| SEMINÁRIO CONCÓRDIA Faculdade de Teologia | |
Disciplina: Exegese do AT II | Professor: Acir Raymann | |
Alunos: André Klein, André Dreher, Hélio Alabarse | ||
São Leopoldo / RS, quarta-feira, 30 de novembro de 2011 |
Trabalho Exegético de Isaías 44.6-8
I - CONTEXTO HISTÓRICO
Desde o capítulo 40 de Isaías, Deus passa a consolar e a confortar o povo, que estava atemorizado, pois estava entregue nas mãos de um povo gentio. O povo temia que não haveria a restauração de sua pátria, da cidade, do templo, nos quais, a esperança do povo de Deus repousava. Em outras palavras, eles temeram que não haveria cumprimento das promessas de sua sobrevivência como um povo, promessas dadas pelos profetas do SENHOR.
Eles temiam que o reino Davídico teria seu fim, e, particularmente, eles temiam que as promessas que estavam sendo agora dadas de libertação, regeneração, e da restauração de Israel para glória, não se manteriam. Esses temores estavam ligados a dúvida de Israel, se YHWH era o único Deus, e no temor do poder das deidades que haviam feito os povos gentios tão fortes, que também tinham seus astrólogos, e seus mágicos. Esse temor de Israel foi o solo no qual a semente da promessa confortadora de Isaías 40 e seguintes, foi semeada.
II - GRAMÁTICA
a) Segmentação
A perícope, 44. 6-8 é completa em si pelo fato de abranger o tema da soberania de Deus. Mas, vale lembrar que ela faz parte de um todo. Está conectada aos versículos anteriores pela ação de Deus ao povo e com os versículos subseqüentes que falarão da questão da idolatria.
b) Estilo
É uma exortação de Deus ao povo para que confie, plenamente, nEle. É Deus consolando o povo. É o próprio Deus falando, por meio de Isaías, ao povo.
c) Tradução
`~yhi(l{a/ !yaeî yd;Þ['l.B;miW‘ !Arêx]a; ynIåa]w: ‘!AvarI ynIÜa] tAa+b'c. hw"åhy> Alàa]gOw> lae²r'f.yI-%l,m,( hw"ôhy> rm;’a'-hKo) 6
Assim diz o SENHOR, Rei de Israel e seu Salvador, SENHOR dos exércitos: eu (sou) o primeiro, e eu (sou) o último, e com exceção de mim não existe Deus.
`Aml'( WdyGIïy: hn"aboßT' rv<ïa]w: btAY°tiaow> ~l'_A[-~[; ymiÞWFmib yliê ‘h'k,’r>[.y:w> h'd,ÛyGIy:w> ar'ªq.yI [a]ynIAmæk'-ymi(W 7
Pois, quem como eu proclama desde o colocar do mais antigo povo que veio e que virá? Exponha-o e enfileira-o para mim. Exponham para si.
H;Al’a/ vyEÜh] yd'_[e ~T,äa;w> yTid>G:ßhiw> ^yTiî[.m;v.hi za'²me al{ïh] aWhêr>Ti-la;w> ‘Wdx]p.Ti-la;( 8
`yTi[.d'(y"-lB; rWcß c!yaeîw> yd;ê['l.B;mi
Não vos assusteis e nem fiqueis perplexos. Acaso não, desde então, vos fiz ouvir e expus? E vós (sois) minhas testemunhas. Acaso há Deus com exceção de mim? Não conheci e não há Rocha.
d) Crítica Textual
7 [a] LXX adiciona sth,tw kai, que seria equivalente a w> dmo[]y: QAL Imperf. 3 masc sing de dm[ Permanecerá e. Na tradução ficaria “Pois, quem como eu Permanecerá e proclama...”
7 b-b Foi proposto tAY°tiaow> ~l'_A[ [;ymiv.hi ymi. A tradução ficaria: “Pois, quem como eu proclama? Quem entenderá/ouvirá o mais antigo que veio...”
8 a Escritos de Qúmram que estão no Monastério de S. Marcos sugere wayrt que é um QAL Imperf. 2 masc pl.: “Não temais e nem fiqueis perplexos...”
8 c Foi proposto ~aiw = e se. A tradução ficaria: “e se (há) rocha, não conheci”. Vulgata e a LXX seguem essa idéia.
e) Vocábulos de destaque:
tAa+b'c. hw"åhy> ”SENHOR dos exércitos”. Lutero, simplesmente, translitera: “HERR Zebaoth”
Alàa]gO ”Seu Salvador” laG (resgatar, redimir, salvar, libertar, livrar, resgatar). É o mesmo verbo de Jó 19.25
~l'_A[-~[; ”povo + tempos remotos” = o mais antigo povo. Para Young e Pieper, os termos estão conectados aos primeiros humanos.
yd'_[e ”minhas testemunhas”. LXX = ma,rturej
rWcß “Rocha”. Lutero, traduziu por “Hort” = “Refúgio”.
III - ESTRUTURA
a) Eventos:
Desde o capítulo 40 de Isaias, Deus passa a consolar e a confortar o povo. No capítulo 42, temos o primeiro dos quatro “Cânticos do Servo Sofredor”, este servo deveria cumprir a missão de resgatar o povo. No capítulo 43, Deus conforta o povo, dizendo que Ele, somente Ele, resgata este povo. No capítulo 44, Deus mostra que ele é o único Deus, v. 6 “Eu sou o Primeiro e o último, e além de mim não há Deus” e que Israel é o povo escolhido, v. 8 “Vos sois minhas testemunhas”. À partir do v. 9 Deus passa a questionar e a ironizar as deidades pagãs.
b) Personagens:
Quem está falando é o SENHOR, Reis de Israel, Seu Redentor, o Senhor dos Exércitos, através do profeta Isaías para seu povo, o povo de Israel, o povo da aliança. Personagens indiretos são as deidades Pagãs.
c) Intertextualidade:
Dt 32. (Cântico de Moisés); Sl 18. 2,31; 31. 3; 62.7; Is 26. 4; 41. 4, 21- 29; 43. 9-13; 45. 21; 46. 9-11; 48. 3,12, 1Co 8. 5- 6; Ap 1.8, 17; 2. 8; 21. 6; 22. 13.
IV - RETÓRICA
a) Contexto Litúrgico: 9º Dom. após pentecostes. Textos: Sl 119.57-64; Is 44.6-8; Rm 8.26-27; Mt 13.24-30(36-43)
b) Polaridade Lei-Evangelho
Lei:
· O fato de Deus questionar a confiança do povo nEle. A natureza humana inclina-se a confiar em outras coisas, em outros deuses, deixa-se influenciar pelos ídolos pagãos a ponto de pensar que estes podem disputar em poder com YHWH.
· A conseqüência de pecar contra o 1º mandamento, o pecado da idolatria.
· Israel esqueceu-se das promessas de Deus.
· O próprio fato de estar no exílio tem um sentido de Lei por causa do pecado do povo.
· Assim como Israel estava em terra estranha, a igreja está no mundo - o trigo está misturado ao joio (Mt 13.24-30). Ela não deve desviar-se da palavra de Deus, colocar a sua confiança em doutrinas mundanas.
· A igreja não deve esquecer as promessas de Deus.
Evangelho:
· Deus reafirma o seu poder perante o povo, Ele afronta os deuses pagãos para provar que eles não são nada e assim tranqüiliza e consola o povo de Israel.
· O profeta quando diz: “Rei de Israel” - descreve a relação de Deus para com o Seu povo, isso em sua majestade e em seu envolvimento amoroso. Um rei está atento para o bem estar de seus súditos. “Seu Redentor” - descreve o relacionamento de amor com relação ao único ato necessário, o resgate da carga hostil e poderosa que era imposta aos Seus. “SENHOR dos Exércitos” - trás à mente do povo o Seu poder irresistível. “Eu sou o primeiro, e eu sou o último”, é uma sugestão vívida da eternidade do Senhor e de Sua exclusividade, (Pieper).
· Este povo tem uma rocha firme que o fundamenta. Rocha que é Ajuda, Força, e Refúgio.
· Deus fala com a igreja através de sua palavra assim como falou com o povo pelos profetas.
· Deus é o mesmo ontem e hoje (o primeiro e o último) e será eternamente, o que nos garante que sua promessa se cumprirá. Assim como o povo foi testemunha desde os primórdios, somos testemunhas vivas do cumprimento das promessas feitas àquele povo em Cr.
· Deus nos lembra das suas promessas por intermédio do Espírito Santo, nos assiste em nossas fraquezas.
Sugestões Para a Pregação
· A soberania divina e a incapacidade humana
· Quando não confiamos em Deus?
· Testemunhando em meio à adversidade
· Deus não nos deixa esquecer do seu amor
bibliografia:
BÍBLIA de estudo Almeida. Trad. J. F. Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. 2ª ed. São Paulo: SBB, 1998.
BIBLIA HEBRAICA STUTTGARTENSIA. Stuttgard: Deusche Bibelgesellschaft, 1997.
DAVIDSON, Benjamim. The Analytical Hebrew and Chaldee Lexicon. London: Samuel Bagster & Sons Ltd, 1981.
HARRIS, L.; ARCHER, G. e WALKE, B. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998.
KIRST, N.; KILP, N.; SCWANTES, M.; RAYMANN, A. e ZIMMER, R. Dicionário Hebraico-Português & Aramaico-Português. São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Vozes, 1987.
LEUPOLD, H. C. Exposition of Isaiah: Chapters 40-66. Grand Rapids: Baker Book House, 1971.
LUTHER, Martin. Luther’s Works. V. 17. Philadelphia: Fortress Press, 1986.
OSVALT, John N. The Book of Isaiah: chapters 40-66. Grand Rapids/Cambridge: William B. Eerdmans P. Company, 1998.
PIEPER, August. Isaiah: an exposition of Isaiah 40-66. Milwaukee: Northwestern, 1979.
RIDDERBOS, J. Isaías. São Paulo: Vida Nova / Mundo Cristão, 1986.
YOUNG, Edward J. The Book of Isaiah. V.3. Grand Rapids Eerdmans, 1965.