ESTUDOS – AGOSTO, SETEMBRO 2011 – RECIFE, PE
Pastor Juarez Borcarte
AS SETE IGREJAS DE APOCALIPSE
Apocalipse 2-3
“QUEM TEM OUVIDOS, OUÇA...”
Em Ap (Apocalipse) capítulos 2 e 3 temos as mensagens de Cristo às sete igrejas da Ásia: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. Sete é um número simbólico que indica totalidade, plenitude, algo completo. Estas cartas são, pois, palavras que o Espírito Santo diz às congregações cristãs de todos os tempos. Temos aí palavras de conforto, de repreensão, de correção e de orientação da parte de Jesus Cristo. Somos bem-aventurados quando lemos, ouvimos e guardamos as palavras deste livro profético (Ap 1.3). “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas”! Prestemos, pois, atenção!
1. MENSAGEM À IGREJA DE ÉFESO: VOLTAR AO PRIMEIRO AMOR – Ap 2.1-7
A) DESTINATÁRIO: “Ao anjo da igreja de Éfeso” – “Anjo” significa mensageiro. João Batista é chamado de anjo/mensageiro no Novo Testamento, “a voz que clama no deserto”. “O anjo pode ser uma referência ao pastor responsável pela igreja local, como também poderia ser uma espécie de guardião espiritual” (Bíblia de Estudo Conselheira Novo Testamento, SBB). Mas, como os anjos das igrejas têm falhas e os de Deus são santos...!
Éfeso – Era a capital da província da Ásia, a quarta maior cidade do Império Romano. Ali tinha o templo da deusa Ártemis (Diana), uma das sete maravilhas do mundo antigo (NTLH-Bíblia e Estudo SSB). “Éfeso é principal cidade da região e sede do culto de Ártemis (At 19.23). Cristãos sofriam pressões para adaptar a vida cristã a cultura pagã e a crenças misteriosas e gnósticas (semelhantes aos ensinos da “Nova Era”).
A Igreja de Éfeso – A igreja estava solidamente estabelecida. Ela apresenta uma história bem particular. O apóstolo Paulo passou alguns anos de seu ministério neste lugar (At 19.8-10) e depois escreveu para eles a Carta aos Efésios. Mais tarde, o apóstolo João foi morar em Éfeso, e de lá escreveu seu Evangelho e suas três Cartas Pastorais.” (Bíblia de Estudo Conselheira NT SBB).
B) COMO JESUS SE IDENTIFICA? Como aquele que “está segurando as sete estrelas na mão direita. Ou seja, ele segura, com sua mão principal, a mão direita, os pastores das sete igrejas do Ap – e os das igrejas cristãs locais de todos os tempos! Jesus também é aquele “que anda no meio dos candelabros de ouro”. Ou seja, ele está no meio das igrejas do Ap e das comunidades cristãs de todos os tempos.
Jesus Cristo, agora exaltado e Rei dos reis, está conosco todos os dias até à consumação do século: Mt 28.21. Não precisamos temer as forças do mau, as perseguições e nem a própria morte! Pois morrer no Senhor é vencer, é lucro e é incomparavelmente melhor do que os sofrimentos do tempo presente. Cristo está no controle de tudo, reina, nos sustém com sua destra fiel e nos guia mansamente! Por isso podemos confessar: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo...” (Sl 23.4). O Senhor Jesus continua o nosso Bom Pastor.
C) ELOGIOS: “Conheço as tuas obras” – É um saber onisciente! Confessamos com Pedro: “Senhor, tu sabes todas as coisas”! “Jesus acompanha e conhece cada igreja muito melhor do que os próprios membros, discerne nossas intenções e conhece os verdadeiros e falsos mestres” (Op. Cit.). Ele sabe como os cristãos efésios aguentaram o sofrimento, as perseguições, e reconhece o “labor” deles e a sua “perseverança”, sabe que não podem suportar os maus e que testaram aqueles que se diziam apóstolos no meio deles e os acharam mentirosos. Havia naquela época pregadores itinerantes que se intitulavam de “apóstolos de Jesus”. Eram falsos apóstolos. Importa conhecermos bem as palavras de Cristo e das Escrituras para “provar os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1 Jo 4.1).
Outra palavra de louvor: “Suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer” – A igreja sofreu pela causa do seu Senhor, talvez da parte dos falsos apóstolos e da idolatria reinante em Éfeso, como o culto à Ártemis. Os servos não são mais do que o seu Senhor. Se perseguiram o Senhor...!
É certo que “a palavra do Senhor permanece eternamente” (Is 40.7), mas isso não nos isenta de “batalhardes, diligentemente, pela fé (ensino cristão) que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3). Deus certamente cumprirá seus propósitos delineados na Bíblia, com ou sem a nossa cooperação – pois, se nós não cooperarmos, ele convocará outros colaboradores, como Jesus ensina na Parábola dos Lavradores Maus: Mt 21.33-46)! Mas, somos convocados à “guerra santa”, a combater o bom combate da fé, a defesa do ensino de Cristo.
1) Testamos os pregadores? Ou “engolimos” tudo de “olhos fechados”?
2) Que profecia Paulo havia feito ao se despedir dos bispos de Éfeso lá em Mileto, conforme At 20.28-32?
3) Somos fiéis nas provações e as suportamos com paciência e perseverança?
4) Quais as provações que enfrentamos hoje?
D) CRÍTICA: “Abandonaste o teu primeiro amor”! Talvez no seu zelo pela doutrina de Cristo, na sua ortodoxia, na luta contra os falsos profetas ou na caça incisiva de erros doutrinários, os cristãos efésios tenham, por isso, perdido “o primeiro amor”, aquele amor que tiverem no princípio, no começo da sua vida cristã, o amor a Deus e ao próximo. Já não andavam mais conforme 1 Co 13! Esfriaram no amor: Mt 24.12.
Eis o perigo das obras destituídas de amor compassivo, paciente e benigno! Cuidemos para não abandonar o “primeiro amor”, aquele amor que demonstramos no começo da nossa fé em Cristo e na família de Deus! Cuidemos para não esmorecer! Mesmo que eu reparta tudo o que tenho e entregue meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada sou: 1 Co 13.3.
1) Cultivamos o “primeiro amor”?
2) O que move nossas ações? Inveja, competição, partidarismo, ou corações misericordiosos, compassivos e benignos?
E) CHAMADO AO ARREPENDIMENTO, REPREENSÃO E MAIS UM ELOGIO: “Lembrem do quanto vocês caíram! Arrependam-se do seus pecados e façam o que faziam no princípio” – Arrepender-se significa voltar a Deus e à prática do “primeiro amor”! Deus nos amou quando ainda éramos inimigos e provou “o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós sendo nós ainda pecadores”: Rm 5.8. Este amor excede todos os limites e nos constrange! Somos chamados a corrigir a vida, tomar nova direção!
“Se não se arrependerem... tirarei o candelabro de vocês do lugar”. “Isso significa que a igreja vai deixar de existir se continuar assim, privilegiando o trabalho, o combate ao erro, o suportar sofrimentos, e não o amor – que por sinal é a mesma mensagem de 1 Co 13: uma igreja sem amor deixa de ser igreja” (Op Cit.). Morte espiritual! Quando o sal se torna insípido, para nada mais presta, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens: Mt 5.13. Jesus não está preso a uma igreja que abandona o amor dele! Ele não depende dela. Nós é que dependemos dele.
Como nos ensina na parábola dos lavradores maus, Jesus diz que Deus tira o seu reino das mãos dos servos possessivos e infiéis, neste caso os principais sacerdotes e fariseus, e o entrega a um povo que lhe produza os respectivos frutos: Mt 21.33-46. Israel deixou de ser povo de Deus. Pessoas chamadas de entre todas as nações são agora “povo de propriedade exclusiva de Deus” no Novo Testamento (1 Pe 2.9,10).
Mas, nada de queremos nos adonar da vinha do Senhor! Somo servos e não donos e senhores do povo de Cristo, da sua igreja, das congregações, das ovelhas que nos foram confiadas ao pastoreio! O rebanho pertence ao Supremo Pastor. Os líderes e pastores somos servos do Supremo e Bom Pastor Jesus.
Mas Jesus tem mais um elogio: Os cristãos de lá “odeiam as obras dos nicolaítas”, as quais Jesus também odeia. Somente Ap fala dos nicolaítas! Não se sabe quem eram eles. Provavelmente um grupo que promovia a idolatria e imoralidade (NTLH-Bíblia de Estudo, SSB), conforme podemos supor de Ap 2.14,15.
1) Como estas coisas acontecem hoje? E como nós reagimos?
2) Existe o risco de deixarmos de ser igreja de Cristo, nós, nossa congregação?
F) EXORTAÇÃO: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” – Ouvidos abertos e atentos! O Espírito Santo está dizendo isso a todas as sete igrejas de Ap e às comunidades cristãs de todos os tempos – para mim e para você. É palavra divina. Ap é escritura sagrada inspirada pelo Espírito Santo, palavra profética para ser lida nas igrejas, ouvida e guardada, a fim de sermos bem-aventurados (Ap 1.3).
1) Ouvimos com atenção e respeito a palavra de Deus na igreja, nos estudos bíblicos... e a praticamos?
2) Como demonstramos respeito?
G) PROMESSA GLORIOSA: “Fruto da árvore da vida” – O fruto foi vedado a Adão e Eva depois da queda no jardim do Édem: Gn 3.22-24 (NTLH-Bíblia de Estudo, SSB), mas Jesus o dará ao vencedor no novo céu e nova terra. O comer deste fruto dará vida para sempre, sem mais possibilidade de pecar e de morrer, eternamente! Perseveremos firmes!
Pastor Juarez Borcarte - Olinda,PE, 20 de agosto de 2011
2. MESAGEM À IGREJA DE ESMIRNA: “SÊ FIEL ATÉ À MORTE” – Ap 2.8-11
A) Esmirna – “A cidade de Esmirna, hoje Izmir, ficava junto ao mar Adriático, a uns 65 km do norte de Éfeso. (NTLH-Bíblia de Estudo, SBB). A cidade era um importante cruzamento de rotas comerciais, tanto terrestres como marítimas; cidade esplêndida, que recebeu o apelido de “a glória da Ásia”. Foi destruída várias vezes por terremotos e incêndios, mas sempre reerguida. É hoje a terceira maior cidade da Turquia, com aproximadamente 250 mil habitantes, e tem o maior porto de exportação da Turquia (KARNOPP, David - DK: Estudos Bíblicos de Apocalipse)
B) A igreja de Esmirna – “É possível que a igreja de Esmirna tenha sido fundada durante os dois anos e meio que Paulo passou em Éfeso (At 19.8-10). Essa igreja, assim como a de Filadélfia (3.7-13), não recebe nenhuma repreensão” (NTLH-Bíblia de Estudo SBB). A igreja era pequena e pobre. Sofreu perseguições, tanto da parte de judeus como de gentios. Um exemplo disso é a história de Policarpo, um dos “pais da igreja”, que tinha sido discípulo do apóstolo João e, mais tarde, bispo desta igreja. Policarpo foi morto no ano 155 d. C. porque, depois de 86 anos de fidelidade ao Senhor, negou-se a oferecer sacrifícios ao Imperador. Morreu queimado no estádio da cidade, servindo de espetáculo ao povo, mas não negou sua fé. (DK)
C) COMO JESUS SE IDENTIFICA? Como “o Primeiro e o Último, que morreu e tornou a viver” – Jesus é eterno. Morreu, mas ressuscitou. Vive para sempre. Ele é o libertador da morte. Podemos permanecer fiéis a Jesus até ao fim, nem que nos custe a própria vida. Jesus consola e também elogia a perseverança da igreja de Esmirna. Os sofrimentos dos cristãos da igreja possivelmente eram perseguições por causa da sua fé. Há consolo no fato de Jesus conhecer todos os nossos problemas e necessidades. Ele sofreu e morreu, mas ressuscitou vitoriosamente. A ressurreição de Jesus é a garantia da nossa ressurreição (Jo 14.19) e enche nosso viver de esperança, mesmo que tenhamos sofrimentos e morte pela frente. (DK)
A igreja de Esmirna era rica para com Deus, mesmo sendo pobre em bens matérias. Os cristãos foram exortados a permanecerem fiéis até à morte, isto é, nem que lhes custasse a própria vida! Jesus se identifica como aquele que já os precedeu: Ele morreu e tornou a viver pela sua gloriosa ressurreição. Não precisamos temer nada, nem mesmo a morte! Jesus é a ressurreição e a vida. Quem crê nele, ainda que morra, viverá (Jo 11). Cremos na ressurreição do corpo e na vida eterna! Podemos enfrentar qualquer situação adversa.
1) Que conforto e ânimo lhe trazem a mortre e a ressurreição do Cristo conforme 1 Co 15.20-26?
2) E o fato dele ser o Primeiro e o Último, aquele que vive pelos séculos dos séculos?
3) Contra todos aqueles que negam a ressurreição, o que nos diz Paulo em 1 Co 15.1-8?
D) O SENHOR É SOLIDÁRIO: “Eu sei o que vocês estão sofrendo... que são pobres, mas, de fato, são ricos. Sei como aqueles que afirmam ser judeus, mas não são, falam mal de vocês. Eles são um grupo que pertence a Satanás”.
Jesus não está alheio aos que sofrem por sua causa! Esmirna contava com uma colônia judaica importante, que usava sua influência para oprimir e perseguir os cristãos, acusando-os de estarem contra o governo central. Essa situação provocou o confisco de bens dos cristãos, o saque a seus negócios, seu conseqüente empobrecimento – e até martírio. Mesmo assim, a igreja na verdade era rica, fiel, perseverante.
Mesmo que os judeus se consideravam povo de Deus, mas, por sua oposição à igreja e a Cristo, são chamados de “sinagoga de Satanás”, igreja do diabo.
Mesmo sendo pobres em termos de bens materiais, Jesus diz que eles “de fato, são ricos”. Importante: “O cristão não precisa viver buscando a riqueza deste mundo, mas pode buscar os verdadeiros valores, o Reino de Cristo... Jesus já havia ensinado que é muito difícil um rico entrar no Reino de Deus (Lc 18.18-30).” (Bíblia de Estudo Conselheira, Novo Testamento, SBB).
Pobres, mas ricos! A pobreza material parece ter sido conseqüência das perseguições que os cristãos de Esmirna sofreram. É possível que o trabalho e o crédito no comércio lhes foram negados por serem cristãos. A igreja de Esmirna foi chamada de “a pobre igreja rica”, enquanto que a igreja de Laodicéia recebeu o título de “a rica igreja pobre”. Não é a riqueza do mundo que vale diante Deus, mas a riqueza da fidelidade a Cristo, da perseverança na fé. O tesouro mais valioso é o perdão de pecados e a graça em Jesus, o Salvador (DK).
1) O que esta igreja de Esmira, pobre materialmente mas rica espiritualmente, nos diz sobre a Teologia da Prosperidade?
2) Em que consiste a nossa verdadeira riqueza?
3) Quais os perigos do amor ao dinheiro?
4) O que evidencia o hábito de falar mal dos outros, como faziam os judeus com a igreja de Esmirna?
E) “Não tenham medo...” – Jesus avisa que alguns deles serão lançados em prisão, mas os anima para não terem medo dos sofrimentos. O Senhor anuncia sofrimentos que virão em breve, mas afirma a sua presença com eles. O diabo é o causador desses sofrimentos. Apesar das tentações, Cristo está ao nosso lado. (DK)
F) “O Diabo vai pôr na prisão alguns de vocês para que sejam provados e sofram durante dez dias” – Cinquenta anos depois da morte do apóstolo João, Policarpo, pastor da igreja de Esmirna, foi queimado vivo, aos 86 anos de idade, ao se recusar a adorar César. Também a grande comunidade judaica de lá era hostil à igreja.
Mas ”dez dias” significa um curto tempo de provações e perseguições, tempo delimitado pelo Senhor, que está no controle de tudo! Nem mesmo um pardal cai por terra sem o seu conhecimento e consentimento.
“Sejam provados” – Há diferença entre tentação e provação. Deus não tenta ninguém. O diabo tenta para o mal, para enganar e destruir. Mas Deus, quando permite males, prova a nossa fé, testa a mesma, não para destruí-la, mas para fortalecê-la (Rm 8.28). Como reagimos nós quando somos provados? (DK)
Ser provado na fé aqui envolve perdas materiais, e nos lembra situações semelhante em 2 Co 8.2 e Hb 10.30. Mas temos o tesouro do céu, nossa verdadeira riqueza: Mt 6.2; 19.21; Lc 12.21. (LINDEN, Prof. Gerson Luiz: EXEGESE DE APOCALIPSE, Escola Superior de Teologia, São Leopoldo, RS)
Não nos esqueçamos que por trás das perseguições que o mundo pagão lança contra os cristãos está o próprio Satanás. (Prof. Linden)
G) “Sejam fiéis... lhes darei a vida” – O Senhor cumpre suas promessas e está ao lado dos que sofrem por causa do seu nome. Ele os encoraja, dizendo: “Sê fiel até à morte”. Mesmo que venham sofrimentos, inclusive a morte de mártir, o cristão nunca perderá. Jesus lhe dará a coroa da vida. O apóstolo Paulo afirma que “o morrer é lucro”. Os sofrimentos do tempo presente são incomparáveis com as glórias futuras.
A “coroa da vida” (Tradução Almeida Revista Atualizada SBB) é a coroa da vida eterna, da vitória que temos em Cristo. Lembra a coroa de louros que os atletas vencedores recebiam nas vitórias olímpicas. Mas a coroa da vida eterna é sumamente superior! A tradução mais literal é: “a coroa, que é vida”. (Prof. Linden)
H) E o que é “a segunda morte”? É a que segue a primeira; mas, esta é a morte espiritual ou física? O vencedor não sofrerá dano da segunda morte, a condenação no lago que arde com fogo e enxofre: Ap 20.14; 21.8. Em Ap, as pessoas lançadas no lago de fogo serão atormentadas de dia e de noite, sem descanso, pelos séculos dos séculos. Em Mateus 25, no Juízo Final Jesus lançará os ímpios no “fogo eterno”, o ”castigo eterno”. Graças a Deus que “agora... já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Não nos afastemos do Salvador por nada deste mundo! Permaneçamos na sua palavra. Conheceremos a verdade – não a mentira ou engano. Esta verdade nos trará libertação eterna (Jo 8.31,32). Sejamos fiéis até o fim!
Pastor Juarez Borcarte - Olinda, PE, 27 de setembro de 2011
3. MENSAGEM À IGREJA DE PÉRGAMO: “NÃO NEGASTE A MINHA FÉ” – Ap 2.12-17
A) “Pérgamo” – Era uma importante cidade da província romana da Ásia e um lugar que se destacava pelo culto ao Imperador romano. O primeiro templo em homenagem ao Imperador foi construído ali no ano 29 a. C.! Era um lugar bastante perigoso para os cristãos, pois as pessoas eram forçadas a adorar o Imperador (Bíblia de Estudo NT Conselheira SSB).
Pérgamo ficava a uns 80 quilômetros ao norte de Éfeso, e hoje se chama Bergama, com 15.000 habitantes. Era uma das mais importantes cidades da região da Ásia nos dias do apóstolo João. Foi notável como centro de artes e literatura. Ali foi inventado o pergaminho, couro de cabrito, que era trabalhado de tal maneira que podia ser usado como material para escrever, superior ao papiro usado normalmente até então. Livros da Bíblia foram escritos em pergaminho. Pérgamo também possuía uma grande biblioteca, com cerca de 200.000 volumes. Era centro de culto a muitos deuses e ao Imperdaor. Era muito notável também por sua superstição, seu culto à deusa Vênus e ao deus Esculápio, o deus da magia e da medicina. Pérgamo era famosa por sua escola de medicina. O culto ao Imperador trouxe conflitos e perseguições aos cristãos. (DK)
B) A igreja de Pérgamo – Ela se mantinha firme, apesar da pressão externa. Antipas, fiel testemunha de Cristo, foi morto por causa da sua fé. Entretanto, alguns dos seus membros haviam abraçado doutrinas falsas. Antigas práticas pagãs estavam se infiltrando. Ou eles se arrependiam ou teriam o próprio Jesus lutando contra eles. (DK)
C) “Trono de Satanás” – Além do templo dedicado para culto ao Imperador, “trono de Satanás” pode ser uma referência ao imenso altar dedicado a Zeus nesta cidade, numa acrópole no alto de uma montanha, visível da cidade. Além disso, Pérgamo atraía muitos visitantes que vinham em busca de tratamento médico ligado ao templo de Esculápio, o deus da cura. Pérgamo podia ser descrita como a Lourdes dos tempos antigos. Era, pois, um lugar de peregrinação. O “trono de Satanás” pode ser uma referência a qualquer um desses deuses, ou a todos eles (Manual Bíblico SBB).
No Novo Testamento, “trono” sempre é um assento oficial, de juiz, de rei, ou de Deus e de Cristo, conforme Mt 5.34; 15.31 (Prof. Linden), ou de Satanás, como aqui em Ap.
D) “Espada afiada de dois lados” – É a palavra que sai da boca de Jesus, que salva e consola os que crêem, mas que julgará os incrédulos, os ímpios que não se arrependem e que promovem o erro e o engano (Ap 1.16; Hb 4.12; Ef 6.17). Aquele que rejeita a palavra de Deus será julgado e condenado por esta mesma palavra. A palavra de Deus é defesa e salvação para o crente, mas juízo e condenação para o incrédulo e impenitente. Ela é manejada para consolar, mas também para mostrar o erro e combatê-lo. Ela é palavra de lei e evangelho. (DK)
E) “Não abandonaram a fé” – Apesar de cercados de falsos deuses, os cristãos de Pérgamo não se desviaram da fé. Vale lembrar que a maioria dos cristãos de Pérgamo veio do paganismo e era tentada a voltar às antigas práticas pagãs. É interessante notar que os cristãos dali suportaram fortes perseguições e não negaram sua fé. (DK)
F) “Balaão... Balaque... povo de Israel” – Ver Nm 22-25; Nm 31.16; Dt 23.4; 2 Pe 2.15-15; Jd 11: Balaque, rei de Moabe, pediu que Balaão amaldiçoasse o povo de Israel. Mas, em vez de amaldiçoar, sem o querer, Balaão abençoou o povo – por ação de Deus! A doutrina de Balaão defendia a idéia de que os cristãos, além de praticarem a sua própria fé, também podiam participar, sem problemas, dos cultos aos deuses pagãos. (DK) Mas, há muitas coisas que não nos convêm!
G) “Alimentos oferecidos a ídolos” – Conferir 1 Co 8. Trata-se aqui o que era comido no templo do ídolo – o evento em si, não o cardápio (Manual Bíblico SBB). Podemos comer carne de um frango preto, sadio, oferecido em um ritual de macumba nem determinada esquina? Se sim, isso não escandalizaria o fraco na fé (Rm 14 e 15)?
H) “Cometer imoralidade” é “cometer prostituição” conforme o texto original grego, também figura de idolatria na Bíblia: Êx 32.6; 34.15-16; Is 1.21; Ez 16.24; Os 1.2; 1 Co 10.7-9; Ap 14.4-8; 12.2; 18.3. O carnaval hoje oferece tentação? É bom lembrar que idolatria e prostituição sempre andam de mãos dadas na Bíblia, entre os povos, tanto que idolatria se tornou sinônimo de prostituição espiritual, infidelidade a Deus, apostasia!
I) “Nicolaítas” – Com associação a Balaão e Balaque, parece indicar um grupo que conduzia membros da igreja à prostituição e idolatria. No mais, nada mais se sabe a respeito deles. Falsas doutrinas, erros e enganos, se infiltravam na igreja, e “um pouco de fermento leveda a massa toda” (Gl 5.9). (DK)
J) “Maná” – Era o pão do céu oferecido por Deus ao povo de Israel durante os quarenta anos de pergrinação no deserto à Terra Prometida (Êx 16). Por ordem de Deus, dois litros de maná foram colocados numa vasilha e guardados na Arca da Aliança: Ex 16.14,15, 32,34; Hb 9.4. Acreditava-se que, quando o Templo de Jerusalém foi destruído em 586 a. C., o profeta Jeremias teria escondido essa vasilha numa caverna, onde ela ficaria até a vinda do Messias. Aí Deus novamente daria o maná a seu povo. O maná é figura da vida eterna. Jesus é o pão da vida, o verdadeiro maná que o Pai nos dá do céu e que sacia para sempre, o pão vivo enviado para dar vida ao mundo: Jo 6.31-35, 48-51, 58). É o alimento do reino celestial!
Cristo é o maná em sua plenitude (Prof. Linden), o pão que sacia eternamente (Jo 6.33). Mas este maná está agora escondido, oculto ao mundo ímpio, revelado somente aos que crêem em Cristo, cujas vidas também estão ocultas com Cristo.
L) “Pedra branca” – Nos tribunais, uma pedra branca indicava a absolvição do réu, mas a pedra preta, a sua condenação. Uma pedra branca também era dada ao vencedor nos jogos olímpicos. Portanto, a pedra branca pode ser a credencial da vitória que Jesus dará ao vencedor e que lhe proferirá sentença favorável, o bilhete de ingresso no Reino celestial (Bíblia Sagrada, Editora Paulinas). Pedras brancas também eram usadas como bilhetes de entrada em festivais públicos. Quando os reis antigos davam uma festa, seus convidados recebiam uma pedra branca, geralmente um diamante, que lhes dava o direito de entrarem na festa. Assim também os vencedores em Cristo receberão “uma pedra branca” como sinal da sua vitória, para terem acesso às bodas celestes. O branco é a cor simbólica da vitória (DK), também da pureza.
M) “Novo nome” – No novo céu e nova terra tudo será novo. O nome indica a pessoa inteira. Um novo nome indica um novo caráter, um segredo entre a pessoa e Deus. Veja Is 62.2; 65.15. Designa a renovação interior: Is 1.26ss. Nova criação! Talvez tenhamos até, literalmente, um novo nome! O nome inscrito na pedrinha branca é o nome dos eleitos de Deus (Is 62.l-4; Rm 8.24-25; Ef 3.14-19).
Pastor Juarez Borcarte - Olinda, PE, 27 de setembro de 2011
4. MENSAGEM À IGREJA DE TIATIRA: “CONSERVAI O QUE TENDES” – Ap 2.18-29
A) Tiatira – Das sete cidades das sete igrejas de Ap 2 e 3, Tiatira era a cidade menos importante. Era pequena, mas famosa por seus produtos manufaturados e por sua arte de tingir com púrpura e também pela forja do bronze. Hoje, conta com aproximadamente 50.000 habitantes (DK). Tiatira tinha associações comerciais bem influentes. Para pertencer da vida econômica era necessário tomar parte destas associações e também das suas reuniões e festas nos templos pagãos. Neste contexto aparece a falsa profetisa na igreja de Tiatira, apelidada de Jezabel (Bíblia de Estudo NT Conselheira SBB). A cidade hoje não passa de uma modesta aldeia chamada Akhisor.
B) A igreja de Tiatira – Além desta carta, não há outras informações sobre a igreja de Tiatira. Provavelmente foi fundada pelo apóstolo Paulo (Atos 16.14-15). Hoje ainda existem alguns cristãos lá. A igreja de menor tamanho recebe a carta mais extensa. Lídia, a vendedora de púrpura, era de Tiatira (At 16.14). A igreja se destaca por receber muitos elogios do Senhor, ao mesmo tempo em que é severamente repreedida (NTLH Bíblia de Estudo SSB).
C) Como Jesus se apresenta? Como “Filho de Deus”, com “olhos como chama de fogo”, faiscantes, penetrantes, e com “pés brilhantes como de bronze polido”, ou metal (DK), pés fortes – não frágeis pés de barro, pés prontos para pisar os inimigos da igreja cristã. Jesus nos é refúgio e fortaleza, castelo forte inabalável! O bronze polido lembra que em Tiatira havia uma famosa associação de trabalhadores do bronze. Cristo contextualiza sua mensagem.
D) As boas obras da igreja de Tiatira – Jesus as conhece. Os cristãos continuavam a crescer. Em todas as cartas às sete igrejas ocorre sempre a mesma expressão: “Conheço”! Jesus é o único que pode falar desta forma, pois, sendo Deus, sabe todas as coisas, conhece tudo. Jesus jamais se deixa enganar pelas aparências (DK). Mas, Jesus tem um recado para os cristãos de Tiatira e para nós também. Acusa um grupo de praticar prostituição e idolatria. E aqui entra Jezabel.
E) Jezabel – Quando os cristãos de Tiatira estavam reunidos em seu local de culto, tudo estava bem. Porém, as coisas passavam a ser diferentes quando eles se encontravam com amigos para conversar e trocar idéias. Nesses encontros é que estava o problema. Nessas ocasiões entrava em cena Jezabel. Era uma mulher de destaque na congregação. Ela é apelida de Jezabel por causa das suas atitudes semelhantes às de Jezabel do Antigo Testamento, a esposa do Rei Acabe (1 Rs 16ss), que foi a grande responsável pela infidelidade do povo de Israel a Deus, ensinando às pessoas a adorarem o deus Baal e a praticarem prostituição. Ela foi inimiga do profeta Elias. Enquanto Elias queria reconduzir as pessoas a Deus, Jezabel se esforçava em desviá-las. Enquanto o pastor da igreja se esforçava para manter as pessoas no caminho da fé verdadeira, Jezabel seduzia as pessoas à morte (Ap.2.20), à apostasia de Deus. (DK)
É possível que essa Jezabel tivesse reunido seus adeptos em pequenos grupos para ensinar-lhes suas heresia, envenenando a congregação. Jezabel tinha liberdade para ensinar. Ninguém a procurava impedir. O erro dos cristãos de Tiatira foi tolerar essa mulher. Este também pode ser o nosso erro. Os pastores procuram ensinar os caminhos de Deus nos templos, mas, lá fora, Jezabel seduz a muitos. Deus, em sua longanimidade, deu tempo para Jezabel se arrepender, mas ela não aproveitou a oportunidade. Deus então disse que “a jogarei numa cama”. Seu local de prostituição se converteria em leito do juízo de Deus sobre ela e seus companheiros de pecado. “Matarei os seguidores” mostra a ira de Deus e sua decisão irrevogável (DK).
F) “As coisas profundas de Satanás” – Jezabel e seus seguidores estavam decididos a investigar as coisas profundas de Satanás e praticá-las. A minoria não aceitou a doutrina e as atitudes de Jezabel. Cabe ao cristão verdadeiro conservar firme a sua fé em Jesus e reter com firmeza a verdade do evangelho. (DK)
G) O “vencedor” é aquele que confia no Salvador Jesus e faz a vontade de Deus. Fé e obras andam lado a lado. Pois, fé sem obras é fé morta.
H) “Darei autoridade sobre as nações” – O que será isso? O Sl 2.8-9 fala que o Messias, Cristo, regerá as nações com cetro de ferro. Não as guiará a pastos verdejantes (Sl 23)! O cajado da mansidão dá lugar ao cetro de ferro. O Bom Pastor também é Rei e Juiz. Os vencedores tomarão parte do seu julgamento das nações. (DK)
I) “Estrela da manhã” – Em Ap 22.16, Jesus mesmo se autodenomina a “brilhante estrela da manhã”. Ou seja, ao cristão fiel, Jesus compartilhará sua glória. (DK)
Para reflexão: Será que as nossas aparências também enganam? Será que não temos nenhuma Jezabel entre nós, ensinando nos pequenos grupos e encontros de amigos? Às vezes, as pessoas falam, ensinam e aconselham coisas estranhas: simpatia, leitura de horóscopos, visita a um curandeiro ou milagreiro, amor livre, etc. Talvez a nossa maior Jezabel seja a TV. Quando ela fala, todo mundo cala, ouve e aprende. Ela impõe costumes, ensina outra maneira de viver. Por causa dela, muitos deixam de confiar naquilo que a Bíblia ensina. Sexo e casamento já não são mais vividos de acordo com a vontade do Senhor. A TV Jezabel persegue aqueles que defendem os ensinamentos do Senhor. (DK)
Pastor Juarez Borcarte - Olinda, PE, setembro 2011
5. MENSAGEM À IGREJA DE SARDES: “ESTÁS MORTO” – Ap 3.1-6
A) Sardes – “Esta cidade era conhecida pelo seu culto dedicado à deusa Cibele, que incluía danças, orgias e mutilação do corpo. As pessoas ali levavam uma vida leviana e luxuriosa” (Bíblia Conselheira NT SBB). Sardes era notável pela sua imoralidade; e o efeito disso sobre a igreja cristã dali era que “... somente umas poucas pessoas... não contaminaram as suas vestiduras” (v. 4). A cidade também era famosa por sua indústria de tinturaria de lãs: por conseguinte, Cristo promete aos vencedores que andariam em sua companhia... “de vestimentas brancas” (vide 3.4,5) (Gundry, Robert H.: Panorama do Novo Testamento, Ed. Vida Nova, p. 417).
Sardes era a capital do antigo império da Lídia. Cidade muito rica. Tinha ouro. Era uma cidade-fortaleza, quase impenetrável. Sob o domínio romano, não teve a mesma supremacia que anteriormente. Apesar da defesa natural do local onde estava edificada, de difícil acesso, foi conquistada duas vezes, em 549 a. C., por Ciro, da Pérsia, e em 218 a.C., por Alexandre Magno (Novo Dicionário da Bíblia, III: 1439, Vida Nova). Seu povo era orgulhoso sobre o passado, mas devia aprender mais para o presente (LINDEN, Gerson Luiz: EXEGESE DE APOCALIPSE, Escola Superior de Teologia, São Leopoldo, RS).
B) A igreja de Sardes – O Prof. Linden comente que “aqui, diferente de outras Igrejas (Pérgamo, Tiatira), a Congregação como um todo estava com sérios problemas espirituais; estava praticamente morta! A fé estava se apagando. Esta é a pior situação de todas as sete Igrejas.”
C) Jesus se apresenta como “aquele que tem os sete espíritos de Deus”. “Sete” significa plenitude. Jesus tem o Espírito Santo em sua plenitude, totalidade. A expressão “sete espíritos de Deus” parece, pois, se referir ao próprio Espírito Santo. A Bíblia de Jerusalém, numa nota, porém, diz que são “sete anjos”! Mas, em Ap 1.4-6, “sete espíritos” é usado juntamente com Deus Pai e seu Filho Jesus Cristo, perfazendo a Trindade, o que dá a entender que “sete espíritos” signifique o próprio Espírito Santo.
O prof. Gerson Luiz Linden interpreta “os sete Espíritos de Deus" como uma referência ao Espírito Santo (cf. 1.4), e comenta: “Para uma Igreja que está morrendo, Jesus se apresenta como Aquele que tem (e envia) o Espírito Santo. Ele é o ‘Espírito da vida’ (Rm 8.2), o ‘Senhor e Doador da vida’ (Credo Niceno). Ele confere vida pelo evangelho; regenera e renova pelo Batismo (Tt 3.5).”
Jesus também tem as “sete estrelas”, isto é, ele tem todos os ministros do evangelho em suas mãos, os pastores, os mensageiros das boas novas (1.20) (Bíblia de Estudo NT Conselheira SBB).
D) “Eu sei o que vocês estão fazendo” – Jesus nos conhece muito bem, melhor do que nós mesmos (Bíblia de Estudo Conselheira NT SBB).
E) “Dizem que estão vivos” – Dizem! Pensam que estão vivos, que estão bem, mas... Puro engano! Esta igreja tem fama de se considerar cheia de vida, bastante animada ou avivada (Op. Cit.), mas, “de fato estão mortos”. Aos olhos humanos, viva; aos olhos do Senhor, morta! Ela se havia acomodado à cultura local e perdido a sua identidade (Op. Cit.). Quando podemos incorrer no mesmo engano hoje?
F) “Acordem!” – Deviam abrir os olhos. É como se Jesus dissesse: “Vocês não estão vendo o que acontece!” A cidade era cercada de montanhas. Isso lhes dava segurança – uma segurança preguiçosa, sem vigilância! A igreja de Sardes também não sofria perseguições, nem heresias, nem oposição dos judeus. Parece que tudo isso trouxe acomodação espiritual (Op. Cit.). Pensavam que estavam de pé, firmes, e não cuidavam para não cair – o que já revela fé vacilante, no mínimo! Quando a pessoa já não mais se preocupa em cair...! Cuidado!
G) “Eu os atacarei de surpresa, como um ladrão”: Mt 24.43-44; Lc 12.39-40; Ap 16.15. “A aparentemente inatingível fortaleza de Sardes foi capturada de surpresa duas vezes em tempos de guerra, provavelmente de noite. Cristo adverte que a igreja será pega de surpresa, como ladrão, se não se arrepender” (Bíblia de Genebra SBB). "Virei como ladrão" é uma referência às investidas de Ciro e Alexandre, que vieram por pontos desguarnecidos e conquistaram a cidade. Houve também um terremoto, em 17 A.D., que destruiu parcialmente a cidade. (Prof. Linden)
H) “Fortaleçam aquilo que ainda está vivo” – A igreja está caminhando para a morte, mas ainda há um resto de vida – todavia também ameaçado! A minoria não se havia contaminado, mas estava sendo sufocada. A minoria era o caminho para a restauração – não a maioria! Sempre somos tentados ir pela maioria, não é mesmo? Mas... Aqui em Sardes, em vez de ser combatida, a minoria deve ser consolidada e fortalecida (Bíblia de Estudo Conselheira NT SBB).
"Fortalece" significa colocar sobre um fundamento sólido! Este verbo é usado em At 18.23; Rm 1.11; 16.25; 1 Ts 3.2 em referência à obra de "confirmar" alguém com o evangelho. É a proclamação do evangelho por parte de um apóstolo ou outro ministro da palavra, para fortalecer a Igreja na fé verdadeira. (Prof. Linden)
A palavra do evangelho, “a palavra da graça” (At 20), a “palavra do Senhor” que “permanece eternamente” (Is 40), é a nossa fortaleza e com ela Deus edifica a congregação cristã contra a ruína e perdição! Não podemos nos privar de ensinar a guardar todas as coisas que Jesus ordenou (Mt 28.20), de anunciar “todo o designo de Deus” (At 20.27)!
As leituras bíblicas do Ano Eclesiástico nos cultos são cuidadosamente escolhidas para abarcarem ”todo o designo de Deus”! Isso evita que ensinemos apenas o que nós gostamos ou achamos melhor. Jesus pede que ensinemos a guardar todas as coisas que ele nos ordenou.
I) "O resto" (Bíblia AR, SBB) – São as coisas que estão para morrer (pessoas e/ou instituições). Mas aí há um sinal de esperança. Deus preserva para si um "remanescente fiel" (Prof. Linden), como fez no AT, para trazer o Messias ao mundo! A igreja de Cristo pode ser reduzida a um “pequenino rebanho”, e pode até deixar de existir em determinada localidade geográfica, mas jamais será destruída em sua totalidade e universalidade, e isso por causa da promessa de Cristo edificar a sua igreja e as portas do inferno não prevalecerem contra ela (Mt 16). Esta promessa nos encoraja a enfrentarmos toda e qualquer situação, mesmo que tudo aponte e caminhe em sentido contrário!
O "remanescente fiel", “o resto”, sempre existe onde os meios da graça são administrados. Note-se que este “resto” vivia numa Congregação que estava morrendo. Eram desafiados na fé não só no contato com a sociedade pagã, mas com seus próprios "irmãos". (Prof. Linden)
J) Completas" – A palavra grega correspondente traz consigo um conceito forte no NT. As obras só são realmente completas quando operadas pelo Espírito da vida. (Prof. Linden)
L) “Lembre do que aprenderam e ouviram” – Para a consolidação e fortalecimento, os membros da igreja precisam voltar para o evangelho da graça, para palavra de Deus, para o seu ensino, lembrar-se de como aprenderam e ouviram. Isso lembra Paulo exortando o pastor Timóteo a permanecer naquilo que aprendeu e nos faz recordar a exortação da Epístola aos Hebreus pra os cristãos hebreus voltarem aos “princípios elementares” da fé cristã. A vida da fé depende disso. A palavra da graça tem poder para nos edificar (At 20.32). A igreja sempre precisa desta força que avive e reforma a mesma.
M) "Recebeste e ouviste” – Mostra o Indicativo da graça, antes do Imperativo "evangélico". "Recebeste": no tempo Perfeito no grego, ação que continua manifestando seu valor; a fé como algo confiado a nós (o receber: Mt 25.20ss; 1 Co 4.7). "Ouviste": Aoristo no grego, a fé (que vem pelo ouvir) como algo que ocorreu historicamente, pelo ouvir do evangelho: Rm 10.17; 1 Ts 1.5s; 2.13). (Prof. Linden)
N) “Se arrependam” – Em vez de erguerem os olhos com altivez, abaixarem a cabeça em humildade, reconhecerem o erro e mudarem de conduta. Pois Deus resiste aos soberbos, mas exalta os humildes.
O) “Roupas brancas” – Símbolo de pureza e também de vitória: v. 18, 44; 6.11; 7.9,13; 15.6; 19.14. As vestes brancas talvez façam referência ao principal comércio da cidade: vestes de lã e tinturaria. São as vestes da salvação - a justiça de Cristo recebida no Batismo (Gl 3.27). O branco denota: a) festividade (Ec 9.8); b) vitória (2 Macabeus 11.8); c) pureza (Ap 7.9ss); d) o estado celestial (Dn 7.9; Ap 4.4; 6.11). ( Prof. Linden)
P) "Dignos" – É atributo dos cristãos (Lc 20.35; Ef 4.1; Fp 1.27), enquanto ligados a Cristo, que nos dá sua dignidade (Prof. Linden).
Q) "Confessarei" – Lembra a promessa de Jesus, ainda em seu ministério terreno: Mt 10.32; Lc 12.8. Confessar significa tanto reconhecer publicamente o pecado, como (no AT) louvar e agradecer a Deus. De qualquer forma, lembra uma afirmação pública. (Prof. Linden)
R) “Livro da Vida” – Lista dos nomes de todos aqueles que pertencem ao povo de Deus: Ex 32.32,33; Sl 69.28; Ap 20.12; 21.27; Dn 12.1; Lc 10.20; Fp 4.3; Hb 12.25. Livro do Senhor, no céu!
APLICAÇÃO À IELB – PELO PROF. GERSON LUIZ LINDEN
1. A triste realidade de locais onde a fé está morrendo. Tanta preocupação com outras coisas, mundanismo invadindo a igreja, com a conseqüente desatenção dada à Palavra de Deus.
2. O remanescente fiel - não desprezemos nenhuma Congregação - o evangelho produz resultado: conversão, fé, crescimento – mesmo que não o vejamos.
3. Na auto-designação de Jesus está a resposta para os problemas da Igreja: o Espírito Santo, o Doador da vida, que vem a nós em Palavra e Sacramentos; o Ministério da Palavra, como instrumento para a administração dos Meios da graça.
Pastor Juarez Borcarte - Olinda, PE, 10 de outubro de 2011
6. MENSAGEM À IGREJA DE FILADÉLFIA: “GUARDA O QUE TENS” – Ap 3.7-13
A) Filadélfia – Foi fundada por Eumenes, rei de Pérgamo, no séc. II a. C.. Situada no limiar de uma terra muito fértil, era propícia para agricultura. Tinha grande prosperidade comercial. Era um importante centro comercial, portanto. Estava também sujeita a freqüentes terremotos. Em 17 d. C., um terremoto destruiu a cidade. Havia grande número de templos e diversas festividades religiosas (Prof. Linden). Praticava-se culto ao deus Dionísio. Filadélfia significa “amor fraternal”.
B) A igreja de Filadélfia – Não há nenhuma palavra de censura para esta Igreja. Só elogios. Uma igreja fiel! O pecado dos membros da Congregação não comprometia a vida da Congregação como um todo. Neste sentido, era exemplo para todas as demais igrejas (Prof. Linden). O principal problema da igreja era a perseguição dos judeus que se opunham ao evangelho. A igreja era “fraca” e com “pouca força” em termos de recursos terrenos, mas rica em questões espirituais, fiel à Palavra de Deus, fiel a Cristo em meio às adversidades, constante e paciente. Jesus lhe assegura a sua proteção na hora da provação que virá sobre o mundo inteiro e anima a igreja a ser fiel, a permanecer firme (Bíblia de Estudo NT Conselheira SBB).
C) Como Jesus se intitula? Como "Santo", um título divino, “o Santo de Deus” (Mc 1.24; Jo 6.69; At 4.27,30). Como "Verdadeiro", Genuíno, Aquele que é a Verdade e que revela a verdade. Nele se pode confiar e ele dá acesso ao reino messiânico. Ele combina com o caráter fiel da Igreja de Filadélfia e contrasta com os falsos judeus. Jesus também se identifica como aquele que tem as "chaves", sinal de autoridade (chaves de Davi - Is 22.22 - autoridade e estabilidade). Em Is 22.22, as chaves foram dadas a Eliaquim. Assim Deus confere as chaves a seus instrumentos humanos, para que sejam usadas já no tempo da graça (Mt 16.19). (Prof. Linden)
“A chave que pertence a Davi” – Is 22.22 fala da chave que abria o palácio de Davi. Jesus, o Messias, é descendente do rei Davi (Ap 5.5; 22.16; ver At 2.30). Jesus tem a chave que abre e fecha a porta da vida eterna. (Prof. Linden)
D) “Uma porta aberta” – A metáfora da "porta aberta" é conhecida: At 14.27 (porta da fé); 1 Co 16.9; 2 Co 2.12; Cl 4.3 (a porta da proclamação da Palavra). É provavelmente esta última que está em vista. Oportunidades missionárias são dádivas de Deus. Tais "portas”, antes de serem obrigação, são oportunidade e privilégio que o Senhor nos dá para participarmos na Sua missão. "Pouco poder" – talvez pouca influência dos membros na sociedade, por serem pobres e simples. (Prof. Linden)
E) “Sinagoga de Satanás – Também aqui, como em Esmirna (2.9), haviam judeus que causavam problemas à proclamação do evangelho. A mentira dos que se diziam judeus contrasta com o caráter genuíno de Jesus, conforme sua apresentação no início da carta (Prof. Linden).
F) "Prostrar-se-ão" – Nos profetas do AT é dito que as nações hão de se prostrar diante do povo de Deus e da cidade de Jerusalém, ao reconhecerem que o Deus verdadeiro se revelou ali - Is 45.14; 49.23; 60.14; Zc 8.20,23. O interessante é que a promessa feita a Israel cumpre-se na Igreja de Cristo! Os judeus não são mais o povo de Deus, mas fazem parte das nações. Este “prostrar-se-ão” provavelmente tem o sentido de que as nações, reconhecendo em Cristo a salvação, buscarão no seu povo o evangelho. (Prof. Linden)
G) "Palavra da minha paciência" – Parece ser melhor do que "perseverança”; ou seja, trata-se de um genitivo subjetivo (Deus é o autor da paciência - Ele é paciente), não objetivo (perseverança em Deus). É a paciência de Deus em Cristo - 2 Ts 3.5; Hb 12.2.(Prof. Linden)
H) "Hora da provação" – Pode ser uma referência às perseguições sofridas pelos cristãos no tempo do imperador Trajano (98 A.D.), figura da provação final. A hora da provação é sobre o mundo inteiro, mas não causa destruição à Igreja de Cristo. É de fato uma prova, pela qual a Igreja é edificada ao permanecer firme na Palavra (recebendo perseverança da perseverança de Cristo). (Prof. Linden)
I) “Venho logo! Segura o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” – A provação não é interminável. A Parousia, a Vinda, é o limite. Sabendo de sua proximidade, a Igreja encontra forças para suportar, guardar os ensinamentos de Cristo (v. 8), a fidelidade e a paciência no sofrimento (v.10). "Coroa" – cf. 2.10, símbolo de vitória e festividade, pela salvação em Cristo.
J) "Coluna no templo" – Símbolo de estabilidade, em contraste com a fragilidade da cidade de Filadélfia, várias vezes sacudida por terremotos. “Coluna” – Os apóstolos eram reputados colunas da igreja de Cristo, também a própria igreja do Deus vivo: Gl 2.9; 1 Tm 3.15. "De maneira nenhuma sairá" – É a confirmação final na perfeição, de onde será impossível cair.
L) "Nomes" – O nome de Deus, já na Bênção Araônica (Nm, 6.27), era colocado sobre o povo, numa prova de que era o povo exclusivo de Deus e que ele o abençoaria. “Nome” é, pois, símbolo da pertença a Deus (Bíblia de Estudo Almeida RA, SBB).
APLICAÇÃO PARA A IELB – PROF. LINDEN:
Não raras vezes deixamos que pequenos números nos assustem e causem desânimo. É importante, então, lembrar que Deus exige de nós, acima de tudo, fidelidade à sua palavra e confiança na sua graça e paciência.
A porta aberta é uma realidade muito presente também para nós hoje, para quem Deus tem dado muitas oportunidades de proclamação do evangelho.
Juarez Borcarte - Olinda, PE, 28 de setembro 2011
7. MENSAGEM À IGREJA DE LAODICÉIA: “ÉS MORNO” – Ap 3.14-22
A) Laodicéia – Era uma das cidades mais ricas de toda Ásia e o centro bancário mais importante da época, onde também eram fabricadas moedas. Ficava a 160 km a leste de Éfeso (NTLH-Bíblia de Estudo SBB). Muitos judeus viviam lá. A cidade era famosa por sua escola de medicina, especializada em doenças dos olhos. Lá foi descoberto um pó que era usado como colírio para os olhos. Perto da cidade havia fontes de águas termais, que chegavam mornas na cidade, intragáveis e que levavam ao vômito quem as bebesse. As ovelhas criadas na região produziam lã de primeira qualidade e muito famosa. Desta lã eram feitos luxuosos tecidos pretos e tapetes. Em 1400 d. C. a cidade foi destruída por um terremoto. Uma outra cidade foi construída nas proximidades, onde não há cristãos, mas só muçulmanos. Atualmente se chama Denizli. (DK)
O Prof. Linden comenta que Laodicéia foi fundada no séc. III a. C. por Antíoco II. Era um centro comercial importante, por se localizar na confluência de duas estradas de intenso movimento. Como não houvesse suprimento de água na cidade, esta era trazida por tubulações (pedras cúbicas furadas colocadas lado a lado) de fontes termais, chegando à cidade ainda morna (Novo Dicionário da Bíblia, Vida Nova, vol. III, p. 908).
B) A igreja de Laodicéia – Na sua epístola aos Colossenses, Paulo fala desta igreja (Cl 2.11; 4.16). Jesus não tem nenhuma palavra de louvor para esta igreja, senão somente de censura. Mas isso não quer dizer que Jesus não os ama (NTLH-Bíblia de Estudo, SBB). A igreja de Laodicéia era uma igreja rica. Isso a tornou indiferente para com o Senhor Jesus, insincera, morna, orgulhosa e satisfeita consigo mesma. Sua riqueza, porém, era uma ilusão, pois nada valia diante de Deus. Era um pobre igreja rica! Por isso ela precisava ouvir o descontentamento do Senhor. Jesus estava a ponto de vomitá-la da sua boca por causa da sua mornidão. No entanto, em sua paciência, Jesus ainda lhe deu um tempo de graça. No ano 361, Ladicéia foi sede de um dos grandes concílios da igreja antiga, onde foi estabelecido o “Canôn” do Novo Testamento. (DK)
C) Como Cristo se apresenta? Como o “Amém”, pois ele é o cumprimento perfeito das promessas de Deus, “porque é o ‘sim’ de todas as promessas de Deus” (1 Co 1.20). Ele é, pois, “a Testemunha Fiel e Verdadeira”, digno de nossa confiança.
Sobre o "princípio da criação de Deus", o Prof. Linden comenta que Jesus não é a primeira criatura, mas Aquele por meio de quem toda a criação veio a existir. No AT, Jesus é a Sabedoria personificada, em Pv 8.22, que estava com Deus antes de toda a criação. No NT, em Jo 1.3, é dito que tudo veio a existir por meio dele. Em Cl 1.15, Cristo é chamado de "primogênito de toda a criação”, e isto é explicado no v. 16, porque nele tudo foi criado. Apesar de ser lingüisticamente possível traduzir a expressão como "primeiro dentre a criação", esta não é uma possibilidade na Escritura; especialmente no caso de João, tanto no Evangelho como no Apocalipse fica claro que tal interpretação não é possível. (Prof. Linden)
D) “Conheço as tuas obras, que nem és frio, nem quente. Oh! Que fosses frio ou quente” – A explicação usual da metáfora da temperatura: o frio se refere àqueles que ainda não ouviram o evangelho, o quente, aos verdadeiros crentes; e o morno seria uma referência aos indiferentes, aqueles que conhecem o evangelho, mas tratam-no com desdém (Prof. Linden). Outra explicação (que leva em conta a água), no entanto, pode ser verdadeira: tanto a água fria como a quente têm uso. “Mas a água morna causa mal-estar” (Novo Dicionário da Bíblia, Vida Nova, Vol. II).
“Estou para te vomitar da minha boca” – “Ao dizer ‘estou para’ e não ‘vomitar-te-ei’, Cristo deixa aberta a possibilidade de arrependimento.” (Prof. Linden)
“Nem frio nem quente” – “A congregação de Laodicéia não recebe elogios e nem críticas por ensinos falsos ou imoralidade. O problema é que eles não eram nem frios nem quentes. Eles não tinham frieza ou aversão ao Evangelho, mas também não tinham zelo e fervor por ele. Eram indiferentes, cristãos de nome, acomodados, mornos. O que é morno provoca náuseas. Frios são aqueles que ainda não foram atingidos pelo evangelho ou caíram totalmente da fé. Quentes são os que seguem o Senhor em verdadeira fé, amor e obras. Fé morna dá nojo (Mt 12.30). As palavras do Senhor são duras, porém carregadas de misericórdia. Ele não diz ‘vou vomitar-te’. Mas sim: ‘estou a ponto de vomitar-te’. O Senhor ainda está agindo. Ele tem nojo e quase não pode suportar a indiferença e auto-suficiência da igreja de Laodicéia. Mas ele ainda espera, tem paciência e dá conselhos. Ele deseja a salvação de todos e não a perdição.” (DK)
E) "Sou rico e me tornei abastado e não necessito de nada" – Está aí caracterizada a "temperatura morna" dos cristãos de Laodicéia: eram cheios de si, orgulhosos, distantes de qualquer sombra de arrependimento. "Miserável" – Rm 7.24: "desventurado" - por causa do pecado que habita em mim. "Digno de pena" – 1 Co 15.19: é o que seríamos se Cristo não tivesse ressuscitado. (Prof. Linden)
F) “Aviso-te (aconselho-te) que compres de mim ouro purificado no fogo, para que te tornes rico, e roupas brancas, para que vistas e não apareça a vergonha da tua nudez, e colírio para ungir os teus olhos, para que vejas” – O Prof. Linden comenta este “de mim": “Parece residir aí a ênfase da expressão toda - a verdadeira riqueza está em Cristo. Fora da comunhão com ele, só há miséria. Cristo, como ‘princípio da criação de Deus’, chama-os a serem novas criaturas, por arrependimento e fé nele. ‘Colírio’: talvez uma referência à Escola de Medicina que havia na cidade e ao medicamento usado pelos médicos para problemas oculares. O significado: ‘ouro’: a fé genuína, acompanhada das suas obras (Tg 2.5; 1 Tm 6.18); ’vestes brancas’: a vida purificada em Cristo, sem a mácula do mundo (Gl 3.27; Tg 1.27); ‘colírio’: a ação do Espírito Santo, que convence do pecado, justiça e juízo (Jo 16.8ss), restaurando a visão espiritual.”
G) “Rico e abastado... és infeliz, pobre, cego, nu-” – “Havia fartura em Laodicéia. Não se fala em pobreza, miséria ou perseguições. Isso proporcionou certa tranqüilidade aos laodicenses. Essa tranqüilidade e indiferença também tomaram conta da igreja naquela cidade. A realidade era esta: Nada nos falta. Tudo está tranqüilo. Na verdade a igreja de Laodicéia estava iludida. Esta riqueza não lhes trouxe felicidade. Sem Deus ninguém é rico. Por causa da aparente segurança material, tornaram-se mornos espiritualmente. Não negaram a fé, mas também não assumiram a condição de testemunhas de Cristo. Queriam ser membros da igreja, mas, ao mesmo tempo, não queriam ser incomodados. Queriam ser auto-suficientes. Seus olhos não estavam voltados para Cristo, mas, sim, para o seu bem-estar. Como esses problemas se manifestam na igreja de hoje?” (DK)
H) “Eu a tantos quantos amo, corrijo/reprovo e disciplino (instruo, treino, educo). Sê zeloso, pois, e arrepende-te” – Linden comenta que a manifestação da graça de Cristo para com sua Igreja - a maneira dura como Ele se refere à Igreja em Laodicéia, não é demonstração de ódio ou aversão, mas de amor! "Corrijo": Mt 18.15; 2 Tm 4.2; Hb 12.5. É o desejo de corrigir, pelo uso da palavra. "Disciplino": com o uso de punição - Hb 12.6. É a correção com o uso de meios externos (atos de correção). "Sê zeloso": por Cristo, pelo Seu evangelho, pela Sua causa.
“Castigo todos os que amo” – Lembra Pv 3.12; 1 Co 11.32; e Hb 12.6. O Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo filho que ele recebe. Se somos açoitados, corrigidos, é porque não somos órfãos, mas temos um grande Pai, que nos ama com entranhado amor!
I) “Eis que estou à porta e bato...” – O Prof. Linden comenta que “o ‘estar à porta’ é escatológico: Mt 24.33; Tg 5.9. O abrir da porta é a resposta jubilante da Igreja ao chamado final do Senhor (cf. Lc 12.36). Assim, não é um ‘decidir’ por Jesus, mas o fruto da ação do Espírito Santo, que chama à fé e a conserva pelo evangelho.” Ainda: “A ceia era a refeição principal do dia e ocasião para hospitalidade; além disso, pode ser uma alusão à ‘Ceia do Senhor.’”
“Nós jantaremos juntos” – É uma referência ao banquete messiânico, quando Deus e todo o seu povo estarão juntos (Mt 8.11; Lc 14.15; 16.22; 22.16; Jo 14.25) (NTLH-Bíblia de Estudo).
J) “O vencedor lhe darei sentar comigo no meu trono, como eu venci e sentei com meu Pai no Seu trono” – Prof. Linden: “Uma extensão da promessa feita aos Doze (Mt 19.28). Sinal de autoridade e glória. Os cristãos compartilharão da glória de Cristo.
APLICAÇÃO PARA A IELB – PROF. LINDEN e PASTORES JUAREZ BORCARTE e DAVID KARNOPP:
1) Saibamos olhar para a riqueza que nos é oferecida em Cristo. Tenhamos cuidado para não buscarmos riqueza mundana, como fruto do nosso próprio esforço e vaidade. (Prof. Linden)
2) Segundo a atual Teologia da Prosperidade, a igreja de Laodicéia não deveria ser a mais fiel por causa das suas riquezas materiais? Mas, segundo Jesus, ela era pobre, infeliz, cega e nua. Quais são as riquezas que contam diante de Deus? (JB)
3) Comparar esta atitude com Lc 12.15-20. a) O que Jesus disse tanto à igreja de Laodicéia, como ao homem que construiu celeiros novos? b) Onde está a verdadeira riqueza dos filhos de Deus?
A igreja luterana também tem pessoas “mornas”, que querem ser contadas como membros da igreja, mas não assumem sua condição de testemunhas de Cristo e estão preocupadas apenas com sua segurança e progresso material? Qual é o conselho de Jesus para elas (v.18)? Como agir com essas pessoas? (DK)
Juarez Borcarte - Olinda, PE, 28 de setembro de 2011
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Bibliografia:
Bíblias de Estudo da SBB: Conselheira, Almeida, NTLH, Genebra, Mac Arthur, Sheed, Plenitude;
Bíblia de Jerusalém, Bíblia Sagrada - Edições Paulinas;
ROTTMANN, Johannes: Vem, Senhor Jesus - Concórdia Editora s/a;
LAWRENCE, Paul: Atlas Histórico e Geográfico da Bíblia - Sociedade Bíblica do Brasil;
GUNDRY, Robert H.: Panorama do Novo Testamento - Edições Vida Nova;
MANUAL BÍBLICO SBB - Sociedade Bíblica do Brasil;
Novo Dicionário da Bíblia - Edições Vida Nova;
HENDRICKSEN, W.: More Than Conquerors
Estudos e Exegese de Apocalipse não publicados:
LINDEN, Prof. Gerson Luiz: EXEGESE DE APOCALIPSE, Escola Superior de Teologia, São Leopoldo, RS;
KARNOPP, David (- DK): Estudos Bíblicos de Apocalipse