QUINTA FEIRA DE ENDOENÇAS
CEIA PASCAL
1 – Boas Vindas: *Sejam todos bem-vindos à Ceia Pascal cristã! Na noite de hoje, vamos celebrar a antiga Festa da Páscoa que Deus deu ao povo de Israel há três mil anos, quando os libertou da escravidão do Egito. Em Cristo Jesus, na verdade, estamos livres da observância desta Festa. Mas se celebrarmos a Páscoa, temos em vista os seguintes objetivos:
1 – Aprender a valorizar cada vez mais a liberdade que temos em Cristo Jesus, nosso Cordeiro Pascal;
2 – Perceber a transição entre a antiga Páscoa e a nova Páscoa – a Páscoa cristã;
3 – Aprofundar nosso conhecimento do relato da última Ceia;
4 – Ter uma melhor compreensão da Santa Ceia e suas raízes no Antigo Testamento.
Além do mais, para nós, cristãos, a Ceia Pascal é uma cena importante da Paixão de nosso Senhor. Queremos também lembrar o que aconteceu na noite de Quinta-Feira Santa. Que Deus abençoe a participação de todos nesta Ceia.
2 – Acendimento das Luzes da Festa: *Nos lares israelitas, era a tarefa da mãe acender as luzes dos candeeiros, dando vida e alegria ao ambiente da Festa. A luz também lembra a Palavra de Deus, que ilumina o mundo.
(Todos ficam de pé, e as mulheres acendem as velas a sua frente)
Mulheres: Ó Deus de Abraão, Isaque e Jacó, que o brilho desta Festa se espalhe por toda a face da terra, levando o clarão de tua luz divina a todos os que vivem em trevas e servidão. Que esta celebração, na qual lembramos a libertação de nossos pais do domínio do Faraó, nos faça, com espírito agradecido, lutar contra toda a forma de opressão. Abençoa a nós e a nossas famílias com a paz do Espírito Santo. Em nome de Jesus. Amém.
(Todos sentam-se)
3 – A Bênção da Festa: *Todos os alimentos servidos na Páscoa eram abençoados antes de serem comidos, ou seja, o chefe da casa agradecia a Deus, louvando seu nome pelos dons concedidos.
Pastor: Bendito sejas tu, Senhor, nosso Deus, que nos escolheste dentre todos os povos para teu serviço e nos exaltaste, ensinando-nos a santidade através de teus mandamentos. Com amor eterno nos deste dias santificados, para que celebrássemos esta Festa dos Pães Ázimos. Por isso nos reunimos, comemorando a nossa libertação, lembrando nosso êxodo do Egito. Bendito sejas tu, ó nosso Deus, Rei do universo, que nos deste a vida e a sustentas, e nos permites vivenciar esta Festa de alegria.
Homens: Louvamos-te, ó Deus Eterno, porque tu és bom e a tua misericórdia dura para sempre. Abres a tua mão e satisfazes a todos. Amém.
(Serve-se o primeiro cálice de vinho, chamado “cálice da santificação” ou “Kiddush”)
Pastor: Na última Ceia de Jesus com os discípulos, ele serviu este primeiro cálice dizendo: “Recebam isto e repartam entre vocês. Pois eu afirmo que nunca mais beberei deste vinho até que chegue o Reino de Deus (Lc 22.18)”
(Todos erguem o cálice e dizem em conjunto)
Todos – Bendito sejas tu, Senhor, nosso Deus, Rei do universo, que criaste o fruto da videira.
(Todos tomam este primeiro cálice)
4 – O Lavar das Mãos: *Lavar as mãos antes da refeição é um costume oriental muito antigo. É possível que foi a esta altura da Ceia que Jesus levantou e lavou os pés dos seus discípulos, dando ênfase ao servir com humildade.
(Todos lavam as mãos)
5 – O Comer das Verduras: O comer das verduras é a parte preliminar da Ceia. Antes de comer a verdura, que é embebida em salmoura, símbolo das lágrimas e do sofrimento no Egito, todos proferem a bênção:
Todos – Bendito sejas tu, Senhor, nosso Deus, Rei do universo, que criaste o fruto da terra.
(Todos pegam um pedaço de verdura, molham na salmoura e a comem)
6 – O Partir do Pão Ázimo: *O pastor tem diante de si três grandes pães ázimos (matsôth). Isto se deve ao seguinte: entre os israelitas, havia um pão para a refeição diária. No dia de sábado havia dois, em lembrança à dupla porção de maná que colhiam, no sexto dia, no deserto (Êx 16.22). Na Páscoa, havia três pães. Trata-se de pão ázimo, sem fermento, usado também por Jesus ao instituir a Santa Ceia.
(O pastor parte o pão, ergue-o e diz)
Pastor: Eis o pão do tormento, que nossos pais comeram no Egito. Todos vós que tendes fome, vinde e comei! Todos vós que desejardes, vinde celebrai a Páscoa conosco. Este ano festejamos aqui; ano que vem em Jerusalém. Este ano muitos ainda se acham em servidão; que no próximo ano todos possam ser livres!
Todos – Seja a nossa Páscoa uma festa de libertação, de vida e de paz com Deus, para nós e para nosso próximo, por meio da ressurreição de Jesus Cristo.
7 – O Relato da Saída do Egito: *A narrativa da saída do Egito recebe o nome de “Haggadah”. É o recontar da primeira Páscoa, e sempre teve grande valor educativo, especialmente para as crianças.
Pastor: Todas as noites, comemos todo o tipo de pão. Por que hoje comemos pão sem fermento? Nas outras noites, comemos todos os tipos de verdura. Por que hoje comemos ervas amargas? Todas as noites, costumamos molhar a verdura no tempero. Por que esta noite molhamos a verdura na salmoura e no “harróseth”? Todas as noites, comemos sem cerimônias especiais. Por que hoje celebramos a Páscoa? Para responder a estas perguntas ouviremos primeiro o relato da saída do Egito, conforme o livro de Êxodo, para depois explicar o significado de cada alimento.
(Leitura de Êxodo 12.1-42)
Hino: Digno és, ó Cordeiro, de todo louvor, graças nós rendemos por teu amor. / Tua seja a glória e o domínio também, para todo sempre. Amém. Amém. / Teus são os poderes e os tronos também, hoje e para sempre. Amém. Amém. / Glória nas alturas, na terra também, glórias, aleluia! Amém. Amém.
9 – Apresentação dos Alimentos Cerimoniais: *Para esclarecer a relação existente entre a saída do Egito e a Ceia Pascal, o pastor passa a apresentar os alimentos cerimoniais, um de cada vez, explicando seu significado.
Pastor: Este “matsôth”, o pão ázimo, que comemos, qual a sua razão de ser? É porque nossos pais não tiveram tempo suficiente para deixar a massa do pão fermentar quando o Rei dos reis se manifestou e os libertou. Como dizem as Escrituras: “Os israelitas fizeram pão sem fermento com a massa que haviam levado do Egito, pois os egípcios os haviam expulsado do país tão de repente, que eles não tinham tido tempo de preparar comida nem de preparar massa com fermento (Êx 12.29)”
Todos – Bendito és tu, Senhor, nosso Deus, rei do universo, que da terra tiras o pão.
(Todos pegam um pedaço de pão e comem)
Pastor: “Marór” significa erva amarga. Comemos ervas amargas para relembrar que os egípcios amarguraram a vida de nossos pais, como está escrito: “Os egípcios... os tornaram escravos, tratando-os com brutalidade. Fizeram que a vida deles se tornasse amarga, obrigando-os a fazer trabalhos pesados na fabricação de tijolos, nas construções e nas plantações. Em todos os serviços que os israelitas faziam, eles eram tratados com crueldade (Êx 1.12-14)”. O “harróseth”, com sua cor avermelhada, simboliza a argamassa e os tijolos que os escravos hebreus eram obrigados a fabricar no Egito.
(Todos mergulham um pedaço da verdura no molho e a comem)
*Com relação ao cordeiro, havia uma série de exigências rituais, todas com significado profético: devia ser macho, sem defeito – prefigurando Cristo, o Cordeiro de Deus, que é santo e sem mancha, nem defeito de pecado; era assado num espeto em forma de cruz, com uma vara traspassando toda a sua extensão e a outra separando os pés dianteiros, e nenhum osso deveria ser quebrado – prefigurando assim a morte de Cristo na cruz.
Pastor: Qual o significado do Cordeiro Pascal? O “pessach” é o cordeiro que nossos pais sacrificaram em memória daquela noite, quando o Todo-Poderoso passou pelas casas de nossos antepassados no Egito, como está escrito: “É o sacrifício da Páscoa em honra do Deus Eterno, pois no Egito ele passou pelas casas dos israelitas e não parou. O Eterno matou os egípcios, mas não matou as nossas famílias. Então os israelitas se ajoelharam e adoraram ao Deus Eterno (Êx 12.27)”.
*Também nós nos inclinamos em adoração, ao lembrarmos as palavras de 1Co5.7: “Cristo, o nosso Cordeiro da Páscoa, já foi sacrificado”. Na verdade, já o Antigo Testamento profetizou este acontecimento, quando disse em Is 53.7: “Ele foi maltratado, mas agüentou tudo humildemente e não disse uma só palavra. Ficou calado como um cordeiro que vai ser morto, como uma ovelha quando cortam a sua lã”.
(Todos comem um pedaço da carne do cordeiro)
*A prece de gratidão que o pastor pronunciará a seguir é semelhante ao prefácio da celebração da Santa Ceia. Entre o povo de Israel, era costume recitar os salmos de louvor chamados de “Hallel”, os salmos 113 a 118. É provável que o próprio Senhor Jesus tenha orado e cantado esses salmos.
Pastor: Em toda a geração, cada um deve considerar-se como se tivesse saído pessoalmente do Egito, como está escrito: “Estou fazendo isso por causa daquilo que o Deus Eterno fez por mim quando saí do Egito (Êx 13.8)”. Portanto, é nosso dever agradecer, honrar e louvar, glorificar, celebrar, exaltar e adorar a quem realizou todos estes milagres para nossos pais e para nós mesmos. Ele nos conduziu da escravidão à liberdade, do sofrimento à alegria, da desolação à dias festivos, da escuridão à uma grande luz e do cativeiro à redenção.
Todos – Louvai ao Senhor, vós, todos os gentios, louvai-o todos os povos; porque mui grande é a sua misericórdia para conosco, e a fidelidade do Senhor subsiste para sempre. Aleluia! (Sl 117)
*Verdadeiramente, podemos cantar “Aleluia!” por tão grandiosa salvação que Deus operou a nosso favor, redenção esta que lhe custou um preço enorme: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16)”.
10 – Ação de Graças e Santa Ceia
Pastor: Bendigamos ao Senhor.
Todos – Que o nome do Senhor seja bendito agora e sempre!
Pastor: Bendito seja o Senhor, nosso Deus, Rei do universo, que alimenta o mundo inteiro com sua bondade, graça, amor e misericórdia. Ele dá o pão a todas as criaturas, pois eterno é o seu amor e santo o seu nome. Ele é quem tudo sustenta, faz bem a todos os seus filhos.
Todos – Bendito sejas, Senhor,nosso Deus, que dás alimentos a todas as criaturas!
*É esta a parte da cerimônia que está registrada no Novo Testamento. Nela Jesus, nosso Messias, explica o seu significado:
Pastor: “Enquanto comiam, tomou Jesus um pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos seus discípulos dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir tomou o cálice e, tendo dado graças, o entregou dizendo: Bebei dele todos; Porque isto é o meu sangue; o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para a remissão de pecados. E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai (Mt 26.26-29)”.
*O apóstolo Paulo refere-se ao cálice da bênção, quando pergunta: “Porventura o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? (1Co 10.26)”. São Lucas relata que, depois de cear, Jesus tomou o cálice deu graças e ofereceu-o aos seus discípulos, dizendo: “Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós (Lc 22.10)”.
(Todos que forem participar da Santa Ceia devem colocar-se de pé e aguardar no seu lugar)
Pastor: Que Deus abençoe a participação de todos em sua mesa celestial, que é fonte de fé, perdão e vida em Cristo Jesus, nosso Cordeiro Pascal.
(Após o recebimento da Santa Ceia...)
Pastor: Que o comer e beber do corpo e sangue de nosso Senhor Jesus Cristo fortaleça a todos na fé verdadeira para a vida eterna. Oremos:
Ó Senhor Deus, Deus de nossos pais, ao final desta Ceia, que lembra a Páscoa do povo de Israel e sua libertação do Egito, bem como a Ceia que Jesus celebrou com seus discípulos na noite em que foi traído, pedimos que nos ajudes a levarmos ao nosso dia-a-dia esta mensagem de liberdade e de vida.
Homens: Tira-nos da escravidão que nós mesmos buscamos e à qual facilmente nos submetemos: a escravidão do poder, do dinheiro, dos prazeres, da vida sem sentido. Faze-nos compreender que a liberdade que pedimos e queremos deve ser também liberdade para os outros.
Mulheres: de acordo com a tua vontade, em nosso falar e agir, queremos cooperar no sentido de que ninguém viva sob terror, medo, pobreza ou opressão. Acima de tudo, que ninguém viva sob a escravidão do pecado, que é a fonte de todas as outras escravidões.
Todos: Que a luz da liberdade alcance as mais remotas regiões do mundo e o coração de cada ser humano! Então poderemos viver como teus filhos e como irmãos, plenamente livres, com aquela liberdade que nos deste por meio de Jesus, teu Filho, nosso Senhor. Amém. Vem, Senhor Jesus.
Pastor: Que o Deus Eterno os abençoe e os guarde; que o Deus Eterno os trate com bondade e misericórdia; que o Deus Eterno olhe para vocês com amor e lhes dê a paz.
Todos: Amém.
Hino: A Cristo coroai, cordeiro vencedor! / Ouvi dos coros celestiais, dos anjos o louvor. / Erguei vibrante voz de todo coração, / louvando aquele que morreu e deu-nos salvação. / A Cristo coroai, seu lado e mãos olhai, / das suas chagas o esplendor e a glória contemplai. / Nem anjos lá do céu o podem compreender: / que o próprio Filho de Deus Pai pelo homem vá morrer.
Pastor Fabiano Brusch Müller
Adaptado de Vox Concordiana – Pastor Paulo R. Teixeira