UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
Disciplina: Movimento Ecumênico
Professor: Paulo W. Buss
Acadêmico: Éderson André Vorpagel
Data: 30-03-07
Trabalho: O Cristianismo Através dos Séculos “O surgimento da Ecumenicidade”
Para dar início ao nosso trabalho, destaca-se um dado muito interessante: desde a Reforma, o protestantismo foi marcado por inúmeras fissões, ou seja, ramificações, que resultaram em inúmeras denominações. Entretanto, a partir de 1800, tal processo deu lugar à fusão, junção de diversas denominações em novos grupos. Resultante dessas uniões, em 1936 ao que tudo indica, foi usado pela primeira vez o termo “ecumênico”, numa conferência onde conservadores e liberais buscaram chegar a um consenso pela unidade organizacional.
O Ecumenismo passou por três estágios:
1. Cooperação indenominacional e interdenominaçional:
Um exemplo de cooperação interdenominaçional é a união dos Congregacionais que cediam pastores aos Presbiterianos de 1801 até 1852. Exemplo de cooperação indenominacional é a Amercan Bible Society, organizada em 1816, que possuía seu ministério sustentado por cristãos de diferentes denominações.
2. Reunião orgânica:
A reunião orgânica se caracteriza quando denominações separadas se juntam e formam uma única denominação. Sem dúvida, quando existem semelhanças teológicas, políticas e rituais, tal união se torna mais fácil.
Um exemplo de reunião orgânica onde havia grandes semelhanças teológicas e rituais é das Igrejas Metodistas do Norte e do Sul dos EUA, reunidas novamente em 1939, as quais haviam inicialmente se separado por causa de suas posições distintas com relação à escravidão.
Exemplo de uniões trans-confessionais encontramos na United Church of Canada, que em 1925 uniu presbiterianos, batistas, metoditas e congregacionais. Tais denominações possuíam padrões teológicos e administrativos distintos, porém, chegaram a um consenso, ao ponto de se unirem.
3. Confederações Eclesiásticas Nacionais e Internacionais:
Willian R. Huntington, em 1870, sugeriu que a discussão sobre uma união fosse baseada na Bíblia como Palavra de Deus, nos Credos universais como regra de fé, nos dois Sacramentos e no episcopado histórico. Essas idéias têm sido muito observadas em discussões a respeito de confederações.
Nos sistemas de confederações eclesiásticas, as unidades cooperadoras mantêm sua soberania, mas buscam cooperar para atingir objetivos de interesse comum entre os participantes. O exemplo de maior destaque com relação à federação nacional de diferentes denominações é o Federal Council of Churches of Christ in América, fundado em 1908. O principal interesse do Federal Council tem sido a cooperação das igrejas na ação social. Seus fundamentos teológicos são muito fracos, sendo que o único elemento teológico de sua constituição são as palavras “divino Senhor e Salvador”. Em 1950, o Federal Council uniu-se a outras confederações, formando o National Council of the Churches of Christ. Porém, os Southern Baptists, Missoury Synod Lutherans e os Pentecostais não fazem parte desse concílio.
Entretanto, os conservadores decidiram fundar, em 1941, o American Council of Christan Churches, que não aceita como membros Igrejas relacionadas ao Federal Council. Este concílio representa cerca de dois milhões de protestantes.
Em 1943 foi fundada a National Association of Evangelicals, que é mais conciliadora do que o American Council, mas não menos fiel à fé histórica do Cristianismo. Esta National Association of Evangelicals atua em projetos envolvendo missões, educação, evangelização e ação social.
Todas essas federações têm lutado por um concílio ecumênico que embrace as igrejas protestantes ortodoxas do mundo.
Muitas denominações têm estabelecido organizações internacionais por meio das quais podem trabalhar cooperativamente com as mesmas denominações ao redor de todo o mundo. As decisões desses grupos não são impostas aos participantes, mas são consultórias, podendo ou não ser aplicadas, conforme as necessidades de cada realidade. Essas conferências têm dado às pessoas um novo senso de unidade na fé e prática, e têm fortalecido a idéia de federação ecumênica de todas as denominações.
Fato interessante à que o autor chama a atenção é que somente nos dias dos concílios ecumênicos de Nicéia, Constantinopla e Calcedônia, nos séculos IV e V, houve uma onda de cooperação entre as igrejas como a atual.
O surgimento do Conselho Mundial de Igrejas se deve a várias dessas conferências missionárias internacionais. O encontro em Edimburgo, em 1910, foi que deu o fundamento para o nascimento do Conselho Mundial de Igrejas. A publicação da International Review of Missions em 1911, e a formação do Concílio Missionário Internacional, em 1921, foram importantes resultados do encontro de Edimburgo.
No ano de 1927, em Lausanne, ocorreu a Conferência Mundial sobre Fé e Ordem, onde foram tratados assuntos referentes à teologia e administração eclesiástica. Os participantes dessa Conferência estavam cientes de sua unidade em uma Igreja sob a liderança de Cristo, sendo que foi realizada mais uma reunião, no ano de 1937 em Edimburgo, sobre o mesmo assunto. Através disso, os líderes puderam perceber a unidade na diversidade, através da fé comum, dos Sacramentos e da natureza da igreja.
Além desse grupo, formou-se outro, que se reuniu no ano de 1925 em Estocolmo, sendo que o tema que lá foi trabalhado era Vida e Trabalho, enfatizando planos para uma melhor ordem econômica e política. Além desse, houve outro encontro em Oxford, no ano de 1937, quando se reuniu com o encontro da fé e ordem em Edimburgo, sendo que foi conclamada a criação de um concílio internacional de igrejas para unir os movimentos Fé e Ordem, e Vida e Trabalho.
No ano de 1939 em Utrecht, foi desenvolvido um plano de organização para o Conselho Mundial de Igrejas, sendo que no ano de 1948, em Amsterdã, foi concluída a tarefa de criação de um conselho ecumênico internacional. Entretanto, os Batistas do Sul dos EUA, a Igreja Católica Romana e o Lutheran Missoury Synod nunca se filiaram a tal conselho. Pode-se dizer que o maior resultado desse encontro foi a formação do Conselho Mundial de Igrejas, com sede em Genebra. Esse Conselho Mundial é composto por uma Assembléia que se reúne a cada sete anos, um Comitê Central, que se reúne anualmente; uma Secretaria Administrativa, e várias comições que trabalham sobre os principais problemas enfrentados pela organização.
Porém, o Conselho Mundial, desde 1968, têm-se assemelhado mais com um partido político, que tende para a esquerda social, econômica e política, enfatizando mais uma salvação terrena da opressão, criando uma nova sociedade sobre a terra, do que uma salvação espiritual. Em 1975, em Nairobi, adotou uma teologia de libertação orientada para o socialismo.
Uma reflexão final sobre esse assunto proposta pelo autor é a seguinte: Será que Cristo tinha em mente uma unidade organizacional, ou uma unidade espiritual da Igreja, onde os crentes na Igreja Invisível, o Corpo de Cristo, têm nele o cabeça.
Expansão Cristã e renovação
Dean Kelley, em seu livro Why the Conservative Churches Are Growing, mostra que as Igrejas que apóiam uma teologia radical e ecumênica estão decrescendo em número de membros, enquanto que as Igrejas Evangélicas estão crescendo. É apontado ainda um reavivamento regional que está acontecendo em diversas partes do mundo, principalmente em regiões agrárias. Exemplo disso são as aproximadamente 200.000 conversões ocorridas no Timor entre os anos de 1965 a 1967. Na Coréia, cerca de 20% da população também já é cristã. Na África, cerca de 200 milhões de pessoas, quase metade da população já é cristã. Nessas regiões, o que mais ainda faz falta é o treinamento de líderes acostumados com aquela realidade. Se tal acontecesse com maior freqüência, certamente os números seriam ainda mais animadores. Além disso, muitos muçulmanos na Indonésia também estão se convertendo ao cristianismo. Na América Central e Sul também está ocorrendo grande crescimento, especialmente dos grupos pentecostais no Brasil e no Chile. Mesmo assim, o cristianismo possui cerca de 1 bilhão de adeptos, numa população mundial de 4 bilhões de pessoas. Ou seja, ainda existe um grande campo missionário a ser alcançado.
Bibliografia:
CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos. São Paulo: Vida Nova, 1990.