Segundo Domingo de Páscoa (Quasimodogeniti)
18 de abril de 1993
I Pedro 1.3-9
1. Leitura do Dia (Trienal A)
A temática geral deste domingo Quasimodogeniti é a alegria dos discípulos que, como "recém nascidos", rejubilaram na nova vida que tinham por causa da ressu- reição de Jesus Cristo.
O Salmo 105.1-7 é um cântico de louvor que fala das maravilhas de Deus. Pode-se buscar "perpetuamente a sua presença" (v.4), porque Jahve vive.
Atos 2.14a, 22-32 é a vigorosa pregação de Pedro que apresenta a magnífica mordomia de Deus: foi por "determinado desígnio e presciência de Deus" (v.23) que Cristo morreu e ressuscitou para nos fazer "conhecer os caminhos da vida" (v.28). Agora vem a nossa mordomia: "todos nós somos testemunhas" (v.32) para agir em nome de Jahve.
João 20.19-31 fala da alegria dos discípulos de "verem o Senhor". Jahve os convoca para a ação: "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio" (v. 21).
2. Contexto
De 1 Pe 1.3-9 - O apóstolo Pedro escreve a cristãos em crise na diáspora da Ásia Menor, tanto judeus como gentios, que possivelmente conheceram o Evangelho no dia de Pentecoste em Jerusalém e, talvez, pelas pregações de Pedro na região em que viviam. São perseguidos por causa da fé. Pedro aponta para Jesus como a esperança num mundo espiritualmente hostil. Por causa do sofrimento, da morte e da ressurreição de Jesus os cristãos podem exultar e alegrar-se em louvor a Deus. Foram comprados por preço que não se traduz em "prata ou ouro" (1.18), mas no "precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo" (1.19), o Jahve eter- no. Ele "morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos" (3.18) para conduzir-nos a Deus.
Esta é a grande alegria e esperança dos cristãos. Mesmo em meio a um mundo hostil os cristãos estão sendo preparados por Deus para uma vida ativa "em santificação do Espírito" (1.2), tornada realidade pelo sangue de Cristo. Toda Trindade realiza esta obra nos cristãos. É a mordomia de Deus para criar a mordomia do cristão.
3. Texto
V.3 - Pedro inicia com louvor e agradecimento pela regeneração, o novo nascimento cristão. É obra da misericórdia de Deus Pai por meio de Jesus Cristo. A ressur- reição é acontecimento central para a esperança do cristão. Como Paulo enfatiza em I co 15.17-20, a esperança e a fé não existem sem a ressurreição de Cristo. Como Cristo está vivo também há uma "viva esperança" pela regeneração causada pelo Espírito Santo quando nos dá a fé.
V. 4 - A esperança não é apenas um desejo de futuro feliz, mas ela se concretiza na herança documentada e reservada para os cristãos. É uma herança diferente, que não se estraga, não tem defeito, não murcha. Ela está "no céu", isto é, na outra di- mensão, não sujeita às variações e perdas deste mundo.
V. 5 - A salvação já está garantida, pois Deus a guarda "mediante a fé". Existe uma salvação no plano de Deus (2 Tm 1.9) que Ele executou em seu Filho Jesus Cristo e que selou pela sua ressurreição (justificação objetiva). Mas esta salvação se torna rea- lidade para a pessoa humana em três tempos: no passado, quando começou a crer (pelo Batismo, Tt 3.5) e aconteceu a justificação subjetiva. No presente, quando a fé sustenta a vida eterna agora na relação graciosa com Cristo (v.9,1 Co 1.18). No futuro, quando Cristo voltará para completar a santificação pela glorificação final (Rm 8.23,30, 13.11). O V. 5 enfatiza estes aspectos, ressaltando a esperança certa ainda por com- pletar-se, "preparada para revelar-se no último tempo".
V. 6 - Não está à vista esta glória. Não há uma teologia da glória prevista para este mundo. Ainda a mensagem continua sendo uma teologia da Cruz. Pode haver tristezas e provações, como experimentamos em todas as épocas da nossa existência.
V. 7 - Esta provação também é preciosa, porque confirma a fé genuína. O ouro pode perecer no fogo, mas a fé precisa sair vitoriosa (Tg 1.2-4). Paulo aponta para uma seqüência de tribulação, perseverança, experiência, esperança no amor de Deus (Rm 5.3-5). Pedro espera como resultado "louvor, glória e honra" quando chegar o final "na revelação de Jesus Cristo".
V. 8 - Jesus havia lembrado a Pedro e aos outros discípulos, especialmente a Tomé, que "bem-aventurados (são) os que não viram, e creram" (Jo 20.29). Agora Pedro consola os cristãos com o fato de que esta não é época de ver a Jesus. Ele está conosco numa outra dimensão. Agora é hora de crer e amar a Jesus, mesmo sem vê- lo. Mas já é hora de "alegria indizível e cheia de glória", porque o presente está resolvi- do e o futuro está garantido.
V. 9 - Os cristãos já possuem "o fim da fé", a salvação eterna. É uma escatologia realizada na sua garantia de fé, mas ainda não completada com detalhes finais. Ainda virá o Dia do Senhor em que tudo será completo na outra dimensão. Quando Pedro fa- la na salvação "das vossas almas", ele menciona apenas uma parte pelo todo, pois Pedro crê na ressurreição da carne, como aprendeu com a ressurreição de Cristo.
4. Disposição
A crise diária não oferece tranqüilidade, nem ao cristão. Parece tudo instável. So- nhos e mundos desmoronam. Propostas políticas e místicas (Nova Era) se atropelam. O cristão é perseguido e ridicularizado. Onde está a promessa? A mordomia de Deus, no entanto, resolveu o nosso problema.
A esperança cristã está confirmada!
A. Cristo ressuscitou.
- O povo de Israel ansiava ver este dia.
- Os discípulos viram e creram.
- A salvação existe (justificação objetiva).
B. A esperança é certa.
1. No batismo participamos da salvação (o passado).
2. Na fé está confirmada a vida eterna (o presente).
- Somos herdeiros e testemunhas.
- Estamos aparelhados para anunciar a mensagem da esperança: ela é firme e certa.
- Nossa mordomia: proclamar a vitória e o reino.
3. O futuro está garantido.
- O Senhor Jahve já nos deu a herança.
- Sua glória está anunciada.
C. Conclusão: o Dia do Senhor.
- Se completou na ressurreição de Cristo, o Jahve.
- Se completará na nossa ressurreição.
Martim C. Warth