4º Domingo de Quaresma:
Leituras: Salmo 107.1-9; Números 21.4-9; Efésios 2.1-10; João 3.14-21
“Que a graça de Deus, que excede todo entendimento, cure a nossa doença, e guarde nossos corações firmados em Jesus. Amém”
JESUS, O NOSSO ASCLÉPIO: (Nm 21.4-9; Jô 3.14)
Estimado povo de Deus,
Como introdução ao assunto de hoje, inicio a nossa reflexão com um palavrão (pausa).
Você conhece um Asclépio? Você sabe qual o significado de um asclépio? Asclépio é o símbolo (brasão) da medicina, na qual uma serpente está enrolada num bastão; (símbolo farmacêutico; serpente enrolada numa taça). Uma serpente num bastão? Logo uma serpente, que é tão temida, perigosa. Por outro lado, o soro antiofídico usado contra o veneno da cobra é feito do próprio veneno, logo, o veneno serve para ajudar na cura.
Pesquisando o significado secular medicinal, eis que:
Em relação ao bastão:
*árvore da vida, com o seu ciclo de morte e renascimento;
*símbolo do poder, como o cetro dos reis e o báculo dos bispos;
*símbolo da magia, como a vara de Moisés:
*apoio para as caminhadas, como o cajado dos pastores.
Em relação à serpente
*símbolo do bem e do mal, portanto da saúde e da doença;
*símbolo da astúcia e da sagacidade;
*símbolo do poder de rejuvenescimento, pela troca periódica da pele;
*ser ctônico, elo entre o mundo visível e invisível.
O nosso texto de hoje (Nm 21.4-9) tem uma relação com um Asclépio.
A humanidade foi envenenada pelo pecado, que foi introduzido pela velha serpente, chamada Diabo (Ap 12.9), e a mordida dolorida do pecado atormenta suas vítimas até a morte espiritual e vem desde Adão e Eva.
O veneno do pecado corre nas veias do ser humano, que no dia-dia distribui sobre o seu semelhante, através de suas palavras grosseiras, nervosas, sarcásticas, palavras que debocham do próximo, que debocham de Deus. Outras vezes, o veneno vem no silêncio das palavras que eram para ser anunciadas, faladas, testemunhadas.
O veneno é lançado também através de atitudes que machucam, deixam marcas, criam feridas e muitas vezes deixam rastro de abismo, separação, e nascem distâncias.
Sim, o ser humano tem na sua essência o veneno da maldade, da crueldade, da violência, da ganância, da avareza, da busca pelo ego massageado e do afastamento de Deus, do procurar somente nos momentos de grandes necessidades, de muito pedir e pouco a agradecer.
Esse veneno (pecado, transgressão) é herdado desde a “picada” da serpente em Adão e Eva (pecado original) e hoje manifestado nas situações acima relacionadas (pecado atual).
Com o povo de Israel não foi diferente. Elas manifestaram o seu veneno, afastando-se de Deus e reclamando veemente Dele. Conseqüentemente, Deus retirou sua proteção maravilhosa. E o povo de Israel, só começou a perceber que necessitava de Deus, depois que várias pessoas estavam sendo picadas por serpentes e estavam morrendo.
Sim, o povo merecia morrer, assim como também nós merecemos, mas Deus nos convida ao arrependimento e oferece a cura.
Moisés foi chamado pelo povo para que ele falasse com Deus e retirasse aquele sofrimento. E Deus não retirou todo aquele sofrimento, mas enviou uma cura, uma libertação, uma salvação. Enviou uma serpente de bronze e quem fosse picado e olhasse para ela não morreria. E assim acontecia.
Muitas vezes Deus também nos permite passar por umas “picadas peçonhentas” para ensinar a deixar de confiar em nós mesmos e aprender a olhar para Ele, confiar mais Nele. Mas lembre-se a disciplina de Deus nunca é para destruir, mas sempre seu objetivo é: conduzir-nos para mais perto Dele, para que tenhamos uma vida verdadeiramente feliz.
O Evangelho de João 3.14-21 nos ajuda a responder o que é um Asclépio espiritual: Asclépio espiritual não é uma serpente e um bastão, mas conforme diz o Evangelho de João, diz que Jesus foi erguido numa cruz (bastão) para curar o ser humano do veneno da morte eterna.
Assim como Deus não retirou as serpentes, mas enviou uma de bronze para que as pessoas fossem curadas, assim também Deus, levanta o seu Filho numa cruz, para que todo o que Nele crê, o que Nele olhar, não pereça, não morra eternamente, mas tenha cura, a salvação eterna.
Assim como o soro antiofídico é feito do próprio veneno para curar. Lembremos que o pecado entrou no mundo por meio de um só homem. Assim também por meio de um só homem, veio a cura, a libertação. O veneno veio com a desobediência do ser humano, e o soro, a cura veio pela obediência de um único ser humano e Deus: Jesus.
Nos lembram o texto da Epístola do domingo passado 1Co 1.18-31 a “loucura” de Deus ainda assim é maior que a sabedoria humana. Pois a árvore do conhecimento do bem e do mal, usada para espalhar a doença do pecado, agora, seca, é usada para levantar o Filho de Deus.
Sim, por amor a nós, Deus prova do seu “próprio veneno”, ele cumpre a sua lei tão pesada em nosso lugar. Ele se ofereceu para beber do fel amargo para nos dar o mel. Ele foi levantado numa cruz, num bastão para nós fôssemos exaltado com Ele na eternidade.
Caminho estranho esse de Deus, de um morrer por todos, mas é um caminho maravilhoso, uma cura excelente. Um remédio perfeito. E quem olhar e buscar humildemente para Aquele que foi levantado, recebe a cura.
Então, que ninguém de nós feche seus olhos para Cristo, ou lhe vire o rosto. Pelo contrário, que procuremos sempre este remédio lendo também sua bula (Bíblia) e nos fartemos da cura.
Estimados curados,
O símbolo da medicina: Asclépio que é um bastão enrolado por uma serpente que simboliza cura. O símbolo farmacêutico: É uma serpente envolta de uma taça.
Nossa cura espiritual: É Jesus “enrolado”, deitado na cruz. Ali que reside o nosso socorro, a nossa libertação. O soro antiofídico nos é dado todos os domingos: Na Santa Ceia, nessa taça. Aqui está o verdadeiro remédio e a verdadeira força para a nossa vida diária.
“Vai em Paz! Os teus pecados estão perdoados! A tua doença está curada! Amém.
Rev. Vilson Welmer