CAPÍTULO 1
Tradução
Como ponto de partida de nosso trabalho exegético, procederemos aqui à tradução do texto grego original, versículo por versículo.
6 Koinwnei,tw de. o` kathcou,menoj to.n lo,gon tw/| kathcou/nti evn pa/sin avgaqoi/jÅ
Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas aquele que o instrui.
7 Mh. plana/sqe( qeo.j ouv mukthri,zetaiÅ o] ga.r eva.n spei,rh| a;nqrwpoj( tou/to kai. qeri,sei\
Não vos enganeis, de Deus não se zomba. Pois o que o homem semeia, isto também ceifará.
8 o[ti o` spei,rwn eivj th.n sa,rka e`autou/ evk th/j sarko.j qeri,sei fqora,n( o` de. spei,rwn eivj to. pneu/ma evk tou/ pneu,matoj qeri,sei zwh.n aivw,nionÅ
Porque o que semeia para a própria carne da carne colherá corrupção, mas o que semeia para o espírito do Espírito colherá vida eterna.
9 to. de. kalo.n poiou/ntej mh. evgkakw/men( kairw/| ga.r ivdi,w| qeri,somen mh. evkluo,menoiÅ
E do fazer o bem não nos cansemos, pois a seu próprio tempo ceifaremos se não desfalecermos.
10 a;ra ou=n w`j kairo.n e;comen( evrgazw,meqa to. avgaqo.n pro.j pa,ntaj( ma,lista de. pro.j tou.j oivkei,ouj th/j pi,stewjÅ
Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.
CAPÍTULO 2
Gl 6.6-10: Seu Sentido
A presente perícope faz parte da secção final da epístola, na qual o apóstolo Paulo, retomando os assuntos expostos nos capítulos anteriores, dá lugar a uma série de exortações e admoestações aos cristãos, tendo em vista a situação delicada na qual se encontravam - a saber, sob a influência dos mestres judaizantes e dos apelos constantes de sua própria carne e práticas gentílicas anteriores à conversão. Enfatiza a relação que deve haver entre os educandos e os educadores cristãos, relação esta que deve basear-se numa estima recíproca, segundo a qual aqueles responderiam ao amor de Cristo e demonstrariam sua fé através do repartir com estes “todas as coisas boas”, tanto materiais - para o sustento dos mestres, não lhes impondo que, além de exercerem a tarefa pedagógica em tempo quase integral, ainda tivessem que penar na obtenção de seu próprio sustento - quanto espirituais, exatamente aquelas “coisas” nas quais estavam sendo instruídos. E, com relação a uma possível má vontade dos gálatas em agir desta maneira, admoesta-os que “de Deus não se zomba”, isto é, Deus conhece os seus corações, suas vontades mais intrínsecas e, de mais a mais, conforme forem as tendências de seus corações - para a carne ou para o espírito - assim serão as suas colheitas individuais. Mas esta zombaria em relação a Deus não incluiria apenas a desconsideração de seus mestres, como também todos os aspectos de suas vidas, tal como sua mordomia dos bens, como enfatiza Lutero.
Sendo conscientizados destas coisas - ou seja, da fugacidade da carne vã em contraposição à temperança do espírito piedoso, que vive sob a orientação do Espírito de Deus - os gálatas são conclamados por Paulo a não se cansarem “de fazer o bem”, em vista da esperança gloriosa a respeito do futuro: “a seu tempo ceifaremos”. Mas o essencial para se alcançar estas bênçãos futuras é o “não desfalecer”. E o tempo próprio para se “fazer o bem” é o hoje, o hic et nunc.
Por fim, Paulo fornece ainda o objeto do “fazer o bem” dos gálatas: “todos”, sem discriminação de sexo, cor, idade ou status; mas, principalmente, aos da “família da fé”, aqueles que mantém entre si grande afinidade, sendo santuários do mesmo Espírito.
CAPÍTULO 3
Exegese
Passaremos, agora, à Exegese do texto como tal.
3.1. Versículo 6
6 Koinwnei,tw de. o` kathcou,menoj to.n lo,gon tw/| kathcou/nti evn pa/sin avgaqoi/jÅ Logo à primeira vista, este versículo impõe-nos um questionamento: vindo ele abruptamente depois da secção inicial deste capítulo, existe algum vínculo com a matéria exposta anteriormente, trata-se de uma declaração isolada ou serve de introdução à secção seguinte? Aparentemente, a partícula de, indica a retomada de um assunto abordado antes de passá-lo adiante. A análise exegética que segue permitir-nos-á reconhecer qual é a relação existente entre este versículo e o seu contexto imediato.
koinwnei,tw, de koinwne,w, verbo já usado por escritores clássicos como Eurípedes, na Septuaginta e por muitos Pais Apostólicos, significa aqui, literalmente, “compartilhe com ele”, “reparta com ele”, ou “faça-o tomar parte”. É uma expressão intransitiva e equivalente a koinwno.j ei´´çç´´´´=nai, ou seja, “ser parceiro com”. Pode ser construída em três casos: primeiro, com o genitivo da coisa que é compartilhada. Neste caso ocorre uma vez no Novo Testamento, em Hb 2.14. Assim, o verbo pode denotar a pessoa que recebe ou a que dá. Em segundo lugar, pode ocorrer com o acusativo da coisa dividida, uma construção rara não encontrada talvez com o verbo simples. Por fim, pode ser empregada com o dativo, explicado pela idéia de parceria implícita em koinwno,j, e expressa a pessoa ou com coisa com a qual o outro faz uma cláusula comum. O que koinwnei/ neste caso pode ser o receptor, como em Rm 15.27, ou o doador como em Rm 12.13. Aqui, este último sentido é o intencionado.[1]
o` kathcou,menoj, “aquele que é instruído” ou, literalmente, “o catecúmeno”. A palavra não é peculiar ao texto bíblico; kath,chesij, equivalente a “instrução oral”, já havia ocorrido nos escritos de Hipócrates, e kathkei/n, o verbo “instruir”, estava em uso comum em outros dialetos da época. É importante notar que já nesta epístola, tão recente dentro dos escritos da era da Igreja Cristã, já havia algo semelhante ao ministério cristão oficial de hoje (veja-se, por exemplo, 1 Co 12.28; Ef 4.11). Na primeira epístola aos Tessalonicenses, escrita pouco depois desta, o apóstolo diz: “Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam, e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam” (1Ts 5.12-13). Paulo era um bom administrador: já em sua primeira viagem missionária havia nomeado “anciãos em cada igreja” (At 14.23). Entende-se que entre as várias obrigações destes anciãos estaria também a de administrar a instrução. Não sabemos, contudo, quanto tempo a igreja levou para dividir o trabalho dos anciãos entre os que exerciam o tarefa educacional e aqueles que administravam mas não se especializavam em transmitir a instrução. Talvez não tenha levado muito tempo. Seja como for, os gálatas deviam ter presente o princípio de reciprocidade para com seus instrutores.
A relevância desta injunção no contexto presente não é imediatamente óbvia, mas torna-se compreensível à luz da ajuda mútua inculcada no versículo 2a: “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo”. Paulo não queria que os crentes gálatas interpretassem erroneamente este ensino, ou seja, que os mestres cristãos, além de ocuparem-se e prepararem-se para o ofício da catequese, ainda tivessem que cuidar sozinhos de seu próprio sustento pessoal. O professor cuida ou trata a ignorância do aluno; o aluno devia cuidar ou tratar do mesmo modo daquilo que concerne à subsistência do professor. Esta é outra maneira de afirmar o princípio de que “é digno o trabalhador de seu salário” (Lc 10.7; 1Tm 5.18; cf. com Mt 10.10), ou, como Paulo parafraseou do próprio Senhor Jesus: “os que pregam o evangelho, que vivam do evangelho” (1 Co 9.14). Enquanto a ênfase nestas outras passagens está sobre o direito do pregador ou professor de reclamar seu sustento, aqui ela reside no compromisso daqueles que são ensinados de providenciar provisões materiais para seus professores. Em outras palavras, como afirma Lightfoot: “Each man must bear his own burden; but this law does not exempt you from supporting your spiritual teachers”[2]. Em relação àqueles que não se ocupam com a Palavra nem a ensinam, este preceito não tem qualquer atuação.
Se Paulo seguiu com os gálatas convertidos a mesma disciplina que adotou em Tessalônica (1 Ts 2.9), Corinto (1 Co 9.15-18) e Éfeso (At 20.33-35), ele podia dá-los esta instrução toda da maneira mais livre e desimpedida possível, pois ele próprio resignou-se de exigir seu próprio sustento deles. Seu desejo de não aceitar sustento material de seus convertidos “may have as its background the rabbinic injunction not to derive worldly profit from the Torah (so Hillel, m. Ab. 1.13; 4.7; Zadok, Ab. 4.7)”[3]. Na verdade, porém, ele fez disto sua política pessoal tanto para dar um exemplo aos seus convertidos de que não vivessem às custas dos outros (2 Ts 3.6-13) quanto, para quando fosse necessário, emudecer aqueles que descreviam-no como mercenário. (2Co 11.7-12).
Têm-se debatido por que, se o Senhor ordenou que “aqueles que pregam o evangelho vivam do evangelho” (1Co 9.14), Paulo sente-se livre para desobedecer uma ordem divina. A resposta provavelmente é que Paulo interpretou a ordem de Deus não como um dever a ser cumprido mas como um direito a ser exigido ou não, conforme fosse mais sensato. Ele não era livre para escolher entre pregar o evangelho ou não, mas ele era livre para escolher pregá-lo livre de subsídios alheios, e optou
por esta última opção (1 Co 9.12b, 15-18). Contudo, nunca negou que também tivesse necessidades de ordem material (veja-se 1Ts 2.8; 3.7-9; 2Co 1.3-11; 6.11-13; 12.14-15; Rm 1.11-12)
Contudo, ele admoesta a que se providencie para outros aquilo que ele optou não receber para si mesmo, como faz aqui. O particípio singular ov cathcw/n é uma referência genérica àqueles que exerciam um ministério de ensino nas igrejas - certamente não aqueles mestres judaizantes que estavam apenas causando problemas. Sacerdotes pagãos recebiam pagamento por seus serviços sacrificiais; porém, o objetivo de Paulo aqui é admoestar os convertidos a sustentar com liberalidade seus mestres, ao contrário dos pagãos. Como afirma Ramsay, “he saw what a powerful, educative influence such liberality exerts on the individual, and what a strong unifying influence it might exert between the scatered parts of the Church”[4]. E nisto insiste repetidas vezes em várias das suas epístolas. Veja-se, para tanto, 1 Ts 2.6,9; 2 Co 11.7ss; Fl 4.10ss; 1Tm 5.17-18 e especialmente 1 Co 9.2.
O verbo cathch,w (“instruir”) aqui tem o mesmo sentido de dida,skw, o qual cobre dois objetos, quais sejam eles a pessoa que é ensinada e o assunto ensinado. Assim, a forma passiva pode estar acompanhado por um desses objetos. Aqui, o objeto é to,n lo,gon, ou seja, o conteúdo do ensino (compare-se com At 18.25; 1 Ts 2.15). Tal conteúdo compõe-se do ensino geral tanto do Antigo Testamento quanto do ensino dos apóstolos, mas principalmente dos aspectos positivos da doutrina cristã. Aponta-nos o uso generalizado da catequese na época, supondo-o como uma forma já fixa de ensino cristão. Além, disso, como vimos,
the fact that those who receive instruction are called upon to contribute to the support of the teacher shows that such teaching in all probability was not undertaken merely as a voluntary and relatively light avocation (comparable to the work of a modern Bible-class teacher) but occupied in preparation for it and the work itself, if not the teacher’s whole time, yet enough so that it was necessary to compensate him for the loss of income which he thus sustained. In short, it is a class of paid teachers to which this verse refers[5]
Nenhum documento escrito, contudo, é já indicado àquele tempo.
en pa/sin avgatoij, ou “em todas as coisas boas”. As avgaqa, são as “coisas boas” da vida em geral (compare-se com Lc 1.53; 12.18s; 16.25) e não somente ta. sarcica, de Rm 15.27 e 1 Co 9.11.; em outras palavras, referem-se tanto aos bens materiais quanto às bênçãos espirituais. Neste ponto, é relevante observar as opiniões discordantes de Lightfoot, asseverando que a percepção de “todas as coisas boas” como apenas referindo-se aos bens materiais é a única apoiada pelo termo[6] e pelo contexto, e Lenski, que afirma ser um “pensamento barato” a idéia de que os gálatas deveriam ser generosos com seu dinheiro, pagando seus pastores, justificando sua afirmação ao apontar, entre outras coisas, que tal admoestação encontra-se num trecho tão próximo ao fim da epístola. Insiste que a partícula de, indica que não há uma passagem para um tema diferente, senão que a um relacionado com o anterior, ou seja, o assunto do companheirismo não relacionado ao dinheiro e aos bens materiais, presente nos versículos 4 e 5[7]. Afirma que o substantivo koinwni,a refere-se, originalmente, a um companheirismo exercitado através de esmolas. Ora, se este significado for empregado aqui ao verbo koinwne,w, estar-se-ia incorrendo numa interpretação errônea, ao considerar-se os pastores e mestre como receptores das esmolas alheias. Logo, o sentido correto de koinwne,w seria participem esse ou participem facere, sendo que o último é empregado por Paulo neste versículo, ou seja, seu significado seria o de compartilhar algo com alguém fazendo-se a si mesmo companheiro com ele. E a partir disto entender-se-ia as “coisas boas” como boas no sentido de trazer a salvação. O que instrui é possuidor de todas estas coisas boas; o que é instruído participa de “todas” elas para seu próprio enriquecimento.[8] Guthrie corrobora a posição de Lenski ao afirmar que as “coisas boas”, “se interpretadas espiritualmente, harmonizarão melhor com o conteúdo espiritual da carta”[9] Contudo, como já dissemos, o apóstolo Paulo era um homem muito prático. Aquele que escreveu 1 Co 9.14 certamente poderia exortar os gálatas a sustentar financeiramente seus pastores. Ainda, em relação ao lugar que tal admoestação ocupa na epístola, ou seja, um lugar muito próximo de seu final, deve-se notar que também em Romanos acontece que muito próximo do fim da epístola é colocada a obrigação de se ter uma atitude recíproca através da entrega de coisas materiais pelos bens espirituais recebidos. Além disso, em 1 Coríntios, o maravilhoso capítulo que trata da ressurreição de Cristo e da nossa ressurreição, o capítulo de número 15, o qual é encerrado por Paulo com as palavras de triunfo: “Graças sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo...”, é seguido imediatamente, no último capítulo, pelas palavras “em relação à oferta...”. Tudo isto, na verdade, não deve surpreender-nos, já que Paulo considera a mordomia cristã um ministério sagrado (veja-se 2 Co 8.4; 9.1)[10]. Logo, talvez a ambigüidade da declaração seja deliberada a fim de incluir estas duas interpretações.[11]
Neste ponto Lutero parece ter provido a explicação mais sensata. Afirma que todas as “coisas boas” a que Paulo se refere são exatamente aquelas que fazem falta ao que ensina, ou seja, os bens materiais, pois, como dissemos, dedicando-se à Palavra não os pode adquirir com seu próprio trabalho.Com esta disposição o apóstolo estaria prevenindo ao mesmo tempo que o instrutor receba bens de pessoas que não figuram entre os que são por ele instruídos, o que significaria uma ofensa para os fiéis; de outra parte, o que está sendo ensinado não deve dar motivo ao instrutor para que este tenha que recorrer àquele meio (o receber sustento de outros que não sejam seus educandos). O educando deve, por isso, fazê-lo “participante de todas as coisas boas”, deve fazer chegar a ele de seus próprios bens tudo aquilo que necessite.[12]
Como sentido subsidiário, podemos afirmar que aqui Paulo exterioriza seu desapreço à filosofia estóica. A filosofia estóica, de origem grega, foi muito popular no Império Romano durante os primeiros dois séculos da era cristã. Estimava como bem supremo a “virtude”. “Virtuoso” era o homem que, manifestando um soberano desdém pelos bens, pelo prazer e a dor, sobrepujava as vicissitudes da vida com uma indiferença heróica. (“estoicismo”). Paulo, considerando “coisas boas” àquelas que se referiam ao material, ao corpóreo e terreno, denuncia a soberba e vaidade dos estóicos, que apenas consideravam como tais a sabedoria e, como dissemos, a virtude[13].
Agora o apóstolo passa a resumir não apenas o que acabara de dizer em relação a suprir as necessidades dos pastores, mas também em relação a todas as exortações contidas em sua carta.
3.2. Versículo 7
7 Mh. plana/sqe( qeo.j ouv mukthri,zetaiÅ o] ga.r eva.n spei,rh| a;nqrwpoj( tou/to kai. qeri,sei\
Mh. plana/sqe, “não sejais enganados”, ou como propõe Almeida, “não vos enganeis”, uma expressão comum em passagens paralelas como 1 Co 6.9 e 15.33. Marcião e Tertuliano conheciam um texto no qual, acidentalmente, foi omitida a partícula negativa, de tal forma que plana/sqe foi construído como indicativo: “estais enganados”. plana,w, verbo clássico usado desde Homero, na Septuaginta e no Novo Testamento é usado em vários sentidos, tanto literalmente quanto figurativamente, mais comumente numa percepção moral, significa, originalmente, “desviar-se da verdade”, “levar ao pecado”, “levar alguém a desviar-se” ou “desviar-se a si mesmo”. Nos escritos de Paulo, porém, o verbo sempre assume o sentido de “enganar” (veja-se, para tanto, seu uso em 1 Co 6.9; 15.33; 2 Tm 3.13; Tt 3.3). Possivelmente a voz média deva ser reconhecida como melhor que a passiva, ou seja, “não enganai a vós mesmos” (comp. com 1 Co 3.18, mhdei.j veauto.n evxapata,tw).
Com esta expressão o apóstolo introduz um princípio geral que, como veremos adiante, serve primeiramente para reforçar a exortação do versículo 6, trazendo o assunto específico referido lá à sombra de uma lei geral. Para o pensamento do apóstolo, a atitude dos gálatas em relação a seus mestres é um exemplo específico de suas atitudes frente à vida em geral. Se eles não são receptivos ao ensino espiritual e, menosprezando-o, encaram com má vontade o sustentar de seus mestres, preferindo gastar seu dinheiro consigo mesmos, eles estão semeando em benefício de sua própria natureza carnal, e a colheita será de corrupção. Se, por outro lado, reconhecendo sua necessidade de ensino e o valor deste, eles têm uma mente receptiva em relação àqueles que estão aptos a instruí-los e, de boa vontade, contribuem com seus próprios bens para que tal ensino possa continuar, então eles estão semeando em benefício do espírito, e a colheita será a vida eterna.[14] E este versículo parece não servir apenas para reforçar a idéia do versículo 6, pois
the apostle may also have desired to bring this principle before his readers for its own sake. Having in vv. 1-6 brought before his readers certain specific applications of the teaching on 5.12-26, thus narrowing the horizon from the general contrast between life according to the flesh and life by the Spirit, he now, reversing the process, restores the broader view with which he began.[15]
qeo.j ouv mukthri,zetai, “Deus não é zombado” ou “Deus não pode ser zombado”. mukthri,zw, ou seja, “tratar com desprezo”, “rir-se de” (com impunidade, subentendido), é, originalmente, “torcer o mukth,r”, ou seja, “torcer o nariz para”, “ridicularizar”, “ignorar”. Termo equivalente não é encontrado em textos de escritores clássicos. Envolve como sentido secundário a idéia de contradizer a linguagem de alguém pelo gesto ou olhar de outro, implicando assim “an outward avowal of respect neutralised by an indirect expression of contempt”[16]. O verbo é encontrado apenas aqui em todo o Novo Testamento, sendo, porém, comum na Septuaginta, não explicitamente em respeito ao desprezo de Deus, com a provável exceção de Ez 8.17. Em 2Cr 36.16, 1 Ed 1.51 e Je 20.7 o verbo é usado em relação ao desprezo aos profetas e outros mensageiros de Deus. O desprezo de Deus reside no hábito daqueles que “consciously stressing the possession of the divine Pneuma, for this reason held themselves to be perfect Christians an openly boasted of their piety (Gl 5.26; 6.3), but at the same time were sowing to the sa,rx and were doing that equally consciously and emphatically”[17]. Em outras palavras, implica uma ironia de Deus, dissimulada ou não. Por isso mesmo, em escritores de retórica, mukth,r é geralmente tratado como uma espécie de eivrwnei,a. Quintillian define-o como dissimulatus quidam sed non latens risus.[18] A figura de linguagem empregada aqui pelo apóstolo é a metonímia[19], pois aquele que está sendo ridicularizado (Deus mesmo, subentenda-se) ridiculariza o que o está ridicularizando.[20]
A ausência do artigo em relação a qeo,j deve levar-nos a entender tal afirmação qualitativamente, isto é, que Deus não é do tipo suscetível à zombaria (por esse motivo a melhor tradução para a expressão seria “Deus não pode ser zombado”). Enfatiza os atributos divinos, e designa não apenas a existência de Deus, mas Deus como ente divino.
o] ga.r eva.n spei,rh| a;nqrwpoj( tou/to kai. qeri,sei\. Esta é uma máxima comum, aplicando uma lei da natureza à conduta humana, que nos remete ao uso metafórico da semeadura nas parábolas de Jesus (veja-se Mt 7.16-20; Lc 6.43; 19.21; 1 Co 9.11; 2 Co 9.6, esta última referindo-se à quantidade, não à qualidade da semente). A Septuaginta, igualmente, possui um paralelo em Os 8.7, “plante o vento e colha a tempestade” (veja-se também Jó 4.8; Pv 22.8). Tal máxima já havia ocorrido em textos seculares, dos quais Paulo, provavelmente, estivesse inteirado, escritos estes como os de Platão, Demóstenes, Aristóteles e Plutarco, do qual lemos, em De Pythiae oraculis: spei,rontej lo.gouj cai. qeri,zontej euvqu,j meta. ma,chj ~upou,louj cai. polemixou,j[21]. As coisas, sendo como são, acarretarão conseqüências que também serão como serão; toda pessoa receberá o pagamento de acordo com suas obras. É vão esperar poder ridicularizar a Deus através de uma colheita diferente daquela que foi semeada.
É interessante observar que muitos dos leitores originais de Paulo estavam cônscios do labor árduo envolvido na produção de uma safra abundante. Sabiam bem que só se colhe aquilo que se plantou, segundo a maneira como se cultivou. Nenhum agricultor discutiria este princípio, mas na esfera moral alguns talvez se enganassem a si mesmo a ponto de acreditar que as coisas possam ser de outra forma. Logo, os leitores de Paulo haveriam de reconhecer que o plantio da fé em seus corações exigia deles responsabilidade na vida, e não desregramento. A forma speirh| pode ser tanto o presente quanto o aoristo subjuntivo, isto é, colheita progressiva ou apenas um ato. Aqui o caso é o último, porque segue-o, no versículo 8, o] spei,rwn, o particípio do presente: “o que permanece semeando”, e não o aoristo “o que termina uma semeadura”[22].
Mas haveria um assunto específico em relação ao qual os gálatas devessem ser advertidos a não “semearem mal”? Aparentemente, Paulo aqui faz menção às contribuições que seriam recolhidas e enviadas aos irmãos da Judéia (veja-se 2 Co 9.6). Os gálatas também foram solicitados a contribuir (veja-se 1 Co 16.1). Contudo, tal admoestação de Paulo faz-nos conjeturar que a avareza fosse um pecado habitual entre eles[23]. Ainda acima disto, pode-se supor que eles não teriam respondido de coração ao chamado de Deus por intermédio dele, Paulo, o qual aproveita a oportunidade para reprovar sua atitude, ao passar da exortação ao auxílio de seus ministros para uma censura geral à avareza.[24] Porém, se considerarmos que “a idéia do cristão que não tem o tipo certo de comunhão com seu instrutor comparar-se a alguém que zomba de Deus parece um pouco severa demais”[25], mesmo assim não descartaríamos a conexão, ainda que mais tênue, dos assuntos tratados anteriormente com esta admoestação. O que poderíamos afirmar, nestes moldes, é que os pensamentos de Paulo passam agora a um aspecto diferente da responsabilidade humana.
3.3. Versículo 8
8 o[ti o` spei,rwn eivj th.n sa,rka e`autou/ evk th/j sarko.j qeri,sei fqora,n( o` de. spei,rwn eivj to. pneu/ma evk tou/ pneu,matoj qeri,sei zwh. aivw,nionÅ
“““ o` spei,rwn” “”””is best taken as a general present participle, refering to any member of the class described by the participle.”[26]
O semear para a carne significa a vida vivida para as obras da carne (veja-se Gl 5.19-21), a qual irá produzir a corrupção eterna. Mas o semear para o espírito, por outro lado, é cultivar o fruto do Espirito, que é amor, alegria, paz (como em Gl 5.22-23), os quais serão para a vida eterna. Em Rm 8.13 podemos ver que a nossa colheita dependerá do nosso plantio - subentenda-se, sob a influência do Espírito. A colheita depende do solo na qual ela é lançada. “In moral husbandry sowers choose different soils, as they choose different seeds”[27].
Lutero afirma que devemos entender “carne” não somente como o prazer pecaminoso, mas tudo o que não é do espirito, ou seja, todo o homem. “Para sua carne”, e não “para o seu espirito”, deve ter sido empregado pelo apóstolo com o propósito de que ninguém pense que se estivesse falando da semente feita na carne da mulher pelo homem. Mas este semear deve ser interpretado como “trabalhar”.
A antítese é entre sa,rx e pneu/ma, o mesmo termo usado em Gl 5.13-24, mas a palavra não é usada aqui no mesmo sentido. Tudo indica que sa,rx não é aqui “that in man which makes for evil”[28], mas se refere ao corpo, ao elemento físico do homem (veja-se Gl 3.3; Rm 2.28; 1Co 5.5; 2Co 7.1, “where sa,rx in this phisical sense stands in antithesis to pneu/ma, and chap. 4.14 2Co 4.11; Eph 2.15. 5.29; Cl 1.22, where limited by a possessive genetive it has this sense”.[29] Deste modo ele semeia para sua própria carne, para o seu próprio beneficio.
Guthrie afirma que Paulo aplica a metáfora para identificar dois tipos de solo, “carne” e “espirito” (veja-se Gl 5.16-17). A carne não pode produzir obras espirituais, enquanto que o espirito sempre produzirá resultados de acordo com a sua própria natureza..
É um erro dizer que carne e espirito são duas classes diferentes de terrenos que condicionam as colheitas, e que ambos sejam equiparados como terreno de cultivo. Paulo coloca “espirito” em oposição a “carne”, pois carne sempre é “muito nossa”, enquanto que espirito é a nova natureza dada a nós por operação divina[30].
Semear para a carne significa deixar que a velha natureza se expresse como ela quer, enquanto que semear para o espirito é deixar que o espirito se expresse como ele quer.
Os que semeiam para a carne serão levantados para a vergonha eterna (veja-se Dn12.2); por outro lado, os que semeiam para o espirito resplandecerão como a luz do firmamento e como as estrelas pelos séculos dos séculos (Dn12.3).
Lightfoot interpreta eij como “dentro”, fazendo da sa,rx o solo no qual o homem semeia a semente. Já Lenski diz que o que é posto em contraste são os semeadores, pois ninguém semeia “dentro de”, mas sim “para”.
O significado de sa,rx em evk th/j sarko.j éé o mesmo como em eivj th.n sa,rka e`autou., o corpo. ou. por metonímia, os desejos carnais.[31]
fqoravvvvvn se refere particularmente à corrupção moral. A referência à carne no contexto imediato e a antítese com vida eterna, mostram provavelmente que Paulo está se referindo a corrupção e morte do corpo, para aqueles que não vivem de acordo com o espirito, os quais não terão a vida eterna. “The field of the flesh yelds not full and solid ears of corn, which may be gathered up and garnered for future use, but only blighted and putrescent grains”[32], compare-se com 1Co 15.42 spei,retai e,n fqora, Cl 2.22 a estin panta eij fqoravvvvvn th| avpocrh,sei. A metáfora sugere que fqoravvvvvn deveria ser tomado neste primeiro sentido físico.[33] “At the same time in its recognised secondary meaning as a moral term, it is directly opposed to life eternal, and so forms the link of connexion between the emblem and thing signified”[34]
e´´autou/ não é adicionado a pneu/ma como a sa,rx. Não se refere à vida espiritual de toda comunidade, mas dizer que significa um espirito individual teria sido impróprio, denotando um certo egoísmo. evk tou/ pneu,matoj significa provavelmente o Espirito de Deus que habita no homem é a causa da ressurreição e a realidade da vida eterna. “The transcription to this meaning from pneu/ma referring to the human spirit, is easy because it is the human spirit as enganged in the things of the Spirit of God.”[35] zwh. aivw,nion aqui ocorre pela primeira vez em Paulo, ocorrendo muito na literatura Joanina. zwh, é usado por Paulo a respeito da vida física, a antítese da morte (veja-se Rm 8.38), acompanhado por auth,, significando o período de existência no corpo (1Co 15.19), em contraste com o qual é mais tarde a ressurreição.
3.4. Versículo 9
9 to. de. kalo.n poiou/ntej mh. evgkakw/men( kairw/| ga.r ivdi,w| qeri,somen mh. evkluo,menoiÅ
to/ kalo,n, “””como um termo geral para o moralmente bom, no Novo Testamento é usado apenas em um sentido estético (veja-se, para tanto, 1Ts 5.21; Rm 7.18,21).[36]
Exortações para perseverar são muito comuns nos escritos de Paulo: por exemplo, em 1Co 15.50,58; 16.13; Fp 1.27 e segs.; 2.15 e segs.; 4.1; 1Ts 3.5. 13; 5.23.
“Christians have been justified by faith and cleansed from guilt, they have received the Spirit, but they must persevere in holy living and not rest on their oars.”[37] Paulo lembra esta necessidade em sua própria vida (veja-se 1Co 9.26ss).
kairw|/...ivdi,w|´´ onde o próprio tempo para o cumprimento das promessas de Deus é indicado, tanto o advento de Cristo como o juízo.( veja-se 1Tm 2.6; 6.15; Tt 1.3). “On i;dioj, meaning appropriate, due”[38] (veja-se 1Co 3.8; 15.23; At 1.25). Aqui pode estar referindo-se à colheita escatológica.
A idéia de semear também ocorre aqui, mas agora com a idéia da perseverança dos crentes, que assim colherão a vida eterna.
“Fazer o bem” tem um conceito muito amplo, mas no contexto percebe-se que Paulo está especialmente pensando em ajudar todos aqueles que têm necessidade, tanto de coisas materiais, como comida, vestes, e espirituais, instrução, ânimo e conselhos.
Para “fazer o bem” exige-se um esforço contínuo, pois a natureza humana, que gosta só daquilo que é fácil, precisa de perseverança, pois, do contrário, ela logo desiste. Isto ocorre quando os resultados demoram a aparecer, e quando parece que não se chega a nenhuma recompensa.
O particípio e o subjuntivo são tempos presentes e denotam estado ou condição.
Esta recompensa será colhida por nós no seu devido tempo; contudo, não somos nós que escolhemos tal tempo, mas Deus. Esta recompensa é de graça e não de méritos.
Champlin afirma que na primeira metade do versículo encontramos uma ordem apostólica contra o cansaço na inquirição espiritual, onde o crente escorrega para uma vida mais fácil, a satisfação da carne. Na segunda parte, a colheita espiritual é prometida em resultado da obediência a essa injunção[39].
3.5.Versiculo 10
10 a;ra ou=n w`j kairo.n e;comen( evrgazw,meqa to. avgaqo.n pro.j pa,ntaj( ma,lista de. pro.j tou.j oivkei,ouj th/j pi,stewjÅ
“With this v. the exhortations of the paragraph reach the utmost point of generality. Because of the certainty of the result of their efforts (v.9b), therefore (a;ra ou=n), the Galatians are exhorted, whenever they have opportunity, to do good to their fellow men in general, but with special care for the welfare of their fellow-Christians”[40]
to. avgaqo.n significa “aquilo que é proveitoso” (veja-se Rm 7.13; 15.2. e também agaqwsu,nh 5.23).
pro.j pa,ntaj pode ser tomado como também limitando avgaqo.n “a respeito de” ( veja-se Ef 4.29) ou a toda expressão evrgazw,meqa to. avgaqo.n, e significando “em direção a”, como em 1Ts 5.14 e Ef 6.9[41].
””Though oivkei,oi “”( from Hesiod down; in N. T em Eph 2.19; 1Tim 5.8) was apparently used in later Greek without distinct suggestion of a household in the strict sense, yet in view of Paul’s conception of the intimate unity of all believers(cf. 1Cor 3.16-17; 12.12ff) and the expression of this idea in terms borrowed from the idea of the house( 1Cor 3.9 cf. also Eph 2.19; 1Tim 3.15) it is most provable that oivkei,ouj is here used with intention to characterise those to whom it refers as members of household, though, of course, in a metaphorical sense”[42]
th/j pi,stewj denota a fé cristã, a fé em Jesus Cristo ( veja-se 1.23). O genitivo é um genitivo de característica e toda a expressão significa “aqueles que são membros do lar, distinguindo a característica dos quais é a fé em Jesus Cristo”
A ênfase aqui está em “enquanto tenhamos oportunidade”. Não está referindo-se a oportunidades especiais que nós temos de vez em quando de fazer o bem, mas se refere a uma oportunidade sempre presente.
Paulo sempre fala deste perseverar nas boas obras como um produto da graça de Deus (veja-se 3.3;5.7,18,25;6.2). É por meio desta perseverança que Deus preserva o seu povo, e esta perseverança procede dele . Este serviço deve ser feito a todas as pessoas sem distinção alguma de raça. religião ou sexo. Mas também não devemos pensar que não haja áreas especiais com as quais devamos preocupar-nos primeiro. Como diz Paulo “especialmente aos da família da fé”, assim como também Cristo que é o Salvador de todos, mas especialmente aos que crêem nele.
Paulo dá a preferência aos da família da fé pois com eles nós temos um laço mais estreito, compartilhamos a mesma igreja, pertencemos à mesma família de Cristo.
O tempo que nós temos para realizar estas obras é o “agora”, como está escrito em Jo 9.4, onde lemos que é importante trabalhar enquanto é dia, pois quando chegar a noite não poderemos trabalhar.
CAPÍTULO 4
Aplicação Prática e Esboço Homilético
4.1. Aplicação da Perícope
Esta perícope apresenta ao leitor um movimento positivo - negativo - positivo latente. Ou, antes, em questão de hermenêutica, diríamos que estabelece um fluxo do tipo evangelho - lei - evangelho. Inicia com a exortação ao companheirismo entre educador e educando - na esfera da educação cristã, subentenda-se -, no versículo 6, passando para uma séria admoestação contra a zombaria de Deus e a aplicação da lei da semeadura e colheita à vida espiritual dos cristãos, ou seja: aquilo que o homem semear, isto também colherá, sejam sementes más ou boas, as quais resultarão ou em perdição, ou em salvação, respectivamente. E nesta ênfase final do versículo 8 em relação ao que “semeia para o Espírito”, Paulo retoma a mensagem evangélica, positiva da perícope, a qual desenvolverá até o final do versículo 10.
A aplicação da perícope segundo este seu fluxo particular leva-nos a estabelecer alguns pontos importantes da vida cristã, quais sejam eles:
1. a correta relação de respeito mútuo entre pastores ou mestres e congregados. Esta relação inclui o interesse livre e desimpedido dos congregados com relação ao sustento material dos pastores, e também, num âmbito mais espiritual - se bem que os dois aspectos da vida não podem ser separados -, a partilha das bênçãos espirituais, tendo como objetivo da edificação recíproca, assunto já abordado por Paulo em outras ocasiões.
2. o combate à hipocrisia da vida, através da sinceridade e autenticidade no testemunho da fé, não seguindo os maus exemplos de Ananias e Safira no que se refere, como enfatizou Lutero, à mordomia dos bens materiais. Em outras palavras, o combate à avareza e ao dito popular - que com certeza não se aplica ao cristão autêntico: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
3. o estímulo às boas obras, sabendo-se que elas são reflexo e operação do Espírito Santo, aquele mesmo que imputa a fé no coração das pessoas.
4. a perseverança na vida cristã autêntica mesmo em meio a muitos empecilhos, sob a promessa e esperança da vida eterna (de que “a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos”, v. 9).
5. uma consideração especial aos da “família da fé”. O apóstolo enfatiza o relacionamento fraterno entre os irmãos na congregação, através do “fazer o bem”. Podemos entendê-lo como o “fazer o bem” através do aconselhamento e auxílio mútuo, numa comunhão de uns para com os outros. E este “fazer o bem” servirá como uma espécie de “laboratório” para aquele “fazer o bem” que se estenderá para fora do seio da comunidade em direção àqueles que não são da “família da fé”.
4.2. Esboço Homilético
Tema: O cristão é perseverante numa vida à sombra da cruz de Cristo.
1. Em comunhão com aqueles que o instruem na fé.
1.1. Concorrendo para o seu sustento.
1.2. Partilhando com eles as bênçãos espirituais, para edificação.
2. Optando pela boa semente.
2.1. Não se deixando enganar pela semente da carne, que conduz à corrupção.
2.2. Semeando a semente do Espírito, a Palavra.
3. Fazendo o bem.
3.1. Aos da família da fé, em comunhão.
3.2. A todos, sem distinção, em testemunho.
[1] LIGHTFOOT, J.B. The Epistle of St. Paul to the Galatians. Grand Rapids: Zondervan. 20ª impressão, 1982. P. 218.
[2] Id., p. 217.
[3] BRUCE, F.F. The Epistle to the Galatians. A Commentary on the Greek Text. Grand Rapids: Eerdmans. 1982. P. 263.
[4] RAMSAY, id., p. 264.
[5] BURTON, Ernst de Witt. A Critical and Exegetical Commentary on the Epistle to the Galatians. New York: Charles Scribner’s Sons. 1ª ed., reimpressão, 1964. P. 335
[6] Para tanto, Lightfoot justifica-se dizendo que o emprego de avgaqoi/j como referindo-se aos bens temporais neste versículo é paralela ao seu emprego em Lc 1.53; 12.18-19; 16.25.
[7] LENSKI, R. C. H. The Interpretation of St. Paul’s Epistles to the Galatians, to the Ephesians and to the Philippians. Columbus: Wartburg Press. 1946, p. 303.
[8] Id., p. 304
[9] GUTHRIE, Donald. Gálatas - Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova/Mundo Cristão. 1984. P. 118.
[10] HENDRIKSEN, William. New Testament Commentary - Galatians and Ephesians. Grand Rpaids: Baker. 1ª ed., 7ª impressão, 1989, p. 235.
[11] BURTON, op. cit., p. 338.
[12] LUTHER, Martin. Luther’s Works. St. Louis: Concordia. Vol. 27, 1964. P. 398.
[13] Id., p. 396.
[14] BURTON, op. cit., p. 339.
[15] Id., p. 340.
[16] LIGHTFOOT, op. cit., p. 218.
[17] SCHMITHAL, in BRUCE, op. cit., p. 264.
[18] LIGHTFOOT, op. cit., p. 219.
[19] A metonímia é classificada como uma figura de palavras na qual há uma transferência do nome de um elemento para outro, em vista de uma relação de causalidade ou de implicação mútua.
[20] BURTON, op. cit., p. 340.
[21] LIGHTFOOT, op. cit., p. 219..
[22] LENSKI, op. cit., p. 307.
[23] Ainda que tal dedução pareça, à primeira vista, fruto apenas de uma conjectura sobre o texto bíblico, não apenas Lenski afirma-a como o próprio Lutero corrobora tal posição. Veja-se, para tanto, LUTHER, op. cit., p. 398.
[24] LENSKI, op. cit, p. 307.
[25] GUTHRIE, op. cit., p. 188.
[26] BURTON, op. cit., p.341
[27] LIGHTFOOT, op. cit., p.219
[28] BURTON, op. cit., p.341
[29] Id. ibid.
[30] LENSKI, op. cit., p. 308.
[31] Id., p.310.
[32] LIGHTFOOT, op. cit., p.219
[33] Id., ibid.
[34] Id., ibid.
[35] BURTON, op. cit., p.343
[36] Id., p.344
[37] BRUCE, op. cit., p.265.
[38] BURTON, op. cit., p.345.
[39] CHAMPLIN, op. cit. p. 518.
[40] BURTON, op. cit., p. 345.
[41] Id., p.346.
[42] Id. ibid.