossem retiradas de seu meio.
Vv.8 e 9 - A oração de Moisés foi respondida, mas a resposta não foi exatamente como o povo a queria, isto é, que as serpentes fossem tiradas do seu meio. Deus tinha algo importante para ensinar ao povo. A cura exigia fé e confiança em Deus. Quem olhasse para a serpente de bronze, obedecendo e confiando na ordem e providência de Deus, receberia a cura. Sem dúvida, o povo entendeu que não era a serpente de bronze, mas sim o SENHOR, que dera esta estranha ordem, era o autor da cura. Mais tarde esta serpente de bronze se tornou objeto de superstição e idolatria (f 2 Rs 18.4). Em escavações arqueológicas, nas proximidades onde aconteceu o que o nosso texto relata, se encontraram várias serpentes de cobre que, se supõe, tenham sido usadas para proteção contra cobras venenosas.
O Salvador Jesus (no evangelho do dia) mostra como esta serpente de bronze aponta para Ele próprio, que se deu por nós no madeiro do Calvário "para que todo aquele que nele crê não morra, mas tenha a vida eterna"(Jo3.16).
Proposta Homilética
Para a mensagem, de forma muito apropriada, todas as leituras podem ser aproveitadas. Sugere-se que o tema central da mensagem explore a maneira como Deus escolheu libertar o povo de Israel das serpentes, e a partir daí passe a explorar o evangelho do dia, que aponta para a maneira como Deus escolheu salvar a humanidade – maneira desprezada pelos homens (Jo 3.19).
Uma idéia de esboço:
A INCRÍVEL SALVAÇÃO DE DEUS
1. Assim Israel foi salvo por uma serpente de bronze
2. Assim você foi salvo por alguém pendurado na cruz de madeira.
Mário Sonntag