PROGRAMA DE CULTO 2001 - Para Preciso Falar
Data: 26/08/2000
Introd.: Nesta perícope somos conclamados à vigilância, através dos exemplos do passado somos motivados a permanecer vigilantes e construir a nossa própria fé. Todos os personagens citados, pela fé permaneceram firmes e inabaláveis na sua fidelidade a Deus. Na caminhada para a Pátria celeste, é preciso muitas vezes privar-se de muitas coisas, negar o mundo e os seus valores. E no trajeto nos deparamos também com a peculiar pedagogia divina que corrige e açoita o filho a quem ama. E então negar a fé? Duvidar dela? Nunca! A corrida é cansativa, mas animemo-nos com o que nos espera, permanecendo sempre vigilantes na fé, vale a pena!
- Salmo 50:
O Salmo é riquíssimo: que haverá um julgamento solene do gênero humano; que os assuntos de julgamento não serão determinados pela observância das formas externas e formais da religião. O culto exterior tem que ser precedido do culto interior, que nasce de um coração unido a Deus por meio da fé; a excelência da fé produz o verdadeiro culto a Deus, caracterizado não apenas pela observância de certos momentos de adoração mas, por uma seqüência de vida em que os atos expressam toda a sua confiança no Senhor e na atitude de constante vigilância.
O Salmo encoraja ao serviço fiel, com a promessa de ajuda.
É preciso aprender o que Deus é, considerar o que Deus fez, e observar o que Deus quer.
Buscar a Deus em tempos de aflições, agradecer por sua ajuda, é o serviço mais fiel, e o sacrifício mais aceitável.
Gn 15.1-6
Abraão recebeu a promessa de herança com o sentimento de desconfiança natural, de covarde que tem medo antes do perigo. É o mesmo conflito com que Moisés, anos depois, recebeu seu chamado divino para ir ao Egito e livrar as pessoas. Ele agora recebe o chamado para estabelecer a sua família numa outra terra. Mas ele recebe a promessa consoladora, de que Jehovah seria sua proteção, a sua defesa em todos os conflitos, e adquire uma fé heróica.
Podemos aprender de Abraão a consultar Deus, sobre nossos negócios; e deliberar com Deus sobre nosso futuro. E em submissão nos colocar diante de suas promessas. Pois a terra santa é ‘tipo’ da pátria prometida aos crentes. É preciso ter certeza na promessa de Deus e seguir vigilante.
Hb 11.1-3; 8-16
Aqui fala da excelência da fé, que nos leva a reconhecer a realidade das coisas espirituais, entregando nossas vidas a elas.
A palavra fé ocorre 244 vezes nas pg. do NT, sendo um dos princípios mais importantes.
E indica a apropriação de tudo quanto Deus nos oferece por meio de Jesus Cristo.
São muitos os ex. de fé, dos quais Abraão, como progenitor da raça israelita, é em toda a literatura judaica, o exemplo supremo de fé e espiritualidade; abandonou prontamente a sua própria terra, quando Deus lhe prometeu outra; e a força dessa fé foi ilustrada pela circunstância de que não sabia onde seria essa nova terra.
Também Noé e outros, demonstram fé que envolve aceitação e vida segundo as dimensões eternas da fé. E essa mesma atitude que agradou a Deus, no caso dos patriarcas, fé genuína, é aquela que agora o agrada.
E será preciso renunciar ao mundo, se tornar peregrino desta terra para receber a herança celeste, e isso requer constante vigilância.
Lc 12.32-40
Vs. 32: Expressão exclusiva de Lucas, tendo sido colocada na seção que trata dos excessos materiais. Um fator que contrabalança o desejo de passar a vida inteira na tentativa de adquirir bens materiais, é o da existência vindoura. Aquele que realmente crê que as verdadeiras riquezas são aquelas do reino celestial, jamais se deixará arrastar pela preocupação demasiada pelos lucros terrenos. É como se Jesus estivesse dizendo: este sistema terreno em breve será ultrapassado pela ordem celestial de coisas; e então de que vos servirão as vossas posses, tão dificilmente adquiridas, posto que todas as coisas serão aniquiladas? Faz parte da ética de Jesus manter sempre uma atitude espiritual em relação aos bens materiais, porquanto ser “rico para com Deus” é a verdadeira atitude. Então o conselho de Jesus, de ajuntar “tesouros no céu” depende, de forma bem definida, da fé nas promessas da vida vindoura.
Pequeno rebanho - é a igreja, mas pode também significar aquele pequeno grupo de pessoas que buscava seriamente ser discípulo de Jesus.
Vs.33: Tesouros terrenos podem, envelhecer, enferrujar e gastar, o tesouro no céu não sofre isso. Alguém pode ter a sua bolsa cheia de dinheiro, mas a eternidade ultrapassará a tudo em duração. Não há condenação contra a posse de riquezas, mas contra a ansiedade de possuir riquezas e a recusa em dividir com outros.
As riquezas humanas estão inclusive sujeitas a perda total mediante o furto, ao passo que as riquezas divinas, compartilhadas com os remidos, jamais se poderão gastar.
O tesouro celestial não está sujeito aos estragos causados pela traça, como tapetes, vestes e outros tesouros orientais. Tudo poderia ser reduzido a nada, pela velhice ou pelos insetos. Mas nunca os adornos celestiais, os lucros contabilizados para a eternidade.
Riquezas entesouradas neste mundo têm muitos inimigos. Aquilo que é entesourado no céu está seguro contra tudo.
Alexandre o Grande, afirmava possuir o mundo. Paulo foi mais ousado: tudo é vosso disse ele
em 1 Co 3.21,22. Assim é porque somos de Deus por meio de Jesus Cristo, ele é o grande proprietário. A verdade é que queremos andar atrás de riquezas para possuir, mas elas é que nos possuem. E a experiência humana mostra claramente isso. Porém, o alvo é sermos possuídos por Deus, e assim chegar a renunciar às vantagens terrenas. Dedicar-nos a Cristo é entrar no caminho da renúncia, é será sempre mais produtivo.
CONTA_SE a história de - um ricaço, com muito ouro atado à cintura, que se atirou no mar, quando o navio em que viajava estava sossobrando. Não permitiu que o seu ouro desaparecesse nas profundezas do mar, e assim morreu afogado. Ele possuía riquezas, ou elas o possuíam?
A grande riqueza é o IMPERECÍVEL TESOURO DA SALVAÇÃO. De virmos a participar da própria natureza de Cristo, da sua herança. Todos os demais valores, se é que são valores, são secundários.
Daí agora a importância dos outros vs que tratam da vigilância. Os verdadeiros servos estão em atitude de espera, o dono da vinha que se ausentou, mas que vai voltar. Cristo haverá de voltar quando da parousia ou segunda vinda.
Vs. 35: as vestes orientais, longas, serviam de empecilho aos movimentos rápidos, e tinham que ser amarrados à altura da cintura, para se poder ter maior liberdade de movimentos. Essa ação de cingir-se, tornou-se símbolo de preparação. As candeias são as lâmpadas que os vigilantes seguram em suas mãos. O reino é o SUMMUM BONUM, e ninguém pode desperdiçar preparação para isso. As lâmpadas devem ser mantidas acesas a noite inteira, porque a qualquer momento o Senhor poderá retornar. O tempo , antes da chegada do reino, pode ser comparado ao período da noite, porquanto, ao chegar o reino haverá de raiar um novo e grande dia. Enquanto não chega esse dia, lombos cingidos para o serviço e candeias acesas para receber o Senhor, cuja chegada é esperada durante a noite. Na esfera espiritual, os lombos cingidos mostram um nobre propósito na vida, estar pronto para servir, enquanto que a candeia acesa é o espírito de esperança.
vs. 36: Neste vs. O Messias é representado como um proprietário, rodeado de muitos amigos e convidados, a celebrar seu casamento; uma vez terminado o banquete ele retorna à sua mansão e coroa os servos fiéis com honra e alegria, por terem se conduzido bem, e por terem tido o bom senso de esperar vigilantemente pelo seu retorno, pondo tudo em ordem na casa, durante a sua ausência. Os símbolos aqui são perfeitamente óbvios, expressando uma gloriosa bênção espiritual que está reservada para aqueles que aguardam o Senhor e forem encontrados prontos, vigilantes para a parousia.
Vs. 37: Bem-aventurado aqueles servos... O serviço espiritual requer transformação do ser, e essa transformação sempre segue o modelo que é Jesus Cristo, o alvo de toda a existência. Deus está duplicando Cristo nos homens, através do seu serviço, e essa é a mais elevada e inspiradora mensagem do evangelho. Não está em foco o que possuiremos, e, sim, o que seremos: filhos de Deus, conduzidos à glória. A espantosa inversão de serviços, entre o senhor e seus servos, nesta alegoria, torna-se um vivo símbolo da exaltada recompensa e da glória que espera os verdadeiros discípulos.
Vs.38: advertência de que a parousia pode ser adiada. Mas sem se importar se virá cedo ou tarde, verdade é que fará raiar a aurora de um novo dia. E os discípulos fiéis, não devem se importar se esse acontecimento for tardio ou adiantado, imediato ou procrastinado, eles tem a responsabilidade de estarem permanentemente esperando tal ocorrência, precisam estar vigilantes.
Vs.39,40: continuam a frisar a importância da vigilância, diferentemente do que um descuidado dono de casa, a quem o ladrão apanha de surpresa, os fiéis devem estar prontos para a volta do “Filho do Homem”, embora não saibam dizer a hora. ...a que hora haveria de vir o ladrão... uma metáfora que mostra o evento inesperado da Segunda Vinda de Cristo.
Sugestão Homilética:
Tema: A vida dos discípulos do Salvador deve ser uma vida de vigilância fiel:
I. A natureza da vigilância Cristã: 1. Desprendimento das riquezas; 2. Agilidade, 3. Atividade,
II. O motivo de vigilância Cristã: 1. Certeza da vinda, 2. Subitaneidade da vinda, 3. A decidida vinda do Senhor.
III. O que o Senhor exige dos seus servos fiéis: 1. um olho que esteja aberto para a luz dele, 2. Uma mão aberta para continuar o trabalho dele, 3. Um pé que a todo momento está pronto para ir ao encontro Dele e que esteja aberto para conhece-lo.
- O que promete o Senhor aos seus servos fiéis: 1. Distinção honrada, 2. Satisfação perfeita, 3. Glória e bênçãos.
(Para sua consulta adicional: I.Lut 51, 55; I.Lut 57,90)
Bibliografia: Langes Commentary: Sl, Gn, Hb, Lc; O NT Comentado, Vers. Por Vers.)