João 20.19-31
7 de Abril de 1991
O medo era compreensível. O Sinédrio tinha poder e influência. O relato dos guardas (Mt 28.1-15) certamente traria consequências. Os discípulos estavam perturbados. Cheios de dúvidas. O túmulo realmente estava aberto. Vazio. Aparecera a diversas mulheres (Mt 28.1 e 9; Mc 16.9-11), a Pedro (1 Co 15.5; Lc 24.34), e a dois discípulos a caminho de Eniaúa (Lc 24.13-34). E talvez no meio do relato destes dois discípulos (Lc 24.35), o próprio Cristo ressuscitado mostrou-se a todos eles, saudando-os fraternalmente: "Paz seja convosco!"
A inesperada aparição de Jesus a seus discípulos lhes devolveu a alegria. Não havia mais razão de temor. Não havia mais razão de dúvidas. Aqui estão as provas, vejam as minhas mãos com os sinais dos cravos, e o lado que foi aberto pela lança do soldado (Jo 19.34). A certeza da ressurreição enxugou-lhes as lágrimas. Jesus repete-lhes a saudação: "Paz seja convosco!", como para alicerçar em seus corações a reconciliação entre Deus e os homens. Clareiam-se em suas mentes as profecias do AT (Is 53), e as próprias palavras do Mestre da necessidade de o Cristo morrer e ressuscitar (Jo 12.33; Mt 16.21; Mt 17.9).
"Paz seja convosco!" No AT o Messias é denominado de Príncipe da Paz (Is 9.6). Assim ao nascer em Belém, os anjos cantaram: "paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem" (Lc 2.14). Quando da sua entrada triunfal em Jerusalém, a multidão o saudou cantando: "Bendito é o Rei que vem; era nome do Senhor! paz no céu e glória nas maiores alturas!" (Lc 19.38). E Paulo em Efésios 2.14 denomina Cristo de "ele é a nossa paz". E em que consiste esta paz? O mesmo apóstolo nos responde em Rm 5.1 "Justificados, pois, mediante a fé, tenhamos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo", É a paz da reconciliação. Do perdão dos pecados. Vida e salvação (Ef 2,5; Cl 2.13; 2 Tm 1.10).
E nesta fé e alegria Jesus comissiona seus discípulos, para o trabalho chamado (Mt 4.19). Outorga-lhes a mensagem da reconciliação (2 Co 5.18). "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio" (Jo 2.21). Assim como o Pai "ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder (At 10.38), Jesus aqui investe os seus discípulos no ofício do santo ministério, soprando sobre eles o Espírito Santo (Jo 20.22). Agora são pescadores de homens (Mt 4.19). Isto é, têm poder e autoridade de em no-me de Jesus perdoar ou reter os pecados (Cf. Catecismo Menor, 5ª parte principal, Ofício das Chaves).
Neste poder do Espírito Santo os discípulos se põem a testemunhar. Tomé, um dos discípulos, esteve ausente desta manifestação de Jesus. Recebe assim o testemunho unânime dos seus colegas: "Vimos o Senhor". Mas ele se mostra céptico. Irredutível. Nada o irá convencer, "se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o meu dedo, e não puser a minha mão no seu lado, de modo algum acreditarei" (Jo 20.25). Se a incredulidade de Tomé, ante todas as provas apresentadas pelos demais discípulos, é passível de crítica, por outro, também nos oferece maior comprovação da veracidade da ressurreição. A contestação obriga a uma maior comprovação. O fato de Jesus, repetir a sua primeira aparição, em idênticas situações, teve por único objetivo chamar ao arrependimento o incrédulo Tomé. O desafio de Jesus: "Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado... (Jo 20.27), deu motivo a uma das mais expressivas confissões de fé: "Senhor meu e Deus meu!" (Jo 20.28). O bom Pastor (Jo 10.11; Hb 13.20) achara novamente a sua ovelha perdida (Lc 15.3-7), como já o fizera antes com Pedro (1 Co 15.5; Lc 24.34).
"Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram, e creram" (Jo 20.29). Uma advertência e também; uma promessa. Advertência contra o cepticismo e descrença, em relação às suas promessas e sua palavra (SI 119.105; Mt 24.35; Jo 8.31,32; 1 Pe 1.25). Deus quer corações convictos. Por outro, a promessa do poder da palavra de Deus (Rm 1.16; 1 Ts 1.5; Rm 10.17) na conversão, deve motivar a todos ao testemunho fiel, pois o próprio Cristo nos assegura as bênçãos deste trabalho.
Em sua conclusão (Jo 20.30,31) João mostra o objetivo do seu evangelho. Relatar apenas alguns dos acontecimentos da vida e obra de Jesus, para através destes, levar seus leitores à verdadeira fé e vida em seu nome.
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Sugestões:
A qloriosa manifestação de Jesus a seus discípulos
1. traz paz
2. traz alegria
3. leva à conversão
Ou A mensagem pascoal de Jesus: Paz seja convosco!
1. alegra os discipulos
2. dá-lhes o poder do Espirito Santo
3. leva o incrédulo Tomé à fé verdadeira.
Walter O. Steyer
REVISTA IGREJA LUTERANA 1190/2 Pg 89
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