Israel nas Promessas Biblicas
de John Wilch[1] , tradução Horst Kuchenbecker, junho, 2002
1. O problema que nos é colocado com a formação do atual Estado de Israel.
Lemos: “Mudarei a sorte do meu povo de Israel; reedificarão as cidades assoladas e nelas habitarão, plantarão vinhas e beberão o seu vinho, farão pomares e lhes comerão o fruto. Plantá-los-ei na sua terra, e, dessa terra que lhes dei, já não serão arrancados, diz o SENHOR, teu Deus” (Amós 9.14-15). “E há de ser que, naquele dia, os montes destilarão mosto, e os outeiros manarão leite, e todos os rios de Judá estarão cheios de águas; sairá uma fonte da Casa do SENHOR e regará o vale de Sitim. O Egito se tornará uma desolação, e Edom se fará um deserto abandonado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja terra derramaram sangue inocente. Judá, porém, será habitada para sempre, e Jerusalém, de geração em geração. Eu expiarei o sangue dos que não foram expiados, porque o SENHOR habitará em Sião” (Joel 3.18-21).
Será que a volta do povo judaico à sua terra , “á terra prometida” e a formação do novo Estado de Israel em nossos dias é o cumprimento dessas profecias de Amos, de Joel e de muitas outras similares? É este desenrolar dos fatos um sinal de que a volta de Cristo está às portas? Hal Lindsey afirmou que sim. Ele escreve: “Desde a formação do novo Estado de Israel no ano de 1948 vivemos no período mais importante das revelações bíblicas. [2] Walther C. Kaiser Jr. afirmou: “Israel é e permanecerá a chave de Deus tanto para seu próprio futuro como nação[3], como para o futuro dos gentios .”
Tais exegetas tem a Terra Santa, Jerusalém e o Templo, que pertencem aos tempos do Antigo Testamento, no qual tinham sua importância como bênção para Israel, e os consideram ainda hoje como importante portadores de bênçãos para o povo judeu, para o cristianismo e como indicadores para os tempos finais da igreja[4].
2. A pergunta hermenêutica
Muitos daqueles que vêem na fundação do Estado de Israel o cumprimento das profecias bíblicas, parece que estão seguindo os princípios hermenêuticos corretos na interpretação da Bíblia. A afirmação do Dr. Kaiser: “ Israel não pode ser reduzido a uma terra mística, na qual toda a realidade espiritual atual esteja só além das fronteiras geográficas e políticas,” [5] baseia-se em regras hermenêuticas, de que a Escritura deve ser interpretada conforme seu sentido gramatical teológico, histórico e que ela é confiável, sem erro e clara. Ao afirmar que “a relatividade na participação de cada geração individual nas bênçãos, com o testamento davídico oferece, não está em contradição com a promessa ilimitada [6] – refere-se ao princípio da validade da palavra de Deus. Quando tais exegetas fazem uso do princípio sólido dos reformadores, então parece muitas vezes difícil a luteranos confessionais reconhecerem onde está o erro nos argumentos e suas conseqüências na interpretação – mesmo quando Kaiser levanta a esperança de que o povo de Israel voltará a habitar alegremente sua terra durante o milênio [7].
Mas será que estes interpretes estão seguindo fiel e corretamente todos os princípios luteranos da hermenêutica? Martinho Lutero reforça: “Toda a Escritura de começo ao fim aponta somente para Cristo como fonte da graça e verdade para nós".[8] A própria Escritura afirma que a cruz de Cristo é o centro da Escritura (teologia crucis). A chave para a compreensão de toda a Escritura é somente Crito, o Filho de Deus, que se humanou, nosso Salvador, e aqui foi crucificado, ressuscitado e exaltado (Lc 24.25; Jo 5.39; 2 Co 1.20).
Ole Chr. M. Kvarme trouxe colaboração para o nosso tema: “O corpo de Cristo neste mundo segue as pisadas do crucificado, sob o sinal da cruz. Nenhum acontecimento visível justifica, o que cremos ou tornam o reino de Deus visível para o mundo, até que Cristo venha em glória para o juízo final e a libertação final, então inicia a teologia da glória. [9]
De outra forma, a justificação do pecador e o apropriar-se da salvação poderia acontecer por forma racional do aceitar certos fatos como prova concreta. Entusiastas da atualidade, no entanto, herdeiros dos entusiastas do tempo da Reforma, dos Pietistas e dos Puritanos, vêem a fundação do Estado de Israel como um sinal escatológico [10] dos tempos do fim, atribuindo-lhe não só um caráter revelador, mas também caráter salvífico. Em lugar de Cristo, Salvador de Israel e dos gentios, está o povo e a terra dos judeus, também como chave hermenêutica e como um fator co-redentor. Da hermenêutica cristológica, da teologia crucis vemos claramente, que o Novo Testamento aponta fundamentalmente para a interpretação do Antigo Testamento. Citações do Antigo Testamento não são sede de doutrina pelas quais o Novo Testamento deva ser orientado.
3. Israel nas profecias e seu cumprimento
Vamos analisar algumas profecias que são relacionados com o novo Estado de Israel.
3.1 - A terra prometida para todo o sempre.
A palavra hebraica “eterna” ou “para todos os tempos”, “olam”, têm como a maioria das palavras abstratas diversos significados. Esta palavra, na verdade, é um substantivo e significa “permanente” (Dt 15.17), ou “futuro distante” (Pv 1.10), ou “eterno”, (Sl 90.2; Dn 12.2)[11]. Por isso, “olam” no Antigo Testamento pode ser aplicado a situações que não sejam absolutamente eternas, mas que se encontram dentro de relativos limites históricos, que se estendem a um futuro histórico previsível, ou permanente. Este significado se aplica à promessa de Deus feita aos patriarcas do povo de Israel (Gn 13.15; 17.8; 48;4)[12].
Quatro profecias referem-se direta ou indiretamente à nova formação de Israel na própria terra “para sempre”, “enquanto durar” (Is 6.1,7-8; Jr 32.37-41; Ez 37.24-36; Am 9.15.[13] O contexto aponto, em todo o caso, que o cumprimento dependerá de certas condições. Isaías condena a injustiça e a incredulidade (Is 59.1-15; Jr 32.23,29-35; Ez 37.23), e requerem fé e obediência. Amós requer justiça e misericórdia (Am 5.12-24; 8.4-12). Miquéias resume estas condições da seguinte forma: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Miquéias 6.8). Jesus afirma: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!” (Mateus 23.23). O profeta Jeremias destaca que cada promessa está condicionada à fé: “No momento em que eu falar acerca de uma nação ou de um reino para o arrancar, derribar e destruir, se a tal nação se converter da maldade contra a qual eu falei, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. E, no momento em que eu falar acerca de uma nação ou de um reino, para o edificar e plantar, se ele fizer o que é mal perante mim e não der ouvidos à minha voz, então, me arrependerei do bem que houvera dito lhe faria” (Jeremias 18.7-10). Isto mostra que todas as promessas divinas estão condicionadas à fé. Isto já é afirmado em Levíticos 26 e Deuteronômios 28, com todos os detalhes e encontra-se nos profetas [14]. Esta foi a premissa básica também para o concerto que Deus fez por Moisés com o povo de Israel, o concerto de fé para com Deus: justiça e misericórdia com o próximo.
Se Israel tivesse cumprido seu concerto, Deus os teria abençoado e teriam habitado nas terras de Canaã em fartura como Deus o tinha prometido por Moisés: “Se atentamente ouvires a voz do SENHOR, teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que hoje te ordeno, o SENHOR, teu Deus, te exaltará sobre todas as nações da terra... Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do SENHOR, teu Deus, não cuidando em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos que, hoje, te ordeno, então, virão todas estas maldições sobre ti e te alcançarão: Maldito serás tu na cidade e maldito serás no campo” (Deuteronômio 28.1-16). Por não terem obedecido a Deus foram levados cativos pelos assírios e o resto pelos babilônios, como Deus o disse em Dt. 28.15-48). Mas se, no cativeiro se arrependessem, Deus os conduziria devolta à terra prometida, para que vivessem conforme a ordem de Moisés. Conforme o prometeu, dizendo: “Quando o teu povo de Israel, por ter pecado contra ti, for ferido diante do inimigo, e se converter a ti, e confessar o teu nome, e orar, e suplicar a ti, nesta casa, ouve tu nos céus, e perdoa o pecado do teu povo de Israel, e faze-o voltar à terra que deste a seus pais” (1 Reis 8.33-34). Isto aconteceu sob a autoridade persa. Mas por não terem guardado o concerto e, especialmente, por a maioria deles ter rejeitado o Messias e a salvação que ele trouxe, Jesus anunciou ao seu povo na carne a segunda grande destruição (Mt 23.37; Lc 21.6,20-24; Dt 28.46-48). Isto se cumpriu com a destruição de Jerusalém pelos romanos, nos anos 70, entre 66 a 135 AD).
Os compromissos com o concerto devem ser mantidos: fé, justiça e misericórdia para que as promessas possam ser cumpridas e o povo de Israel pudesse viver em sua terra, conforme a palavra de Salomão: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2 Crônicas 7.14). Desde a vinda do Messias, no entanto essas profecias, pelo concerto do Novo Testamento, receberam uma dupla e nova forma: aqui “fé”, significa fé em Jesus de Nazaré, como o rei vindo da descendência de Davi, por outro: por lhe ter sido entregue o domínio sobre todo o mundo e por ele não governar de um trono material (Mt 28.18; Jo 18.36), nenhuma terra, nem Israel é sua terra, ou tem uma importância destacada. A terra do Messias é o mundo todo [15].
3.2 - A segunda volta de Israel “dos quatro cantos do mundo.”
“Naquele dia, o Senhor tornará a estender a mão para resgatar o restante do seu povo, que for deixado, da Assíria, do Egito, de Patros, da Etiópia, de Elão, de Sinar, de Hamate e das terras do mar” (Isaías 11.11).
O contexto no qual esta profecia se encontra, deixa claro que o profeta se refere à saída do Egito sob a direção de Moisés, como a primeira volta: “Haverá caminho plano para o restante do seu povo, que for deixado, da Assíria, como o houve para Israel no dia em que subiu da terra do Egito” (Isaías 11.16).[16] No entanto, o novo retorno não precisa, necessariamente, referir-se ao retorno do cativeiro babilônico. Esta o profeta anuncia repetidas vezes [17]. Os versos 11 a 16 pertencem claramente às profecias messiânicas, dos versos 1 a 10: “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo... Levantará um estandarte para as nações, ajuntará os desterrados de Israel e os dispersos de Judá recolherá desde os quatro confins da terra. (Isaías 11.12), e coloca o mesmo como um sinal para todos os povos (v.10). A última expressão: “...o renovo da raiz de Jessé” (v.10), esclarece que “a raiz de Jessé” tem seu paralelo no “tronco de Jessé”. Isto só pode referir-se ao Messias, que conduzirá o seu povo da dispersão de volta “dos quatro cantos da terra” (v.12). Interessante que no tempo do profeta Isaías o povo de Israel, ainda não disperso, conhecia a diáspora para outros países, além da Assíria (v.11) [18]. Também merece ser notado que a esse retorno está relacionada à revelação do Messias diante de todos os povos. Isto aconteceu no dia de Pentecostes (v.10), com a evangelização dos povos pagãos (Rm 11.11,14). O resto é idêntico com os judeus, que aceitaram a Jesus como Messias e Salvador, conforme a terminologia do apóstolo Paulo: “os verdadeiros israelitas” (Rm 9.6-8).
3.3 - Algumas objeções a esta interpretação:
1.Não deveria Jesus reconduzir os salvos de Israel de volta à terra prometida, a Israel? – Precisamos dizer que isto não está na proferia. A profecia fala em “resgatar o restante do seu povo, ajuntará os desterrados de Israel.” Não menciona que os ajuntará em Israel, e mesmo se mencionasse “Israel”, não seria problema. A pergunta não é: “Como Jesus cumprirá literalmente esta promessa? Literalmente ele não precisa cumprir nenhuma promessa, muito menos esta que está cheio de quadros figurativos e poéticos. A pergunta que precisa ser feita é: “Qual o papel de Cristo nesta profecia? (ou: Como Cristo cabe no cumprimento desta profecia?). Do ponto de vista da história precisamos responder o seguinte: No sentido de ter levantado a cruz do seu evangelho entre as nações, pelo qual levou muitos judeus entre muitas nações à fé no Messias. O cumprimento, portanto, não é o retorno à terra judaica, a Israel, mas o conduzir devolta ao Filho de Davi [19]. Aqui se aplica o princípio hermenêutico da centralidade de Cristo. Para a compreensão destas profecias isso significa que não nos cumpre olhar para o desenvolvimento de certos acontecimentos na história para o cumprimento literal, mas em que se pergunte como Cristo conduziu o cumprimento. Do contrário, a salvação de Cristo na cruz para judeus e gentios perderia o significado e os acontecimentos correlatos na história teriam significado maior do que a revelação da salvação.
3.4 - A volta de Israel “nos últimos dias” (Jr 30.24; Ez 38.16).
Em hebraico esta expressão significa literalmente “no fim dos dias.” Com estas palavras indica-se, simplesmente, uma situação após uma outra situação indefinida ou desconhecida, como por exemplo: “...há de acontecer nos dias vindouros” (Gênesis 49.1). “ ...nos últimos dias, entendereis isso claramente” (Jeremias 23.20) [20] . A expressão pode referir-se também ao tempo messiânico: “Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do SENHOR será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos” (Isaías 2.2; Cf.: Jr 30.24; 48.47; 49.39; Ez 38.16; Os 3.5; Mq 4.1), ao tempo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, no qual vivemos. Cristo cumpriu estas profecias na mesma forma em que cumpriu a profecia de Isaías: “Naquele dia, o Senhor tornará a estender a mão para resgatar o restante do seu povo, que for deixado, da Assíria, do Egito, de Patros, da Etiópia, de Elão, de Sinar, de Hamate e das terras do mar. Levantará um estandarte para as nações, ajuntará os desterrados de Israel e os dispersos de Judá recolherá desde os quatro confins da terra” (Isaías 11.11-12). Esta expressão: “...no tempo do fim” (Dn 11.40), deve ser claramente distinguida. Ela se refere ao juízo final com a ressurreição geral. Alguns interpretes ignoram completamente o contexto e ligam esta expressão a outros textos que não se referem ao fim, ao juízo final [21] .
3.5 - A volta das 12 tribos (Ez 37.11, 19-22; 47.13-48.35.
Não somente da tribo de Judá. Os israelitas que voltaram após a primeira destruição de Jerusalém, não foram somente os da tribo de Judá. É comprovado que também descendentes da tribo de Levi, Benjamin, Efraim e Manassés tinham sido levados para o cativeiro babilônico e também desses, sem dúvida, voltaram alguns [22]. Muitos descendentes das “10 tribos” nem foram levados ao cativeiro, mas continuaram residindo ali; que conhecemos no Novo Testamento como a região da Samaria e da Galiléia, 2 Cr 30.1-11. Estas províncias foram conquistadas pelos reis judaicos da linhagem dos hasmoneus e seus moradores forçados a passarem para a religião judaica [23]
Importante é notar que os israelitas que voltaram do cativeiro babilônico, no tempo de Esdras, julgavam serem os legítimos representantes das doze tribos de Israel. E traziam os sacrifícios correspondentes: “Para a dedicação desta Casa de Deus ofereceram cem novilhos, duzentos carneiros, quatrocentos cordeiros e doze cabritos, para oferta pelo pecado de todo o Israel, segundo o número das tribos de Israel” (Esdras 6.17). Também no Novo Testamento os judeus em Jerusalém julgavam-se os legítimos representantes de todo o Israel, das doze tribos (At 26.7; Tg 1.1) Por no Novo Testamento a expressão “doze tribos de Israel” ser expressão para designar toda a igreja [24], a promessa de Ezequiel não tem, em última análise, nada a ver com a volta de Israel do cativeiro babilônico, mas do conjunto de judeus e gentios, como verdadeiros “filhos de Abraão”, a igreja de Cristo (Rm 11.17; Gl 3.29).
3.6 - A reconstrução física da terra de Israel
Os judeus que voltaram do cativeiro babilônico só ocuparam e povoaram uma pequena parte, em torno de Jerusalém. Permaneceram politica e economicamente fracos e foram incapazes de reconquistar e ocupar toda a terra. Será que as profecias que falam de um deserto florescente e da reedificação das cidades se referiam àquele tempo ou devemos considerá-los cumpridas hoje? [25]
Realmente aquela pequena província persa no ano 538 a.C. era um povoado pequeno. Mas, mais tarde a situação se modificou. Nos anos seguintes, sob a liderança de Esdras e Neemias houve um avanço, tanto espiritual como material. Nos 250 anos que se seguiram, Judá floresceu mais e mais, especialmente sob a regência dos Ptolomeus. Sob o domínio dos hasmoneus (1 Mac. 14.4-15) e sob Herodes o Grande no último século antes de Cristo. Apesar das guerras e dos altos impostos, Judá alcançou grande poder e força em todos os domínios internos e externos: na política, na agricultura, em construções e um bem estar material, bem como crescimento populacional. A reconstrução da agricultura que estava abandonada por mais de 300 anos, tornou-se possível devido as fortes chuvas [26]. A chuva do cedo e do tarde cobria o deserto de verde e as montanhas com flores.
A prometida reconstrução de Israel e de suas cidades, o crescimento populacional mostra-se cumprida, historicamente, nos últimos 400 anos. Teologicamente ela se cumpriu no sentido de o Messias ter trazido paz (shalom), que por seus discípulos foi levada missionariamente aos outros países.
3.7 - A terra no Novo Testamento
Jesus anunciou a Jerusalém e ao povo de Israel a destruição (Lc 21.6-24). Mas o que a palavra de Deus diz a respeito de Israel e de sua volta à terra prometida? Nada. O Novo Testamento não fala de uma volta à terra, nem de uma reconstrução de Jerusalém, nem da reconstrução do templo. É impressionante que no Novo Testamento, nem no Apocalipse se fala disso.
Em oposição a isso, Cristo anunciou a reunião dos eleitos. “E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus” (Mateus 24.31). Neste chamado para a reunificação ecoa a volta de Israel para sua terra (Dt 30.4; Zc 2.6). Mas são mencionados somente os seguidores do Messias, não todo o Israel, nem para sua terra. A descrição simbólica do governo de Cristo, junto com os mártires, durante o milênio (Ap 20.1-6), não contém a indicação do local. Também a vinda da nova Jerusalém não desce para Sião ou na terra de Israel, mas no novo céu e na nova terra (Ap 21.1ss). O Novo Testamento não tem mais em mente o Israel nacional, mas os fiéis seguidores de Cristo, não mais a terra de Israel, mas a presença do Messias, no centro está única e somente Cristo.
Tal compreensão o Antigo Testamento já continha? Sim, o profeta Isaías afirma que Israel não seria mais famoso por causa do seu templo, mas por o seu povo oprimido encontrar consolo ali (Is 51.11), e que será colocada a pedra angular messiânica (Is 28.16), e que o Senhor consolará ali os humildes e despedaçados (Is 57.15). Para Jeremias a centralidade será o domínio do Senhor sobre o povo, que ocupará o lugar da arca do concerto (Jr 3.14-17), por isso não precisaremos mais perguntar por ela. Por isso, não nos surpreende que a nova Jerusalém não tenha mais um templo, mas somente a presença de Deus e do Cordeiro (Ap 21.22; Is 60.19; Mt 18.20; 28.20; Jo 4.21). Por o Milênio (Ap 20.2-7) simbolizar o tempo atual, desde a encarnação de Jesus (Ap 12.1-6) e por este texto não se referir especificamente ao povo de Israel, não podemos desenvolver, a partir deste texto, como se a formação do Estado de Israel indicasse o primeiro degrau para o erguimento do reino de Deus no mundo [27].
Mesmo assim, o Novo Testamento não silencia completamente sobre a terra de Israel, como se, após a vinda do Messias, a terra não tivesse mais nenhum significado para o povo. Por um lado, é colocado como ponto de saída do evangelho para todas as nações (Lc 24.47; At 1.8); por outro, serve como tipo
para a nova Jerusalém, que no fim é a herança para todos os fiéis, tanto judeus como gentios (Jo 14.2; Gl 4.26; Hb 11.13-16; 12.22-24; 13.14) Ela nos lembra , pela carta dos apóstolos, dos poderosos juízos bem como ações da salvação que Deus executou em Israel, e das promessas da glória futura, mas por estas promessas finais não incluírem a terra de Israel, ela não é terra santa.
3.8 - A reedificação de Israel como nação
Em algumas promessas consta que Israel permanecerá para todos os tempos como nação, vencerá todos seus inimigos e tomará posse, novamente de Jerusalém [28]. Mas os judeus tornaram-se por mais de 101 anos, do ano de 164 a 63 a. C. nacionalmente dependentes, a saber sob o domínio dos hasmonitas. Naquele tempo Judá venceu seus inimigos, os filisteus, os edomitas, os moabitas e amonitas e alcançou quase a mesma grandeza e bem-estar material como nos dias do rei Davi e Salomão [29].
Em Jr 31.36 e Mq 4.7 Israel é chamado de “goj”. Esta palavra hebraica significa uma nação política com fronteiras estabelecidas. Mas a expressão “am”, ao contrário, significa uma raça homogênea. Por estas duas expressões serem usadas no AT de forma alterada [30], não se pode provar pela palavra “goj” que ela sempre se refere a uma nação política independente e com fronteiras estabelecidas, em vez de uma nação étnica. O contexto de Jeremias não requer a palavra “nação em lugar de povo”. Os versos que antecedem v.31-34 e Mq 4.6-8, são profecias messiânicas, que começaram a cumprir-se com o Novo Testamento por Cristo e seu domínio como Filho de Deus.
A promessa de Cristo: “Jerusalém será destruída pelos gentios, até que o tempo dos gentios se cumpra” (Lc 21.24), não profetiza a restauração de Jerusalém e de Israel. Mesmo os interpretes schiliastas admitem que o “tempo dos gentios” não se cumpre antes da vinda de Cristo [31]. Também não é possível alegrar-se na nova Jerusalém à base de Apocalipse, pois isto não será uma Jerusalém material reedificada, mas uma nova criação (Ap 21.2,20). Temos aqui ainda outro sinal, para isso, de que a visão de Ezequiel de um novo templo (Ez 40-48), refere-se historicamente aos anos 520 até 515 a. C.. O templo messiânico é o próprio Messias (Jo 2.19-21; Ap 21.22). Assim, nem a reconstrução de Jerusalém, nem a nova forma do Estado de Israel em 1967, nem a esperada reedificação do templo em Jerusalém são indicações do cumprimento da profecia [32].
3.9 - O domínio do Filho de Davi
O reerguimento de Israel como nação é muitas vezes mencionado como renovação do domínio da dinastia de Davi (Jo 223.5; Ez 34.22-31; 37.21-26; Am 9.11-15; Mq 4.7; 5.2-4). O atual e moderno Estado de Israel não tem um domínio monárquico, muito menos de alguém da linhagem de Davi. Por outro, nenhum judeu pode hoje, com certeza dizer ser descendente do rei Davi. Cristo explicou a seus discípulos ser ele o profetizado rei e filho de Davi. Ele cumpriu as profecias de forma espiritual e não de forma terreal com fronteiras materiais. Ele governa pela presença de sua natureza divino-humana e pelo Espírito Santo (Mt 18.20; 28.18-20; Lc 17.21; Jo 14.16-27; 18.36). Nisto cumprem-se as palavras do anjo Gabriel a Maria (Lc 1.32), como os apóstolos o afirmaram no concílio em Jerusalém (At 15.14-21) [33]. Isto os profetas não indicam com clareza, mas agradou a Deus mostrar que estas profecias se cumpriram no domínio do Filho de Davi, Jesus (Jo 2.2-4; 9.6; 11.1-5; 42.1-9; 49.6). Com sua ascensão, Jesus iniciou o eterno domínio do Filho de Davi (At 2.33-36; 13.33-37; Ef 1.20-23; Ap 1.5-6). Com isso todas as profecias se cumpriram (2 Sm 7.16; Sl 89.3,18-37). Mas parece, se tomarmos a palavra ao pé da letra, limitado a mil anos.
3.10 - A guerra nos tempos finais
Muitos, que se dizem profetas em nossos dias, gostam de excluir Ez 38-39, e identificam Magog, Rosch, Meschech e Tubal com a união com o Vaticano e Gomer com a DDR, unidos com Irã e África do Norte (38.2-6). Associam isso com passagens semelhantes de Daniel 11.40-43; Sc 12-14 e Ap 4 19 e pintam de forma grandiosa o fim. O Anticristo, um líder carismático de Roma, que se unirá com Israel e cuidarão da reconstrução do Templo. A partir daí os egípcios e os africanos do norte, mais tarde os russos e seus aliados vão derrotar e ocupar Israel, mas serão finalmente derrotados pela intervenção direta de Deus. Então os 200.000.000 de chineses vão lutar contra o anticristo e seus aliados europeus. Será a terceira guerra mundial. O auge da mesma será a batalha do Armagedon. Então Cristo voltará para o Milênio. Os sinais que indicam a proximidade desse dia são a constituição e o florecimento do Estado de Israel em sua terra, bem como a crescente inimizade dos povos contra Israel [34] [35].
Todas estas passagens, a que tais interpretes se apoiam, são textos bíblicos. Eles se referem a povos no tempo de Ezequiel 38.2,6, povos que não têm nada a ver com os povos europeus de nossos dias [36].
Por outro, a passagem em Daniel 11.1-5 que se refere aos Ptolomeus e Seleutas e suas disputas com Judá no terceiro e segundo séculos antes de Cristo. Daniel 12.1-3, falam dos tempos finais. Mesmo que os versículos no meio falem da conquista de orientais pelos romanos, são demasiadamente gerais para dali se extrair com certeza acontecimentos atuais ou vindouros. Em conseqüência disso, interpretar a afirmação do apóstolo Paulo em 2 Ts 2.3-4 como sendo o reino mau do norte, cujo retrato histórico foi rei Antíoco IV, como cumprimento da vinda do anticristo[37] é completamente falho.
Em terceiro lugar, o próprio Cristo informou que diversas profecias se cumpriram nele, tais como Zc 12 –14, cumprido em Zc 12.10; 13.7). Outras profecias, que afirmam coisas semelhante, devem ser compreendidas assim também. O lamento de muitos judeus sobre a morte de Jesus (11.3). O resto se refere aos tempos do fim, sem referir-se a inimigos específicos de Israel[38]. Pode referir-se também aos juízos de Deus sobre nações que perseguiram a Israel. Nisto se cumpriria a profecia dada a Abraão: “Eu quero amaldiçoar... aos que te amaldiçoam!” (Gn 12.3).
Em quarto lugar, as revelações de Apocalipse 4-19 exortam, por meio de quadros bíblicos, os fiéis a resistiram aos poderes do mal. Alguns trechos podem ser interpretados quase literalmente (Ap 14.8; 18.2-20), que apontam para a derrota de Roma, 14,13 e 19.9, as bem-aventuranças aos fiéis. Disso concluímos que estas capítulos não apontam os tempos finais, mas aos bastidores do tempo daquela época, a perseguição aos cristãos sob o domínio romanos, do Cesar Domiciano (93-96 AD), do sofrimento dos cristãos em toda a parte do mundo que se estende até ao fim [39]. Mas salvará os fiéis e lhes fará justiça, e destruirá os inimigos (19.1-9). Isto é um consolo para todos os cristãos que sofrem perseguições, e não aponta para outras circunstância materiais.
3.11 - O significado da restauração de Israel
Mesmo assim levanta-se sempre de novo a pergunta: Será que não foi Deus que restabeleceu o atual Estado de Israel? Lembramos a forma maravilhosa em que isto aconteceu. Somente alguns anos após o holocausto, Israel conseguiu-se organizar. Foi vitorioso em quatro guerras. Construi cidades, desenvolveu a indústria, cultivou o hebraico, reergue sua cultura, uma vez que os judeus vieram das mais diferentes nações e culturas [40].
O salmista canta: “O Senhor não há de rejeitar o seu povo, nem desamparar a suja herança” (Sl 94.14)[41]. O apóstolo Paulo afirma que mesmo os judeus não convertidos ainda possuem o concerto e as promessas (Rm 9.4).“Terá Deus rejeitado o seu povo? De modo nenhum” (Rm 12.2; 11.1). A maior parte de Israel rejeita o Messias (Rm 9.32-40; 4.16; 11.15) e com isso rejeitaram a riqueza das bênçãos, pois o cumprimento está em Cristo e no Novo Testamento. Por um lado, eles podem tornar-se herdeiros das promessas se aceitarem o seu Messias (Rm 11.12-15, 23; 10.12-18). O apóstolo deseja isto ardentemente (Rm 9.1-3; 10.1; 11.14). Por outro, pode se esperar de Deus que ele honrasse pelo menos os compromissos do concerto do Antigo Testamento que não são opostos aos concertos messiânicos do Novo Testamento. Com isso as bênçãos espirituais e eternas que Cristo trouxe e confere estão excluídas. Também o domínio do Filho de Deus e de um novo Templo com os cultos que são obsoletos, uma vez que Cristo cumpriu a lei. Mesmo assim, Deus tem a liberdade de conceder aos judeus não cristãos as bases do antigo concerto, a saber, a existência como povo reconhecido (Jr 31.35-37). A história nos mostra como Deus, muitas vezes, foi fiel ao povo infiel. Apesar das muitas perseguições, deportações e massacres, mais de 1900 anos na diáspora, o povo sobreviveu. Também sobreviveu nesses últimos 30 anos, no moderno nacionalismo atacado por muitos inimigos sobreviveu.
Não Satanás, nem o destino, nem a casualidade, mas unicamente Deus determina os destinos da história da humanidade, por seu Filho Jesus Cristo. Contra as investidas de Satanás e contra o ódio anti semítico. Deus conservou Israel em vida e castiga os que odeiam o povo de Israel e o perseguem. Que Deus permitiu que em nossos dias Israel voltasse a sua terra, mostra que ele o único e verdadeiro Deus e Pai do Senhor Jesus Cristo. Fora dele não há Deus nem salvação. Por isso, nós cristãos, podemos dizer: Se Deus, firmado no concerto do Antigo Testamento mostra tanta fidelidade, com quanto mais fidelidade cumprirá o que foi prometido por Cristo no Novo Testamento.
A reconstrução de Estado de Israel, em nossos dias, não aconteceu em cumprimento de uma promessa bíblica, como muitos entusiastas o colocam. Mas mostra que Cristo, o Senhor do universo e Filho de Davi, não esqueceu o seu povo. Por isso também o seu chamado ao povo de Israel ainda é válido, para que o aceitem como Messias e Salvador. Os cristãos, dos povos gentílicos, têm o dever de anunciar aos judeus o evangelho (Rm 10.12-13) e viver de tal forma, como seguidores de Cristo, para que os judeus sejam por eles estimulados a aceitarem a Jesus (Rm 11.11-14) [42].
Resumo. Por fim, queremos resumir aqui as diferentes interpretações erradas referentes à terra santa e ao Estado de Israel:
1.Em primeiro lugar os princípios hermenêuticos em relação à gramática, o conjunto e os fatos históricos aqui aplicados.
2.Muitas vezes são usadas afirmações do Antigo Testamento como versículos do Antigo Testamento são usados como chave para a compreensão do Novo Testamento, em lugar do inverso.
3.E aqui o ponto principal: Tudo deve ser analisado na centralidade de Cristo. Em vez de usarem os versículos para a honra de Cristo, as usam para a honra de Israel, dando ao povo e à terra a primazia. Como, no passado à comunidade de Quamran e sectários de todas as cores, assim os entusiastas de nossos dias não praticam verdadeira exegese (análise) dos textos bíblicos, mas fazem uma eisegese, isto é, lêem para dentro da Bíblia seus próprios pensamentos e idéias. Com isto Cristo é reduzido a um salvador vulgar e substituído por jornalistas sensacionalistas e pela fé em acontecimentos históricos. Sem dúvida, certos acontecimentos atuais podem servir de sinais para nos lembrar de que Cristo é o Senhor da história, que chegará ao seu fim. Mas nenhum cristão que interpreta a Escritura, tanto o passado como o presente, pode obscurecer a Cristo. Jesus é o único Salvador, não qualquer circunstância e acontecimento. Citemos uma palavra de Lutero: “Tire Cristo da Escritura, e o que acharás?... A Escritura precisa ser interpretada a partir de Cristo, não contra Cristo [43].
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[1] John R. Wilch, Concordia Journal, 5/1982. Traduzido do inglês para o alemão, por Matthias Krieser e publicado em Lutherische Theologie und Kirche, 1/1984.
O professor John Wilch atuou como missionários entre judeus. Atualmente é prof. do Antigo Testamento, Concordia Theological Seminary, em Saint Catharines, Ontário, Canadá. Traduzido do alemão para o português, por Horst Kuchenbecker, junho, 2002.
[2] Hal Lindsey C. C. Carlson: The Late Great Planet Earth , Zondervan, Grand Rapids, 1970, 1970, p. 62, cf.: Richard Wolff: Israel Art III Tryndade, Wheaton Illenois, 1967, p. 62.
[3] Walther C. Kaiser jr.: The Promised Land. A Bíblical Historical Niew (Bibliotheca Sacra vol. 138, O]outubro 1981), p. 310.
[4] Kaiser Jr., p. 309-312: Jerry Falwell: Jerry Falwell Objects (Christianity Today vol. 26,22, jan. 1982, p. 16ss.: Bispo Erling Utnem da Noroega defende uma posição intermediária. A volta de Israel para sua terra assinala um novo tempo da graça, e tem uma função tipológica. Deus prepara a Israel para o seu reino por meio de acontecimentos políticos, sua provável conversão por meio de arrependimento e fé serão uma poderosa demonstração da grande e ilimitada graça de Deus ( Ole Chr. M. Kvarme: The Theological implication of the State of Israel, The Hebrew Christian, vol 54, outono 1981, p. 83). Uma outra posição intermediária encontramos em Mark H. Hanna: Israel Today: What Place in Prophesy? Christianity Today, vol. 26,22, janeiro 1982, p. 14-17.
[5] Kaiser Jr. op. cit. p. 302
[6] Kaiser Jr. op. cit. p. 307
[7] Kaiser Jr. op. cit. p. 312
[8] WA 46, p. 64, 274 (Luther´s Works, vol. 22, p. 124.
[9] Kvarme: The Theological Implication of the State of Israel (The Hebrew Christian, vol. 55, Inverno 1981), p. 119, zu den hermeneutischen Prinnzipien, p. 117ss.
[10] Kvarme, Hebrew Christian vol. 54, p. 83.
[11] Hermann Sasse: aion (Theological Dictionary of the New Testamento): John R. Wilch; Time and Event (E.J. Brill, Leiden, 1969), p. 17-19; Ernst Jeni, olam (THAT).
[12] H.C. Leupold: Expostion of Genesis (Warthburg Columbus/Ohio, 1942), p. 441
[13] “No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo... com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado o teu pecado. Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim” (Isaías 6.1,7-8).
“Eis que eu os congregarei de todas as terras, para onde os lancei na minha ira, no meu furor e na minha grande indignação; tornarei a trazê-los a este lugar e farei que nele habitem seguramente. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos. Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim. Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei firmemente nesta terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma” (Jeremias 32.37-41).
“O meu servo Davi reinará sobre eles; todos eles terão um só pastor, andarão nos meus juízos, guardarão os meus estatutos e os observarão. Habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual vossos pais habitaram; habitarão nela, eles e seus filhos e os filhos de seus filhos, para sempre; e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente. Farei com eles aliança de paz; será aliança perpétua. Estabelecê-los-ei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles, para sempre. O meu tabernáculo estará com eles; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. As nações saberão que eu sou o SENHOR que santifico a Israel, quando o meu santuário estiver para sempre no meio deles. Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, volve o rosto contra Gogue, da terra de Magogue, príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal; profetiza contra ele e dize: Assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal. Far-te-ei que te volvas, porei anzóis no teu queixo e te levarei a ti e todo o teu exército, cavalos e cavaleiros, todos vestidos de armamento completo, grande multidão, com pavês e escudo, empunhando todos a espada; persas e etíopes e Pute com eles, todos com escudo e capacete; Gômer e todas as suas tropas; a casa de Togarma, do lado do Norte, e todas as suas tropas, muitos povos contigo. Prepara-te, sim, dispõe-te, tu e toda a multidão do teu povo que se reuniu a ti, e serve-lhe de guarda. Depois de muitos dias, serás visitado; no fim dos anos, virás à terra que se recuperou da espada, ao povo que se congregou dentre muitos povos sobre os montes de Israel, que sempre estavam desolados; este povo foi tirado de entre os povos, e todos eles habitarão seguramente. Então, subirás, virás como tempestade, far-te-ás como nuvem que cobre a terra, tu, e todas as tuas tropas, e muitos povos contigo. Assim diz o SENHOR Deus: Naquele dia, terás imaginações no teu coração e conceberás mau desígnio; e dirás: Subirei contra a terra das aldeias sem muros, virei contra os que estão em repouso, que vivem seguros, que habitam, todos, sem muros e não têm ferrolhos nem portas; isso a fim de tomares o despojo, arrebatares a presa e levantares a mão contra as terras desertas que se acham habitadas e contra o povo que se congregou dentre as nações, o qual tem gado e bens e habita no meio da terra. Sabá e Dedã, e os mercadores de Társis, e todos os seus governadores rapaces te dirão: Vens tu para tomar o despojo? Ajuntaste o teu bando para arrebatar a presa, para levar a prata e o ouro, para tomar o gado e as possessões, para saquear grandes despojos?” (Ezequiel 37.24-38.13).
“Plantá-los-ei na sua terra, e, dessa terra que lhes dei, já não serão arrancados, diz o SENHOR, teu Deus” (Amós 9.15).
-Is 61.7: Eduard Yung: The Book of Isaiah (vol 3, Eerdmans, Grand Rapids/Michigan, 1972, vol. 5, p. 463ss; o “nicht mehr” em Amós 9.15, ist in derselben Weise zu versthen, cf. C.F.Keil/Franz Delitzsch: Commentary on the Old Testament (vol 10, nachdruch, Eerdmansm, Grand Rapid´s/Michigan, 1978), vol. 10 (Keil: Minor Prophets, p. 336.Ein absolutes Verständniss dieser Angebe findet sich dagegen bei Merril F.Unger: Ezekiel´s Vision of Israel´s Restoration (Bilbioteca Sacra, vol. 106, outubro/1949, p. 438.330 e vol. 107, janeiro 1950, p. 57, 60; John F. Walvoord: Does the Church Fulfill Isral`s Program? (Bilbioteca Sacra, vol. 137, janeiro, 1980, p. 23-28; Kaiser Jr., op. cit. p. 303,307, 310).
[14] Cf. Kaiser Jr. op. cit. : Toward na Evangelical Theology (Baker, Grand Rapids/Michigan, 1981, pág. 193-195. Ex 23.6; Lv 19.18; Dt 4.1-19; 11.8-28, 30; Is 65.1-16; Jr 32.39; Ez 18.34,30; 36.23-32.
[15] Cf.: Gn 13.15, Keil Delitzsch, vol. 1 (Keil: The Pentateuch), p. 200.
[16] Is 11.15 e Is 11.11, cf.: Young, vol. 1, p. 394ss. e Leupold: Exposition of Isaiah (vol 2, Baker, Grand Rapids/Michigan, 1968, vol. 1, p. 223.
[17] Cf.: Is 11.15ss e o grande contexto também em 14.1-3. Young, op. cit. vol. 1, pág. 400 e 431ss.
[18] Cf. Is 11.11, Keli Delitzsch , op. cit. vol. 7 (Delitzsch Isaías, pág. 288 e Young , op. cit. vol. 1, pág. 394ss. .
[19] Contra isso Unger, Biblioteca Sacra vol. 10, pág. 440; Walvoord: The Abrahamic Convenant and Premillennialiam (Bibliotheca Sacra, vol 109, Juli, 1052, ág. 221; Wolf, op.cit. pág. 43.; Kaiser Jr. Biblioteca Sacra, vol 138, pág. 309, cf. Keil Delitzsch, vol 9 (Kail Ezekiel, Daniel, pág 425.
[20] Gerhard Delling: telos (Theological Dictionary of the New Testament); Wilch, op. cit., p. 19; Ernst Jenni: jom (THAT).
[21] Cf.: Wolff, op. cit.,p. 71-73; Lindsy, op. cit., p. 51; Harold ª Sever: Where is Modern Israel in Prophesy? (The Choren People, vol. 88, fevereiro, 1982, p. 9.
[22] Esdras 2.36-42; 2Cr 34.9; Rm 11.1 cf.: Lc 2.36. Cf.: William Hendriksen: Israel in Prophecy (Baker, Philadelphia/Penssylvania, 1968), p. 67-73; Raymund F. Surburg: Introduction to the Intertestamental Period (Concordia, St. Louis/Missouri, 1973, p. 41.
[23] Josephus: Judische Altetümer 13.318. Cf.: Bo Reicke: The New Testamento Era, übers v. David E. Green (Fortress, Philadelphia/Pennsylvania, 1968, p. 67-73; Raymund Surburg: Introduction to the Intertestamento Period (Concordia St. Louis, Missouri, 1975, p. 41.
[24] Mt. 19.28; Ap 7.4-8; 21.22; para Ap 7.8 confere R.C.H. Lenski: The Interpretation of St. Johns Revelation (Lutheran Book Concern, Columbus Ohio, 1935, p. 250-255.
[25] Cf.: Is 35.55; 12.1; 61.4; 65.21; Jl 3.18; Am 9.13. Unger Biblioteca Sacra, vol. 107, p. 58; Lindsey, op. cit., p. 50, 52.
[26] Cf.: Reicke, op. cit., p. 67-73; Martin Hengel: Judaismo e Hellenism (vol. 2, sobre John Bowden, SCM, London, 1974, vol. 1, p. 42-47.
[27] Kvarme, Hebrew Christian, vol. 55, p. 120. Cf.: Lenski, op. cit.., p. 359,568; Keil Delitzsch, vol 9, p. 413-416.
[28] Is 11.14; Jr 31.36-40; Mq 4.7. Cf.: Is 14.2; Jr 23.5-8; 32.37; Ez 34.14-16; 37.14,22-26; 38.16; 39.26; 40.1-3; Dn 12.2; Os 1.11; Am 9.11-15; So 3.20; Lc 1.32; At 15.16; Rm 11.26-29; Unger Biblioteca Sacra, vol. 106, p. 434-444. Unger Biblioteca Sacra, vol. 107, p. 52. Walvoord Biblioteca Sacra, vol. 109, p. 222. Wolff, op. cit., p. 44. Lindsey, op. cit., p. 50, 60-62. Milton B. Lindberg: The Jew and Modern Israel in the Light of Profhecy(übertarbeitet von arthur ªMacKinnev, Moody Chicago Illenois, 1973), p. 27,52; Farvell, op. cit., p. 16.
[29] Cf.: 1 Macabeus 3.41; 5.1-8,68; 10.83-89; Reicke: op. cit., p. 67-73; Hedriksen: op. cit., p. 21-27.
[30] Cf.: A. R. Hulst: am/goj (THAT), Ronald F. Clements: goj (Theological Dictionary of the Old Testamento; Keil Delitzsch, vol 8 (Keil: Jeremiah, Lamentations) p.. 41.
[31] Lindberg, op. cit., p. 83; Sevener: The Times of the Gentiles – Is Time Running Out? (The Chosen People, vol 87, fevereiro 1981), p. 6; cf: Hendriksen, p. 27; Lucas 21-24 aponta para a limitação no tempo das ações dos inimigos contra o povo judeu por povos gentilicos; Karl Heinrich Rengstort: Das Evangelium nach Lucas (NTI), vol. 3,16, editora Vandenloeck &Ruprecht, Göttingen, 1975, p. 237; Lenski: The Interpretation of St. Luke`s Gospel (Lutheran Book Concern, Columbus Ohio, 1934, p. 642.
[32] Contra isso Unger, Biblioteca Sacra, vol. 107, p. 61. Wolff, op. cit., p. 69. Lensey, op. cit., p. 51; Se o povo de Israel tivesse ficado na fé, na justiça e no servir a Deus, como Ez 34.37 e 40-48 o mostram, então as respectivas profecias teriam se cumprido após ao cativeiro babilônico. Por isso não ter sido o caso, estas promessas só se cumpriram em Cristo e a igreja cristã. Cf.: Keil/Delitzsch, vol. 9, p. 92, 127, 136-157, 144 e Rm 4.13.
[33] Cf.: Kvarme, Hebrew Christian, vol. 54, p. 119.
[34] Cf.: Wolff, op. cit., p. 69-85. Lindsey, op. cit., p. 42,48, 52-54, 62-77, 81, 109, 151-154, 156-170.
[35] Nota do tradutor: Este artigo foi escrito em 1982. Naquela época os acontecimentos políticos levavam os entusiastas a uma interpretação, a que está aí. Hoje, com novos ventos políticos os entusiastas interpretam diferente. Assim já houve, ao longo da história muitas interpretações. E há, entre os entusiastas, inúmeras interpretações de antes do milênio, no milênio, após o milênio, etc.
[36] Cf.: Bnedikt Otzen: gog/magog (Theological Dictionary of the Old Testamento), Keli Delitzsch, vol. 9, p. 158, 418, 423, 432-434.
[37] Cf.: Keil Delitzsch, vol. 9, 462ss; Leupold, Exposition of Daniel (Warthburg, Columbus?ohio, 1949), p. 510-524.
[38] Contra isso Lindberg, op. cit., p. 38; Lindsey, op. cit., p. 54, 62, 167; Erroll Huylse: The Restoration of Israel (2ª edição H. E. Walter, Worthing Sussex, 1971) p. 63, referente a Zacarias 12.10-14; 13.17; cf. Keil Delitzsch, vol 10, p 386-392, 396-400.
[39] Cf.: Lenski, Revelation, p. 216, 356. Keil Delitzsch, vol. 9, p. 406; contra Charles L. Feinberg: The State of Israel (Biblioteca Sacra, vol 112, outubro 1955, p. 319. Lindberg, op. cit., p.. 61, 85. Lindsey, op. cit., p. 110-112, 153, 162-166.
[40] Cf.: Lindberg: op. cit., p. 51; Sevener: How to Destroi Israel (The Chosen People, vol. 87, julho 1981, p. 9.
[41] Cf.: Sl 77.1; Dt 31.7,8; 1 Sm 12.22; 1 Rs 6.13; Is 54.10; Jr 20.11; 31.35-37; 33.25; 46.28. Lm 3.3; Am 9.8.
[42] Se refletirmos sobre as citações bíblicas, mencionadas na nota anterior e também At 1.8 e Rm 1.16, então a execução da ordem missionária é degenerada, se não se destinar também e principalmente aos judeus.
[43] WA, vol 18, pág. 606-629.