A CAMINHO DE BELÉM
1. Maria 8. Tomás, um pastor
2. José 9. João, outro pastor
3. Proprietário da pensão 10. Verena, uma pastora
4. Esposa do proprietário da pensão 11. Outra pastora (Marta)
5. Criado (empregado) 12. Primeiro anjo
6. Jovem estaladeira da pensão 13. Segundo anjo
7. Mãe da jovem estaladeira 14. Coro dos anjos (pessoas p/ cantar)
1º Ato:
Maria: Meus olhos estão tão cansados, meus pés pesados. José, já não posso mais andar. Se aparecesse uma pensão na beira da estrada... (silêncio)
Diga , José, ainda falta muito até Belém?
José: Não pode ser muito longe, Maria. Escuta só, já se ouvem vozes dentro da noite também se ouve latido de cachorros e barulho de ovelhas.
Maria: Com certeza são pastores com seus rebanhos pousando a redondezas.
José: (reclamando) Porque será que o imperador decretou o recenseamento justamente agora? Sem mais nem menos a gente teve que largar madeira e ferramenta agora? E você ainda grávida.
Maria: (suspirando) Quanto tempo ainda, quanto? José, estou com medo da noite (caminham algum tempo até que vêm a placa da pensão ao lado).
José: Olha Maria. Há uma luz na janela. Aqui nós vamos ficar.
Maria: Será que nos darão pouso para esta noite? (batem na porta da pensão)
Prop. da Pensão: Quem é que está aí?
José: Um homem em uma mulher.
Esposa do proprietário: Que desejam?
Maria: Imploro-vos, senhora, já não posso mais. Somos de muito longe, estamos cansados.
José: Dá-nos pouso esta noite.
Proprietário: (olha-os de alto baixo) (vendo que é gente pobre, resolve não dar abrigo). Em minha casa não entra qualquer um. Pernoitarão hoje em minha casa o Dr. Ciprênio e o Sacerdote Matias. Isto é que eu chamo de hóspedes, dinheiro, gorjetas.
Esposado proprietário: E não é só hoje que nós temos hóspedes destes.
Maria: Mas vós vedes...
Esposa do proprietário: Enxergo mui mal.
Proprietário: Chega de conversa. Ei, Bartolomeu, mostra a estes dois o caminho mais curto até Belém.
Esposa do proprietário: Apurai e deixai de queixar-vos. Mais uma hora e chegarão a Belém (saem José e Maria. O Criado (Bartolomeu) os acompanha).
Criado: Afinal, porque não ficam aqui? Em Belém está muito difícil para encontrar lugar nas pensões.
José: Não nos aceitam. Mandaram-nos embora. Será que a pensão estava mesmo tão ocupada e que não havia mais lugar para nós/
Criado: Lugar há de sobra. Tem cinco ou mais quartos desocupados ainda. Mas quem deseja pernoitar em nossa pensão não deve ter pena de dinheiro.
José: Deixe. Mostra-me o caminho até Belém.
Criado: (com rapidez) procura sozinho seu doido (afasta-se).
Maria: (após uma pausa) A noite está fria. Os corações, porém, são mais frio ainda. Vamos depressa.
José: Tome o meu braço que eu te amparo.
Maria: Deus, com certeza, nos mostrará uma porta aberta, (caminham até chegar em outra pensão).
A jovem estaladeira: Quereis um quarto?
José: Oh! sim
Jovem estaladeira: Lamento muito. Chegaram em hora imprópria. Em toda parte nos corredores, debaixo da escada, há hóspedes. Já não sei o que fazer . Senão, com certeza, vos daria lugar para pousar. Mas esta noite não (José e Maria se afastam).
Maria: Que tristeza,! Quem sabe ainda temos que caminhar pela estrada.
Mãe da jovem estaladeira: Venham então, que vou mostrar o lugar.
Maria: Louvado seja Deus, uma porta aberta!
2º ato
João um pastor: (aproxima-se de Tomás) Sono de pastor é só meio-sono. Vem, Tomás, chegou a sua vez.
Tomás: (meio dormindo) ainda não João,
não está na hora ainda.
Marta, pastora: (com sono) Verena, vem tomar o meu lugar. Felizmente o meu tempo de ficar acordado passou.
Verena: Certamente aconteceria alguma coisa com nossas ovelhas, se pastor e pastora dormissem (Marta e Tomás preparam-se para sair).
João queriam ir para casa?
Marta: Sim, mas estamos de volta ao clarear do dia.
Verena: Mas não se atrasem (vem os anjos e espalha-se grande clarão).
João: Deve ser uma grande queimada.
Marta: Não é queimada. Vejam do alto céu vem uma luz atrás da outra.
João: Que vulto maravilhoso a brilhar. Sinto temor do poder do céu.
1º anjo: Acalmai-vos, pastores, e não fiqueis com medo! Ouvi o que o anjo do Senhor vos anuncia.
2º anjo: Eis que vos trago grande alegria, porque hoje vos nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor, nascido de Davi, Alegrai-vos (silêncio demorado).
Marta: Jamais se viu coisa semelhante.
João: Nem se ouviu falar.
Verena: Coisas estranhas estão acontecendo.
1º anjo: E isto vos servirá de sinal: encontramos a criança envolta em faixas e deitada em manjedoura.
Tomás: João, que você diz? Não estarei sonhando? É mesmo um anjo coberto de luz.?
Verena: São dois.
Marta: Não, é uma verdadeira multidão celestial.
Anjos: Glória a Deus nas maiores alturas e paz a terra entre os homens a quem ele quer bem.
João: Caros amigos, escutem a minha opinião: vamos fechar vem todas as saídas e partir conforme o anjo ordenou. Procuraremos o curral onde está a criança.
Marta: Queira Deus que a encontremos.
Verena: Esperem aí. Acho que não ficaria bem se fossemos de mãos vazias.
Tomás: Levarei um pequeno cordeirinho para o menino Jesus. Por certo seu leito de palha é duro. Sobre um pelego a criança dormiria mais sossegada.
Marta: Eu lhe levo um pombinho manso.
João: Eu lhe levo rosas silvestres.
Verena: Eu lhe entrego meu coração e meu amor. Quem dera que esta criança ficasse conosco.
3º ato
Tomás: (aproxima-se com os demais pastores da pensão) Talvez seja aqui, pois esta casa é uma pensão.
Marta: Quem sabe se eles não vieram pousar aqui antes de a criança nascer.
Vamos, João, cria coragem e bata na porta.
João: (bate na porta)
Proprietário da pensão: Quem é que está batendo aí a estas horas da noite? Anjos?
João: Somos nós, "Senhor, os pastores do campo. Apareceu-nos um anjo dizendo que nasceu o Salvador do mundo, e que fôssemos adorá-lo.
Prop. da Pensão: Que tolices estais a dizer a esta horas da noite? Anjos?
Desapareçam logo seus bobos, senão eu chamo os cachorros.
Esposa do Prop: Calma, homens, pergunta primeiro o que desejam a esta horas da noite.
Verena: Procuramos o Filho de Deus que nasceu num curral.
Prop. da Pensão: (incrédulo) Aqui na nossa pensão? Não sei de nada de um Filho de Deus. Eu mesmo tenho sete , mas aqui desta terra. Se não sabem de outra história, teriam feito melhor em ficar no campo (fecha-se a porta, batendo-a com força).
Tomás: E agora João?
João: Vamos à cidade, todas as pensões estão cheias.
Marta: Eis a pensão. Sei que os forasteiros gostam de passar a noite aqui.
João: (batendo na porta).
Jovem estaladeira: Quem está batendo?
Marta: Dizei-nos, Senhora, se aqui no curral dorme uma criancinha recém- nascida?
Jovem estaladeira: No curral? Não estão bem certos! Que faria uma criança no curral? (pastores querem sair) .
Mãe da jovem estaladeira: Porém, antes que vão embora devo dizer que dei abrigo a duas pessoas no curral. Não pude deixá-las andar por mais tempo esta noite.
Verena: Escutem!
Marta: Uma canção de dormir.
Tomás: Então são eles (enquanto isto ouve-se Maria cantando, baixinho).
José: Ei Maria, aqui estou. Quero sempre te ajudar.
Maria: E Deus te recompensará.
Jovem estaladeira: Que história desagradável é esta?
Marta: Não brigue, senhora, pois vosso curral transformou-se no lugar mais abençoado de toda a terra, pois Deus assim o quis. Deste curral cantaram-nos os anjos, e seu hino penetrou em nossos corações.
João: Entremos em silêncio, para sermos portadores da mensagem dos céus.
Verena: Saudamos-te mulher.
Maria: Donde vêm vocês?
José: Que quer isto dizer?
João: Queremos ver o Salvador do mundo.
Tomás: Esta noite os anjos cantam louvor de vós.
Maria: Os anjos de Deus?
Tomás: Cantaram da criança, exaltando o grande amor de Deus.
Maria: (falando para si mesma) O anjo Gabriel me apareceu! Eis que se cumpriu a sua palavra.
Verena: Cantaram alegres que nasceu Salvador do mundo.
Jovem estaladeira: E em plena noite este curral tornou-se o berço do Salvador.
João: Escutem! De novo hinos dos anjos, a mensagem das multidões celestiais. (ouve-se ao longe o cantar dos anjos)
Maria: Não sei dizer o que se passa no meu coração. Verena: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem.
(para finalizar a peça, todos juntos cantam Noite Feliz).