2" DOM. APÓS PENTECOSTES
Gl 1.1-10
Contexto
A carta circular de Paulo, "às igrejas da Galácia" (Gl 1.2), provavelmente foi escrita da cidade de Éfeso, no verão de 55 d.c. (ou de Corinto, ano 50). Estas igrejas (Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe (At 13.14), foram fundadas por Paulo na sua primeira viagem missionária e visitadas por ele novamente na sua segunda (At 15.36 e 16.1 e 6).
Foi muito difícil para Paulo e Barnabé fundar estas igrejas. A oposição foi acirrada. Em Antioquia, onde Paulo proferiu um dos seus mais vigorosos sermões, o sucesso foi tremendo. Mas os judeus, "vendo as multidões, tomaram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava" (At 13.45). Em Icônio, Paulo e Barnabé, "falaram de tal modo que veio a crer grande multidão, tanto de judeus como de gregos" (At 14.1). Mas também aqui, "os judeus incrédulos incitaram e irritaram os ânimos dos gentios contra os irmãos" (At 14.2). Em Listra, após a cura de um aleijado, e grande repercussão deste milagre, os judeus
procedentes de Antioquia e Icônio instigaram as multidões, "e apedrejando a Paulo, arrastaram-no para fora da cidade dando-o por morto" (At 14.19).
A persistência de Paulo e Barnabé, no entanto, garantiu a fundação destas igrejas. Não cederam espaço ao inimigo malgino. Mesmo perseguidos, apedrejados e sob grande perigo de vida, retornaram ousadamente a Listra, Icônio e Antioquia, fortalecendo os irmãos, exortando-os a permanecer firmes na fé, "e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus" (At 14.21,22). E para suprir a ausência deles (Paulo e Barnabé), uma vez que eram missionários itinerantes, promoveram entre eles a eleição de presbíteros e os encomendaram ao Senhor em quem li haviam crido (At 14.23).
Entrementes, o inimigo maligno também não se deu por vencido. Pelo contrário, a ausência agora de Paulo e Barnabé, lhe deu ensejo de executar seu plano destruidor. As recém fundadas congregações sofreram o ataque dos assim chamados judaizantes. Partido que queria transformar o cristianismo numa seita judaica, ou seja, exigir especialmente dos cristãos de origem gentílica, o cumprimento de leis, ritos, tradições judaicas, como por exemplo, a circuncisão. A doutrina que pregavam achamos registrada em At 15.1: "Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos". E para se promoverem especialmente perante os judeus convertidos ao cristianismo, e confundi-los na sua fé, atacaram a pessoa de Paulo. Segundo os judaizantes, Paulo não era um apóstolo, uma vez que não fazia parte do grupo original dos doze (Lc 6.13). Conseqüentemente, segundo eles, Paulo carecia de autoridade, conhecimento doutrinário e credibilidade.
Texto
Infelizmente, as igrejas da Galácia, deixaram-se iludir pelos judaizantes. Ingenuamente lhes deram crédito. Abandonaram o evangelho da graça em Cristo e seguiram as práticas da lei mosaica. Paulo passa então a escrever-lhes. A epístola é mais que uma advertência. Na verdade Paulo, ao contrário das suas demais epístolas, repreende severamente as igrejas da Galácia. Extravasa toda a sua decepção com a inconstância espiritual dos gálatas, que tão estupidamente passaram "para outro evangelho" (v. 6). A severa repreensão de Paulo faz sentido. Trata-se de doutrina e não de uma prática de santificação. A doutrina da justificação (v. 4 e 5) estava sendo desprezada pelas igrejas da Galácia. Por isto mesmo Paulo usa de tanta severidade, franqueza, objetividade, para mostrar que se os gálatas voltassem ou seguissem a lei mosaica, não seriam salvos (Gl 5.4 e 9), e todo o seu trabalho e sofrimento a favor dos gálatas teria sido em vão (Gl 4.11). E assim Paulo faz um último esforço e tentativa para convencer os gálatas da autenticidade do seu apostolado(v. 1 e 2), e do próprio evangelho por ele anunciado (v.8 e 9). Não há outro evangelho, a não ser este da graça de Cristo (v. 4 e 6; cf. At 2.36 e Dt 4.2; Jo 8.31; Ap 22.18,19). Por isto mesmo, ele, Paulo é servo de Cristo. A serviço do único Salvador. A sua pregação, portanto, é a pregação de Jesus, e Paulo seu apóstolo.
Disposição
1 - EU SOU SERVO DE CRISTO JESUS
I — Porque fui chamado para o ministério
II — Porque eu anuncio o único evangelho
III — Porque eu recebi autoridade para repreender
2 - SEJA ANÁTEMA
I — Quem procurar e pregar "outros evangelhos"
II — Quem desprezar e rejeitar o "único evangelho de Cristo".
Walther O. Steyer
Igreja Luterana ANO 48 — N.° 01 JAN — JUN/89