SEXTA-FEIRA DA PAIXÁO
10 de abril de 1998
Hebreus 4.14-1 6;5.7-9
Contexto
Por ocasião da morte de Jesus, rasgou-se pelo meio o véu do Santuário.Era o véu que fazia separação entre o Santo Lugar e o Santo dos Santos (Êx 26.31). No Santo dos Santos apenas o sumo sacerdote tinha acesso. Os adoradores permaneciam no átrio exterior. Agora temos Jesus como nosso Sumo Sacerdote. Com ele podemos chegar até o Santo dos Santos da presença de Deus.
O autor de Hebreus faz uso da antiga ordem sacerdotal para mostrar a superioridade da nova ordem. Revela a excelência do Sumo Sacerdote Jesus como superior aqueles da antiga. A ordem antiga era provisória e imperfeita, apenas uma figura do verdadeiro ou sombra dos bens vindouros. Em Cristo está a ordem perfeita, real e eterna. Ele tornou-se o autor da salvação eterna. Salvação consumada na cruz na Sexta-Feira da Paixão. O autor quer revelar esta salvação dada por Deus aos homens. Para a obra redentora não foi utilizado o sacrifício de animais, como na antiga ordem, mas o próprio Jesus foi sacrificado no altar da cruz. Isto faz dele o grande Sumo Sacerdote. Podemos traçar alguns paralelos que revelam esta verdade.
1. Ele, Jesus, ofereceu o verdadeiro sacrifício, sua vida. Os outros ofereciam sacrifícios simbólicos, animais.
2. O sacrifício de Cristo foi derradeiro e eterno. Os outros eram sacrifícios passageiros, uma sombra dos bens vindouros.
3. Ele é Sumo Sacerdote Maior, pois é o próprio Filho de Deus.
4. Ele penetrou os céus para sempre. Os sumos sacerdotes da ordem antiga penetravam apenas o Santo dos Santos.
5. Seu sacrifício é melhor porque é o fim de todos os outros. Em Cristo temos acesso a Deus Pai e podemos a Ele chegar confiadamente.
Texto
V. 14 - "Jesus, o Filho de Deus". Aqui identificamos o Grande Sumo Sacerdote. Ele é Jesus que foi prometido e profetizado. O anjo anunciou a José: "E lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles" (Mt 1.21). Jesus é Salvador e foi na sua morte que ele trouxe a salvação. Com o "está consumado" da Sexta-Feira da Paixão a obra redentora foi concluída e em Cristo temos a salvação. O Filho de Deus. Não é um Filho de Deus, mas o Filho. Ele é o Unigênito que Deus, em seu amor, nos presenteou. Este título destaca a Majestade de Cristo como Sumo Sacerdote. Combina a natureza humana e divina com qualificações perfeitas para o sumo sacerdócio. Ele é superior a anjos, Moisés, Arão, Melquisedeque, porque é o Filho de Deus. Apesar de ser o Filho de Deus, se humilhou a fim de cumprir sua missão terrena. "Ele é o grande Sumo Sacerdote". Grande não apenas porque é o maior, mas porque é o último. Não há mais necessidade de sumos sacerdotes, como na antiga ordem, após Cristo. Jesus foi o cumprimento das sucessões. Nele o conceito sumo sacerdotal acha plena concretização. Ele é grande não somente quanto ao seu caráter, mas também quanto a sua obra.
Ele "penetrou os céus". Chegou até a presença do próprio Deus, onde está à direita do Todo-Poderoso. Intercede por nós.
"Conservemos firmes a nossa confissão". Firmemo-nos na confissão de fé e desfrutemos dos benefícios de sua obra sacerdotal. Ele, com seu sacrifício, derrubou por terra a barreira final entre Deus e os homens. O véu rasgou-se e temos livre acesso. É importante e vital conservar firme esta confissão.
V. 15 - "Um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas". Jesus é o Filho de Deus, mas ele também se identificou conosco, sofrendo tudo que sofremos. O compadecer tem o sentido de simpatizar. Ele simpatiza com nossos problemas, fraquezas e conflitos. Ele sente e compreende estas fraquezas. Ele sabe o que sofremos e sob que condições vivemos. O objeto da simpatia são nossas fraquezas. "Há simpatia para com os necessitados, mas não para os auto-suficientes".
"Em tudo foi tentado, mas sem pecado". Ele aprendeu a usar o poder do Espírito, que está a disposição de todos os cristãos. Ele foi tentado em sua natureza humana, mas sem pecado. Agora ele pode ajudar em nossas tentações. A tentação de Jesus se equipara a nossa e ele não pecou. Isto é fonte de consolo e encorajamento.
O "sem pecado" de Cristo qualifica-o para o sumo sacerdócio. Ele não precisa oferecer sacrifício por si mesmo. Todo seu sacrifício pode ser devotado aos homens. Mediante o sacrifício de si mesmo ele eliminou o pecado para sempre, e, agora, temos acesso a Deus Pai.
Portanto
V. 16 - "Acheguemo-nos confiadamente". Temos acesso livre junto a Deus. O que o homem pecador temeria em fazer - aproximar-se do Deus Santo e Justo -agora, em Cristo, pode fazer com confiança.
"O trono da graça". A obra de Cristo fez do trono de Deus um trono de graça e misericórdia. E Cristo, como nosso Grande Sumo Sacerdote, está ao lado do trono assegurando-nos suas bênçãos misericordiosas. O trono lembra poder. Ele é poderoso para ajudar, salvar e dar-nos a vitória. Mas é preciso que cheguemos e cheguemos com confiança. Cristo tornou possível estas bênçãos para nós. Podemos vir a este trono e pedir aquilo de que precisamos. Talvez aí fracassamos. Na pouca vontade de vir, proveniente da indiferença e preguiça espiritual. "A fim de recebermos misericórdia e graça em ocasião oportuna".
Esta misericórdia nos dá a esperança de recebermos muitos benefícios espirituais e materiais. São favores especiais dispensados a partir do trono, e que estão disponíveis em qualquer ocasião.
Hb 5.7 - O autor faz uso do nome Jesus para salientar sua missão terrena quando se coloca junto de nós. O nome Jesus também lembra esta comunhão dele conosco. "Nos dias de sua carne". Quando assumiu a natureza humana. Sua agonia no Getsêmani, culminando na cruz do calvário. "Com forte clamor e lágrimas". Mostra-nos a real agonia humana. O autor chama a atenção para as orações e súplicas de Jesus. A oração é seu constante falar com o Pai e súplica já está mais voltado para o apelo. Suas orações e súplicas revelam que ele está identificado com seu povo.
V.8,9 - Jesus é Filho. Vemos nisto sua divindade. Apesar de sua divindade, Ele aprendeu a obediência. Ele se humilhou até a morte. Sua divindade não impediu que, como homem, sofresse e aprendesse a obediência. Nós também podemos aprender. Até mesmo na cruz e principalmente na cruz. Confiar em Deus quando tudo vai bem é fácil. Fica mais difícil quando chega a adversidade. Mas o sofrimento nos confere desenvolvimento espiritual. Jesus aprendeu a obediência por meio do que sofreu. Este sofrer não se limita apenas a cruz, mas a todo o sofrer em sua natureza humana. Este foi o seu preparo para o sumo sacerdócio. Ele passou pelo caminho que devemos trilhar e alcançou vitória. Esta vitória também é nossa. Não estamos isentos de sofrimentos, mas as aflições são instrutivas, pois por elas somos aperfeiçoados. Pelo sofrer aprendemos também a obediência. "Tendo sido aperfeiçoado" - Jesus, em todo o tempo, foi um varão perfeito. Em todo seu sofrer foi submetido a testes e permaneceu imaculado. E assim ele é visto como a base de nossa salvação. Ele tornou-se o Autor da Salvação eterna. Ele é o Autor da única salvação. Aquilo que não vem através de Jesus não é nenhuma salvação verdadeira. E esta salvação em Cristo é duradoura, é eterna. Ela pode ser usufi-uída por todos aqueles que lhe obedecem. Não há distinção de pessoas e raças. Jesus é o Autor da Salvação Eterna, quem nele crer e for batizado será salvo.
Sugestão de temas
1. Jesus, nosso grande Sumo Sacerdote.
2. Através do altar da cruz ao trono da graça.
3. Jesus se compadece das nossas fraquezas.
4. O achegar-se ao trono da graça.
5. Jesus, o autor da salvação eterna.
Elias Renato Eidam